The Sixth Rule: O Sexto Comando

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The Sixth Rule: O Sexto Comando

Mensagem por Dave L. Bradford Qui 30 Jul 2015, 12:41

The Sixth Rule: O Sexto Comando 2wcfrtj

- Sinopse -

Em uma nefasta e corrupta cidade cujo legado é enriquecer a custo de tudo e de todos, as numerosas crianças de rua são ignoradas pela política, polícia e população, assim, são manipuladas por bandidos para cometerem delitos em troca de moradia e alimento. Até que elas começaram a desaparecer.
Sequestrados por uma organização conhecida como Patrulha, os jovens indigentes são usados em cruéis experimentos genéticos. Lince, uma ágil e jovem moradora das ruas, corre contra o tempo para salvar das garras dos cientistas o seu mais novo amigo, Oliver, um filho de milionários que fugiu de casa. Preso, Oliver arquiteta um inimaginável plano de fuga para livrar todas as crianças. Mas as consequências disso serão grandes. Com novas habilidades, elas chamam atenção nas ruas, e cabe a Lince e Oliver reorganizá-las. Sem saída, terão que se unir para garantir seu espaço. O sexto comando irá surgir e uma nova disputa pelo poder na cidade começará. Sobreviver em Alpha requer o máximo de ruim que há em você.
Essa é uma história completamente original. Personagens, enredo e nomes originais. Todos os direitos do autor são reservados.




- Parte 1 -
O MENTOR

Capítulo 1.

A chuva caiu com força de chumbo nas ruas do comércio da zona leste de Alpha, pintando com água fria os arranha-céus fabulosos que comportavam homens de negócios; os predinhos desgastados e antigos das lojas diversas; as instalações improvisadas com papelão e restos de materiais nas ruelas escuras e fedidas; os carros, ônibus e táxis nervosos e também a população mesclada de pais de família saindo do serviço, homens poderosos carregando suas maletas cheias de documentos importantíssimos, estudantes alvoroçados, mendigos, andantes, várzeas e perdidos. Os guarda-chuvas abriam-se para ampará-los da água e a pressa nos passos para prezá-los dos perigos que se espreitavam na noite que se aproximava.
Lince se esquivava na multidão apressada. Sua estatura era comum para uma garota de 13 anos, mas era o suficiente para passar despercebida pelas pessoas. Em meio à impessoalidade e ignorância de todos - somada a sua exímia agilidade -, nem ao menos era notada, principalmente durante a noite. Quando as coisas ficavam mais difíceis, logo buscava um beco para despistar os perigos e escalava escadas de incêndio dos prédios. A garota colocou o gorro de sua jaqueta de couro para proteger os olhos da água e garantir visão perfeita de tudo ao seu redor; o estado dos seus cabelos castanho-claro cacheados não importava nada para a garota. Sua mente visava seu estômago vazio desde a manhã, que fora regada de nada menos que um mísero pão duro que uma amiga a oferecera. Lince vivia nas ruas, mas negava-se a comer a comida delas. Restos não eram seus preferidos.
Andava em uma larga calçada repleta de pessoas e barracas de comida e feiras. A confusão gerada pela chuva grossa veio a calhar. Os feirantes recolhiam suas mercadorias e desmontavam suas bancas desesperadamente. Lince girou o corpo ao lado de uma feirinha de frutas e lançou a mão direita tenuemente sobre a banca de maçãs, recolhendo uma delas para dentro do bolso da sua jaqueta. Jogou o corpo contra de um rapaz de terno e cabelos lotados de gel que andava ao seu lado e rapidamente passou a mão pelo seu punho, desfez o fecho de metal do relógio e agarrou-o. A partir disso, acelerou o passo e correu para fugir do homem quando ele se desse conta do furto. Quando conheceu o verdadeiro lado das ruas de Alpha, Lince tinha apenas oito anos; o choque de realidade fora eminente, mas o espírito de sobrevivência falava mais alto. Agora, roubar era um triunfo para que pudesse viver.
Correu sobre as poças de água até alcançar um beco escuro e vazio. Escondeu-se nas sombras atrás de uma enorme lata de lixo e ali ficou. Seus pés e pernas estavam completamente molhados. A jaqueta de couro poupou seu tronco da água, mas o frio começava a atingi-la. Precisava urgentemente de sapatos novos. Aqueles tênis esportivos que havia conseguido trocar com um garoto por uma pulseira de bijuteria estavam sujos e rasgando, o que acabava atrapalhando sua locomoção e lotando seus dedos de água quando chovia. Não ligava para o estado de suas roupas, a não ser pelos sapatos, que poderiam lhe garantir maior velocidade.
Observou o relógio que havia conseguido. Era bonito, grande e parecia ter sido caro. Entretanto, nas ruas, aquela prata valia uma mísera meia refeição. Trocou o relógio pela maçã do seu bolso e mordeu-a com prazer. O suco doce escorreu pela sua boca. Não era nada comparado as guloseimas que sempre namorava nas vitrines das confeitarias, mas estava completamente suculenta.

