[MISSÃO ONE - POST] Um inimigo em comum // Michael Bertrand

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[MISSÃO ONE - POST] Um inimigo em comum // Michael Bertrand

Mensagem por 141 - ExStaff Seg 01 Out 2018, 22:44



Mais cedo naquele dia o jovem Michael havia recebido uma ligação da agência informando que ao final daquela tarde um trabalho o aguardava num prédio ao norte da cidade de Paris. Apesar de não ser costumeiro que sessões surgissem assim do nada, ele não poderia e nem deveria reclamar, apenas aceitou.

O resto do tempo até o horário marcado decorreu de forma comum, com exceção do fato de estar sendo acometido por uma dor de cabeça que não queria abandoná-lo, leves tonturas e algumas alucinações com pavões, o garoto estava perfeitamente bem.

Ao chegar ao local o rapaz deparou-se com alguns outros modelos, no entanto um lhe chamou a atenção. Era um homem de porte largo, alto, cabelos dourados ondulados, olhos azuis como o céu, todos o rodeavam dando-lhe toda a atenção, os maquiadores, empresários e fotógrafos rodeavam o outro, paparicando-no e desprezando completamente o jovem Bertrand.

— Isso é tão errado, não acha? — a voz feminina soou atrás do moreno enquanto já apanhava os pincéis de maquiagem de uma maleta. Era uma belíssima mulher, corpo esbelto, cabelos castanhos, um sorriso gentil nos lábios. — Você é um modelo tão bom quanto ele, e provavelmente um semideus melhor… — o timbre destilava veneno, a última parte fora sussurrada ao pé do ouvido de Michael. O filho da discórdia parecia ficar cada vez mais irritado com a falta de atenção de todos. — Zeus e seus filhos sempre tirando tudo de nós, sua mãe, eu e agora você… Não deveria deixar que ficasse desta forma… — a dama terminou de aplicar o pó, recolheu a maquiagem e assentiu, deixando o garoto para trás.

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Re: [MISSÃO ONE - POST] Um inimigo em comum // Michael Bertrand

Mensagem por Abel Fairley Sex 05 Out 2018, 03:34


NIGHTCALL
UM INIMIGO EM COMUM
Paris. Com o fim de setembro, o outono se aproximou e tornou a bela cidade ainda mais magnífica como de costume, surpreendendo até mesmo os cidadãos do lugar. As ruas, mesmo lotadas pelo tráfego humano e de veículos, tornaram-se delineadas principalmente pelas inúmeras folhas de árvores locais que despencavam com o vento – desta forma, as cores predominantes eram vermelho, laranja e amarelo. Não à toa, a cidade era um dos destinos mais requisitados pelos turistas, mérito dado à paisagem.

Michael observava o fim de tarde através da cobertura de seu apartamento. O pôr do sol dilatava ainda mais a beleza das tonalidades de Paris ao mesmo tempo que dava lugar à uma noite estrelada. Ele acendeu o cigarro e apoiou o braço no vidro, assoprando a fumaça para cima. Ao longe, a Torre Eiffel passou a cintilar.

O outono é o presságio de uma estação devastadora. — comentou o filho de Éris enquanto escutava atentamente o cigarro carburando.

O casal van Claud, Jean e Audrey, eram membros de requisição na alta sociedade de Paris. Através da mídia, ganharam renome e atenção para seus serviços voluntários e doações exageradas para ongs locais. O que os jornais e revistas não podiam publicar era acerca dos vários fins de semana em que a dupla gastava o mesmo dinheiro com modelos adeptos da prostituição – nem todos cediam-se àquilo, mas Bertrand era um dos que almejavam crescer cada vez mais.

Michael era o preferido de Jean.

O que quer dizer? — questionou o mundano enquanto vestia o último sapato. Ao contrário do semideus nu, o casal tinha pressa em sair dali e vestiram-se logo após o sexo. Audrey encaixava o par de brincos de diamante em cada orelha e ajeitava o cabelo enquanto o marido esperava na porta, ajeitando a gravata. — O dinheiro cai em uma hora. Bonne nuit.

