A Nova instrutora

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A Nova instrutora

Mensagem por Ariane Thompson Dom 11 Nov 2012, 17:32



Sinopse




Os deuses juraram à Percy Jackson que iriam perdoar os parentes pacíficos dos titãs e graças a essa promessa, Calipso está liberta.

Mas os deuses precisam deixar sua antiga inimiga num lugar onde fique fácil supervisioná-la até ela provar ser digna de confiança. E que lugar melhor para isso que o acampamento meio-sangue? Onde ela ficaria cercada de semideus e sob o olhar vigilante do velho Quíron.

Em meio a toda a euforia de ser libertada, a filha de Atlas não percebe que aos poucos se enrosca mais e mais numa nova "brincadeira" das Parcas que vai mexer com seu destino e o seu coração.


Eu já comecei a postar essa estória aqui na minha antiga conta do Tyler Foster, mas recentemente eu resolvi reescrevê-la e cá estou postando ela reescrita.

Ps.: Como eu estou postando ela no Nyah e só to dando um crtl+c não vou por corzinha nas falas ou coisas do tipo por preguiça u.u
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Re: A Nova instrutora

Mensagem por Ariane Thompson Dom 11 Nov 2012, 17:35



Minha vida mudou em menos de 30 min




O suave brilho da lua banhava os meus jardins, eu estava ajoelhada no chão com uma flor em mãos, pronta para plantar a mesma. Era deprimente o fato de aquelas flores serem as minhas únicas companheiras naquele lugar isolado do resto do mundo, é claro, eu também tinha meus criados invisíveis. Mas eu acho que por eu não conseguir vê-los eu não imaginava eles como companheiros.

E é claro, além dos meus criados e das flores ainda havia a minha compania-tortura-surpresa. Perguntei-me se algum dia as parcas iriam se cansar de fazer isso comigo e inevitavelmente a imagem de Percy brotou em meus pensamentos. "Droga Calipso, ele já foi... assim como todos os outros, ele também se foi”.

Assim que Percy aterrissou em minha ilha eu havia prometido a mim mesmo que seria forte e que não iria chorar quando ele partisse, mas mesmo tendo feito essa promessa eu sentia correr pela minha face gotas de água salgada.

De repente um clarão invadiu a ilha, olhei rapidamente para a fonte do clarão e avistei a figura de um humano, por um segundo me perguntei se ele seria a minha mais nova compania-tortura-surpresa, mas logo percebi que se tratava de uma garota. Uma garota ruiva, armada com um arco e flecha de prata, eu não à via desde a grande guerra dos deuses contra os titãns, mas ainda me lembrava dela.

Limpei as lágrimas do meu rosto enquanto me prostava em reverência a deusa Ártemis. Ela me olhou de cima a baixo como quem havia comido algo desagradável e depois fez um sinal com a mão para mim seguir a mesma e se virou, começando a caminhar em direção a uma cortina de fumaça.

Perguntei-me o que poderia estar acontecendo. Ártemis nunca antes havia parado para me visitar em Ogígia e agora ela se oferecia para me guiar a algum lugar? Algo errado estava acontecendo, mas quem era eu para questionar um dos olímpianos?! Abaixei minha cabeça e segui a deusa me perguntado para onde eu estava indo.

Eu não via nada dentro daquela grande cortina de fumaça, mas graças ao poder que Ártemis emanava era possível sentir onde a deusa estava sem vê-la e era por esse poder que agora eu era guiada.

Senti que o chão que eu pisava já não era o mesmo de antes, nem areia nem terra da ilha, era puro mármore. Meu corpo foi invadido por uma sensação de total euforia e felicidade, depois de milênios de aprisionamento eu estava fora de Ogígia!

Mas logo em seguida a cortina de fumaça desapareceu e junto com ela a minha felicidade se foi. Eu agora me via no panteão grego diante de todos os olípianos, até mesmo Hades estava presente em seu trono.

Um calafrio percorreu toda a minha espinha, tirando Hefesto, Hermes e Apolo, a ultima vez que eu havia visto os outros deuses tinha sido durante os combates mortais durante a primeira guerra. Senti minhas pernas ficarem fracas e eu me prostei perante os deuses rapidamente.

– Levante-se! - eu ouvi a voz forte e arrogante de Zeus me ordenar.

