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Mensagem por 139-ExStaff Sáb 04 Ago 2018, 01:08


Encerramento Dragonborn - 4

Para quem saiu sem justificativa plausível, ou só justificou uma não-postagem e abandonou o evento, a penalidade é maldição e morte. Para o encerramento, receberão um desconto de 50% dos status atuais como penalidade.

O encerramento será uma OP com rendimento de 85% para retornar à vida, funcionando como uma espécie de "2ª chance" - que não será computada no número de mortes caso atinja os requisitos, nem como segunda chance oficial. O personagem deve narrar sua morte (relacionada a algum evento dracônico ou ao evento de trama, considerando postagens que tenha realizado, para quem chegou a postar em algum turno) e uma intervenção divina justificada, realizando uma missão para o deus que o salvou, e que também seja relativa aos dragões. Lembrando que a dificuldade é difícil. Se conseguir o rendimento, o personagem permanece vivo, mas com a maldição. Não há outras recompensas. Missão OP.

Segunda chance, com desconto de 50% dos status originais da inscrição.

Personagens nessas condições: Dimitri S. Belikov(status atual: 50 HP/ 50 MP), Emmeraude Charlotte Fabrey (status atual: 80 HP/ 80 MP), Jeff Smith (status atual: 290 HP/ 266 MP), Joe Bullock (status atual: 115 HP/ 115 MP), Joel Hunter (status atual: 115 HP/ 115 MP),Gregory Castellan (atualmente Jason A. Hallows) (status atual: 670 HP/ 378 MP)

— Prazo: meia noite entre os dias 03/09/18 e 04/09/18, horário de Brasília

— Não haverá aumento de prazos sob nenhuma justificativa.

— Caso o jogador não deseje realizar o encerramento, deve informar neste tópico, recebendo as punições cabíveis ao seu caso (maldição, morte, ou ambos).

— Para personagens que ainda não foram avaliados no evento original, o prazo começará a contar a partir da data em que receberem a avaliação.

— Evite observações como "considerar todos os poderes até o nível X". Quando usar uma habilidade, cite-a e diga se é passiva, ativa ou especial (caso não o faça, o uso da habilidade será ignorado);

— Templates (com barrinha, fonte muito pequena ou que seja muito estreito) ou cores que dificultem a leitura são proibidos;

— Evento original:aqui.



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Re: Grupo 4

Mensagem por Jeff Smith Seg 03 Set 2018, 23:10



Dragonborn
Second Chance


No começo, tudo estava escuro. Não conseguia ver nem ouvir nada. Era um vazio sem fim. Algo dentro de mim teimava em falar que eu estava morto, porém era difícil acreditar naquilo. Não queria acreditar. Passei por muita coisa para terminar morto em um acidente de avião.

Mas parecia que não havia mais para onde fugir, então eu esperei. Esperei e esperei e esperei, mas nada aconteceu. Era estranho, pois a essa altura deveria estar cruzando o Rio Estige, a caminho do Mundo Inferior.

Depois de algum tempo de silêncio total, comecei a ouvir uma voz. Essa voz entoava cânticos em grego antigo. Parecia magia. Mas eu sabia que nenhuma magia poderia trazer os mortos de volta à vida. Pelo menos, não do jeito que era antes.

Sem poder ver a quem pertencia, senti uma mão segurando a minha, e fui puxado pelo vazio. Senti como se estivesse sendo puxado pelo maior aspirador de pó do universo. Fui puxado por horas, talvez dias. Mas quando parou, pude fazer algo que eu havia me dado conta que não havia feito no vazio: respirar.

O ar invadiu meus pulmões com violência. Uma tosse seca tomou conta de mim. Meu corpo todo tremia violentamente. Meus olhos mal registravam tudo o que viam. Pude focar em apenas um par de olhos acima de mim, e então desmaiei, com um nome preso em minha boca.