Michael simplesmente gesticulou a mão em que carregava o cigarro em sinal de adeus, mantendo-se de costas para o casal. Não estava com paciência para fingir simpatia por ambos, principalmente por conta das dores de cabeça que o acometiam desde que acordara naquele dia – elas sumiam e voltavam de minuto em minuto, deixando-o um tanto quanto irritado e calado. Contudo, aquele era o menor dos problemas, já que ele também estava preocupado com certas alucinações. Quando fechava os olhos, o semideus vislumbrava mentalmente a imagem de um esplendoroso pavão com penas brancas bastante luminosas e sempre que o imaginava, sentia uma leve tontura.

Foi assim a tarde inteira, mas não poderia deixar aquilo atrapalhá-lo. Na parte da manhã, assim que despertou, o moreno recebeu uma ligação da administração da agência que o representava. Le Rouge era uma empresa de modelos em ascensão e, desde os dezoito anos de Bertrand, era sua principal fonte de renda. Foi por esse trabalho que o semideus abandonou a América e o mundo místico governado por Zeus, esquecendo-se de seu principal propósito. Acostumou-se a ignorar sinais mitológicos, mas algo dizia ao filho de Éris que aquela noite mudaria tudo.

Depois de um segundo banho para se livrar do suor do corpo, ali estava ele, preparando-se para o trabalho mesmo estranhando o horário. Não poderia ignorar a chamada, já que bastava uma ausência para que Le Rouge o dispensasse por desinteresse. Assim, o semideus vestiu seu melhor conjunto Armani de blusa e calça xadrez e um simples casaco de pele de urso que cobria do pescoço ao tornozelo – este último para esconder a bainha contendo a adaga de bronze, presa na coxa direita. Feito isso, Michael seguiu até o térreo e estacionamento do edifício, onde manteve-se à espera do choffer da equipe.

John era um norte-americano como ele, tentando a sorte em solo francês. Casou-se com uma suburbana de Paris e arriscou-se por lá como empresário, mas escolhas mal premeditadas o fizeram abrir mão da autonomia. Ainda assim, era uma das pessoas mais inteligentes que Bertrand conhecia. O meio-sangue não sentia absolutamente nada pelo homem, nada além de pena, já que uma mente tão brilhante estava sendo usada para um serviço pouco importante.

John. Se importa? — questionou Michael após adentrar o veículo, mostrando ao motorista o maço de cigarros.

O homem suspirou, mas assentiu com um gesto de cabeça e, através dos comandos do carro, deslizou para baixo a janela ao lado do moreno. Logo, o carro engatou-se entre os inúmeros veículos em movimento pelas ruas de Paris e Michael manteve-se pensativo ao fumar o segundo cigarro, observando a movimentação do lado de fora. Enquanto John comentava algo sobre a bolsa de valores de Nova York, o herdeiro de Éris era novamente acometido pelas alucinações. Quando fechou os olhos a assoprou a fumaça pra fora pelo nariz, vislumbrou o mesmo pavão luminoso, dessa vez andando em sua direção e erguendo a penugem majestosa.

Sentiu uma tontura, abriu os olhos e piscou inúmeras vezes, fechando-os novamente. Dessa vez, o pavão parecia pisar em uma segunda ave parecida com uma águia. Por algum motivo, sua mente foi transportada à uma memória de quando ele tinha doze anos.



O lugar era o Acampamento Meio-Sangue, especificamente o refeitório, no horário da janta. Bertrand estava sentado junto aos filhos de Hermes e indefinidos, na mesa mais lotada. Mal tinha espaço para se mover, por isso, aquele horário não era tão atrativo para ele quanto era para o restante dos campistas. Os semideuses sempre tiveram certo preconceito com aqueles que não tinham recebido o sinal de seus progenitores, mas os olhares de desprezo para o jovem Michael pareciam redobrados, como se não se sentissem a vontade ao lado dele. Ele os odiava igualmente.

