{Alchemist} — Missão One Post para Margites Lefebvre

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{Alchemist} — Missão One Post para Margites Lefebvre

Mensagem por Maisie de Noir Qua 24 Jul 2019, 21:11


Alchemist

 Quando alguns experimentos saem do controle, é necessário ajuda externa para que tudo volte ao normal. Edward, conhecido por muitos como maluco, se autodenominava um alquimista em ascensão e buscava uma forma de criar o homúnculos perfeito.  
***

"A Humanidade não pode obter algo sem primeiro dar algo em troca. Para obter, algo de valor igual deve ser perdido." - Fullmetal Alchemist.
Diretrizes


— Escreva uma introdução expondo um pouco do seu personagem e de sua trama.

— Como um filho de Hefesto assim como você, a fama de Edward é conhecida no seu chalé. Explique como ficou sabendo dela e do desaparecimento do seu irmão.

— Você irá se preocupar com seu sumiço e decidirá ir atrás dele, mesmo que ninguém lhe apoie na sua decisão.  

— Investigue até descobrir o paradeiro da oficina escondida do Edward na floresta. Tenha ao menos uma dificuldade não combativa nessa parte.  

— Ao entrar no lugar, irá perceber que tudo está fora do lugar e jogado no chão estará o corpo do seu irmão. Ao tentar se aproximar, será atacado por uma cópia de Edward. É o homúnculos criado por ele. Derrote-o.  

— Considere-o como um filho de Hefesto e Mentalista do seu nível, mas com 10% a menos dos movimentos.  

— Ao derrota-lo, encontre uma forma de transferir a consciência da criatura para o seu dono.

— Finalize a missão de forma criativa.

Informações adicionais


— Missão one-post para Margites Lefebvre

— Condições climáticas: Céu limpo, 35º.

— Local de Início: Acampamento Meio-Sangue.

— Horário: 11:20.

Status


Margites Lefebvre — Nível 5

HP: 140/140
MP: 140/140

Regras


— Não utilize cores cegantes e/ou templates com menos de 400px de largura.

— Poderes (com nível, separados por ativo e passivo) e armas em spoiler no final do texto.

— Prazo de postagem até 23h59, segundo o horário de Brasília, do dia 09/08/2019

—O critério de avaliação usado será o baseado neste sistema (clique).

— Agradeço se me enviar uma mensagem assim que postar.




Maisie de Noir
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Re: {Alchemist} — Missão One Post para Margites Lefebvre

Mensagem por Margites Lefebvre Sex 09 Ago 2019, 23:25



MEOP
Alchemist
Não lembro agora qual o nome do filósofo que disse isso, mas me lembro de ter lido em algum livro algo como “Quando você olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você”. Acho que por muito tempo eu não entendi a frase. Talvez agora eu esteja começando a entender melhor o que essas palavras queriam dizer. Admito que por muito tempo eu quis ser, de certa forma, “especial”, mas eu sempre fui só o rapaz estranho das turmas pelas quais passava. Meus pais adotivos sempre faziam questão de me prover tudo o que eu precisava e, como em todas as escolas de gente rica, isso é só o mínimo.

Eu não podia ser o inteligente, porque sempre tinha alguém que me superava nisso, alguns estranhamente sumiram no decorrer dos anos e, ironicamente, os reencontrei neste lugar. Eu não podia ser o mais atlético, porque eu achava esportes muito chatos mesmo sempre buscando por adrenalina.

E agora, sim, agora o abismo olha pra mim. Não pela inteligência, eu nunca busquei isso de verdade. Agora a adrenalina que eu sempre busquei durante minha juventude me olha nos olhos e ri, mas não qualquer riso. Não podia ser um riso infantil de realização como quando conseguimos algo desejado, nem um riso de coração como quando uma coisa nos emociona profundamente com felicidade ou sequer um riso de humor como quando ouvimos a melhor piada das nossas vidas. Não, não é esse o luxo que o abismo me trouxe. Era um riso lunático, um riso completamente ensandecido de quem acabara de matar a si mesmo, de matar sua própria alma.

Toda essa loucura me abala até os ossos todos os dias quando vou à arena e vejo semideuses e monstros lutando. Quando são semideuses lutando entre si é até bem normal, apenas um treino de luta um pouco mais perigoso, mas quando são monstro contra humanos... É assustador. Os dois lados sabem que estão um passo do fim de suas vidas, mas mesmo assim lutam ferozmente e, muitas vezes, dão risada durante as trocas de golpe, apenas uma brincadeira para eles.

