{Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

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{Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Tatiana Volkov Seg 20 Nov 2017, 22:20




Fear. Feel the fear.

Treino narrado para Açucena Baudelaire



Açucena era fácil de se lidar. Uma pessoa quase adorável, por sinal, embora não fosse a qualidade que procurava. Apesar disso, a menina não saira correndo assustada, não choramingava pelos cantos e não questionava Villeneuve. Essas características faziam da irmã uma das pessoas preferidas de Katherine, de forma que não demorara a pensar no treino daquela.

Na manhã de um dia frio, deixou um bilhete com o endereço onde a garota deveria encontrá-la, com a ordem de vestir as roupas separadas para ela. Nada mais que uma regata branca, um shorts jeans e as armas disponíveis.

Jane dirigiu  o Jaguar até  Nova York e por lá, foi para o leste da cidade, parando em frente a uma fábrica abandonada. O lugar estava sujo, fedia à química, e com certeza era mal iluminado.

Desceu do carro e esperou a garota, parando em frente à porta para aguardar sua reação diante do cheiro e do que estava sentindo ali. Agora, já abusava de seus poderes como mensalista.

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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Margaret Whitman Seg 20 Nov 2017, 23:33


follow the master
i'm in panic, mama, and i love this feeling


Cerca de uma semana se passou desde que a garota Baudelaire se juntou à Katherine. Sim, agora o tempo parecia estar bem marcado - talvez por lucidez mental, talvez por apego objetivo, não tinha certeza - e a relação entre as duas crescia pouco a pouco. Ainda que na crosta parecesse um líder ordenando uma serva, Açucena reconhecia que eram os ensinamentos de uma irmã mais velha e muito mais vivida acerca desse novo mundo. Ela, muito diferente dos homens e mulheres que desbravaram o Atlântico e pousaram na América, tinha uma guia para lhe aconselhar, uma de sangue e alma.

Em questão aos outros dois, nada parecia muito diferente do usual para pessoas que acabaram de se conhecer. Não compartilhavam muitos segredos, não sentiam qualquer intimidade exacerbada, tratavam-se como amigo não tão próximos e companheiros de viagem. A comida, embora nem sempre tão fresca ou tão caseira, era suficiente. Esse assunto, embora frívolo para a situação, ocupava as vezes o pensamento da menina. Ficava tempos e tempos imaginando qual seria a melhor forma de cozer a carne, se deveriam comprar charque, ou se os animais que matavam era melhor utilizados com algum conservante industrial. Aprendeu a odiar moscas. Não mosquitos, há grande diferença. Enquanto estes são hematófagos, se alimentam de sangue, enquanto aquelas procuram a podridão. Lembravam, até certa hora do dia, ela própria. Mas isto já é uma reflexão mais aprofundada, vez que seu ódio era bem simples: estragavam a carne que ela conseguia.

Os raios solares já incidiam sobre a cabeça de Açucena, como quem a busca despertar depois de espreitar cuidadosamente se a esposa principal, a lua, já partira. Abrindo os olhos, lentamente, acostumou-se à claridade, levantando do leito improvisado (as outras roupas que trouxera quando saíra de casa). Quando observou os arredores, não viu sua irmã, nem as coisas desta. Em cima da mochila marrom-cocô, encontrou um bilhete, ordenando-a a vestir as roupas escolhidas e dando um ponto de encontro. Baudelaire não compreendeu bem, franziu o cenho e não encontrou resposta alguma. Deveria vestir apenas aquelas roupas? Ou poderia vestir algo mais? E este endereço, como o encontraria? O traço de confusão transformou-se em alívio. Quer que fosse, não importava muito. ''O trabalho enobrece o homem.'', já dizia São Bento.

Vestiu-se como o pedido. Encaixou a faca de bronze por dentro da calça, de forma que a retirada fosse fácil. Guardou dentro da mochila o Réquiem e o boneco de Vodu, do qual carinhosamente nomeara de Cass, e segurou a lança. Ela não podia andar com a lança na mão. Já tinha conhecimento de que os humanos são iludidos pela Névoa, e veriam algo como um taco de hóquei e afins. Mas seria problemático carregar algo assim. Olhou o leito improvisado e compreendeu. Sacou a faca e cortou algumas tiras das roupas velhas, enrolando-as no cabo da lança de forma a deixar o rubi ainda visível, e, em cada ponta, amarrou as extremidades da alça. A lança agarraria-se às suas costas. Agora, deveria seguir para Nova York.

As rodovias era tortuosas, serpenteavam pelo horizonte de prédios e carros e pessoas. O céu, muito distante, lutava por algum espaço nas vistas alheias. Por sorte, a filha de Phobos vivia por olhá-lo. O caminho se prendia em dois: a ida até a Big Apple e encontrar o endereço correto. O frio começava a se dissipar, afinal, caminhava desde a manhã, mas a fome a assombrava. Buscou um pouco de comida na bolsa, encontrou o suficiente para sobreviver, mas não o quanto gostaria. Tornou um desvio e buscou uma loja de conveniência. Com o pouco dinheiro que lhe restava, comprou uma barrinha de cereal e voltou ao trajeto normal. Não havia câmeras de segurança, apenas dois funcionários e uma caixa. Roubar não parecia tão difícil. Guardou a possibilidade para si e continuou.