Felizmente, sempre que se sentia recluso, o rapaz recebia a visita daquela que se dizia sua mãe. Naquela noite, Éris apareceu junto a um sibilo de serpente que ecoou na mente do meio-sangue. Sua atenção foi puxada para o campo aberto atrás do refeitório, quando avistou de relance uma figura pálida, de cabelos e vestido pretos. Algo dourado cintilava na mão da deusa ao longe e, ao avistá-la, a reação do garoto foi abandonar a mesa e segui-la. Quando a alcançou, entrelaçaram as mãos e partiram em direção a um lugar afastado, parando em frente à entrada do bosque.

Mãe e filho se encararam por um breve momento enquanto o silêncio perdurava. Éris abriu um sorriso maternal e sádico ao mesmo tempo, alisando o rosto de seu herdeiro.

Você está predestinado a grandes feitos, Michael. Será o pastor dos lobos e eles — referiu-se ao restante dos campistas. — serão as ovelhas.

Ela agachou-se diante do jovem e mostrou a ele a origem da luz dourada cintilante em sua mão: uma maçã reluzindo ouro. Então, ergueu a fruta contra a boca do filho com delicadeza e o deixou morder um lado. Michael repousou as duas mãos sobre a mão da genitora e saboreou a fruta com vigor. Antes de sumir, a deusa proferiu uma frase que ele nunca esqueceria.

Seja impiedoso.

Então, ele ficou novamente sozinho, segurando uma maçã vermelha e comum, além de mordida.



O semideus nunca soube se aquele momento fora real ou apenas alucinação de sua cabeça, mas foi o percursor de sua vida. Enquanto refletia sobre seu passado, mal notou que estavam prestes a chegar na agência.

Mas diga-me, como está seu pai? — John era sempre preocupado com as garotas e garotos contratados pela Le Rouge. Servia como um pai postiço para a maioria deles, embora Michael não se importasse nem um pouco em ter uma presença paterna por perto. Ironicamente, o humano se importava mais com o filho de Éris do que com o restante. — Soube que estão criando tratamentos eficazes.

Bertrand arqueou a sobrancelha e segurou uma bufada de ironia, mas o homem logo percebeu.

Sabe, devemos dar valor ao sangue, rapaz — mal terminou de falar, sendo interrompido pelo modelo.

Dias atrás eu estava passando pelo subúrbio. Uma pobre mulher sem teto, com seu bebê recém-nascido, chamou por mim... estava pálida, com uma infecção bacteriana pós-parto, uma coberta ensopada de sangue e putrefação — Os olhos do meio-sangue se encheram de lágrimas, embora ele não se importasse realmente com o sofrimento da mulher. — A criança nasceu morta e ela não tinha forças ou condições para enterrá-la ou ao menos levar o corpo a um crematório. Disse que a visão de seu bebê morto estava dilacerando sua alma, pediu clemência... que eu me livrasse do corpo por ela. Estava esperando por uma misericórdia divina.

As lágrimas finalmente rolaram pelo rosto do jovem, demonstrando sentimentos que ele, de fato, não possuía. Tinha uma ótima performance como ator, tanto que convenceu John de que estava realmente comovido com as lembranças.

E você o fez? — questionou o homem ao encarar o moreno pelo retrovisor interno, emocionado.

Mich o encarou com seriedade no olhar enquanto as duas lágrimas desciam pelas maçãs de seu rosto. Então, jogou a bituca de cigarro pra fora da janela do carro e o respondeu de forma ríspida.

Não.

John estacionou o carro ao lado do edifício da Le Rouge, embora seus olhos estivessem focados no semideus que também o encarava. Continuaram assim por breves segundos, o mundano demonstrava-se assustado com a frieza de Michael, mas logo destravou as portas do veículo e o filho de Éris o deixou para trás.