De tempos em tempos, eu recobrava a consciência, e tentava controlar meu corpo. Tirando a visão, os outros sentidos de meu corpo funcionavam em capacidade média. Conseguia sentir um fino cobertor em cima de mim. Roupas do mesmo tecido do cobertor estavam em meu corpo. O lugar onde eu estava tinha um cheiro bom. Havia várias plantas e flores ali, mas meu olfato não conseguia distinguir exatamente as espécies que ali habitavam. De tempos em tempos, ouvia uma respiração acima de mim. Ouvia, também, alguns cânticos em grego antigo. Magia antiga, benigna. Era aquilo que me mantinha vivo, tinha certeza disso. E por fim, minha boca funcionava normalmente. Eu bebia um líquido viscoso que a mulher (soube disso através de sua voz) me fazia ingerir.

Durante meus momentos quase lúcidos, dois nomes escapavam da minha boca. Catherine e Maisie. Eu não sabia exatamente a quem pertenciam esses nomes. Contudo, depois de algum tempo, horas ou dias, as memórias começaram a voltar. E, por fim, descobri quem eram as donas desses nomes, quem eu mesmo era e como eu quase morri.

***

O avião. As pessoas em pânico. A asa explodindo, e nos levando para o chão com uma velocidade assustadora. Minha mente nunca trabalhou tão rápido quanto naquele dia. As pessoas estavam assustadas, mas, de alguma forma, Catherine e eu conseguimos acalmá-las tempo o suficiente para juntá-las no meio do avião. Por sorte, havia alguns paraquedas no avião. O suficiente para que cada aparato levasse duas pessoas.

Depois de todos preparados, abrimos a saída de emergência. A despressurização do local quase jogou a todos para fora, mas estávamos esperando por isso. Após o primeiro choque, as pessoas começaram a saltar. Não eram os paraquedistas do exército, mas pelo menos souberam o que fazer a tempo.

— Acho que foram todos. Melhor irmos agora, Darling. — Mesmo com um risco enorme, Catherine ainda conseguia manter o humor normal.

— Sim. Não quero acabar em um episódio de Lost. — Consegui esboçar um sorriso, apesar da situação. — Vamos direto para a Is... — Antes que eu pudesse terminar a frase, alguma coisa no avião explodiu, fazendo um buraco na estrutura.

Nem eu nem Catherine estávamos preparados para aquilo. Fomos sugados para aquele buraco. Tentei segurar a mão de Catherine para que pudéssemos nos salvar, mas quando seus dedos roçaram os meus, senti um baque forte em minha cabeça e a última coisa que me lembro era do olhar assustado de Catherine, enquanto eu caia para a minha aparente morte.

***

Depois de mais um tempo, minha visão finalmente voltou ao normal e pude ver onde me encontrava. E isso não ajudou em nada. O quarto onde eu estava era simples. Havia a minha cama e um pequeno armário com um espelho. Quando olhei para o espelho, não fiquei tão assustado com o que eu vi.

Meu rosto continuava normal, exceto pela barba em meu rosto ter ficado um pouco maior, denunciando que eu estava ali há mais de uma semana, e uma cicatriz cortando meu olho direito. Era bem fina, mas ainda assim era mais uma para minha coleção. Roupas brancas cobriam meu corpo. Roupas que eu nunca havia visto em minha vida.

Porém nada disso me deixou mais preocupado do que ver a mulher que estava cuidando de mim parada à porta do cômodo. Pessoalmente, eu estava esperando uma senhora de aparência bondosa, daquelas que se parecem com a sua avó. Porém a pessoa que estava parada a minha frente era uma simples garota, que aparentava ter uns quinze, dezesseis anos de idade. Ela vestia um simples vestido branco, que a deixava muito bonita. Seu cabelo, longo e castanho, estava caindo pelo seu ombro esquerdo. A moça era simplesmente linda. Mas o que me chamou a atenção foram seus olhos em tom de âmbar. Embora lindos, estavam carregados de tristeza.

— Finalmente acordou.  — Não eram apenas seus olhos. Sua voz também estava triste. — Bem na hora. Você tem uma visita. — E então ela foi me ajudar a levantar. Se não fosse por isso, eu não teria conseguido nem ficar em pé.

