— Encerramento do arco: Pandemonium

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— Encerramento do arco: Pandemonium

Mensagem por 168 - ExStaff Sex 22 maio 2020, 00:05




presságio


Aquele não era um lugar silencioso há muito tempo.

O Johns Hopkins era uma referência, não apenas em Baltimore, mas em toda a América do Norte, e quando o solo norte americano tornou-se epicentro daquela angústia que vinha roubando o fôlego dos vivos, o hospital universitário assumiu a linha de frente nos esforços contra aquele pandemônio.

Dos laboratórios até os leitos da maior complexidade, os corredores fervilhavam com murmúrios de informações que saltavam dos prontuários em um código que só poderia ser decifrado pelo saber e o conhecer humano – e o que existia além dele também.

Na sala de reunião, o tamborilar incessante de dedos contra o tampo encerado da mesa e o folhear urgente de registros recentes juntavam-se à amálgama inquieta de sons que denunciavam a busca pela chave necessária para a mudança naquele panorama. E foi nesse instante que o dono dos olhos clínicos mais treinados adentrou o recinto.

— É um prazer tê-los aqui — a exaustão em sua face não havia lhe roubado a ternura que permeava aquelas palavras — e uma alegria imensurável para mim ver que não desistiram. Sou grato por terem atendido meu chamado mais uma vez.

O grupo ficou de pé, tocando o colar do serpentário que carregavam antes de fazer uma breve saudação.

— Por favor, sentem-se.

Ele apontou para as cadeiras enquanto tirava o jaleco que complementava seu disfarce entre os mortais. Para seus pacientes, era apenas o Dr. Lespacio, um estrangeiro com currículo brilhante e as melhores intenções de todo o mundo. Se soubessem…

— Decidi reuni-los hoje porque sinto que estamos próximos de colocar um fim a tudo isso. Tenho visto os esforços de todos, e ainda que tenham sido eficazes por onde passaram, assim como o nosso inimigo se espalha — ele sorriu com uma mistura de esperança e orgulho, como talvez fizessem os generais ao observar o campo de uma batalha que sabia poder vencer — nós também precisamos disseminar nossa maior arma contra ele: a informação.

Asclépio dava a seus curandeiros muitas ferramentas mágicas, poderes e poções, mas o grupo lidava com diversos pontos na trajetória entre vida e morte, e sabia que nada era tão humano quanto a carne que habitavam e lutavam para proteger. Ciência também era necessária naquele embate.

Uma garota ruiva ergueu a mão. Era Flora, a líder dos que haviam devotado sua lealdade ao deus da medicina.

— Nossos principais relatórios são de Nova Iorque, Atlanta e Flórida. — Explicou ela, ficando de pé. — Não apenas eu, mas curandeiros independentes ou internos nos hospitais gerais conseguiram amostras de sangue e outros dados de pacientes-zero nas respectivas localidades. — Com isso, espalhou algumas pastas entre os companheiros. — Há evidências de alterações na estrutura do vírus, assim como a fragilização desse patógeno diante de nossas habilidades em associação a alguns tratamentos já prescritos pelos mortais e substâncias com potencial para antídoto.

Outra garota ficou de pé e apresentou-se como Chelsea.

— Estive no lar de Atena, em Nashville e ouvi algumas histórias. Acredito que a maioria aqui já saiba, mas Péon está por trás disso em aliança com outros deuses. — Ela hesitou, visivelmente perturbada com aquela perspectiva. — Nossa intervenção é mais que importante. É necessária.

Um pequeno debate se instalou, durando pouco mais que alguns segundos, até que o imortal pousasse os dedos entrelaçados sobre a mesa. Fitou seus seguidores. Sabia que algo assim haveria de acontecer, mas não daquela forma - envolvendo humanos - e não naquele momento, onde tudo já estava tão frágil. Suspirou.

— Pelo visto temos muito a fazer. — Disse ele em tom instigante, desafiador. — Cuidem dos seus, cuidem dos nossos. Vão, ainda temos tempo.

* * *

— Patético. — Uma voz feminina ecoou por um salão. — Esperava muito mais de você.

Um homem, que agora tinha feições barbudas e maltrapilhas impostas sobre si, permanecia de joelhos no mármore frio. Não era assim. Não deveria ser assim. Imóvel, não ousava erguer os olhos para a deusa da discórdia, não quando havia falhado em seu único serviço, enquanto assistia o estopim da desordem morrer antes mesmo de disparar.

— Ainda sim, algo me dá a impressão de que não é um completo… inútil, sabe? — Ela desdenhou.

— S-s-sim, minha senhora. Foi apenas uma batalha. — Péon murmurou, mesmo sabendo que aquilo não significava redenção para si.

O som seco de um tapa estalando contra a face do indivíduo ecoou por alguns instantes. O gosto metálico de sangue logo invadiu sua boca. Não era capaz de ver, mas a deusa sorria, uma centelha dourada e entrópica ascendendo dos lábios até os olhos tempestuosos que carregava.

— Não, Péon. — Éris praticamente rosnou. — Isso já é guerra. E você terá diversas chances de corrigir seu erro no decorrer dela.


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