A fadiga tomava conta da menina. Sentia as pernas pesadas, os braços alongando-se, os pés criavam calos, os cabelos grudando na face molhada de suor. Batiam três da tarde quando entrou definitivamente em território nova-iorquino. ''O sentimento de alegria talvez seja como um grão de ouro cintilando palidamente no fundo de um rio de tristeza.'' Dazai Osamu, um brilhante escritor nipônico, soltara essa frase uma vez, em um de seus livros. O sentimento lhe parecera familiar quando lera, mas agora tinha entendido o real significado. A felicidade esta lá, escondida, recatada, aguardando para que alguém corajoso o suficiente possa encontra-la. Entretanto, pular nas águas da angústia só abrirá ais a chaga e fará com que mais lágrimas rolem. Sê fluido, como água, que a tudo perdoa, mas s~e forte, como o rio, que tudo leva. Compreendeu, por fim, a sentença. Só são capazes de encontrar a alegria aqueles que se acostumaram a tristeza.

Sentia-se perdida. Não num sentido figurado, nunca estivera mais certa de onde estava, mas literalmente. Essa cidade era enorme! Não sabia se estava no centro, no leste, no oeste. Parou em frente a uma banca de jornais, e preferiu não olhar a data. As pessoas caminhavam alheias ao trânsito, talvez alheias ao outrem. A cena em que estava imersa a trouxe de volta ao período em que lera O Estrangeiro, de Albert Camus, e associou o autor a uma de suas frases favoritas:''Não se pode criar experiência. É preciso passar por ela.''

– Por favor, senhor, poderia me informar onde fica este endereço aqui, por gentileza?- entregou o papel ao velho que atendia na banca, ele passou algumas instruções gentilmente e indicou todas as formas possíveis de se chegar lá. Açucena agradeceu-lhe e seguiu o próprio caminho, desta vez, confiante de onde estaria. As ruas começaram a mudar, sendo tingidas por um acinzentado londrino. Os apartamentos diminuíram, os prédios se umedeceram, a paisagem se horrorificou. Deveria sentir um calafrio na espinha. Deveria. Mesmo conhecendo pouco a irmã, imaginou que seria este o local.

Ao andar algumas quadras adentro, começou a inalar um cheiro forte de produtos industriais. Aquilo a fazia pensar que a floresta era território muitíssimo mais agradável. ''Odeio química'', murmurou, fazendo um leve som de vômito em relação a matéria escolar e sua aplicação industrial. Ao longe, avistou Jane, próxima a um carro com design marcante. Baudelaire não entendia absolutamente nada de carros.

Já anoitecia quando olhou nos olhos profundos da Villeneuve. Sorriu amargamente, com dores espalhadas por todo o corpo, os pés calejados das andanças, as mãos trêmulas de fome, o corpo martirizado. O sangue correu em suas veias e percebeu que a endorfina tomara seu corpo. Sorriu, dessa vez de contentamento.

– Longo caminho, você nem imagina. Eu tenho alguns palpites sobre o que te fez me obrigar a andar tanto. Vamos começar o que quer que tenha preparado para mim. ''Tudo que plantas, nesta terra colhe''- disse, apontando com o indicador pra si mesma.


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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Tatiana Volkov Ter 21 Nov 2017, 00:32




You need to learn from your mistakes

Treino narrado para Açucena Baudelaire




Katherine olhou-a naquele estado e gargalhou.

— Você sabe que existe um metrô que liga, basicamente, toda a cidade, certo? Bom, sem mais delongas. — Chacoalhou as mãos no ar exibindo mais um papel — Está é, nada mais, nada menos, que uma fábrica abandonada de tintas. Ela foi fechada depois que eles descobriram que... Bom, que seus funcionários estavam morrendo por causa de uma substância cancerígena. — A morena deu de ombros — Ao que interessa! Escondi alguns itens aí dentro! Quero que você os encontre antes de desmaiar.

Os itens eram pequenos mas não tão difíceis de achar. Shock, Vindicta, Lust, Lux e Babydoll compunham a lista, e antes que Açucena pudesse se pronunciar, Villeneuve abriu passagem, deixando a própria voz ecoar na mente da irmã.

— Uma hora até que desmaie.



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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Margaret Whitman Ter 21 Nov 2017, 21:21


chute et montée de l'absurde
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É bem verdade que havia um metrô que ligava todos os míseros cantos da cidade, mas a menina preferiu não tomá-lo. A primeira vista, parecia a melhor opção, evitava o cansaço, era rápido e bastante barato. O problema é que as saídas do subterrâneo são contadas, sendo um caminho fechado na grande parte do trajeto. Se algo a acontecesse, Açucena não teria chances de escapar. Preferiu ir a pé, onde a fuga seria facilitada, bem como uma possível luta. Além mais, queria treinar resistência, o que foi útil.