Sharon tem me ajudado a pratica quase todos os dias e isso é muito para minhas habilidades, para o meu desejo de adrenalina, mas isso é horrível para a minha mente. Não faço ideia de como concordo quando ela sugere soltar algum monstro da jaula para lutar conosco. Acho que no fundo, mesmo quando somos extremamente contra uma ideia, ninguém tem o arrojo de fazer qualquer coisa a respeito.

– Não adianta protestar. Nós dois sabemos que você vai ceder no final. – Ela começara a dizer de uns dias para cá

Mas nenhuma história que eu possa contar vai ilustrar a ideia melhor do que essa, então se acomode. Tudo começou em um dia de treino com Sharon.


...


– Me lembra de novo, como foi que eu concordei em lutar com aquela empousa?


– Ah não começa com isso de novo. Você sabe que no fundo quer lutar com monstros, está no seu sangue. Você só não tem coragem de admitir isso.

Não rebato. Tenho me questionado muito em relação a isso nos últimos dias, será que eu queria mesmo? Darius diz que nós, os ferreiros, devemos ser também os melhores lutadores do acampamento, porque fazemos todas as armas e temos o dever de saber usar o que produzimos e ter consciência de tudo que a envolve, desde produção até utilização. Henry Ford choraria com isso.

– Sharon, pode me explicar melhor essa coisa de mentalista? – Perguntei, agora estávamos nas arquibancadas da arena, apenas assistindo.

– Nós somos abençoados por Psiquê. Costumamos proteger coisas importantes para a história, seja história de algum local ou do mundo. – Ela parou alguns segundos, pensando – Na verdade, protegemos e arquivamos praticamente quaisquer informações do nosso mundo, seja do mundo divino ou do mundo humano.

– Então vocês são como bibliotecários do mundo? Tipo um cidadão do mundo chato? O que isso tem a ver com ser abençoado? – Eu acho que pareci um pouco babaca, mas a pergunta era sincera.

– Há! Engraçado mesmo. – Sem dúvida sarcasmo dominava a frase – A deusa abençoa todos nós com algumas habilidades mentais, habilidades psíquicas.

– Ah... Agora sim faz mais sentido. – Um flash passa na minha cabeça – Seria legal usar isso em armas.

Ela me olha de soslaio – Preferimos associar nossos poderes a coisas boas.

– Mas isso pode ser usado para o bem. Pensa só, fazer um inimigo mudar de lado com um toque da arma? Apenas um corte e problema resolvido.

– Nós ajudamos, não manipulamos. – Seu tom era ácido

– Mas é uma manipulação para o bem! – Retruquei defensivamente – Imagine uma armadura ou escudo que se move para proteger você!

– Vocês filhos de Hefesto sempre com suas ideias inovadoras e idiotas... – Ela murmura enquanto levanta e tira o pó das roupas – Nós protegemos, só isso. Já me basta aquela idiotice de homúnculo.

Com isso ela dá a conversa como encerrada e se retira. Decidi não ir atrás, talvez acabasse piorando. Mas qual o problema com filhos de Hefesto? Não entendi essa raiva espontânea. Particularmente foi a primeira vez que vi algum tipo de ressentimento com meus irmãos. Meus irmãos... Olha só, já até comecei a pensar assim sobre os meus “colegas de quarto”.


...


Eu ficara ali na arena por algum tempo esperando a hora do almoço. Na mesa dos filhos de Íris, quando meus olhos encontraram os de Sharon, ela desviou rapidamente com um toque de irritação. Então agora chego ao chalé pouco depois do almoço com Darius. Uma dúvida surgira em minha cabeça durante o almoço.

– Cara... O chalé de Hefesto e os mentalistas tem algum tipo de briga interna? – Pergunto enquanto entramos no chalé

– O quê? Não – Ele solta um riso de leve divertimento – Inclusive alguns de nós é mentalista ou já foi, eu não sou um exemplo caso pense em perguntar.

– Tem algum no acampamento? Minha amiga é mentalista e me deixou com uma pulga atrás da orelha. – Ele me olha de soslaio com um leve sorriso no rosto

– A garota de Íris né? Você anda bastante ela. – Ele me dá uma piscadela e revido revirando os olhos – E não, a maioria vai para a Europa e fica por lá. Acho que o único que ficou por aqui foi o Edward.

– Edward? Ele é o que achava que era um humano perfeito?

– O quê? De onde você tirou essa merda?

– Ah.. A Sharon disse algo sobre homúnculo, não é aquela parada de humano perfeito?

