— Apolo!
No momento em que chegara, as Caçadoras ainda riam em meio às árvores. Terminaram há pouco de levantar o acampamento provisório, e os lobos brancos ainda vagavam entre suas pernas. Parecia uma piada interna do grupo, uma que Zuri não conhecia, mas possivelmente era correlacionada à chegada de um novo dia: as sombras da noite abrandavam e se desfaziam, incapazes de resistir ao brilho fogoso do astro rei. Entre o círculo de moçoilas que ainda faziam o desjejum, a própria deusa da caça mantinha-se com um sorriso mínimo — quase oculto. Notaram sua aproximação.
— Zuri, como estás? — alguém questionou. Morhauser nunca pensou que dormir em uma tenda no meio da floresta do acampamento fosse algo confortável, mas os travesseiros e sua cabana foram mais confortáveis que a cama onde dormia assim que havia sido reclamada. Parecia uma eternidade, ainda que o espaço de tempo entre aquele passado e o presente fosse de apenas alguns dias. Reverenciou não somente a deusa como suas irmãs de séquito.
— Bem... melhor impossível. — um sorriso tomou os rostos das interlocutoras. Sentou-se com elas, partilhando da refeição improvisada antes de partirem definitivamente. Pensava nisso quando sua nova mentora chamou-lhe a atenção.
— Fico contente que estás aqui, e sente-se bem. Mas tenho uma tarefa a ti designada antes de partirmos. Quíron soube da tua escolha; quer vê-la antes de deixarmos Long Island. — disse. Sua voz calma era como uma ventania tímida que antecede a pior das tempestades. — Somos uma família aqui, e preocupamo-nos umas com as outras. — Ártemis findou. Um sorriso apaziguador formou-se em seus lábios. A negra assentiu, levantando-se rapidamente. — Estaremos aguardando-a.
Caminhava veloz, talvez pela ansiedade. Não percebeu que os punhos estavam cerrados até que precisou afastar um galho baixo, somente então notando o quão retesados mantinham-se. Forçou-se a relaxar. Encontrou a trilha e seguiu-a rumo à área habitada do acampamento, cruzando com poucos campistas e sátiros, além de outros espíritos da natureza. Os que notaram-na erguiam sobrancelhas, ou paravam para admirar: sua pele macadâmia reluzia ao sol, e os cabelos presos em um rabo de cavalo moviam-se ainda com extrema graça. As roupas foram substituídas na noite anterior, trocadas pelas calças resistentes e casacos adaptados, bem como botas de cano alto. Os detalhes branco-prateados, assim como o agora inseparável kit de arco e aljava em suas costas, denunciavam-na como parte da irmandade da deusa da vida selvagem.
Subiu os três primeiros degraus da varanda e bateu na porta suavemente. Novamente, a ansiedade retornava. Zuri precisava trabalhar isso antes que...
A porta foi aberta.
— Srta. Morhauser, adiante. — a voz do interior era grave e comedida. Adentrou, deparando-se com uma refinada sala de estar com um fogo já aceso na lareira. Era cedo, notou, e a atividade no acampamento ainda estava baixa. Logo, não tinham o risco de ter a conversa interrompida. — Não estava esperando visitas divinas, mas a deusa Ártemis consegue ser muito silenciosa. Fui informado de sua adesão, parabéns. — um sorriso ganhou-a quando sentou-se. Ele estava em sua forma humana, acoplado em uma cadeira de rodas que disfarçava a metade equina de seu corpo. — Contudo, requisitei-a aqui antes de partirem para um último pedido: cuide da sua mente. Men sana in corpore sano.
— Não compreendo. — murmurou.
— É um ditado. Enquanto preservar o bem estar da sua mente, seu corpo responderá tão bem quanto. Preocupo-me com sua instabilidade quanto aos... problemas mentais. — suspirou. Cabelos cacheados e olhos escuros fitavam o híbrido. — Não pode fingir que sua depressão não existe. Tampouco tomar chá calmante no intuito de amenizá-la. Creio que haverá uma melhora significativa enquanto estiver com suas iguais, mas peço-lhe que tente algo. Uma visita a alguém.