A informação de que a fábrica era de tintas e tinha uma substância cancerígena a fizeram pensar no que poderia acontecer. Ademais, a irmã parecia duvidar de sua capacidade. Não que ela mesma não duvidasse, era nova no ramo semideus, mas ainda gostaria da confiança plena da irmã. Infelizmente, tomando pelo lado racional, como líder, Katherine estava certa. Não só avaliar a capacidade cognitiva e de ação da Baudelaire, mas reafirmar a força da garota era essencial para que pudessem ter um entrosamento maior em momentos e perigo. Grata ou não, Açucena sabia que devia provar sua condição como parte do grupo cumprindo o desafio, sem pestanejar. Ainda se sentia um pouco decepcionada, não com a irmã, mas consigo. Gostaria de ter conseguido mais potência de ação.

Os músculos já fadigados e o cansaço mental a atingindo, compreendeu como suas escolhas de seguir o caminho mais longo tinham-na beneficiado de certa forma. O consumo de oxigênio seria menor, vez que o organismo já começou o processo de obtenção energética por fermentação, o que a deixaria menos cansada dentro do período estipulado, mas a fadiga ao alcançar o descanso seria proporcionalmente maior. Além, não tinha total certeza se aguentaria todo esse tempo. A única e viável opção era encontrar o que quer que ela tenha escondido o mais rápido possível.

A fábrica era colossal. Toners de cerca de dois metros de comprimento estavam enfileirados em três andares distintos. Acima do terceiro andar, janelas quebradiças refratavam o céu pintado de pontinhos luzentes de Nova York. ''Diante daquela noite estrelada, me abri para a gentil indiferença do universo.''. Camus, que antes fizera um sentido absurdo para a Baudelaire, agora transcrevia seus sentimentos como quem lê um livro num sábado de chuva. Perguntou-se se o autor não passara pelas mesmas coisas que ela. Agora, tinha uma irônica certeza.

O cheiro pútrido invadia suas narinas, carregando consigo o alerta e presságio da morte. Avançou lentamente, tomando conhecimento e coragem para iniciar qualquer ação. Não fora informada dos itens que deveria encontrar, mas a semana que passara com a irmã a fizera reconhecer alguns mais mostráveis. Assim, quando visse algo familiar, pegaria. Caminhou por detrás dos toners, batendo em sua carcaça de metal a fim de reconhecer o barulho do material, chegar se estavam vazios e firmes, se continham buracos. Antes de chegar ao fim do primeiro corredor, um dos cilindros mostrou-se anormal. A composição era fraca, parecia desmoronar, e, ao dar a volta, encontrou um buraco do tamanho de dois punhos na altura dos tornozelos. Chutou-o, e o som reverberou por toda a fábrica, fazendo o metal vibrar. O rasgo aumentou consideravelmente e pode-se notar um revolver no fundo. Açucena reconheceu o objeto e seus olhos brilharam.

– Um já foi!- gritou a menina, com um tom de confiança perceptível. Não fazia cinco minutos que ela tinha entrado e já encontrara um dos itens. Não importa como veja, era uma vitória parcial. Guardou a arma na cintura, sem a menor ideia de como poderia utilizá-la, se é que podia.

Um estrondo ainda maior que o que a menina fizera, que parecia querer competir com sua própria capacidade e intimidar seu ser, ecoou.  Levou um susto e instintivamente correu para checar a saída. O portão pela qual entrara se fechou, ela estava em cárcere numa fábrica cancerígena. Não só o desespero, mas o medo tomou conta de si. As mãos tremiam, o suor se acentuara, as pupilas dilataram e sentiu-se tão pesada que as pernas não podiam aguentar. O estresse da jornada e o cansaço psicológico tomaram conta da Baudelaire. Ajoelhou-se, sem forças, e sentou sobre os calcanhares, pondo as mãos na cabeça e tentando enxergar algo além da escuridão do piso frio. Ela quebrou. Chegou ao limite.

Perdeu-se. Não tinha ideia do que fazer. Buscou soluções concretas para o dilema filosófico de sua existência, caminhou pelo passado e por tudo que vivera até ali, sentiu a angustiante verdade da existência: é vazia. O sentido que tanto caçoara nas épocas de humanidade agora se fazia necessário para que ela ao menos tivesse um inócuo fio de esperanças e motivo para a luta. Apaziguou o coração, caindo no relento do desespero de maré baixa, aquele que não provém da agitação amorfa, mas da aceitação da desgraça vindoura. Buscou desconsoladamente por algum significado implícito em sua vida, na forma com que via as coisas, tentou se sentir especial e escolhida de alguma forma, e falhou.

A terra firme de seus olhos tornou-se lama, e logo o chão virara nuvem e chovera. As lágrimas quentes queimavam a face abatida pelo vento, tracejando um rio de amargura pelas bochechas avermelhadas, gotejando até o solo cinza. A pintura advinda das gotas de nada se entendia, era tão aleatória quanto a si própria. Olhou acima, encontrou as janelas quebradas e o céu pálido e escuro. Não via mais as estrelas, e a tristeza tomou conta de si. A corrente inevitável do destino a prendeu, e parecia ter derrubado-a do penhasco da consciência superficial. Debaixo de camadas e camadas e interações sociais, escondia-se o ser intrusivo com a qual se moldara. Despiu-se de seu orgulho e teve um momento de iluminação.