As dores de cabeça ainda estavam presentes, mas àquela altura, Bertrand já tinha acostumado a ignorá-las. Passou a evitar movimentos brutos para amenizá-las. Assim, adentrou a recepção da agência com um sorriso simpático no rosto e se aproximou do balcão, piscando para Clarisse. Por mais que fosse um maldito psicopata, Michael gostava de passar a imagem de alguém confiável, o tipo de pessoa que uma família de religiosos convidaria para a ceia de natal. A habilidade natural dele era se adaptar a toda situação.

Clarice mon petit chat, onde será o novo ensaio?

Clarice, a jovem recepcionista, era sempre igualmente simpática com o moreno mas, naquela ocasião, parecia estarrecida, como se tivesse perdido a vontade própria de agir e falar. Seus olhos estavam arregalados e estagnados na tela do computador e, sem falar ou ao menos sorrir para o filho de Éris, entregou um cartão de acesso para o andar de fotografias. Mesmo estranhando a situação, Michael seguiu até o elevador e foi levado ao último andar.

Assim que a porta do elevador se abriu, fez-se um flash de máquina fotográfica. Já tinham começado o ensaio e, provavelmente, ele estava atrasado. No entanto, havia algo anormal naquela situação: eram cerca de seis modeles além dele e três fotógrafos, todos agiam da mesma forma, calados e estáticos como se estivessem agindo por automoção. Fotógrafos tiravam fotos enquanto os modelos se posicionavam, mas aquilo nem de longe era uma cena comum da qual Michael estava acostumado depois de tanto tempo trabalhando para eles. De imediato, sua atenção foi levada para um loiro esbelto, de porte largo e olhos azuis intensos, sendo paparicado pelo restante presente.

Ainda assim, o semideus adentrou o lugar e logo foi puxado por uma das estagiárias, sendo levado para o canto do salão onde tinha uma mesa contendo produtos de maquiagem e um espelho. Bertrand sentou-se ao sentir dores de cabeça de novo, no entanto, dessa vez eram extremamente fortes, duplicadas. O semideus fechou os olhos e cerrou os dentes enquanto as sentia, mas dessa vez, ele não alucinou com um pavão. De fato, com os olhos fechados, tudo ficou preto como de costume. Então, quando a dor aliviou e ele finalmente abriu as pálpebras, viu no espelho o reflexo de uma mulher em pé ao seu lado.

Isso é tão errado, não acha?

Ela era especial, diferente de todas as modelos agenciadas pela Le Rouge. Parecia tão jovem quanto ele próprio, aparentando poucos anos mais velha. Seu cabelo começava liso e terminava em mechas onduladas, tendo o tom de cor castanho acobreado e majestosos como o de uma rainha. Seu vestido era branco e, embora decotado, cobria todo o braço e ombros, além de ter detalhes adornados em ouro e, por fim, uma cauda com penugens em tom azul e verde. A cor de seus olhos alternava no mesmo tom das penugens em um brilho instigante enquanto ela sorria de forma gentil e convidativa.

Apesar disso tudo, a desconhecida suspirou e pendeu o corpo para frente ao se apossar de alguns itens de maquiagem. Bertrand não era estúpido, não fazia ideia da identidade da mulher mas sabia que ela não era uma simples maquiadora da empresa. Curioso, ele a questionou.

O que é tão errado?

Não foi difícil iniciar um diálogo, já que ela parecia bastante fluente em inglês. Ela preparou um bocado de pó para o rosto no pincel que segurava e o espalhou pelo rosto do semideus, dando a devida atenção ao garoto.