– Não, não cara. – Soltou uma leve risada – É um humano artificial e não perfeito. – Ele senta na cama no beliche ao lado ao meu enquanto sento no meu – Era o foco de estudo do Edward.

– E ele conseguiu fazer isso? – Nítido interesse percorria minha voz

– O homúnculo? Acho que não.

– E Qual deles é ele? – Pergunto indicando todos os semideuses que recheavam o chalé

– Na verdade nenhum... Ele sumiu faz uns meses. Aliás, essa é a cama dele – Indica o beliche no qual está sentado. – Antes tinham várias coisas sobre alquimia aqui.

Parando pra olhar bem o lugar onde o rapaz estava sentado, não é muito diferente de qualquer outro beliche, inclusive eu poderia dizer que é até mais simples. Não tinha nada ali para decorar, sequer adesivos. Apenas um beliche cru de personalidade e um baú, como se ninguém tivesse realmente habitado aquele lugar ou talvez como se seu dono fosse um robô alienado ao dia-a-dia e sem vontade própria.

– Alquimia?

– É. É tipo uma química meio mágica. – Olha para o chão por alguns segundos, como se estivesse pensando – Ah! Isso. Ele achava que era uma espécie de alquimista, tipo um mago. Adorava falar de conhecimentos herméticos.

– E não acharam ele? Procuram ele ao menos?

– Não, na verdade “sumir” é uma hipérbole. Ele disse que estava indo para uma oficina particular, então não rebatemos.

– Sério? Eu nem sabia que podíamos fazer isso aqui. Onde fica?

– Não faço ideia. – Ele dá de ombros e deita na cama com a cabeça apoiada nos braços.

– Ué, não perguntaram para ele antes de ele ir?

– Não, oficina particular é uma coisa, como diz o nome, particular. É quase uma invasão particular.

– E ele pode fazer isso e deixar meio escondido?

– Pode ué, ele provavelmente fez igual as garotas do Pride’s Paradise, só que não divulgou pra muita gente.

– E se algo aconteceu com ele? Alguma coisa bem ruim... Sei lá.

– Margistes, presta atenção. – Ele diz me olhando nos olhos – Temos bons motivos pra isso. Você não conheceu Edward e, por isso, o está subestimando. Ele era um pouco doido e empolgado com coisas estranhas, mas era o melhor ligando elementos nas armas. Uma vez fez um martelo que soltava fogo que era muito lindo e mais forte do que até eu teria feito – Ele dá um suspiro profundo – Ele podia não ser o melhor guerreiro, mas também sabia se virar.

– Mesmo assim, passados alguns meses ele precisaria voltar por suprimentos. Afinal, vocês são a família dele né.

– Olha, eu não quero continuar esse papo. Vou indo pras forjas, se quiser vir vamos trabalhar e não falar – Ele se levanta – Edward quer privacidade pra esse projeto estranho e é o que estamos dando.

Sem mais explicações sobre isso ele segue para as forjas. Dessa vez decido não ficar para trás e vou junto de Darius

Quando cheguei às forjas, parecia que eu estava sentindo o efeito do TDAH efetivamente depois de muito tempo. Minhas armas pareciam não ficar boas de forma nenhuma e quando ficavam eu errava a mão por algum motivo, estragando o que ficara bom. Inclusive em algum momento tente fazer uma espada reta comum e saiu parecendo uma espada flamingea, como? Boa pergunta.

– Como eu faço caso eu queira ter uma forja particular? – Perguntei de repente

Darius parou por um segundo e me olhou sério, depois voltou ao trabalho – Teria que falar com os mentalistas do acampamento e fazer um formulário pra isso, é muito raro permitirem. Ficam, geralmente, na biblioteca. – A voz do rapaz não era só seria, tinha um toque de irritação.

Decidi que não iria dizer mais nada, só parei o que estava fazendo, joguei as armas ruins reunidas em um balde de forma que soubessem que deveriam ser derretidas para outros usos.


...


A biblioteca é grande e bem organizada, sem contar que é muito bonita. Dentro haviam dezenas de prateleiras repleta de livros, procurei por algum corredor com documentos e registros oficiais, mas não achei nenhum. Comecei a vagar pela biblioteca em busca do nome Edward.

Cassie Edwards. Kim Edwards. Michael Edwards. Gene Edwards. Edward Abbey. Edward Albee. Edward Blishen. Edward Delaney. Edward Gibson. Enfim, achei muitos Edwards, mas nenhum era o filho de Hefesto que eu queria encontrar. Aliás, não haviam sequer registros de nada ali. Será que Darius tinha dito aquilo só pra me testar?