— Obrigado. — Esbocei um sorriso para minha salvadora desconhecida. — Mas quem é você? E como eu cheguei aqui? E onde, exatamente é aqui? — As palavras ainda saiam arrastadas de minha boca, mas era bom poder falar novamente.

— Por hora, querido, basta que você saiba meu nome: Calipso. O resto, ela irá te contar tudo. Agora venha. — Gentilmente, Calipso me conduziu para fora do quarto.

Minha mente estava trabalhando freneticamente. Eu havia caído do avião. A queda deveria ter me matado. Não fazia sentido estar em uma ilha encantada e não no Mundo Inferior. Li todos os mitos de Calipso. Sabia onde eu estava. Ogígia, a ilha de Calipso, onde Odisseu ficou preso por anos. Só era difícil acreditar que aquilo realmente existia.

Calipso me levou até a praia, onde uma mulher estava nos esperando. De longe, pude ver seu longo cabelo ruivo sendo bagunçado pela brisa marítima. Meu coração se aqueceu, pois só havia uma pessoa que possuía aquele cabelo. Seu nome escapou de meus lábios antes que eu pudesse ter controle sobre eles.

— M-Maisie. — Me livrei do apoio de Calipso e corri até Maisie. Meu coração batia mais forte e lágrimas começaram a cair pelo meu rosto. Isso até eu chegar ao lado da garota, que eu julgava ser a filha de Éos, e ver que alguma coisa estava errada.

Eu conhecia Maisie. Havíamos passado muito tempo juntos. Me acostumei com sua presença, mais do que eu admitia a mim mesmo. Então eu simplesmente soube que aquela pessoa ao meu lado não era quem eu estava esperando ver.

— Eu caí de um avião, aparentemente morri, fui trazido de volta, e agora fui enganado. — Minha voz saía como um rosnado rouco. — Não estou no meu melhor momento, então, por favor, me dia quem é você e por que está usando a aparência da Maisie?

— Ah, peço desculpas por isso, darling. — Sua voz era diferente da voz de Maisie, mas ainda assim continha algo familiar nela. — Geralmente não controlo minha aparência. Apenas deixo que as pessoas vejam o que querem, ou precisam ver.

— Então, se você não é a Maisie, quem é você? — Minha voz estava falhando, mas ainda assim funcionava o suficiente para terminar a pergunta.

— Achei que você já teria percebido. — A mulher sorriu enquanto bagunçou meu cabelo. — Vou te dar um desconto, pois sei que você está muito fraco ainda. Sou a mãe de sua tutora, Catherine. Sou a deusa da beleza e do amor. Sou Afrodite.

— Afrodite. — O nome escapou pelos meus lábios como se precisasse ser dito. — Agora eu entendi. Por isso seu jeito de falar me lembrava alguém. É muito parecido com o jeito de falar de Catherine. — Meu coração falhou uma batida. — Catherine. Ela está viva? Está bem?

— Calma, criança. — Afrodite parecia se divertir com meu desespero. — Cath está bem. Extremamente abalada pela sua morte, mas pelo menos ela está viva.

Meu coração se permitiu ter um momento de alegria com a notícia. Porém logo o sentimento foi embora, deixando a dúvida tomar conta.

— O que exatamente aconteceu comigo? — Perguntei quase como uma súplica. — Quer dizer, eu morri. Tenho certeza disso. Aquela queda deveria ter me matado. Mas por que ainda estou aqui?

— Espero que você não seja tão direto ao ponto na cama quanto é com suas dúvidas. — Afrodite sorriu, e, por trás da “mascara de Maisie”, pude ver o mesmo sorriso de Catherine. — Bem, você morreu. Isso é um fato. Porém, ainda não era sua hora, então eu mexi uns pauzinhos, paguei certos favores e consegui sua alma de volta. E, além disso tudo... — A voz de Afrodite falhou uma nota. — Catherine não suportou sua perda.