A dez quadras dali, Lince contornou um armazém e caminhou até alcançar um prédio de quatro andares largo e completamente pichado. Aparentava estar abandonado há anos, e todas as suas portas e janelas lacradas por tábuas de madeira pregadas. Ela foi para a lateral do prédio e escalou uma das escadas de incêndio. No ultimo andar havia uma enorme porta de ferro na parede. Ela arrastou a porta e entrou no pequeno edifício. Lá dentro revelou uma enorme clareira repleta de adolescentes que se espalhavam para todos os lados. Era como se todos os andares tivessem sido removidos, preservando somente o rígido e alto esqueleto do prédio para gerar um espaçoso local para abrigar todos que estavam ali, cerca de uns cem. Alguns estavam reunidos a fogueiras e montes de cobertas velhas enquanto conversavam; suas vozes se fundiam com uma música pesada que emergia de um enorme rádio no fundo que um grupo de garotos altos cercava dando risadas. O local que cheirava a fumaça, suor e tristeza dava à Lince uma sensação de segurança e conforto que nenhum daqueles garotos encontravam nas ruas.
A garota desceu por um cano até alcançar o chão. Desviou de alguns dos jovens que fumavam; encostados à parede da direita, alguns ficavam estirados nos cantos dopados por drogas ou adoecidos. Lembrava uma mistura de pátio escolar no intervalo com uma feira de peixe. Avistou de longe uma menina de cabelos emaranhados e foi até ela. Quando a menina viu Lince, abriu um sorriso largo e abraçou.
- Lince!
- Oi Mía. Como você está? – Lince perguntou contente à menina. Ela era pálida feito neve e tinha cabelos ruivos; aparentava ter uns 10 anos e estava muito suja.
- Estou bem – respondeu com uma voz suava e delicada, mas que não condizia com sua feição fria e sem perspectiva: uma criança incompleta. – Conseguiu algo hoje?
- Acabei de apanhar um relógio. Vou ver se consigo trocar por algumas roupas com o Mentor. E você, saiu hoje?
- Não. Eu fiquei aqui com o Mario.
- Ele está melhor? – Lince se colocou mais perto de uma pequena fogueira que Mía havia feito a fim de se esquentar.
- Não. A Mirella disse que a febre está muito alta e a respiração dele está muito fraca. O Jango conseguiu fazer uma sopa para ele e um garoto que teve overdose, mas o Mario não acordou para comer.
- O Bixano não conseguiu os remédios?
- Não. Ouvi falar que apanharam ele. Estão dizendo que foi a polícia.
- Acho difícil – Lince respondeu cética. – O Bixano trabalhava para um dos traficantes do Montanha. A polícia deseja tudo, menos encontrar problemas com a máfia Montanhense.
Mía deu de ombros e sentou numa pilha de tijolos atrás dela.
- Estão falando de tirar o Mario daqui do Formigueiro. Dizem que ele pode ter algo contagioso e que da ultima vez que isso aconteceu foi uma tragédia. Eu não quero perder o Mario, Lince.
- Ele vai ficar bem, Mía. Eu prometo. Ninguém vai tirar ele daqui. Quem é que está dizendo essas coisas? – Lince perguntou intrigada.
- O grupo do Capulgo.
- Não ligue... – Lince olhou com ódio para os garotos altos que cercavam o rádio. Uma vez um daqueles garotos tentou abusar dela a força. - O Capulgo e os amigos dele são uns idiotas. Eles apenas pensam que mandam no Formigueiro, mas são só um monte de espinhentos. O Mentor é quem manda aqui, e devemos lealdade somente à ele.
- Espero – os olhos mortos de Mía davam pena em Lince, uma espécie de sensação que ela não possuía com os demais, nem com Mario, mesmo sendo um antigo companheiro e estando doente. Lince via em Mía a consequência perfeita das imperfeições da cidade de Alpha.
Um garoto alto e magricela se aproximou das duas com uma cara fechada. Sua voz grossa disse:
- Lince, o Mentor quer te ver ainda hoje.
- Ótimo. Tenho negócios a tratar – ela sorriu para o garoto desconhecido e para Mía enquanto segurava o relógio dentro do bolso.