Tentar encontrar uma razão para si, um significado oculto ou uma essência divina - ainda que houvesse deuses - estava além de seu poder. A busca só a fazia infeliz. O absurdo desse desespero irracional em desfavor da morte a pusera na situação deplorável que estava. Não encontrava saída, não existia saída. Se passasse o resto do tempo que faltava em seu encalço, não a acharia. Deveria ela mesma a fazer. Construir, com suas próprias mãos, sua passagem. Abraçou a miserabilidade humana e sua deprimência situacional, agarrou-se em suas fraquezas e na sua incapacidade de agir, na realidade inerte de que sua finitude era clara e lastimável, e que nem os deuses, nem os homens, nem o universo se importavam com ela. Levantou-se, e o medo se tornou prazer. Sentiu um calafrio de endorfina percorrer o corpo, numa sensação revigorante, incontrolável, como uma besta raivosa que se satisfaz da matança, contorceu-se de contentamento. Bateu no peito e socou o toner. Quando o amanhã não existe e o ontem já passou, a liberdade consiste em viver com paixão e gana o que há de encontrar agora.

Já não sentia mais o cheiro impuro. Apontou para o alto com o punho e gritou:

"Volta para a tua tempestade e para a orla das trevas infernais! Não deixa pena alguma como lembrança dessa mentira que tua alma aqui falou! Deixa minha solidão inteira! - sai já desse busto sobre minha porta! Tira teu bico do meu coração, e tira tua sombra da minha porta!" - se a morte fosse um corvo, assim como Edgar Allan Poe cria, era agora seu corvo. Quebraria as janelas ao fim da missão e sairia. Viva ou viva. Olhou em volta e pôs-se a procurar, no mesmo movimento do início, como se nada tivesse acontecido, mas, dessa vez, um sorriso cruel despontava de sua face. Seria raiva dos deuses, de si ou de sua condição? Ao que parecia, era algo como uma insurgência filosófica.


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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Tatiana Volkov Ter 21 Nov 2017, 22:26




Loser

Treino narrado para Açucena Baudelaire




Se sua irmã prestasse atenção, poderia escutar Katherine rindo. Teletransportou-se para a parte de dentro do recinto e caminhou silenciosamente pelo local, tomando cuidado para não ser detectada.

Perceberá que sua irmã falhará logo no inicio, sua resistência mental era um lixo. Deixou sua voz ser escutada pela mente daquela, encorajando-a a desistir.

— Vamos garota, peça para sair. Mostre quão decepcionante você é para mim e para nosso pai. Eu te desafio.

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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Margaret Whitman Ter 21 Nov 2017, 22:57


I'm not a beast, but I can be one
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Uma voz invadiu sua mente, bem como uma sensação de familiaridade. O inconfundível som de Katherine ascendia em seu cérebro, reverberando pela alma e atingindo os meandros do espírito combativo que acabara de receber. As palavras foram duras, cruéis, desprovidas de qualquer sentimento amigável, mas, pelo laço de sangue, Açucena compreendia a ideia da irmã. Na verdade, entendeu-se como uma pessoa muito compreensiva nos últimos tempos, achava sempre razão amigável para os atos ímpios que ela ou outrem cometia. Mais, talvez fosse a desculpa que dava a própria moral interna para cometer tais atrocidades éticas, mas não ligava. Aos poucos, libertava-se desses paradigmas sociais arcaicos.

Ela queria mostrar de qual diligência era feita o mundo que estava por vir. A frieza, como os ventos da floresta invernal em que a achara, percorreu cada uma de suas palavras, num tom metálico e desafiador. Pedia pra desistir, para evidenciar logo a fraqueza ao pai e a irmã, não prolongando inutilmente com um exíguo esforço uma ação que resultaria em tragédia. Pensou consigo que devia desistir. Kant admitiu que usufruir da liberdade é negar o que quer-se fazer, negar os instintos humanos que prendem o homem em ações predeterminadas e sem possibildiade de adiantamento. Ela faria isso.

– É certo de que eu sou uma decepção, e não nego. Quanto mais se é excepcional mais a pressão toma conta. Uma decepção, renegada e fraca, passa desapercebida pelos olhos perigosos. Longe dos holofotes, hei de crescer na míngua, pelas sombras. Concordo plenamente que deveria desistir, e não tenho orgulho que me impeça de ajoelhar e implorar. - despontou os dentes, revelando uma face bestial, fora de controle. – Mas tem algo dentro de mim que me obriga a continuar, essa sensação pulsante do sangue correndo nas veias, essa energia misteriosa que flui como a maré alta, como uma grande onda, que leva e destrói tudo a frente. Nem que eu quisesse poderia parar agora.

A sua frente, um corredor se estendia por alguns metros e, ao lado, uma escada corria ao segundo andar. Olhando o alto, decidiu subir. Mirava grande, muito longe, se errasse, acertaria o resto do infinito. Não que quisesse o lugar dos deuses, nem que tivesse raiva deles, mas uma indiferença quanto sua presença lhe tomava. Tudo que passava pela sua cabeça agora era o instinto desperto pelo medo de procurar os objetos - como quem procura a presa - e sair daquele lugar. A menina que antes declamava poesia no pensamento agora rugia de ferocidade.