— Quíron, eu estou bem, ok? Há tempos que não tive uma crise. — argumentou.
— E continua ansiosa, com sintomas danosos a si própria. — retorquiu. Coçou a barba bem aparada antes de mirá-la. — Antes que vá, faça isso.
Ergueu as mãos em rendição. — Certo, se isso for acalmá-lo. — então ergueu uma sobrancelha. — O que devo fazer exatamente?
— Vá à Nova York. Há uma poderosa Mentalista que reside na cidade, entregarei o endereço correto a você. É uma jovem confiável e creio que ela possa sondar seus pensamentos. Pode encontrar a causa do que a aflige e trabalhar nisso. Os servos de Psiquê solucionam coisas indizíveis. — suspirou. A menina pensou que, apenas talvez, se submeter àquilo seria melhor que sessões de terapia e remédios tarja preta. Já cansara deles. Quando levantou-se, ele pigarreou. — Ah, você não vai sozinha. Ainda é uma novata aqui, seria contra o meu próprio protocolo. Aliás, há alguém que também precisa dessa visita...
— Quem?
— Quíron? — a porta da sala rangeu ao ser aberta. Com os primeiros raios solares ainda despontando nos céus, o contorno alaranjado que recobriu a forma humanoide era como uma auréola. Tinha uma mochila sobre o ombro, e os cabelos claros estavam devidamente penteados. — Cheguei muito cedo?
— Chegou na hora certa, Kurt.
Seus olhares se encontraram. Zuri automaticamente virou-se para Quíron.
— Ele?
— Qual é o problema comigo?
— Você é um... homem!
•••
Não havia jeito, afinal. Por mais que tentasse argumentar que uma de suas irmãs de grupo poderiam acompanhá-la, Quíron não queria expor três semideuses — mesmo dois sendo caçadoras. Além disso, Kurt precisava tratar de seus próprios problemas tal qual a garota. Sentia-se presa a ele com uma corrente, embora nada disso fosse evidente. Seguiam lado a lado, ainda que com uma distância de vários centímetros entre ambos.
— Upper East Side. — ele disse. Ao notar o olhar escuro sobre si, Kurt voltou a dizer: — O endereço é em Manhattan. Quer dizer, na melhor parte. — entregou o papel dobrado a ela, onde a moça pôde por si só averiguar o endereço disponibilizado por Quíron.
— Certo. — ela não fazia ideia do que era isso. Na verdade, entendia o básico; o glamour de Nova York, seus arranha-céus luxuosos e requintados, restaurantes caros e bairros menos abastados, mas ainda cheios de arte. Nunca fora à cidade, contudo, e não saberia guiar-se por lá. — Temos noção de como conseguir carona? — “temos”. Afinal, eram uma dupla, ela gostando ou não.
— Argos está ocupado. Sabe, o de muitos olhos... — indicou. Aquele ser desempenhava muitas atividades por ali, dentre elas a de motorista para os destinos mais próximos. Agora, indisponível, restava aos dois uma lacuna a ser preenchida. — Escuta, eu tenho alguns dracmas aqui. São poucos, mas suficientes para o que quero. Sabe o que significa? — sorriu.
Ela pensou. — Significa que você é pobre e está confortável com isso? — arriscou. Ele rolou os olhos.
— Você precisa cooperar. — resmungou. — Sei que é novata, então posso te ensinar um truque básico. Com isto... — apanhou uma moeda circular dourada de um saquinho de couro que puxou da mochila. Um dracma. — Vem. — seguiram juntos da Casa Grande até a Colina e desceram-na, deixando os limites do acampamento e estabelecendo-se na atmosfera externa. Somente então, o homem sussurrou uma prece curta em grego antigo antes de lançá-la sobre o solo.