Obedeci ao senhor dos deuses e fiquei de frente a ele enquanto lutava para controlar o meu medo. "Será que os deuses finalmente se cansaram de me torturar e resolveram acabar com minha vida? Por um lado até que não seria má idéia eu me livrar da minha tortura, eu já vivi muito por ser uma antiga inimiga dos deuses e filha de Titãs." se havia chegado à hora deu partir tudo bem, pelo menos eu estava preparada para isso.

Zeus então interrompeu meus pensamentos com sua potente voz.

– Acabei de decidir que o olímpo sofrera algumas pequenas mudanças e uma delas envolve você! - Zeus então fez uma pausa me encarando com seriedade, e eu mantive minha cabeça erguida, pronta para receber o raio. - Eu te ofereço um meio de provar que está do lado dos deuses... Se você aceitar.

Com certeza o choque que eu levei ao ouvir essas palavras tinha sido muito mais forte do que qualquer raio que Zeus poderia me atirar. Encarei o senhor dos deuses confusa me perguntando se eu tinha ouvido direito, ele estava oferecendo uma chance deu me redimir e ainda me dando o poder de escolher. Pelo jeito as tais mudanças que aconteciam no Olímpo eram mesmo serias.

Minha mente agora havia sido invadida por um turbilhão de pensamentos. “Seria isso uma armadilha dos deuses? Não, isso não faz sentido! Por que eles iriam me jogar numa armadilha se podiam me deixar em Ogígia? Por que eu ainda estou pensando na resposta? Desde que eu fui aprisionada naquela ilha eu sempre quis ver como o mundo está e essa pode ser a minha única chance!”

– Eu... Eu aceito! - respondi timidamente vendo um sorriso se formar nos lábios de Zeus e uma careta nos lábios de Athena.

– Ótimo! - Disse Zeus - Como você deve saber, às vezes nós deuses, nos apaixonamos ou somos tomados por desejo com relação a uma mortal... - Hera e Ártemis, arquearam a sobrancelhas juntas encarando Zeus - Alguns de nós! - ele acrescentou rapidamente. - o fruto dessa união...

– Você está querendo chegar no Acampamento Meio-Sangue, não está? - interrompi impacientemente Zeus que me olhou surpreso junto à maioria dos deuses. Afinal eu estava presa em Ogígia desde que a primeira grande guerra aconteceu,nessa época os humanos ainda nem conheciam o fogo.

– Como você tem conhecimento da existência do acampamento? - Athena foi a primeira a perguntar.

Olhei com o canto dos olhos para Hermes o denunciando e vários deuses o fuzilaram com o olhar.

– Pois bem, você ira para o Acampamento Meio-Sangue provar sua lealdade a nós. O acampamento meio-sangue está um tanto lotado e você deverá ajudar Quíron a treinar os novos campistas.

“Os deuses devem estar insanos”

– Pai, pense bem no que está fazendo. - Athena disse preocupada - Mandar uma inimiga treinar nossos filhos é loucura! Existem outros meios dela provar...

– BASTA! - Zeus interrompeu Athena - Essa discussão já foi encerrada antes de Calipso chegar aqui. – Athena lançou um olhar ao seu pai dizendo claramente “depois não diga que eu não avisei” e Zeus voltou sua atenção a mim - Já que foi Hermes quem te contou sobre o acampamento ele está encarregado de te levar até o camp amanhã de manhã.

Assenti com um aceno da cabeça e Zeus disse que eu poderia ir, mas antes de partir Athena me fez jurar pelo estige que eu não faria mal algum aos semideuses. Assim que fiz o juramento eu sai do panteão onde os deuses continuaram a discutir até o dia amanhecer.

Ver o sol nascer fora de Ogígia, para mim já era maravilhoso, mas ver o sol nascer no Olímpo é com certeza algo que todos deveriam fazer antes de morrer.



Pra quem acompanhava, as alterações começarão a aparecer a partir do próximo cap.
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Re: A Nova instrutora

Mensagem por Ariane Thompson Qua 14 Nov 2012, 20:22



Meu Salvador é um idiota



Assim que a reunião terminou, Apolo saiu correndo e subiu em sua biga. Ele estava em cima da hora para fazer brilhar mais um dia. Hermes veio logo depois com uma cara emburrada voltada para mim.

— O que foi, Hermes? — ele me ignorou — Você não gostou que eu te dedurei pros outros deuses? — novamente fingiu não escutar, deixando claro que era isso — Desculpa Hermezito, você sabe que eu não fiz por mau, simplesmente saiu.

Hermes revirou os olhos ainda emburrado. Eu já tinha me esquecido que às vezes ele ficava parecendo ou agindo como uma criança.