Sai do corredor e parei para pensar um pouco enquanto via as coisas de uma forma um pouco mais holística. Comecei a analisar a os corredores pelo lado de fora, onde eu colocaria registros e documentos importante? Não poderia ser com livros de ficção científica, romances ou suspenses. Giro um pouco no lugar. Também não ficaria biografias, livros de desenvolvimento pessoal ou voltados a religiões. Sério? Tinha até isso aqui?

Giro mais um pouco e quase ignoro os corredores que haviam ali por estarem bloqueados por um grande balcão. Espera, penso quando vejo um jovem campista sentado atrás do balcão com um livro na mão. Sem dúvidas eu os guardaria em algum lugar protegido por alguém. Saio do meu lugar e vou ao balcão.

– Bom dia, eu queria olhar uns registros de forjas particulares de campistas. – Tentei soar gentil

– Boa tarde. – Fez uma pequena ênfase ao horário – Desculpa, mas não acho que você possa ter acesso a esses documentos.

– É porque eu queria abrir uma forja particular também, mas queria saber quais os passos pra isso

Os olhos cinzas do garoto me analisaram dos pés à cabeça. Abaixou e mexeu em algo debaixo do balcão.

– Preencha esse formulário – Disse voltando ao meu campo de visão com um pequeno bloco da papéis – E pague 75 dracmas. Os equipamentos que precisar serão pagos à parte.

– Eu não posso ver um dos já prontos só pra ter uma base melhor de como preencher?

– Não, você não pode. – Disse com um toque de impaciência

– Por quê?

– Porque não! – Ele respondeu enfaticamente

– E como eu faço pra ter acesso aos registros? – Perguntei com um toque de irritação

– Os registros só podem ser acessados pelos responsáveis pela biblioteca, os responsáveis somos nós mentalistas, até onde eu sei você não é um mentalista, então você não vai ter acesso sem se tornar um.

– E como eu viro um?

– Garoto, eu estou um pouco ocupado aqui, pode por favor ir ler alguma outra coisa que você tenha acesso? – Respondeu ríspido e puxou o formulário, que sabia que eu não tinha real interesse, e o colocou de volta no lugar debaixo do balcão.

Dou uma última olhada nos corredores atrás do balcão, todos terminavam num corredor em comum. Mesmo assim, não tinha nenhuma porta atrás do balcão. Como eles faziam a troca de turnos?

Contrariado e irritado, saí dali e fui para o corredor de biografias para sair do campo de visão do campista bibliotecário. Provavelmente eu teria que esperar ali por algum tempo para saber como faziam as trocas de turno. Vou ao corredor de não-ficção e pego um livro sobre forjas, me sento à uma mesa de lado para o balcão e fico lendo, sem realmente prestar atenção nas palavras. Nesse mesmo momento vejo outro campista surgindo da porta de entrada com uma espada idêntica a de Sharon, um mentalista.
Ele passa por uma portinhola e se acomoda atrás do balcão sem trocar uma palavra com o jovem que já estava ali. O primeiro não faz menção de sair.

Passados quatro livros sobre como fazer boas armas, armas bonitas, armas eficazes e armas com poderes, esse último eu realmente achei interessante, finalmente descobri como funcionava a troca de turnos. Precisei, é claro, ficar horas ali sentado até ver ambos saírem de seus lugares e, poucos minutos depois, mais dois jovens assumirem seus postos. Mais especificamente, eu teria dois minutos para achar o registro e sair na próxima troca de turno.


...


Já era quase hora do jantar quando os vi levantar e ir para a porta de saída. Agora a biblioteca já estava bem vazia, quase todos iam jantar juntos. Andei rapidamente até o balcão tentando não chamar muito atenção passei pela portinhola e entrei no primeiro corredor. Comecei a abrir livros e identificar seus assuntos.

Pesquisas, estudos e coisas que eu esperaria ver numa biblioteca de faculdade. Passei ao segundo corredor. Ali já não tinha livros, mas pastas cheias de documentos. Enquanto meu coração pulsava como se eu estivesse roubando um carro de novo, abri a primeira basta. Registros de novos campistas. Na pasta seguinte campistas recentemente reclamados. Campistas em missão. Campistas... Ouço a portinhola. Demorei demais. Coloco a pasta no lugar e, agachado, vou ao corredor dos fundos e me escondo entre os corredores 1 e 2.