Lince subiu para o telhado do prédio do Formigueiro, pulou para o prédio vizinho e desceu novamente para a rua. Quando chegou ao cruzamento, virou para uma rua sem saída, que em sua extremidade comportava um sobrado com aspecto sujo. Bateu quatro vezes na porta dos fundos repetidamente, e depois mais duas vezes devagar. Alguns segundos depois a porta foi aberta por um garoto de uns 20 anos que usava roupas pretas. Lince se dirigiu para dentro da casa até uma espécie de sala de estar repleta de caixas e quinquilharias diversas. No meio do cômodo havia uma mesa de escritório e um garoto de também uns 20 anos sentado nela.
Lince foi até a mesa e colocou o relógio sobre ela.
- Boa noite, Lince – disse o garoto da mesa. Ela era um pouco rechonchudo, com as bochechas largas, cabelo descolorido curto, e óculos escuros enormes. – Direta, como sempre...
- Boa noite, Mentor - a garota cruzou os braços e encarou o garoto. Ele empunha uma autoridade muito forte, mas Lince ignorava-a por completo para provocá-lo e conseguir melhores preços em suas trocas. – Quanto você dá nesse relógio? Sei que ele não é pouca coisa.
Atrás do Mentor havia dois outros garotos de preto. Ambos seguravam enormes armas.
- Sabe, Lince, você é uma das minhas melhores clientes – ele disse desviando um pouco do assunto -, e uma das minhas favoritas do Formigueiro. Sabe que eu cuido muito bem dos seus amiguinhos de lá em troca de alguns favores, é claro, e como você sempre me trás ótimas mercadorias e é muito aberta aos negócios, eu quero fechar algo grande com você. Acho que está na hora de você avançar um pouco.
- Estou aqui para trocar o relógio. Vamos falar disso primeiro.
Mentor olhou para o relógio com afinco e disse:
- Cinquenta.
- Cem – Lince o encarou.
- Cento e cinquenta.
- Trezentos.
- Está maluca?
Lince o encarou novamente e pegou o relógio de suas mãos. Um dos homens atrás dele hesitou e apontou a arma para ela, mas Mentor fez sinal para que ele se acalmasse.
- Fechado.
Lince devolveu-o o relógio e ele deu o dinheiro para ela – Sorte sua que eu estou de bom humor hoje, e que tenho planos para você.
- Será que dá para ser um pouco mais direto?
Ele riu – Apenas precisa melhorar esse seu jeitinho atrevido. Não que seja ruim para sobreviver por aí; é que, bem, é irritante para mim. Prefiro os que me obedecem.
Ela girou os olhos e não respondeu.
- Você é um completo caso perdido, garota... Mas enfim, isso não atrapalha a minha proposta com você, por enquanto. Se aceitar e se dar bem, podemos trabalhar no seu comportamento depois. – ele relaxou na sua cadeira - Vamos falar de notas, dinheiro, grana, cash... É o que você quer não é?
- É o que todos querem.
- Exatamente... Ouvi dizer que as pessoas por até matam para conseguir dinheiro, mas são só boatos... – ele grunhiu aquela risada asquerosa de novo em deboche e ironia.
- Fazem coisas piores – ela respondeu séria e um arrepio percorreu o seu corpo quando algumas memórias alcançaram sua mente, mas ela respirou fundo e ignorou-as.
- Fazemos – abriu um sorriso amarelado e largo, encarando a jovem. – Lince, eu tenho alguns negócios em pauta. Os caras do norte tiveram a ousadia de roubar um dos meus pequenos depósitos.
- Os garotos do Formigueiro do Norte?
- Sim. Todos sabem que nós aqui do Leste não gostamos dos caras do Norte. Eles me roubaram pouco, não me importo com os valores, mas fizeram isso para me provocar.
- Então por que você não retribui?
- Por que meus negócios estão indo bem demais para eu me importar com aqueles filhos da mãe. Enfim. Naquele depósito havia algo de muito valor para mim. Quero que você recupere um colar daqueles antílopes sem ser vista. Não quero confusão, apenas um crime branco para recuperar o que é meu, entendido? Você é boa nisso, sei que vai conseguir.
- Que colar é esse? Por que é especial?
- Não te importa, mas está aqui uma foto dele para te ajudar – o Mentor retirou uma fotografia do bolso e entregou para Lince. Ela observou a joia. Era um colar de ouro com uma pedra azulada do tamanho de um polegar.
- O que eu ganho com isso?
- Muito. Você ganhará muito, Lince... Eu também.
Dave L. Bradford
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