— Entendi. Pelo menos, acho que entendi. — Minha perna tremeu um pouco, então me sentei ao lado da deusa. — Contudo, imagino que você não tenha feito tudo isso apenas pela Cath, certo?

— Claro que não, querido. — Afrodite me surpreendeu sentando-se ao meu lado. — Você ainda tem uma tarefa a cumprir. Você precisa terminar sua missão. Após isso, poderá voltar para casa.

Casa. A simples menção dessa palavra não me fez pensar em um lugar, e sim em pessoas. Contudo, Maisie era quem eu mais queria ver. Não havia me despedido direito, nem mesmo havia exposto meus sentimentos em relação à filha do Amanhecer. Eu precisava voltar para Maisie, o mais rápido possível.

— Tudo bem. O que eu tenho que fazer agora? — Subitamente, uma nova energia havia percorrido meu corpo inteiro.

— Você vai para a Islândia. Lá, perto do vulcão Eyjafjallajökull, existe uma caverna. Nessa caverna, um “amigo” meu está precisando de ajuda. Preciso que você leve este unguento para o pobre coitado. — Afrodite entregou-me uma garrafa, um pouco grande demais para conter apenas um remédio. — É preciso que você saiba que essa missão era de Catherine, mas a coitadinha está em um estado quase deplorável devido a sua “morte”.

Catherine, Maisie, minha família, sabe mais quantas pessoas poderiam estar preocupadas comigo. Era hora de por um fim nisso. Levantei-me da areia e comecei a andar em direção a Calipso, que assistia tudo de longe. Quando cheguei perto da moça, vi que seus olhos estavam um pouco marejados de lágrimas. A lenda de Calipso veio como um trem-bala em minha mente, e meu coração pesou por um momento.

— Olha, sempre serei grato por tudo o que você fez por mim, mas eu preciso ir embora. Ainda tenho negócios inacabados lá fora.

— Já estou acostumada com isso, querido. — Uma lágrima solitária rolou pelo rosto de Calipso. Ela me entregou uma mochila, com suprimentos para a viagem e minhas armas. — Se é hora de ir, então vá logo. E que os deuses o acompanhem.

— Pode deixar, minha cara. — Afrodite pôs uma mão em meu ombro. — Nós o acompanharemos. — E então ela me conduziu até a praia, onde um pequeno barco me esperava. — Este barco vai te levar a seu destino. Só tome cuidado, pois sua missão não será tão fácil de ser completada.

— Entendi. Obrigado, minha senhora. — Era uma boa ideia ser respeitoso naquela hora, ou então aquele barco poderia me jogar no fundo do oceano. — Espero que tudo corra bem, no final.

— Eu também, meu querido. Agora, vá. — E com esse comando, o barco ganhou vida, levando-me para o oceano, e para meu destino. Se tivesse sorte, aquela não seria minha última viagem.

***

Enquanto o barco navegava pela imensidão azul, usei o tempo para checar minha bolsa. Minhas pulseiras estavam lá, junto com alguns elixires e meus colares. Rapidamente coloquei as pulseiras e colares em seus devidos lugares. Não era o equipamento perfeito para uma batalha, mas ainda assim era o meu equipamento. Me sentia melhor com eles.

Olhei para os elixires no fundo da mochila. Meu corpo ainda não estava totalmente recuperado, então peguei dois elixires, um de tom rosado e outro de tom mais arroxeado, e os tomei, um atrás do outro. Meu corpo rapidamente respondeu aos líquidos, me devolvendo quase toda minha energia e vitalidade.

Aproveitei para pensar no que eu faria quando voltasse à Nova York. Ainda não saberia dizer se veria Catherine ou Maisie primeiro, ou até mesmo meu pai que, a essa altura, já deve saber da minha morte. Meu pai provavelmente me daria uma bronca de uma hora, só pelo fato de eu ter falsificado identidades e ter pegado um avião sem pagar por isso.

Catherine provavelmente me daria outra bronca, depois de constatar que eu escapei “ileso” da queda. Mas ainda assim a filha de Afrodite me daria um abraço que só ela tem.