Como nunca antes, meu coração pulsa violentamente. Eu ia ser pego. Será que me expulsariam ou me proibiriam de frequentar a biblioteca? Talvez para fora do acampamento. Olho pelo canto do corredor, uma jovem bibliotecária está sentada de costas lendo um livro. Vou cuidadosamente até o terceiro corredor e puxo uma pasta. Registros de mortes dentro do acampamento. Na seguinte, mortes em missões. Passo por registro de semideuses que não moram no acampamento, locais seguros para semideuses. Então abro uma pasta e vejo um formulário com o nome “Pride’s Paradise”. Quase, guardo a pasta e continuo olhando as seguintes. Passo por muitos formulários locais externos gerenciados por semideuses e, quando acho que Darius mentira, puxo uma pasta e vejo o mesmo formulário que o mentalista me entregara mais cedo. Finalmente.

Comecei a olhar registro por registro, o mais silenciosa e rapidamente que pude. A combinação de ambos resultou em algo pouco veloz, mas com quase nenhum ruído emitido. Após algumas páginas encontrei o nome de Edward escrito numa oficina chamada “Doto no Kokan”. Aparentemente seu sobrenome era Inoue. Ali constava toda uma série de informações sobre o rapaz e, mais importante, sobre a oficina. Na descrição de lugar havia apenas “na árvore”.

Procurando mais um pouco no registro encontrei no papel uma pergunta com duas opções sobre a localização da oficina. “Dentro ou fora do acampamento?”. “Fora”, ele marcara. Fora do acampamento, nas árvores? Como ele faria uma oficina nas árvores da mesma forma como eu fizera uma casa na árvore com meu pai quando criança?

Guardei tudo dentro das pastas e voltei sorrateiramente para a frente do corredor 1, de frente para a portinhola. Puxei a pasta sobre a cabeça e, num rápido movimento de braço, atirei a pasta que tinha no corredor 3. Não teria feito muita diferença se eu apenas atirasse a pasta no chão daquele corredor não faria muita diferença, mas não era esse o meu plano.

A pasta voou e bateu nas prateleiras superiores e, com um banque um pouco mais alto do que eu esperava, a estante se tornou uma avalanche de pasta e papéis.

Ouvi um grito de exclamação feminino e passos apressados foram ouvidos no meio do barulho de pastas caindo no chão. Na esperança de que, no meio do barulho, eu não fosse escutado correndo, passando a portinhola e indo para fora da biblioteca. Dali, o destino da minha próxima parada já tinha sido traçado.

Já era tarde da noite quando saí do acampamento, então todo o percurso que fiz para a floresta nos arredores do acampamento foi oculto na escuridão, exceto aos olhos mais atentos.

Andar numa floresta de noite nunca é algo fácil, há sempre sensações de que estamos sendo observados, seguidos ou algo assim. Sons estranhos emitidos por animais parecem ser uma regra nessas situações, como em filmes de terror. Caminho olhando para cima, para as copas das árvores, em busca de uma espécie de “casa na árvore” mais ampla e tecnológica. Ouço galhos quebrando, algum animal provavelmente. Sons de coruja. Nada de casa na árvore.

As horas começam a passar e uma neblina começa a se formar, não tão densa quanto em filmes, mas incômoda. Andar em um lugar como esse não é tão ruim e assustador, ao menos não pra mim, mas é como uma nostalgia ruim, como um mal presságio talvez. Passa uma estranha sensação de desamparo, de solidão. Meus pés doem e nada de casa na árvore. Não tenho relógio, quantas vezes os ponteiros teriam girado se eu tivesse?

Tenho a esperança de ver uma oficina ou cabana quando entro em uma clareira, mas nada. No escuro a clareira não parecia “fazer jus” ao seu nome, pois não havia sequer a luz da lua a iluminando. No centro da clareira há uma árvore muito antiga, creio eu, ou ao menos é uma árvore enormemente larga e alta. Caberia no mínimo umas 20 pessoas dentro dela e mais pessoas ainda seriam necessárias para cobrir a altura de prédio que ela tinha.

Não, a oficina também não na capa dessa árvore, infelizmente. Caminho sonolento até perto dessa árvore e me sento apoiado nela, as raízes da árvore saíam para fora da terra como poderosos braços. Fecho os olhos por alguns momentos e tento pensar melhor em onde eu faria uma oficina naquele lugar, mas isso não me acontece.
Como eu não percebi isso? Era o sono atrapalhando o tempo todo? Não tive um insight, apenas notei o óbvio. Aquela neblina não era neblina, era fumaça. Olhando ao redor nesse momento não era mais visível nem um pouco da neblina que eu vira antes, apenas um cheiro fraco de algo queimado perfumava o local. Olhando para cima não consigo ver se alguma fumaça subia ao céu, mas fisicamente deveria estar subindo.