Você é um modelo tão bom quanto ele — respondeu a misteriosa, tocando o queixo de Michael com suavidade e direcionando seu olhar para o reflexo do modelo loiro no fundo do espelho. Se tinha algo que o filho de Éris odiava, era perder o foco das atenções. Apesar disso, ele era um rapaz controlado que não se deixava levar por qualquer tipo de descontrole, mas as palavras daquela mulher pareciam entrar em sua mente com facilidade. Os dedos de Bertrand batucavam incansavelmente e com lentidão o braço da cadeira onde estava sentado enquanto sua mente era inundada pela inveja. — e provavelmente um semideus melhor.

Com a última fala, Michael cessou o movimento dos dedos e manteve-se parado encarando-a pelo espelho. Ela sorria, mas dessa vez, tinha uma certa maldade expressada em seu rosto. Ele continuou escutando as palavras da desconhecida, mas sua mente estava focada em descobrir quem ela era. Sabia dos semideuses, então provavelmente não era uma humana.

Zeus e seus filhos sempre tirando tudo de nós, sua mãe, eu e agora você. Não deveria deixar que ficasse desta forma — finalizou ela, cessando também a aplicação de pó e deixando o semideus sozinho.

Enquanto ela se afastava até o elevador, sem sequer chamar a atenção dos outros funcionários, Michael atentou-se aos detalhes de seu vestido. As penugens adornadas lembravam, facilmente, a cauda de um pavão, o mesmo animal com quem estava alucinando desde que acordara. O semideus tentou se lembrar de quando era um campista, para tirar alguma informação escondida em suas lembranças. Por ser um dos poucos filhos de Éris e por não ter um chalé próprio, o lugar favorito de Bertrand no Acampamento Meio-Sangue sempre tinha sido a biblioteca. Desde os sete anos, idade em que fora levado para o lar de meio-sangues, ele preferia se ocupar lendo livros e registros do que treinando e assolando os monstros - embora também o fizesse para não se tornar um peso morto lá dentro.

Por isso, desde pequeno, analisava cada detalhe, informação e características dos Doze Olimpianos. Hera, a esplendorosa rainha, sempre ao lado de Zeus e em seu flanco um pavão tão majestoso quanto ela. Seria possível? O semideus comparou a maquiadora desconhecida com suas próprias palavras e logo depois encarou o suposto outro semideus no fundo da sala.

Bertrand! — gritou o fotógrafo, talvez o único gesto de atenção que receberia da equipe naquela noite.

Assim, o moreno seguiu para a ala de fotos e realizou seu trabalho como sempre tinha feito. O único alívio era que as dores de cabeça tinham cessado e ele conseguiu raciocinar claramente depois disso. O job durou cerca de uma hora até finalmente ser finalizado, então todos os modelos foram dispensados. Michael limpou a maquiagem no rosto, vestiu as próprias roupas e armou-se com sua adaga, pronto para seguir o modelo loiro. Para sua sorte, ele também foi um dos últimos a sair e conseguiu alcançá-lo ainda no elevador.

Felizmente, desde que tinha aprendido a desenvolver seus poderes, Michael era capaz de ocultar sua filiação com Éris, o que era uma ótima estratégia de defesa, já que a deusa não era uma deusa bem quista, automaticamente seus filhos sofreriam um certo preconceito – ele próprio tinha sofrido até abandonar a América. O suposto filho de Zeus colocou a mão na porta do elevador, possibilitando a entrada de Bertrand que abriu o sorriso mais simpático e falso que conseguia.

Merci. — agradeceu o moreno enquanto observava o andar solicitado pelo outro; a garagem. — Sabe inglês?

Por nada. Sim, eu sei e você é o Michael, certo?

O filho de Éris arqueou a sobrancelha e assentiu com a cabeça, surpreso pelo reconhecimento. Estava tão atiçado pela inveja que se esqueceu, por breves segundos, os próprios méritos e de como sua imagem como modelo tinha atravessado o Atlântico. Talvez fosse a genética divina que o tivesse transformado no modelo mais cobiçado da agência.

Você é a carne nova.

O loiro emitiu um sorriso debochado e o encarou.