Já Maisie é outra história. Eu não sabia dizer como ela me receberia, nem mesmo como ela está agora. Triste, talvez, pela perda. Mas é difícil saber mais. A única coisa que eu sabia era que precisava ver aqueles olhos âmbar de novo.

Depois de algum tempo, finalmente avistei terra. Ao longe, pude finalmente ver o monte Eyjafjallajökull. Era realmente algo magnífico. Um leve medo tomou conta de mim, afinal a última erupção causou alguns problemas feios no mundo. Contudo, tentei deixar esse sentimento de lado, afinal, eu teria problemas maiores para enfrentar.

O sol estava alto no céu quando finalmente desci do barco. Fazia um frio inacreditável, mas, por algum motivo, me sentia aquecido. Possivelmente as roupas que Calipso fizera para mim continham alguma magia para que eu não fosse tão afetado pelo clima.

Eu conseguia ver um pequeno vilarejo ao longe (que, mais tarde, descobri ser o vilarejo de Skógar), mas era perigoso me aproximar do local agora, ainda mais que não entendia muito da língua nativa nem possuía dinheiro algum comigo. Então resolvi ficar observando as pessoas por um período, para pelo menos aprender os maneirismos e sotaques daquelas felizes pessoas.

Depois de algum tempo, decidi finalmente me aventurar no meio de outras pessoas. Usando um inglês carregado de sotaque islandês, pedi informações sobre como chegar ao vulcão. A viagem demorava uma hora, e havia uma pessoa que estava prestes a partir, com um grupo de turistas. Agradeci a informação e, depois de uma troca de palavras com o motorista, um homem que tinha quase o dobro de meu tamanho, embarquei em uma pequena van, em direção ao vulcão impronunciável.

***

A paisagem era realmente linda. Se eu não estivesse em uma missão, seria um ótimo passeio. O nascer do sol nessa região deve ser incrível. Minha mente começou a divagar. Maisie iria gostar desse lugar. Talvez eu volte para cá, com ela. E, com esse feliz pensamento, aproveitei o resto da viagem até a montanha.

Após chegar ao local, o motorista começou a contar algumas curiosidades sobre o local. Eram realmente interessantes, mas não havia tempo a perder. Lamentando perder a explicação, comecei a me afastar do pequeno grupo, rodeando a montanha, procurando a tal caverna que Afrodite havia mencionado.

Era difícil andar por aquele lugar. Mesmo podendo analisar o terreno, procurando uma rota melhor para caminhar, era complicado fazer o trajeto, ainda mais às cegas.

Utilizei todos os meus sentidos para tentar localizar alguma pista do paradeiro do tal amigo de Afrodite, mas não havia nenhum lamento, ou grito de dor pelo local. A única coisa que eu escutava, ao longe, era um som parecido com um rugido sofrido. Eu ainda lembrava o porquê tinha feito àquela viagem, em primeiro lugar. Dragões estavam soltos pelo mundo. As chances de eu encontrar um dragão eram grandes. Ainda mais que eu estava no país em que Afrodite havia me enviado, em primeiro lugar.

Pressentindo que meu destino se encontrava na origem do rugido, comecei a andar com mais afinco, seguindo o som, que ficava cada vez mais alto. O medo queimava em meu peito. Eu já havia morrido uma vez. Fui salvo, pois precisava cumprir uma tarefa. Não queria morrer de novo, pois, dessa vez, seria definitivo.

Depois de algum tempo andando, finalmente encontrei a entrada de uma caverna. Era gigante, provavelmente um dragão poderia passar por ali tranquilamente. Respirando fundo, entrei no lugar.

Dois passos. Foram precisos apenas dois passos para que meu corpo congelasse de medo. Nada em toda minha vida havia me preparado para ver um dragão a minha frente.

Seu corpo colossal preenchia quase toda a caverna. Suas escamas eram de um azul muito claro, quase chegando a branco. O vapor de saia de suas narinas caia rapidamente, denunciando que aquele espécime podia soltar rajadas de gelo.