Olho para o lado, vejo uma abertura pequena no casco da enorme árvore, eu passaria ali. Levanto, caminho até a fresta e, entrando calmamente pela fresta vi que, na verdade, era um elevador. Se aquilo tudo era fumaça, deveria estar subindo. O que significa que a oficina deveria estar embaixo. Aperto o único botão do painel.


A primeira sala do lugar é um pequeno corredor, com um cabide onde deveria ter blusas penduradas, aparentemente uma para cada diferente “tipo” de frio, mas algo estava errado. As blusas que deveriam estar penduras estavam jogadas no chão. Uma pequena mesa que deveria servir para objetos decorativos estava quebrada ao chão, quebrada. Chaves e anéis também estavam esparramados pelo local. Por que o cabide estava de pé?

Atravessei o lugar e me vi numa sala de estar completa destruída. Livros espalhados pelo chão, móveis quebrados e um sofá com tanta espuma para fora que parecia mais um genocídio de bonecos de pelúcia. Pobre Teddy bear. Ali tinham duas portas. Uma delas, escancarada, dava para o lugar de onde vinha o calor e já a última emitia um som estranho, repetitivo. Segui pela primeira.

Esperando chegar numa forja com o fogo aceso e um lugar repleto de majestosas armas, me surpreendo ao ver uma espécie de cozinha estranha. Não tinha como ser uma cozinha realmente, mas parecia muito uma. Repleta de ingredientes estranhos, recipientes de vidro para todos os lados e outras coisas estranhas. Pensando melhor era como um laboratório de química, depois do diabo da Tasmânia ter passado por ali. O do desenho.

Entrando um pouco mais na sala, antes mesmo de seguir pela porta seguinte, percebo grande que eu cometera. Nem de longe o diabo da tasmânia faria aquilo, nenhum animal que eu conheço poderia ter feito. O que eu achei que era alguma espécie de substância espalhada no chão emana um forte odor de sangue, percebo também uma mesa grande com desenhos nela e ao redor dela. O problema era o rapaz com uma roupa toda preta e um sobretudo vermelho, os olhos abertos fixos no chão.

– Putain de merde...*

Um caldeirão borbulhava vermelho no fogo de uma espécie de lareira. Um calafrio percorreu minha espinha quando me dei conta do que tinha acontecido. A neblina da floresta provavelmente era o sistema tecnológico de Edward para se livrar da fumaça que era gerada ali embaixo. Mesmo assim, minhas pernas tremendo me impediam de chegar mais perto para examinar qualquer outra coisa que aquele lugar pudesse me dizer. Seria aquilo sangue ou algo diferente?

Aproximo-me um pouco da mesa, ainda mantendo a distância, e vejo que o rapaz ainda respirava. Seu peito subia e descia por debaixo das roupas. Todavia seus olhos continuavam aberto e vagos, como um morto. Mas o que era aquilo? Se ele estivesse acordado já teria me visto, teria reagido, mas não. Era alguma forma de estado vegetal?

Se eu tivesse ido jantar eu provavelmente teria colocado tudo para fora. Colocaria para fora tão abruptamente quanto estou colocando o ar para fora dos meus pulmões ao sentir um soco extremamente forte nas costas. Cambaleio para frente e, ao me virar, vejo um rapaz nu. Bonito, tenho que admitir, mesmo que branco.

É um pouco mais baixo do que eu, branco e loiro, com cabelo que pareciam do mesmo tamanho dos que boiavam no caldeirão. Seu corpo era bem definido, os músculos eram definitivamente de um filho de Hefesto, assim como os olhos e o machado ensanguentado que segurava. Algumas partes, é claro, não eram tão parecidas com as de outros filhos de Hefesto, mas sendo ele branco, era compreensível. Olho para o lado e vejo que, na verdade, o rapaz nu e o rapaz da mesa eram os mesmos.

Puxo meu machado que estava na cintura, a adrenalina começando a preencher meu corpo começou a atuar. Primeiro nas minhas pernas, que pararam de tremer, depois no restante do corpo através de um arrepio que indicava que todo o meu Ser estava alerta.