Sombriamente, ergueu-se daquela área um curioso cheiro de morte. Zuri sentiu seu corpo se arrepiar por completo quando o veículo cinzento como fumaça ganhou forma, mostrando-se como um dos famosos táxis nova iorquinos. O banco do motorista era enorme, dominando toda a parte frontal, e três silhuetas rechonchudas nele estavam. As motoristas mais estranhas que já vira em toda a sua vida.
— A Carruagem da Danação! — Kurt anunciou. Morhauser adentrou-o rapidamente, acomodando-se como podia no banco, seguida por ele. — Manhattan, por favor.
•••
Estacionaram entre dois prédios baixos, com um beco na reentrância. Tinha algumas caçambas de lixo e eletrodomésticos descartados, e fora nessa direção que Morhauser correu. Abaixou-se, deixando o café da manhã ser expelido em um vômito nauseante. Assustou um gato de rua no processo. Quando terminou, o táxi das três irmãs havia partido tão rapidamente quanto fora convocado, e Kurt a observava da calçada. Aproximou-se, estendendo um lenço descartável que retirou do bolso. Zuri aceitou-o e limpou os lábios.
— Chegamos? — perguntou. Kurt assentiu.
— É do outro lado da rua, bem ali. — indicou com o dedo o prédio formoso que erguia-se, a entrada arborizada e o elegante porteiro indicando que ali morava alguém com recursos. Foram naquela direção, e a recepcionista sequer ergueu dificuldades sobre deixá-los passar. — Quíron disse que iria alertar a Mentalista de nossa chegada. — falou quando alcançaram o elevador.
Subiram em silêncio. O vácuo negativo entre os braços de ambos não perturbava a caçadora, mas fora certamente percebido por Kurt. Ele riu.
— Não gosta de homens?
— Ah, não é nada pessoal. — gesticulou. — Fiz um juramento.
— Eu sei, as Caçadoras têm isso. — suspirou. Restavam alguns segundos ao décimo sexto andar, e eram decorridos velozmente. Sentiu a caixa metálica parar com um tranco suave, e rapidamente as portas duplas abriram-se deslizando com um tilintar. Viram-se num corredor comprido, e um carpete carmesim ornamentava o piso de madeira. Bonitos vasos de cerâmica escura ladeavam a última porta. Fora Zuri quem tocara a campainha: um som constante e veloz ecoou no apartamento suavemente.
Alguns segundos se passaram...
— Vou apertar de novo. — ela falou.
— Não mexe nisso aí! — ele sussurrou, ainda que exasperado. — Já viu que horas são?
— Quíron disse que viríamos...!
A porta escura fora aberta. Cabelos loiros e um robe de seda voltaram-se para a dupla que discutia, e os olhos azulados da moça esbelta os acompanharam com curiosidade. Um sorriso brotou nos lábios róseos, e ela deu-lhes passagem.
— Ah, os enviados. Fui informada de sua vinda. — informou, prática. — Kurt LeBeau e Zuri Morhauser? Vamos, entrem!
O apartamento era condizente com a estrutura luxuosa do hotel em si. As paredes em tons pasteis detinham elaborados quadros coloridos e abstratos, os quais dividiam espaço com molduras de fotos de celebridades e socialites famosas. O carpete branco felpudo era impecável, alvo como a mais pura neve de inverno. A donzela sentiu-se pequena. Kurt parecia tão impressionado quanto; aproximou-se ligeiramente para sussurrar-lhe:
— Barbie Dream World?
Fê-la sorrir. Os móveis de couro rosado condiziam com as prateleiras brancas com livros de capas grossas e vermelhas. Nas janelas panorâmicas, os metros de tecido rosa das cortinas barravam a entrada efusiva de luz matinal no ambiente. O lustre de cristal que pendia do teto tinha ornamentados pingentes em forma de borboletas, e emitiam luz dourada sobre os móveis. Parecia uma versão do chalé de Afrodite — só que muito mais... bizarro.
— Eu não os atenderia nesse horário, mas Quíron disse que eram casos urgentes. Problemas da mente e da alma são deveras importantes. — comentou. — Querem comer algo?