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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Tatiana Volkov Qua 22 Nov 2017, 13:46




You go, girl!

Treino narrado para Açucena Baudelaire




— Sabia que não ia me arrepender de tê-la perto de mim, Açucena. — Encorajou a garota pela primeira vez. Não era doce nem nada parecido, mas ela sabia que seria o suficiente para a irmã tão carente quanto ela é.

Katherine sorriu com a vontade daquela de continuar e calou sua voz. Estava a caminho do segundo item, Vindicta, e aquele estava escondido atrás de um amontoado de ferramentas. Seria difícil de encontrá-lo, e como sua meta não era facilitar a vida da semideusa, deixou seu poder fluir. À sua frente, o maior medo de Açucena se formara. Ela teria que enfrentar seus medo. E Villeneuve fazia questão de que desse certo.

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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Margaret Whitman Qua 22 Nov 2017, 21:00


Blut und Erlösung
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Pulando de dois em dois degraus, Açucena alcançou o segundo andar em poucos segundos. Seus sentidos estavam mais tranquilos, ainda que alertas. As lágrimas tinham secado, mas o tracejado que delinearam pela face gelada ainda esquentava suas bochechas. Ouviu novamente a voz da irmã, e agradeceu interiormente a confiança. Mias que isso, um sentimento de orgulho a tomou, queria mostrar que valia a expectativa imposta, que era mais que suficiente para andar ao lado de Katherine, acompanhá-la pelo mundo. Esse formigamento de potência era determinação, a arma dos tolos.

O segundo piso da fábrica pouco se diferenciava do primeiro, exceto por toners um pouco menores e menos conservados e alguns entulhos mecânicos, como ferramentas e telhas, empilhados por aí. Andou alguns metros, repetindo a ação de bater e checar o som que faziam. Perto da pilha de ferramentas maior, pôde distinguir diversos equipamentos que tinham uma função obscura e sombria. Suas formas, cores, mobilidades, todas muito diferentes. Perguntou-se o motivo de uma fábrica de tintas ter tantas coisas complicadas.

Antes que pudesse alcançar o amontoado, uma figura desprendeu-se de trás de um dos cilindros de aço. Era velha, usava um sobretudo bege surrado e sapatos sociais enlamaçados, como um trabalhador de escritório no fim do expediente. Cheirava como páginas antigas e amareladas de um livro ruim. Quanto mais perto o homem chegava, mais paralisada Açucena ficava. Seus músculos deixaram de se mover, seus olhos prenderam-se à casaca, os nervos não respondiam aos estímulos, o pânico a tomara de tal forma que incapacitou até sua bestialidade irracional e domou sua racionalidade filosófica. Em sua frente, presenciou o maior trauma da infância.

Quando a menina Baudelaire era pequenina, com alguns seis anos, costumava ter mais liberdade. Brincava na floresta constantemente, perseguindo os passarinhos, giramundos, mentecaptos, insetos com asas coloridas, florzinhas que voam e outros. Não sabia os nomes e dava os que achava engraçado. Num dia cinzento em que os animais se escondem para descansar e o sol se apruma em pouco brilhar, saiu para o embrume esverdeado da mata. Esse mesmo homem apareceu. Com uma força sobre-humana, tentou despi-la, passando a mão pelo pequeno corpo da menina, murmurando imundices e revirando os olhos. Por sorte, um fazendeiro que passava por perto impediu o estupro, matando o abusador com um machado. A chuva desprendera-se do céu e com isso a liberdade da menina foi selada, reclusando-se aos livros e a própria mente.

Mas agora ele estava de novo em cara, e ela sentiu-se indefesa, como quando tinha seis anos. O homem tornou a fazer as mesmas coisas, pondo-a contra a parede e segurando-a pelo pescoço. Passava a mão pelos ombros, cintura, descendo às coxas, para a parte interna destas, tentando vencer a força da menina e abrir suas pernas. Baudelaire lutava para desprender-se, contorcendo o corpo em desespero, sentindo a gana exaurir-se e os olhos encherem-se novamente. Desfez o zíper, expondo a calcinha branca. Quando sua mão ia se encontrar com o sexo, ela conseguiu retirar a faca da cintura e desferir contra a mão perversa. O homem urrou de dor e segurou a mão, pressionando o corte, e ela fugiu.

Escondida, pôde ouvir os passos irritados, como de uma fera no cio que teve o coito interrompido. Sentia a respiração inconstante, fraca e em pânico. A voz do agressor era incompreensível, mas ficava cada vez mais alta. Ela correu até as ferramentas amontoadas, tentando atirar tudo sobre o velho, sem muito sucesso. Os materiais iam acabando, ele ia se aproximando, a face com a barba por fazer com uma aura raivosa e imoral. Quando sentiu-se sem saída, agarrou um martelo de meio metro e desferiu contra a perna do homem. Este caiu no chão, e quando tentou se levantar, ela pulou por cima dele.