Não só a carne nova, mas o novo sucesso. Aguenta uma disputa? — provocou. Ele não estava errado, era um dos rapazes mais belos que Michael tinha visto em toda sua vida. Bertrand seguiu o encarando de volta de forma séria, sem se deixar abalar por palavras. O novo modelo estendeu a mão, cumprimentando o moreno. — Me chamo Kyle, sou de Manhattan.

Los Angeles, e de onde eu venho não recusamos disputas, pelo contrário. Acho que é o momento perfeito para mostrar quem dá as cartas, Kyle.

O elevador parou e, enquanto se encaravam, as portas abriram, dando passagem para a garagem. Kyle expirou pelo nariz de forma debochada novamente e partiu na frente, tirando do bolso a chave do carro que tinha acabado de comprar ao chegar em Paris.

Acredite, Mich, você não quer comprar essa briga. Eu sempre venço.

Egocêntrico, como Bertrand esperava. Em resposta, o moreno apoiou o ombro em uma das portas ainda abertas do elevador e tirou o maço de cigarro do bolso.

Eu entendo. Você faz coisas impossíveis acontecerem, como se fosse um herói, um tipo de messias. — ao dizer aquilo, a atenção de Kyle foi puxada novamente. Michael tirou calmamente um cigarro do maço e o acendeu entre os dentes, ele imaginava que o loiro não fazia ideia de que era um semideus. — Eu também me sinto um deus. Como você sobreviveu tanto tempo sem saber a verdade?

As palavras pareciam fazer o efeito esperado por Mich, já que seu oponente girou o corpo para encará-lo com um jeito estarrecido, surpreso e irritado por ter sido descoberto. Kyle não sabia quem era seu pai, mas seguia o esteriótipo de Zeus de odiar ficar em desvantagem. Bertrand assoprou a fumaça em seu pulmão com um suspiro enquanto coçava delicadamente sua têmpora e ria com sarcasmo. Afastou-se do elevador e lançou o cigarro no chão antes de se livrar do casaco de pele em seu corpo.

Não importa. É uma vantagem que não pretendo desperdiçar. — afirmou o moreno enquanto tirava a adaga da bainha.

Kyle cerrou os punhos e, de repente, um brilho dourado passou a ser emitido de seu corpo, gradativamente. Era forte demais, por isso, Michael jogou-se atrás de um dos carros estacionados, temendo ser alvo de algum efeito. Não era estúpido, os anos no Acampamento serviram para que ele adquirisse uma mente rápida em estratégia. O local era perfeito para o tipo de combate que Bertrand preferia: sorrateiro, como uma serpente. Assim, o semideus de Éris agachou-se para se manter escondido e caminhou com cautela até a traseira do carro, logo em seguida passando para a traseira de um segundo carro.

O filho de Zeus, brilhando em sua forma mais intensa, concentrou energia no punho e soltou uma rajada elétrica na direção do primeiro carro, tornando-o um condutor de energia fatal. Em seguida fez o mesmo com os outros três carros, obrigando Michael a continuar se movimentando entre os veículos para não ser alcançado pela eletricidade. Talvez fosse por pouca experiência, afinal, Kyle não fazia ideia de quem era e de como controlar seus poderes, mas a luz dourada emitida de seu corpo falhou por alguns segundos como uma lâmpada piscando incansavelmente. Não vendo outra saída, o filho de Éris se ergueu e calculou rapidamente a distância entre ele e o oponente e, de forma ágil, lançou a adaga de bronze sagrado com força contra o loiro.

No exato momento, os reflexos de Kyle o ajudaram a se desvincilhar da trajetória da arma facilmente. A lâmina da adaga perfurou o material de um extinto de incêndio, fincando-se no mesmo. A substância do extintor espalhou-se no ar, criando uma névoa que atrapalhou a visão perfeita de Michael. Para o azar do modelo, Kyle tinha herdado da genética de Zeus a capacidade de enxergar como uma águia. O loiro aproveitou a vantagem, concentrando energia em pés e mãos e saltando em um forte impulso. Sua habilidade de estática o fez colar-se facilmente no teto, agarrando-se com as mãos e grudando também os pés.