O dragão olhava fixamente para mim, como se cogitasse me matar ali mesmo, porém, com um súbito e fluído movimento de sua cabeça, seu corpo começou a emitir uma luz azulada, forte demais para que eu pudesse continuar olhando. Rapidamente desviei meu rosto, e ainda fechei os olhos, só por precaução.

Quando achei seguro, abri os olhos. A luz havia sumido e também o dragão. No lugar dele, havia apenas uma mulher, nua, com sua barriga vertendo um líquido azulado. Sem pensar duas vezes, corri até ela, tirando a jaqueta que eu havia ganhado de um morador de Skógar e embrulhando com a roupa.

— Calma. Vai ficar tudo bem. — Tentei falar, mas meu corpo todo tremia em contato com a mulher. Parecia que ela estava emitindo mais frio do que toda a Antártica. — Eu vou dar um jeito em você.

— Você foi enviado por Afrodite, criança? — A voz da mulher era rouca, mas ainda assim bonita.

— Sim. Ela me disse que um amigo precisava de ajuda. — Minha respiração havia começado a falhar. Era cada vez mais difícil ficar perto daquela mulher, mas eu não podia simplesmente deixá-la a deriva. — Afrodite me deu um remédio, disse que eu deveria dar ao seu amigo, e que tudo ficaria bem.

— Traga o tal remédio até mim, criança. — A voz da mulher estava começando a falhar. — Não temos muito tempo.

Coloquei a mulher deitada no chão enquanto peguei o frasco que Afrodite me deu. Tirei a tampa do item e entreguei para a mulher-dragão, que rapidamente sorveu todo o líquido. O líquido azul parou de escorrer pela sua barriga, e o corte começou a se fechar, lentamente. O frio insuportável que emanava dela estava diminuindo aos poucos.

— Muito bom, criança. — A mulher parecia sorrir enquanto ia fechando os olhos lentamente. — Minha recuperação estará completa logo. Agora, preciso descansar. Não vá embora ainda.

Nem por um momento passou pela minha mente abandonar um dragão quase morto que estava se recuperando. Eu poderia até ser um pouco louco, mas minha loucura possuía limites.

Vendo que não havia mais nada a fazer, simplesmente sentei-me um pouco afastado da mulher e esperei. Por um tempo, tudo o que ouvia era o barulho do vento, do lado de fora da caverna, e a respiração tanto minha quanto da mulher.

A falta do que fazer era tanta que acabei cochilando por um tempo. Quando acordei, imediatamente percebi que não estava sozinho. Meu peito estava congelando, e alguma coisa me dizia que eu estava em perigo.

Olhei na direção da mulher e vi que ela não estava sozinha. Havia duas pessoas paradas à sua frente. Ambas vestiam roupas pesadas de frio. Tentei me levantar, mas minhas mãos e meus pés estavam amarrados por cordas fortes, que impediam meus movimentos completamente.

— Ei, vocês aí. — Minha boca não havia sido amordaçada, então conseguia falar normalmente. — O que vocês querem? Fiquem longe dela. — Minha voz estava calma, apesar da situação de clara desvantagem.

— Olha só, parece que a traidora arrumou um amiguinho humano para brincar. — O primeiro que falava, um homem, olhava para mim com puro desdém. — Humano, ou semideus, aparentemente. — Ele mostrou as pulseiras que outrora estavam em meus braços. Estava completamente desarmado.

— Provavelmente ela seduziu algum turista pra ajudá-la. — A segunda pessoa, uma mulher, ostentava um sorriso maligno, que me causou mais medo do que o dragão de gelo. — Veja bem, garoto, sua amiguinha aqui é uma traidora da nobre casta dos dragões. Nosso mestre nos enviou atrás dela, para que a Grande Luthiel fosse morta, de uma vez por todas.

Enquanto eles iam falando, me concentrei na corda que me amarrava. Era um trabalho simples, mas bem feito. Contudo, a herança de Atena havia me dado habilidades para que eu pudesse alterar trabalhos artesanais, como esse.