Com o martelo em mãos e um pânico assassino a prendendo, deu o primeiro golpe, na última costela. Trinc. Desceu na outra costela. Trinc. O olhar usualmente indiferente da menina já era feroz, como se o sangue que a percorresse se manifestasse agressivamente, como um lobo das pradarias. Trinc. Trinc. Trinc. Trinc. Os gritos de dor eram abafados pela risada descontrolada e desesperada de Açucena. Descabelada e sujo, descia o martelo como quem forja a própria redenção. Trinc. Trinc. Trinc. Trinc. Trinc. Trinc. Trinc. Trinc. O carmesim das mãos lembrou-lhe dos riachos que percorriam a cidade, das crianças que tomavam banho todo dia depois da aula em suas águas, da natureza exuberante ao redor de casa. Mirou na face e desfechou a ferramenta. Crack. Crack. Crack. Crack. Crack. Crack. Crack. Ao fim, a massa encefálica escorreu e molhou o chão, misturando-se ao sangue.

Quando se ergueu, triunfante e ensanguentada, notou que a ponta de uma besta se encontrava saindo da base do monte de ferramentas espalhados. Cavucou, pegou o espólio de guerra e guardou o martelo junto a cintura. Sem remorso, seguiu apaziguando o peito. ''É muito mais difícil matar um fantasma do que matar uma realidade.'' Ela tinha feito, por fim, o primeiro.

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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Tatiana Volkov Qua 22 Nov 2017, 21:22




Water!

Treino narrado para Açucena Baudelaire




O que encontrara no cérebro de Açucena era pior do que imaginava. Sentia-se mal, mas sabia que os fantasmas de seu passado deveriam sumir, tanto pelo bem dela, quanto para o de Baudelaire.

Sorriu ao perceber que a garota pensava o mesmo, e deixou que ela continuasse seu caminho. Manteve-se em silêncio e esperou que a garota encontrasse os próximos itens.


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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Margaret Whitman Qua 22 Nov 2017, 22:27


picanha? quem dera
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''Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele.'' As palavras de Victor Hugo, autor de Os Miseráveis e O Corcunda de Notredammè percolavam suas entranhas. Retomara, lentamente, a consciência humana e deu-se conta de sua situação. O fantasma que a assombrara desde os seis anos, o motivo de sua reclusão, o homem que permeava seus pesadelos, o zumbi que a tomara a infância e a síntese de sua fraqueza estava morta, novamente, e dessa vez por suas mãos. Nunca sentiu-se tão dentro da condição de feitora do próprio destino ou controladora das rédeas do futuro. Ela, somente ela, pelas próprias e ensanguentadas mãos, assassinou o passado de lamúrias e misérias e pariu a força animalesca e imparável de sua natureza divina.

Como rio de águas intragáveis, o líquido do Olimpo que banhava seu corpo a transformara definitivamente numa correnteza forte e destrutiva, capaz de derrubar montanhas e separar mares. Era assim que se sentia. ''A mulher - é o anjo e o diabo num só corpo.''

Continuou, mais apressadamente, a rotina de bater nos tonéis e checar o som e o estado do material que o formava. Havia quatro corredores principais e alguns adjacentes, e iria tentar conferir todos antes de subir ao terceiro andar. O barulho do vento parecia mais forte com o passar do tempo, alertando-a que os ponteiros do relógio são como flecha, nunca retornam.

Um toner maior se destacava. Era grosso, grande, e se pudesse ser descrito, teria uma aparência pervertida. Parecia mais enferrujado que os demais. Açucena cogitou que estaria perto de uma saída de ar ou que haveria água dentro dele, que acelerou o processo de oxidação do metal. Uma escada na parte exterior possibilitou a subida para que pudesse olhar o interior. Para sua alegria e surpresa, um dos itens conhecidos estava no fundo. Para sua tristeza, um líquido alaranjado. Podia entrar, claro, podia ser água com a ferrugem do metal. Mas quem garantia? Era uma fábrica de tintas, podia ser algo super corrosivo.

Desceu as escadas e analisou melhor a composição. Estava bem enferrujado em toda a extensão. Com uma cesso de esperteza, chutou e golpeou a base da área lateral até abrir um buraco, por onde a água escorreu como cachoeira pelo piso, caindo pelas escadas há muito para trás. Com o tanque vazio, adentrou e recuperou a espada, ainda um pouco molhada. pode notar que era realmente água com ferrugem.

Andou mais algum tempo, chegando ao final do último corredor. Aos poucos, ouviu um barulho de rosnado aumentar. Rosnado, sim, como um cão. Aproximou-se calmamente da fonte do som e se deparou com o cão infernal de Katherine de guarda para com uma outra espada familiar. Desejou, sem saber o motivo de ser tao leviana, ter algum pedaço de carne para o canino.

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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Tatiana Volkov Sex 24 Nov 2017, 14:04




Wolf

Treino narrado para Açucena Baudelaire




O cachorro era dócil, mas fora instruído a atacar por Katherine. A filha de Phobos se assustara com a ideia de que talvez Açucena machucasse o cão e teletransportou-se para próximo da luta, falando na cabeça da irmã

— Largue todas as armas e não ouse atacá-lo. Defenda-se da melhor maneira possível.

