Ø Órion Forja

Logo no começo da área das forjas se encontra a Órion Forja. Dona de um ambiente quente, muito comum de forjas, está tem o chão quase que completamente manchado por graxa assim como em algumas poucas partes de suas paredes. Paredes repletas por desenhos de armas e projetos futuros. Seu ambiente bem iluminado revela diversos objetos espalhados em variados pontos de sua extensão, desde barris com armas e escudos quebrados até um monte composto por armaduras não finalizadas.

No meio da forja se encontrava uma bigorna com um martelo em cima pronto para uso e na extremidade contrária a porta se encontrava uma fornalha logo ao lado de um barril tampado e cheio de água fria. Um balcão de madeira com verniz desbotado se fazia presente a poucos passos da porta e um ventilador de teto circulava lento demais para amenizar o calor em cima do velho balcão.

O ruivo, dono do local, se encontrava rabiscando projetos para futuras forjas em seu caderno, sentado num banco em frente ao balcão com a face inexpressiva.

- Hm.. pedido? - O ferreiro perguntou lentamente, parando de rabiscar para encarar a visita num tom de voz distraído digno de alguém com déficit de atenção.

Ficha:

" ... e então dentro do cabo da lança eu podia por mais três lâminas com um mecanismo de impulso para ela disparar... " Interrompi meus pensamentos ao ouvir passos invadirem minha forja. Continuei rabiscando o desenho do projeto de lança que eu idealizava até meus reflexos mostrarem que havia duas sombras na frente do balcão de atendimento.

- Hm.. pedidos? - Perguntei levantando o olhar e vendo dois garotos dentro da minha forja.

Eram meus primeiros clientes, mas ainda assim não consegui me sentir eufórico ou feliz com o fato. Novamente a minha incapacidade de grandes mudanças de emoção estava presente, como sempre desde a morte de minha mãe, me fazendo continuar inexpressivo enquanto ouvia o pedido dos dois.

Não via muito necessidade de diálogo então coloquei o ferro, a faca e a prata em cima da fornalha acessa com a intenção de derreter os mesmo, uma vez que cada um era separado por um divisas para os metais em suas formas líquidas não se misturarem entre si.

Aldebaran havia me ensinado a forjar logo no primeiro dia que apresentou meu local de trabalho e assim que eu tinha terminado de imobilizar a Órion Forja eu já havia me descoberto um apreciador da arte de moldar metais e criar equipamentos. Eu agora seguia o tutorial do líder do chalé preparando as formas para cada arma e assim que os metais terminaram de derreter coloquei os mesmo em suas respectivas formas, sendo ela uma de Kunai, outra que se dividia em mais vinte espaços para shurikens, uma terceira em forma de arco e uma última em diversos buracos sendo esta para as flechas.

Levei uma forma de cada vez para o barril ao lado da fornalha e mergulhei as mesma ali uma-por-uma, endurecendo o metal a pouco derretido em suas mais novas formas.

Aplicando toda a força dos meus braços comecei a afiar a lâmina das kunais e das shurikens com meu martelo de forja e depois de um bom tempo fazendo isso parei satisfeito com o resultado e guardei as shurikens numa bolsa especial para tal arma.

- São 25 dracmas de ouro. - Estipulei entregando ambos os objetos para um dos garotos e assim que ele pagou agradeci pelo escolha da minha forja e voltei para os fundos da mesma para terminar de fazer o arco e as flechas.

Eu havia deixado o arco com uma boa envergadura para tal arma de modo que ele facilitaria o arremessar o de flechas sem perder sua resistência por ser feito de prata. Amarrei a fina corda de coura em cada uma de suas extremidades comecei o demorado trabalho que dava afiar as lâminas de 100 flechas. É claro que a forma ajudava e fazia quase todo o trabalho, mas ainda era preciso que desse umas cinco marteladas em cada flecha e após vários minutos fazendo isso comecei a sentir meu braço começando a ficar dormente pela minha falta de prática com tal movimento.

Terminando de afiar as flechas me espreguicei lentamente, mais por causa da dormência do que qualquer outra coisa e enfiei as mesmas dentro de uma aljava de couro.

Me dirigi até o balcão e assim como havia feito com o cliente anterior esperei o pagamento de 25 dracmas para depois entregar a aljava e o arco ao garoto.

- Volte sempre. - Falei sem emoção, me sentindo um atendente de loja de conveniência.

Administração:

Eu rabiscava o desenho do interior de um automato simples. Ainda faltava muito para mim conseguir desenvolver um, mas eu tentava me forçar a tentar aprender algo mais complexo do que moldar ferro e similares.

- Olá... Hã... Órion. - Ouvi alguém dizer acima de mim e levantei o olhar vagarosamente para o garoto que interrompera meus pensamentos.

Este se encontrava do outro lado do balcão e fez a encomenda de um arco e uma aljava com poucas flechas, ambos personalizados. Graças aos deuses nada muito complexo. Eu era novo na arte da forja e ainda não sabia se a minhas habilidades iam muito longe caso eu tentasse forjar um objeto muito complicado.

- Olha, não dá para mim forjar uma "aljava também de prata". Isso atrapalharia sua locomoção além de te causar uma puta dor nas costas já que o prata é pesado. O recomendável seria uma aljava de couro. - Falei ainda inexpressivo e calmo para meu cliente.

Acendi a fornalha e coloquei a prata e o bronze para repousar em cima da chapa, um em cada divisa para que os metais quando derretidos não se misturassem já na fornalha.