— Entendi. Então vocês estão aqui para terminar o serviço, aparentemente. — Sentia as cordas ficando um pouco mais frouxas, conforme eu as desintegrava. — Bem, infelizmente eu também estou em uma missão aqui. E, por mais que seu mestre possa ser assustador, te garanto que a minha é bem mais. — E, com isso, terminei de arrebentar as cordas que me prendiam e, do fundo da minha garganta, soltei um grito ensurdecedor, que ecoou pela caverna.

Todos nós institivamente colocamos as mãos nos ouvidos, tentando abafar o som que eu emiti. Era um grito poderoso de guerra, como se a própria Atena tivesse usado minha voz para iniciar a batalha. Sem pensar duas vezes, comecei a andar até Luthiel, com a intenção de tirá-la daquela caverna, mas um soco vindo à direção do meu estômago impediu meu progresso.

O ar foi expelido de meus pulmões com violência. O homem encasacado exibia um sorriso sádico, como se ansiasse pela batalha. Rapidamente recuperei o fôlego e, com a mão direita em forma de pata de tigre, desferi um golpe no queixo do homem. Pude sentir sua mandíbula estalando. Talvez tivesse quebrado, mas não pude conferir direito, pois naquele instante tudo o que eu senti foi uma dor excruciante no meu ombro esquerdo.

Ao olhar para meu ombro, pude ver a ponta de uma faca brotando em meu corpo. Ao olhar para trás, o rosto da mulher estava colado ao meu.

— É isso que acontece com quem desafia nosso mestre, seu idio... — Porém, ela não pode terminar a frase, pois seu corpo rapidamente ficou azulado, e então se quebrou, como um copo de vidro.

Luthiel estava de pé, vestida como uma esquiadora, com roupas azuis. Seus olhos eram cristais frios de gelo. Sua mão estava apontada para onde antes estava a mulher. O homem viu aquilo horrorizado e partiu para cima de mim com uma faca. Meu corpo estava fraco demais para se mover, mas felizmente Luthiel me salvou de novo, congelando o atacante.

Caí ajoelhado. Meu braço esquerdo estava quente, com o sangue que vertia do ferimento de meu ombro. A última coisa que vi foi Luthiel vindo até mim, com um olhar intrigado. Após isso, caí novamente no vazio.

***


Pensei que estava novamente na ilha de Calipso. As roupas e cobertores pareciam os mesmos, mas os cheiros eram diferentes. Eu reconhecia muito um cheiro em particular, um cheiro que me trouxe sentimentos de saudades: bacon

Abri os olhos e vi um quarto simples ao meu redor. Ao meu lado estava Luthiel, ainda vestida como uma esquiadora. Ela me olhava com algo que poderia ser satisfação.

— Muito bem, criança. — Sua voz voltara ao normal. — Você me salvou. Nada mais justo que eu te salvasse.

— O-onde estamos? — Minha voz estava rouca, mas forte para falar.

— Em Skógar. Eu te trouxe para cá depois de seu sacrifício. — Então a mulher-dragão levantou-se, e foi em direção à saída. — Você fez um bom trabalho me ajudando. A isso, sempre serei grata. Agora, creio eu que você precisa falar com alguém, não é? — E então me apontou um criado mudo, onde estava meu equipamento, um cristal de gelo, uma lanterna e um dracma. — Fique em paz, jovem semideus.

— Obrigado. — Então rapidamente peguei o cristal de gelo e a lanterna. Foi o suficiente para fazer um arco-íris. Peguei o dracma e joguei dentro do fenômeno multicolorido e deixei que minha mente automaticamente chamasse quem eu precisava, naquele momento.

— Oh Íris, deusa do Arco-Íris, aceite minha oferenda e me mostre Catherine Burkhardt. — Esperei até que a imagem focalizasse e então, sem esperar saudação ou algo do tipo, disparei. — Cath, eu estou vivo. Preciso de ajuda.




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ARMAS LEVADAS:

Jeff Smith
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