Sentando-se na beirada de uma grande caixa, resolveu assistir o show

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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Margaret Whitman Sex 24 Nov 2017, 22:20


take it easy, babe
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Sentia de canto de olho a presença amedrontadora da irmã, assistindo-a de algum lugar. A voz a mandou largar as armas e não atacar o cão. ''Não fode!'', murmurou a menina, contra a ideia. O cão não era, em hipótese nenhuma, fraco. Ainda que relutante, largou todas as armas, desde a lança até o martelo - que era agora um mascote bélico.

Aproximou-se tranquilamente, com os joelhos flexionados e expondo apenas a parte lateral do corpo ao cachorro. Sentia-se mais leve, mais ágil. Não sabia se era pela vitória contra si mesma ou pela literal perda de peso das armas que carregava. A medida que chegava perto, o coração se acelerava, denunciando o perigo. Babydoll rosnava cada vez mais alto, apontando os caninos e franzindo as sobrancelhas, sempre encarando-a friamente, como presa.

Não sabia se o cachorro a conhecia propriamente. Ela já tinha o visto, mas não é como se tivesse criado um laço íntimo a ponto de não ser atacada. Conhecia a natureza tranquila do animal, vez que nunca tivera problema algum com ele. Concluiu, então, que era ordem de Katherine. A dúvida era quanto o cerne da ordem. Seria ele um protetor da espada ou um mero atacante? A única forma de descobrir era se aproximando.

Com o frio na barriga e a boca seca, o passo mais próximo chegou dois metros de distância das fortes mandíbulas, que em um piscar de olhos saltou para cima de Açucena. A surpresa nos olhos da Baudelaire era evidente. Que fera poderosa! Não era à toa que havia sido digno de acompanhar a, também e não somente, poderosa Jane Villeneuve. Tinha invariavelmente uma admiração fraternal e submissa à irmã.

Babydoll cravou os dentes no braço direito da pequena Baudelaire, perfurando o músculo do antebraço e roçando na superfície dos ossos. A dilacerante dor se espalhou por toda a extensão direita do corpo, obrigando-a a urrar de dor e forçar o braço a balançar ao alto, a fim de derrubar o agressor. As marcas das patas da fera pintaram o chão de carmesim Açucena. O sangue escorria, formando um desenho pontilhado, um caminho até a marca da mordida.

''Se pudesse desejar algo aos meus amigos, do fundo do meu peito, desejaria que eles sofressem muito.''. Não evitou sorrir ao se lembrar de umas das frases que Nietzsche disse sobre a dor. Era isso que a deixaria mais forte. As únicas mãos dispostas a arar a terra e dá-la fertilidade eram as calejadas pela enxada, as doídas pelo tempo e feridas pela labuta. Ela tinha conhecimento de que era sim terra fértil, mas precisaria e muito se moldar, lapidar-se em suor e sangue para tornar-se o diamante da irmã. No fundo, sabia que Katherine passara por coisas ainda piores.

Como uma iluminação, não sabendo se era da irmã ou do pai, sem coragem para atribuir a si, mas tomou as ideias que mambembeavam pela mente e as atirou contra o ser. Ignorando a dor e o líquido vermelho, se aproximou, sem nenhuma cautela, concentrando-se da aura medonha que emitia naturalmente, sentindo o sangue correr nas veias, encarando Babydoll como a Jane o encarava. Quanto mais confiança como filha de Phobos demonstrava, mais terrível ela parecia. As duas feras se entreolharam e reconheceram-se como igualmente poderosas. O cão pareceu compreender quem era ela, e ela permitiu uma atitude pacífica para com ele.

Ajoelhando-se a frente o canino, passou o dedo indicador e o médio sobre a ferida, marcando a própria testa e a do ex-opressor. Sentindo-se grata, sentou por um minuto para descansar. Sabia que a irmã a observava, e não queria demonstrar fraqueza, mas a fadiga começava a pesar-lhe os olhos. Agarrando a espada e o pescoço de Babydoll, começou a recitar versos de poesia para não desacordar.  

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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Tatiana Volkov Dom 26 Nov 2017, 10:42




You did it!

Treino narrado para Açucena Baudelaire




— Cinquenta e três minutos. Parabéns.

Falou, observando sua voz ecoar no ambiente por algum tempo. Podia perceber que Açucena estava cansada, talvez a ponto de desmaiar, e sorriu ao dar aquela última ordem, de forma presunçosa.

— Você ainda tem que sair daqui. Te encontro em casa. Tente usar o metrô.

Gargalhou, saindo do local ao se teletransportar para fora. Sabia que a garota daria conta mas não queria perder sua xodó, e então movimentou o carro para longe e esperou que a semideusa conseguisse sair antes que Villeneuve fosse embora.

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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Margaret Whitman Seg 27 Nov 2017, 18:11


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Os pensamentos estavam mambembeando pela sua consciência, discorrendo e gotejando, numa catarata de interpretações ambíguas e sem sentido, andacás mais para o sul e milhas de milhares ao oriente. Estava, antes de tudo, confusa. Não que ela não tivesse entendido o que a irmã falou, ela entendeu: tinha conseguido dentro do prazo. Mas fora isso, tudo ficou borrado, como vultos diabólicos que dançam na escuridão, serpenteavam pelas vistas cansadas e descriteriosas com a realidade. Enxergava, muito vagamente, uma figura canina ao seu lado, encorajando-a a continuar, como se entendesse a situação e desse uma arfada de energia.