Sem conhecer bem o lugar, quão grande seria? Decidi que não seria uma boa ideia correr para a outra porta. Isso provavelmente me deixaria encurralado e, depois, morto. Eu teria que lutar.

Você viu o clone, vou ter que te matar. Disse uma voz na minha cabeça

Telepatia. Sharon faz tanto isso comigo que eu estou acostumado, mas ele disse clone, seria esse o tal Edward? E ele ia me matar por ter visto o clone? Sem tempo pra isso, Edward brandiu seu machado e avançou.

Para minha sorte o arco que ele desferiu depois não foi tão rápido e tive tempo de dar um passo para trás. O machado passou perto demais do meu peito e, quando ele finalmente sai do alcance, me lanço para frente e acerto o peito do rapaz com meu ombro, todo o peso do corpo descarregado.

Dois sons de metal contra o chão, um produzido pelo meu machado e o outro pelo dele provavelmente. Caímos no chão, tecnicamente eu caio em cima dele. Duas mãos me agarram num abraço urso e começam a apertar meu peito e braços na altura dos mamilos. Uma sensação de ardência começa a ser produzida enquanto o aperto ganha força, dou duas cabeças no jovem branco, mas ele sequer parece sentir os efeitos. Seu nariz sangrando não parecia o afetar.

Com força começo a lutar para levantar os braços e, empurrando os braços que me prendiam para cima, sinto o aperto passando para meu pescoço. Consegui piorar tudo. O aperto no pescoço não estava muito forte ainda, mas minha respiração já estava sendo comprometida. Me debati tentando me soltar, mas ele parecia mal sentir meus golpes. Se eu não podia respirar, ele também não poderia. Levantei o máximo meus braços e enfiei dois dedos, um em cada narina branca do rapaz e, com a segunda mal, comecei a bater nos olhos dele.

Sinto o coração dele acelerar e bater cada vez mais forte contra meu braço, mas ele acaba afrouxando os braços e, nessa lacuna, escapo rapidamente. Enquanto me levanto puxo a arma mais próxima, a dela. Aparentemente enquanto eu me debatia acabei afastando meu machado. Me afastei alguns passos do rapaz e, quando voltei a olhar para ele, ele ainda estava se levantando.

Será que eu finalmente tinha conseguido ferir ele? Nesse momento olhei ao redor e vi meu maior erro sendo esfregado na minha cara – como uma toalha molhada que esquecemos na cama e nossas mães se enfurecem. Ao levantar eu deveria ter ido para a sala do lugar, mas acabei voltando para a cena de tortura sem perceber, no momento em que meus olhos se encontraram com os do rapaz e, por algum motivo, comecei a sentir uma pequena pontada na cabeça. Em questão de segundos minha cabeça doía tão forte que parecia que ia explodir. Não sei quanto tempo fiquei assim, mas deu tempo para Edward se levantar completamente e vir para minha direção. A dor era tanta que não consegui me concentrar o suficiente, consequentemente meu braço não chegou rápido o suficiente para bloquear o gancho que acertou meu queixo com uma força explosiva.

Tudo ficou branco de repente como se todos os holofotes do mundo tivessem sido acessos no meu rosto, nesse momento um punho empurrou meu estômago com força que me fez dar três passos para trás. Senti que ar já havia dentro do meu corpo, como honestidade na política. Uma mão repousava no joelho, o machado seguro por um aperto frouxo na outra mão, mas os largaram quando um pé pesado acertou meu peito e me levou ao chão.

No chão minha visão começava a voltar, mas minha cabeça ainda doía como se meu cérebro se recusasse a continuar dentro de mim. O tal alquimista louco caminhava calmamente na minha direção, lutei para me levantar e senti que a dor estava começando a passar aos poucos, mas não tão rápido quanto eu precisava.

Tentei me levantar e uma mão agarrou meu pescoço, puxando-me para cima. Agora minha cabeça parecia voltar um pouco ao normal, mas isso não o impediu de desferir outro soco meu rosto. Dessa vez, porém, percebi que ele desferira o soco mais lentamente do que o comum. Sem soltar meu pescoço, preparou outro soco.

Dessa vez não deixei que o golpe viesse para reagir, puxei o machado que ainda segurava e, num longo arco que vinha de trás finco a arma na coxa do agressor. Duas coisas foram soltas por ele nesse momento, meu pescoço e um grito bestial. Cambaleei para trás, meu irmão assassino pareceu perder qualquer fora que tinha em sua perna da mesma forma que perdia sangue. Tentou dar um passo para frente, mas fez o que imagino que a torre de Pisa logo fará, caiu.