— Não, obrigada. — Zuri respondeu. Diferente de si, LeBeau acenou positivamente com a cabeça. A moça indicou a direção da cozinha, deixando-o sumir por ali.
— Um papo só de garotas, hã? — a loira sorriu. Sentou-se no confortável sofá, e Zuri o fizera na poltrona rosa choque. Sob a mira dos olhos azulados, sentiu-se minimamente desconfortável. Eram frios, como pedaços roubados do céu de verão. Muito bonitos, por sinal. — Chamo-me Aurora. Certo, meu trabalho como serva da deusa da alma é sondá-la e ajudá-la a melhorar com os problemas internos. Mas antes, quero que me diga o que a aflige. E seja sincera.
O momento da verdade.
— Quando era mais nova, fui diagnosticada com depressão. O psicólogo disse que era resultante do trauma, sabe? Morava em Nova Orleans, minha cidade natal, quando o Furacão Katrina chegou. — a voz estava baixa. Aquela dor latente no peito retornava como uma chama renovada, queimando-a e abalando suas esperanças. Era um vácuo; extenso, interminável e escuro. Sentia-se na borda de um abismo, e qualquer brisa poderia derrubá-la. Manter-se em equilíbrio era sempre uma tarefa complicada. Os dedos passaram a tamborilar sobre os joelhos. — Morava com meu pai e meus avós paternos na parte Sul. O vendaval derrubou as paredes de nossa casa e meus avós... Restou apenas meu pai. — comentou.
Aurora desejou-lhe condolências.
— Para uma criança com idade tão precoce, presenciar uma perda generalizada foi um choque e tanto. Havia um sentimento de insegurança constante, e que há pouco foi relacionado também aos monstros que perseguem pessoas como nós. — murmurou. — Conviver com um abismo no peito é... diferente. Por vezes, quando sinto-me próxima de qualquer vestígio de felicidade, ela é sugada. Literalmente, desaparece. E quando me dou conta, percebo que a perco. É tudo passageiro. O furacão me ensinou isso; ventos fortes levam tudo de nós.
A loira assentiu. Abriu a boca, mas Kurt retornava pelo corredor. Quando viu-as, principalmente os olhos marejados de Zuri — que ela somente então percebeu, e rapidamente tratou de limpar —, voltou pelo caminho que viera sem emitir um som.
— Traumas. — avaliou. — São comuns, Zuri. E não é por isso que são menos complicados de lidar. Cada um os sente de diferentes maneiras. — ao ouvir, a Caçadora assentiu. — Não posso lhe pedir para que tente melhorar, ou tente esquecer seus sentimentos, porque isso é impossível. O que posso pedir é que me deixe ajudá-la a aliviar isso; podemos encontrar aqui uma forma de você lidar melhor com os sintomas. Mas essa é uma jornada pessoal, sei que você é forte. Só precisa de um empurrão.
Sorriu. Zuri permitiu-se o mesmo. Delicadamente, Aurora aproximou-se. Era possível sentir sua fragrância irradiando dos poros da epiderme branca, um cheiro suave e lívido quase entorpecente: lavanda. Sua voz tranquilizava-a, as mãos ergueram-se até tocarem com suavidade as têmporas da morena.
— Respire fundo... — instruiu. Houve um contato visual momentâneo; olhos castanhos versus os azulados, afogando-se uns nos outros como uma amálgama bicolor. Um calafrio delicado apoderou-se da estrutura física de Morhauser. — A vida não foi tranquila na sua cabeça, Zuri. — disse, frustrada.
— O que há?
— Bloqueada. — Aurora respirou fundo. — Sondá-la é extremamente difícil, e tenho experiência nisso. Há um bloqueio não só na mente, quanto no coração. O máximo que encontrei foi sua adesão ao grupo de Ártemis e vestígios de seu pai, mais nada. É como se uma bruma envolvesse todo o resto. — estava triste consigo. Morhauser forçou um sorriso.
— Está tudo bem. — óbvio que não, Zuri. — O que posso fazer?