Como uma aranha, se locomoveu de cabeça pra baixo até chegar ao local onde Bertrand estava. Não poupou tempo em saltar em cima do moreno, deixando que seu corpo pesasse sobre o dele enquanto sua habilidade, ainda ativa, o impedia de ser tirado da posição onde estava. Kyle desferiu inúmeros socos contra o rosto de Mich enquanto encostava a lâmina deitada em seu pescoço.

Eu te disse, sou invencível!

Enquanto era socado incansavelmente, abrindo feridas em seu rosto, Bertrand gargalhava como um psicopata. Kyle, pronto pra finalizar aquilo, concentrou eletricidade na mão e estava prestes a usá-la contra o rosto do inimigo, mas Mich agarrou seu pulso e o impediu de fazer aquilo com facilidade. Enquanto isso, ergueu a mão livre no ar e desejou que parte da própria energia fosse incubida na adaga presa ao extintor. Seu objetivo era fazer com que a arma voltasse para sua mão e, em questão de segundos, assim aconteceu. O herdeiro da discórdia não demorou em perfurar a jugular de seu inimigo. Nem mesmo os filhos de Zeus eram páreos para a furtividade herdada de Éris.

O sangue fluiu de forma intensa da ferida no pescoço de Kyle, ensopando o rosto e vestes do moreno. Aos poucos, a força e energia do filho de Zeus enfraqueceu até ele se igualar a um simples inseto. Michael reverteu a situação, jogando-o contra o chão e pressionando ainda mais a lâmina contra a carne do oponente.

Você não é nenhum deus! Em meu novo mundo, a corja de seu pai será reduzida ao lixo que eles realmente são!

Então, Michael se ergueu respirando intensamente e acendendo outro cigarro enquanto assistia os últimos suspiros de Kyle. Tragou a fumaça para se acalmar e analisou o ambiente em busca de câmeras, fato que poderia complicar sua vida, se não desse um jeito nas filmagens. Contudo, a resposta parecia ter caído imediatamente do céu. Bertrand ouviu passos ecoar atrás dele e quando se virou, avistou o motorista John completamente horrorizado com a cena.

Sr. Bertrand — murmurou com a voz fraca antes de correr na tentativa de amparar o ferimento de Kyle. — O que houve?!

O moreno encarou os dois com frieza enquanto encostava as costas num alicerce da garagem, acalmando-se cada vez mais. O mundano, com as mãos ensopadas em sangue, voltou-se contra o modelo mais uma vez, totalmente desesperado.

Temos que chamar a emergência! — gritou, tirando do bolso o próprio celular. Contudo, foi impedido de fazer qualquer coisa quando o semideus agarrou sua mão e sua nuca, forçando-o a encará-lo.

Naquele momento, o filho de Éris usou toda sua lábia e persuasão e seja lá o que fosse para convencer John de fazer o necessário para livrá-lo da cena do crime. Sua voz era doce e gentil, além de emitir emoções que o semideus não possuía.

Vamos, John... você o assassinou. — sugeriu.

O quê?! N-não, eu vi você

Os anos de fracasso acumularam uma necessidade inebriante de ferir os outros. O novo modelo era perfeito para seu primeiro assassinato pois todos desconfiariam que ele desistiu de ficar em Paris. Não pense com clareza, John, você é um assassino.

E-eu... eu sou um assassino... — aos poucos, as palavras de Michael tornavam-se fatos verdadeiros e concretos na mente de John.

Apague as filmagens do sistema das câmeras e admita o crime ao amanhecer.