Outro arrepio percorreu minha espinha com a cena do rapaz ali caído com uma pequena poça de sangue começando a se formar, mesmo assim ele não parou. Se ajoelho com uma perna e se equilibrou com um braço, suprimindo a segunda perna. Seus olhos loucos transmitiam a aura mais assassina que eu já sentira em minha vida, mais do que os próprios monstros da arena. Uma mão era estendida na minha direção, como se tentasse me alcançar. Não tinha outra maneira.

Puxei o machado com força e, e aproximando dele rapidamente, desferi um arco com toda minha força no pescoço dele. Não teve força suficiente para decepar a cabeça do alquimista, mas sem dúvida ele morrera. O corpo caiu sem vida e com um machado fincado no pescoço.

Meus olhos começaram a arder com a imagem horripilante que aparecia na minha frente. Minhas pernas bambearam e caí sentado no chão. Chorando. Não um choro infantil como quando nos negam um brinquedo, nem um choro romântico como quando somos pedidos em casamento, mas um choro de pânico. Como... Como quando matamos o que estava nos matando.

Nesse momento eu percebi que não apenas o abismo me olhara, também percebi que de tanto lutar contra monstros... Eu me tornara um. Sempre pensei que um corpo morto empalideceria ao morrer, mas esse começou escurecer. Não escurecer como em se tornar negro, não foi um vitiligo reverso, mas um escurecer de ficar escuro a própria cor da noite. Os cabelos loiros ainda pendiam da cabeça.

– O que aconteceu aqui? – Olhei para lado e vi Edward sentado na mesa


...


Quando Edward viu a cena toda que acontecia me explicou o que acontecera. Nos últimos meses ele conseguira, de algum modo que não dissera, criar um homúnculo perfeito como copia de seu corpo, mas não conseguira que tivesse vida. Após muito tempo conseguiu dar vida ao corpo, mas não tinha consciência nenhuma.

Com o tempo o clone começou a tomar a personalidade de Edward e até ficava solto pela oficina, mas de repente começara a se esgueirar pelos cantos e a ter quadros violentos. Provavelmente o Clone tinha esperança de tomar o lugar de Edward. Na última noite ele tentara uma espécie de feitiço, chamou "circulo alquimico", misturando com seus poderes de mentalista. Ambos estando dentro do circulo sua essência e mente toda começara a ser dividida com o homúnculo, mas quando este saiu do círculo sem o término do ritual o processo acabou saindo da culatra.

A mente dele acabou apenas ficando, de certa maneira, presa no corpo do homúnculo como um refém. Assistiu tudo o que o homúnculo fizera, incluindo a destruição de toda a sua oficina num surto de raiva ao perceber que não conseguia falar, ao menos não através de sua boca.

– Olha, acho que você precisa de um auxiliar pra esse tipo de loucura...

– Se você estiver disposto. – Ele respondeu sorrindo – Tenho uma divindade e muitos bibliotecários pra te apresentar.

– Putz... É mesmo... – Murmurei lembrando da biblioteca, mas rindo um pouco





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Re: {Alchemist} — Missão One Post para Margites Lefebvre

Mensagem por Maisie de Noir Qui 15 Ago 2019, 14:22


Alchemist

Você não teve nenhum problema em cumprir os pontos obrigatórios, na verdade, o fez com muito capricho e definitivamente teve um bom desempenho. Seu maior problema consiste no tempo em que você narrou – ou narra, ou estaria narrando.

Brincadeiras a parte, o fato é que você precisa cuidar com isso. Você começou narrando no pretérito, e aí foi pro presente, e pro pretérito de novo... E assim se seguiu por todo seu texto, tornando-o extremamente confuso e difícil de ler.

Encontrei alguns errinhos – nada que valha a menção, mas gostaria que numa próxima você cuidasse com as repetições e tivesse mais atenção na hora de revisar seu texto para evitar descontos.

No mais, preciso dizer que seu template atrapalha muito a leitura. A letra é pequena e a estética deixa a desejar.

Enfim, parabéns!

Resultado


— Coerência: 50 de 50 possíveis;
— Coesão, estrutura e fluidez: 10 de 25 possíveis;
— Objetividade e adequação à proposta: 15 de 15 possíveis;
— Organização e ortografia: 10 de 10 possíveis.

Total: 85 pontos = 170 xp + Entrada para o grupo dos mentalistas.

Descontos


20 HP
20 MP


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Re: {Alchemist} — Missão One Post para Margites Lefebvre

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