— Ir à única que confio que realmente pode penetrar nos confins de qualquer mentalidade. — Aurora disse. — Psiquê.
— O que? — a Dakota tinha pouquíssimas experiências com divindades, sendo que a única que conhecera de fato era sua patrona. — Onde poderei encontrá-la?
— Psiquê é... inconstante. — Aurora deu de ombros. — Talvez a encontre na França. Ou aqui mesmo na América, quem sabe? Invocá-la pode ser uma boa ideia, irei entrar em contato com ela de qualquer maneira. — assegurou. Kurt retornava calmamente à sala, notando-as conversando ali. A anfitriã sorriu com ternura.
— Terminaram? — ele indagou. Zuri deu uma olhadela à loira, levantou e agradeceu.
— Kurt... — Aurora sorriu. — Sua vez.
•••
— Você está bem? — indagou. O saguão do edifício estava mais movimentado agora, e o trânsito das pessoas não a deixava nervosa como era suposto ser. Olhou para Kurt.
— Estou. — murmurou. Diferente da sua, a “consulta” de LeBeau fora mais demorada. Tempo suficiente para Zuri esconder-se na cozinha, comendo aqueles deliciosos aperitivos sobre o balcão. E agora estavam ali, lacônicos, mas nem um pouco desconfortáveis como anteriormente. Quando saíram, a luz do sol incidiu relaxante sobre seus rostos. Andaram pelas ruas de Manhattan por pouco tempo, as lojas de grife ladeando os prédios de centros executivos e revistas famosas. LeBeau segurou seu pulso em um movimento rápido, e antes que ela pudesse protestar, apontou: — Olha! — seguindo sua falange, encontrou um ocorrido numa viela entre dois edifícios.
Uma dupla terminava de abordar uma garota morena, trajando tons monocromáticos característicos de um uniforme, como denunciava o brasão bordado em seu peito no terninho que vestia. Puxaram-lhe a mochila, empurraram-na fortemente para o chão e desataram a correr pelo espaço exíguo.
Com a pressa de socorristas, os semideuses dispararam contra ambos. Notando a perseguição pelo beco escuro — e percebendo que eram dois jovens —, os meliantes pararam. Um sorriso amarelo brotou nos lábios do mais forte deles.
— Kurt... — a moça sussurrou. Encaravam-nos, esperando para ver quem daria o primeiro ataque.
— Fica fria, eles nem vão... — separaram-se quando uma pedra passou rente a seus rostos. Zuri arregalou os olhos, vendo que quem jogara o projétil fora o segundo êmulo, menor e mais magro, pálido. LeBeau levantou rapidamente, partindo contra o maior dos homens. O outro, vendo a oportunidade de atacar o semideus enquanto estava ocupado, cerrou os punhos. Antes que se aproximasse por trás, um pigarreio cruzou o ar como um aviso. Virou os olhos encovados para a morena que o encarava, séria.
Sorriu, exibindo uma fileira de dentes amarelados por tártaro. Aproximou-se. Tentou infringir um gancho de direita contra seu rosto, com o qual a moçoila afastou-se com alguns passos para trás, recuando. Era como em uma dança, mantendo-se atenta aos movimentos alheios. Tentou novamente impor um soco contra o rosto negro, e com um giro sutil, colocou-se de lado em uma esquiva veloz.
Agora, ela enviou a palma da mão aberta contra o rosto alheio, atingindo-o de baixo para cima no queixo, fazendo-o recuar sob o golpe atordoante. — Sua... — cuspiu no chão, interrompendo o xingamento dirigido a ela.
Zuri sorriu — a infância em Nova Orleans havia ensinado bastante sobre como lidar com turrões.
Lançou-se contra a garota, agarrando-se a ela e impulsionando-se contra uma das paredes do beco. Fez com que as costas de Morhauser se chocassem ali com força, fazendo-a gemer de dor, antes que o cotovelo da negra caísse sobre ele. Zuri repetiu o golpe mais uma vez para que ele a soltasse, bufando, e ela o afastou de si com uma tentativa atrapalhada de chute que conseguiu unicamente distanciá-lo alguns centímetros.