Abri os moldes para tal armas me deparando com alguns vestígios da forja anterior. Eu havia esquecido de limpá-lo, mas como o último cliente que havia feito esse pedido usou dos mesmo metais que o atual não havia necessidade de limpeza.

Esperei ambos os metais entrar em estado de liquefação assistindo tudo fascinado. Para muitos isso poderia soar entediante, mas o fato de eu ser filho de Hefesto tinha algumas influências em minha personalidade e ser apaixonado por forjar era uma delas.

Despejei com cuidado o metal quente dentro dos seus respectivos moldes e levei as flechas até a bigorna tomando cuidado durante as marteladas de não destruir a estrutura frágil das flechas diante do martelo. Afiando suas lâminas com poucas marteladas graças ao seu tamanho.

O arco, por não ter lâmina já pode ser banhado com a água gelada sem passar pela bigorna e apenas comprimi um pouco mais de prata ao seu redor de modo que ele continuasse fino, mas ganhasse maior resistência conforme o desejo do meu cliente.

Caminhei até a frente ao balcão e peguei um pedaço de couro e um carretel com linhas prateadas e sentando num banco comecei a fazer a parte mais chata do serviço: a costura e os enfeites. Teci o nome do semideus e os desenhos de ventos em sua aljava e ao terminar gravei com a ajuda do meu martelo e de uma estaca, o nome dele no arco com desenhos mais sutis, receoso em quebrar o arco por ele ser fino.

Ao terminar coloquei as flechas dentro da aljava e caminhei até o balcão pondo o arco e a aljava em frente ao cliente.

- São 30 dracmas.

Administração:

Já era o meu terceiro dia de trabalho nas forjas e não tinha como eu negar que tudo isso de moldar metais me acalmava de alguma maneira. Acho que isso tinha alguma coisa a ver com o fato deu estar gastando toda a energia que eu acumulei durante o período que estive na clínica psiquiátrica sem fazer absolutamente nada.

Eu terminava o esboço de um projeto que eu tinha começado no dia anterior quando um cliente chegou e me fez o pedido de duas armas, sendo a última um pouco mais inusitada do que todas as que eu tinha feito até então. Não era nada complexo, só original o bastante para me inspirar o desejo de começar a forjar.

- Eu forjo a Katana por 25 dracmas e as facas por 40. - Informei o cliente no meu habitual tom de voz inexpressivo.

Peguei os dois pedaços de ferro em baixo do balcão e coloquei ambos sobre a fornalha acendo a mesma. Peguei os moldes refentes a tal armas e deixei abertos ao lado da fornalha e enquanto esperava o metal derreter comecei a revirar a minha forja à procura de uma linha de pesca multifilamento. Eu lembrava de ter um carretel delas em minha forja que eu pretendia usar para a criação de teias de um futuro automato e depois de um tempo procurando a encontrei nas gavetas dos tecidos atrás do balcão.

O metal a essa altura já havia adquirido aquele tom alaranjado que indicava que estava pronto para uso e eu rapidamente o despejei em seus respectivos moldes sendo um da Katana e outros dois de facas. Com o martelo de forja deixei ambas as lâminas lizas e planas, fazendo um pequeno furo no final da empunhadura das facas.

Assim que terminei, banhei a katana e as facas na água fria vendo o vapor se formar com o contato da água com os metais quentes. Peguei o carretel com as linhas multifilamentos e pacientemente teci uma segunda linha ao redor da primeira com a intenção de dobrar sua resistência e força. Quando terminei amarrei a linha incolor nos devidos buracos que eu havia feito na empunhadura das facas e voltei a frente do balcão.

- Seus pedidos. - Disse entregando os mesmos ao semideus assim que recebi o pagamento.

Administração:

- E aí. - Ouvi uma voz ligeiramente familiar dizer e aos poucos fui parando de mexer a lapiseira para dar atenção ao visitante.

Era o filho de Éolo do outro dia, meu único cliente que falava mais além do pedido. Cumprimentei-o educadamente e após um breve diálogo ele logo me entregou um papel com seu pedido de forja.

Li o pedido que de acordo com ele seria um presente para outro semideus e voltei para o interior da forja para ligar a fornalha, indo pegar mais um pedaço de prata enquanto a fornalha esquentava. Coloquei o metal sobre ela entre uma das divisas e fui atrás de um molde de espada enquanto divagava o quanto a prata era escolhida nos pedidos de forja.

Após um determinado tempo o metal ganhou o seu habitual tom alaranjado que indicava que ele estava pronto para repousar no molde. Despejei a prata dentro da forma, tomando cuidado para não me queimar no processo e levei para a bigorna em seguida, ajustando sua forma com o martelo e afiando sua lâmina.

Quando terminei banhei a espada na água fria e dei uma rápida polida para deixar a prata platinada de acordo com o pedido. Me armei com uma estaca e meu martelo e fiz os desenhos de ventos gravando os nomes em seguida com dificuldade graças ao meu TDAH.

Limpei o suor que escoria pela minha testa com as costas das mãos e empunhei a arma levando a lâmina virgem até atrás do balcão onde a envolvi com tecidos uma vez que outro material poderia ser cortado mais facilmente pela espada.

- Aqui está. - Disse quando me voltei para o semideus do outro lado do balcão e entreguei o pedido a ele cobrando 25 dracmas pela espada.

Administração: