Carnival of Souls — MNE para Angel Bassinger e Lumen Belserion

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Assim que os rumores de uma boa partida de pôquer chegaram aos seus ouvidos — com apostas tentadoras, é claro — teve de se preparar. Vestiu o que viu pela frente, diante de uma imensidão de roupas caras e luxuosas. Não possuía nenhuma delas, mas acreditava que a verdadeira dona não se importasse caso pegasse algumas peças emprestadas.

Uma última olhada para o próprio reflexo no espelho. Check. Deslumbrante.

Angie pegou também alguns colares e relógios. Swarovski e Rolex são ótimas formas de pagamento quando não se tem dinheiro vivo. Cash, bags. Também não se conteve e teve de pendurar uma Birkin no antebraço. Agradeceu à Tique mentalmente por proporcionar um estilo de vida adequado à ela e, depois, saltou da casa invadida pela janela do segundo andar.

— Obrigada por tudo, mamãe — disse, em prece. —, acho que te devo uma.

Desvencilhando por arbustos e câmeras de segurança, atravessou o portão da residência e esticou o braço para pedir carona de algum táxi. Quando um veículo laranjado baixou o vidro, Angel teve de abaixar também o óculos Prada para conseguir vê-lo melhor no escuro.

— Uma corrida até o aeroporto, bem? — sorridente, perguntou.

Quando recebeu um aceno positivo, acomodou-se no banco traseiro sem prender o cinto. Uma maneira preventiva caso tivesse de saltar do carro. No entanto, a viagem ocorreu bem. Arrancou um ou dois diamantes de um colar para oferecer como pagamento. O motorista aceitou acanhado, estranhando, mas não rejeitou o agrado. Angel se despediu com uma piscadela e retornou na trilha até a bancada de compra de passagens.

No balcão, apoiou a bolsa furtada na superfície e começou a procurar por algum cartão de crédito. Encontrou três e sorriu maliciosamente. Puxou do fundo do bolso da calça jeans Burberry o passaporte e o alçou para a atendente, que não desgrudava os olhos dos pertences caros. Estava torcendo para que ela não desconfiasse da data de nascimento impressa no documento.

— Gostou, gatinha? Posso te emprestar alguma coisinha se agilizar por aqui — sugeriu, balançando um Rolex com a ponta dos dedos. — Uma passagem para Orlando, Flórida, por favor.

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Sentada na traseira de um jipe de visitação, seu passeio pelo parque começou. Os olhos curiosos varriam todo o perímetro de uma savana reconstruída na Flórida. Animais africanos andavam de um lado para o outro enquanto pássaros multicoloridos e de uma fauna externa coloriam o céu azul e sem muitas nuvens.

— Que boa ideia este casamento primaveril em pleno outono... — disse, tentando distrair uma outra passageira.

As palavras confusas de Angel tinham o objetivo de tirar o foco da vizinha para subtrair seu aparelho celular. Ela pensou duas vezes, no entanto, e decidiu não furtar ninguém em um ambiente abarrotado de seguranças.

As íris peroladas também eram rápidas o suficientes para captar uma movimentação inadequada ao parque temático. Angel poderia estar enganada, mas não se lembra exatamente de ter visto Minnie Mouse, a princesa Aurora e a Mulher-Elástica no cenário do filme Up: Altas Aventuras. As personagens fora de colocação faziam-na torcer o canto dos lábios, mas voltou a atenção para a valiosa bolsa Birkin, apreciando o couro de crocodilo asiático.

— Meus deuses! Que crime aprisionar esses animais por aqui, vocês não acham?! — ressonou, liberando seu lado ativista ambiental.

Depois voltou a piscar os olhos para ter certeza de que viu o Pateta tentando camuflar-se entre arbustos junto do Dr. Facilier. Pensou até mesmo ter visto um tamanduá no meio da confusão cinematográfica. Tamanduás não são latino-americanos? (Quanto à essa questão, Angel não possuía nenhuma resposta, mas despontou certa dúvida geográfica). Mas o que diabos está acontecendo na Disney? Deu a louca na princesa Elsa...

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