Açucena levantou-se, ainda cambaleando, e recuperou os equipamentos. Sentia as pernas pesadas, a ideia esvair-se, a lucidez desvairar-se. Imaginou se os esquizofrênicos tinham a mesma percepção distorcida que ela tinha agora. As formas pareciam brincar consigo mesmas, amorfando-se e desamorfando-se, distinguindo-se uma das outras através de sons e cheiros e cores e toques e ratos e estrelas.

Os latidos pareciam diminuir de altura, não o som, mas a posição que se originavam. Compreendeu, de súbito, que Babydoll descia as escadas. A visão dos degraus a amedrontou por um instante. Pareciam enormes blocos de metal pendurados por cordas de nylon finíssimas, ameaçando romper-se ao mero toque humano. Apaziguou a respiração, tentando tomar controle da própria mente. Não conseguiu.

''Era vez, longe, muito longe, além mar, um passarinho mui alegre e saltitante.'' Entoou, como canção, em diversos nuances de voz, como se a garganta falhasse - e falhava. ''Vivia a cantarolar por aí, homenagear o Sol com a poesia de seus sons, bonitos, sim, mui bonitos e apaixonados.'' Descia os degraus irresponsavelmente, pulando por eles, forçando-os o peso do corpo, tonteando-se pelas costas. ''Era apaixonado pela luz, ai, que dor, pela luz!''

Chegou ao portão de ferro. As ferrugens o comiam como traças roíam o livro, alaranjando-o, expondo o aspecto mofado que teria se fosse uma casa, ou corroído se fosse uma alma. Passou os dedos pelo metal pontiagudo e áspero, cortando-os um pouco. Encostou a face a fim de sentir o gélido frio que percorreria a bochecha. ''E que intentos tem o destino, tão vil e cruel senhor, mandou seu carrasco sagrado, o homem, calar o bicho!''. Continuava a história, perdida em si mesma. Sacou seu martelo, o que fez Babydoll recuar, e começou a desferir pancadas sucessivas da antes maciça barreira, agora futuro e despedaçado entreposto. ''Com os dedos maldosos, cegou o pobre passarinho!''. Os golpes ficaram mais raivosos, tomados pela fúria passional com que a história se desenrolava. ''O que antes amava a luz, obrigado foi a amar a sombria escuridão!''. O ecoar do ferro tremia por toda fábrica, espantando as gralhas do telhado, os insetos da terra, as estrelas do mar. ''Cantai, ó, cantai, passarinho, tua triste cantiga de amargura e desalento!''.

Quando a porta cedeu nas dobradiças e se abriu, Açucena saiu triunfante, impondo o martelo de volta à cintura e guiando-se, com o braço direito trêmulo e erguido, para a saída, vitoriosa. '' É assim tu, meu amado! És as luz dos meus olhos, és o motivo de minha canção! Mas me abandonai, ó, me deixaste em prantos, e hoje sou trevas e merencória. Se pudesse retornar à ti, não o faria. Descobri-me, diferente de meu predecessor, amante dessa hostilidade negra e odiosa que tomou meu peito.''

Exausta, pôs-se a procurar o metrô.

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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por Tatiana Volkov Ter 28 Nov 2017, 11:11




The fucking end!

Treino narrado para Açucena Baudelaire




Açucena!
Eu peço desculpa pela demora em sua avaliação, mas vamos lá.
Garota, desde que postamos pela primeira vez, sabia que você possuía pontencial, e com muito muito muito carinho quero te dizer que você conseguiu se superar. Narração impecável, ambientação incrível e personagem mais que carismática. Não tenho muito o que dizer além de: parabéns garota!

Vejo você em um próximo treino.

Coerência: 50/50
Coesão, estrutura e fluidez: 25/25
Objetividade e adequação à proposta: 15/15
Ortografia e organização: 10/10
Total: 100 xp * 4 = 400 xp

Descontos:

Final:



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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

Mensagem por 137-ExStaff Qua 06 Dez 2017, 13:20

Pelo sistema de mestre e aprendiz, o aprendiz pode receber até 300xp em um treino, independentemente do tipo e dificuldade do treino, como explicitado nesse trecho (isso sem adição de dracmas):
♦️ Organização PJBR escreveu:
Treino M/AP – Esse treino poderá ser visto quase como uma missão, pois o nível de dificuldade sé controlado e monitorado pelo mestre, responsável por fazer com que os ensinamentos sejam passados, a XP máxima recebida pelo aprendiz é de 300, cabendo ao mestre até 100 xp.

Para mais informações: [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

Portanto, o que foi atualizado para Açucena Baudelaire foi 300xp.

A treinadora Katherine Villeneuve recebeu 100xp.

Descontos aplicados foram mantidos.
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Re: {Fear} — Treino para Açucena Baudelaire

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