Ele avançou, os dedos fechando-se no tecido da manga do casaco dela. Puxou-a contra si, levantando o punho a tempo de atingi-la com força na barriga, de tal modo que uma dor singular ganhou aquela área. Arquejou, e um tapa fê-la desequilibrar-se e cair.
A caçadora recuou, ainda no chão, afastando-se ao máximo dele. Seu oponente aproximava-se, e ela fez a única coisa condizente a alguém que estava em um ângulo abaixo de um algoz: chutou-o nas partes íntimas. Viu a dor transmutar-se em seu rosto quando a bota atingiu-o com toda a força entre as pernas. Ele fraquejou e tombou, agarrando-se à área machucada, dando um fio de tempo para a semideusa levantar. Para garantir, chutou seu rosto; ouviu-o gemer antes de perder os sentidos.
Afastou uma mecha do rosto.
— Canalhas. — a voz de Kurt ecoou atrás de si. Ao virar, viu que o maior dos inimigos estava caído em um canto, apagado. Quando o semideus se aproximou, avaliando o estrago que a garota fizera no outro, riu. Olhou-a. — Golpe baixo?! — abriu os braços, gesticulando exageradamente.
— E você queria que eu fizesse o quê?! — rebateu. Juntos, apanharam os pertences roubados dos ladrões e devolveram-no à garota que os observava, atônita, na entrada do beco.
— Vai pela sombra. — LeBeau murmurou quando ela se afastou após agradecê-los. — E o que fazemos agora? — questionou vendo Zuri apoiar-se na parede. Ela respirou fundo.
— Você faz aquele truque. O da moeda, o carro... — fez uma careta de dor. Ele riu, mesmo seu estado não sendo muito melhor que o dela. Pelo menos levara vantagem, enquanto ela, uma novata nas artes de batalha, tivera que se virar com seu “conhecimento de mundo”.
— A Carruagem da Danação? — ergueu uma sobrancelha. — Ok. Ah, podemos esperar um pouco? Eu estou sentindo umas dores em locais estranhos. Aquele cara sabia brigar. — apoiou-se na parede ao lado dela. Ergueu a mão fechada, e ambos trocaram um soquinho.
— É... podemos sim.
- Arsenal:
{Half Blood} / Adaga Comum [Adaga simples feita de bronze sagrado, curta e de duplo corte. A lâmina possui 8cm de largura, afinando-se ligeiramente até o comprimento, que chega a 20cm. Não possui guarda de mão e o cabo é de madeira revestido com couro, para uma empunhadura mais confortável; acompanha bainha de couro simples.] {Madeira, couro e bronze sagrado} (Nível mínimo: 1) {Não controla nenhum elemento} [Recebimento: Item de Reclamação]
{Wild Moon} / Arco [Arco prateado feito de bronze sagrado e enfeitado com pequenos desenhos de animais selvagens. O item fora produzido com entalhamento em lua crescente, assumindo o formato de C. No nível 20 pode transmutar-se em uma pulseira de prata com pingentes em forma de lua crescente e em forma de animais selvagens. {Bronze sagrado} (Nível Mínimo: 1) [Recebimento: Presente de Entrada no Grupo - Caçadoras de Ártemis]
{Lunather } / Aljava [Aljava de couro trabalhado, com engastes de bronze sagrado. Contém flechas infinitas - são comuns, de olmo e bronze sagrado, mas de acabamento fino.] {Couro e bronze sagrado; olmo e bronze sagrado} (Nível Mínimo: 1) [Recebimento: Presente de Entrada no Grupo - Caçadoras de Ártemis]
- Obs:
• Tomei a liberdade de adaptar os parâmetros da missão de modo a se encaixarem na trama de Zuri. Esse ocorrido se passa no dia após ter sido aceita no grupo liderado por Ártemis — teste que foi enviado à staff. No mais, obrigada e não desiste de mim. q