Naquele momento, não existia mais um John. O homem na frente de Michael tinha entrado em um tipo de transe, não tinha mais pensamentos próprios, as lágrimas corriam por seu rosto mas ele encarava as paredes, paralisado. Bertrand sorriu e voltou-se contra o já falecido Kyle, revirando seus bolsos em busca da chave do carro. Quando a encontrou, sua atenção na verdade foi puxada para a lâmina reluzente da espada outrora usada pelo filho de Zeus. Ele se apossou da própria e a mesma volltou à forma de bracelete, não sabia se seria útil, mas carregaria consigo até descobrir como ativá-la.

Assim, o filho de Éris destravou as portas do carro e partiu dali em direção ao próprio apartamento, deixando para trás as folhas vermelhas que foram carregadas pelo vento da velocidade do carro. Paris não era mais seu lugar, tinha assuntos a tratar com Hera.

Adendos:
Armamento:
Passivos:
Ativos:

Oponente - Passivos:
Ativos:

Abel Fairley
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Re: [MISSÃO ONE - POST] Um inimigo em comum // Michael Bertrand

Mensagem por 141 - ExStaff Sáb 06 Out 2018, 15:56


Avaliação



Tua narração apesar de ser feita em terceira pessoa flui de forma muito limpa, não é travada como a maioria, aprecio muito isso. Toda a missão decorreu de forma muito gostosa, apesar de achar que a narração da batalha foi rápida demais e com pouquíssimos detalhes, creio que pelo fato do filho de Zeus ter nível mais alto que o seu, você deveria ter uma dificuldade maior para derrotá-lo.

Alguns requisitos solicitados não ficaram tão claros ou tão bem descritos, por exemplo: Como sabia que o filho de Zeus era um? Porque ouviu Hera? Poderia ter desenvolvido melhor estes pontos.

De toda forma, trabalhou bem, parabéns.



Resultado


Recompensa:
Coerência: 100xp; Coesão, Estrutura e Fluidez: 60xp; Objetividade e Adequação a proposta: 25xp; Organização e Ortografia: 30xp;
TOTAL: 215xp

{Argos} / Espada [É uma espada comum, a lâmina é de prata com uma pena de pavão desenhada em ouro, mede 90 cm e qualquer pessoa com um conhecimento mínimo sobre armas sabe lidar com ela. Devido ao pouco peso, é empunhada com uma única mão, deixando a outra livre para utilizar escudos ou outros itens. O cabo é de madeira simples. Transforma-se em um bracelete quando não utilizado, seguindo os mesmos entalhes da espada.][Ouro, prata e madeira] (Nível mínimo: 3) [Recebimento: Missão Um inimigo em comum, avaliada por Éris e atualizada por_]


AGUARDANDO ATUALIZAÇÃO






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Re: [MISSÃO ONE - POST] Um inimigo em comum // Michael Bertrand

Mensagem por 168 - ExStaff Dom 07 Out 2018, 00:16


Reavaliação



Olá Michael! Estou apenas reavaliando para corrigir um erro nas recompensas anteriores. Todas as críticas e elogios já feitos são, ainda, válidos.

Como a missão é externa aos locais seguros (conforme sistema neste link), sua missão tem um valor total de 400 xp + 40 dracmas.


Resultado


Coerencia: 33,4%
Coesão, Estrutura e Fluidez: 20%
Objetividade e Adequação a proposta: 8,4%
Organização e Ortografia: 10%
Total: 72% (arredondado) x 4 (peso da missão) = 288 XP + 29 dracmas + item

{Argos} / Espada [É uma espada comum, a lâmina é de prata com uma pena de pavão desenhada em ouro, mede 90 cm e qualquer pessoa com um conhecimento mínimo sobre armas sabe lidar com ela. Devido ao pouco peso, é empunhada com uma única mão, deixando a outra livre para utilizar escudos ou outros itens. O cabo é de madeira simples. Transforma-se em um bracelete quando não utilizado, seguindo os mesmos entalhes da espada.] [Ouro, prata e madeira] (Nível mínimo: 10) [Recebimento: Missão Um inimigo em comum, avaliada por Éris e atualizada por Hera]


Atualizado.






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