— Você vai me levar para o acampamento como? — perguntei a ele, tentando tirar alguma palavra do mesmo.

Hermes foi até o que parecia um estacionamento de bigas e escolheu uma carmim com detalhes negro que obviamente não era dele. Eu não conseguia acreditar no que estava vendo.

— Você vai mesmo roubar essa biga? Por que não vai com a sua? Eu sei que você é o deus dos ladrões, mas nem por isso...

— Olha aqui, senhora moralista, eu não tenho biga! Por que eu teria uma biga se eu posso ir para onde eu quiser só com minhas sandálias?! Mas como eu tenho que bancar o guia da X9, a não ser que você compre uma biga pra mim, eu vou roubar essa biga sim!

Sorri feliz e ele me olhou confuso enquanto eu subia na biga.

— Ta sorrindo por quê? — ele me perguntou num tom mais de curiosidade do que irritação.

— Consegui fazer você falar.

Ouviu um "hunf" vindo de um Hermes menos irritado e logo depois senti a biga levantar vôo. Segurei-me nas bordas da mesma e o vento logo começou a bater fortemente contra o meu rosto, mas não me incomodava e sim me relaxava. Há tempos e não subia numa biga.

Olhei para baixo e avistei o novo mundo. Ele era quase tão horrível quanto o Olimpo, a diferença era que o Olimpo era todo de ouro prata e outras pedras e metais precisos, já o mundo dos mortais era mais sujo, cobertos de construções exageradas e grotescas, e onde não havia essas construções, caixas coloridas com círculos no lugar dos pés corriam por todos os lados em alta velocidade. Deveria ser alguma espécie de monstros que se procriava rápido e os olimpianos não estavam conseguindo destruir, pois por onde eu olhava via muitos deles. Tampei minha boca com as mãos horrorizada ao ver aquele horrível cenário.

— Vo... Você está chorando? — Hermes me perguntou atordoado enquanto eu limpava uma lágrima que escorria pela minha face.

— Meu Destemido... Quero dizer, Percy, havia me dito sobre uma tal Manhattan, um lugar onde não tinha nenhum jardim. Eu pensei que as coisas estavam ruins, mas não imaginei que fosse tanto. Eu não enxergo quase nenhuma árvore! Por onde eu olho só tem essas construções e esses monstros coloridos.

Assim que Hermes percebeu que os monstros que eu dizia eram os quadrados coloridos ele se pôs a rir descontroladamente a ponto de me deixar constrangida.

— Não são monstros, são carros. — ele me disse num tom ainda de riso — Uma invenção dos mortais. Tem a mesma função que uma biga, só que sem os cavalos.

Depois daquele pequeno desentendimento eu resolvi ficar quieta e logo a euforia começou a lutar para me dominar, em pouco tempo eu estaria no acampamento meio-sangue, perto do meu Destemido.

Perguntei-me como ele deveria estar. Desde que ele partira de Ogígia eu não havia conseguido passar um dia sem pensar nele. Será que ele também estivera pensando em mim?

Quando a euforia me dominou eu percebi que o cenário abaixo de mim já havia mudado. Eu não estava mais naquela horrível e grotesca cidade, eu estava próxima a uma enorme colina coberta por uma plantação de morango. Do outro lado da colina eu podia ver um enorme verde vale. A direita do vale estendia-se uma enorme floresta e à minha esquerda havia um lago cintilante onde eu podia avistar alguns adolescentes de camisetas laranja em canoas.

Hermes pousou a biga mágica, que não era guiada por cavalo algum, perto de um grande e velho pinheiro.

— Chegamos. — ele me avisou sorrindo — Eu mandei uma mensagem para Quíron informando sua chegada, espere aqui que logo mais virá alguém te buscar.

Desci da biga e Hermes partiu logo em seguida se despedindo com um aceno rápido.

Olhei ao meu redor e percebi que o pinheiro tinha pendurado em um de seus galhos um pano de ouro, um Velocino para ser mais exata. Aproximei-me do Velocino perguntando-me quem havia deixado aquele objeto ali. Ao me aproximar demais dele levantei a mão para tocar o objeto reluzente, então quando ouvi um rosnado vindo dos galhos mais altos da árvore, mas não era um rugido comum de um animal comum. O forte cheiro de enxofre denunciou quem havia rosnado antes dos meus olhos se depararem com o enorme dragão que estava enroscado no pinheiro. Afastei-me do dragão vagarosamente mantendo meu olhar firme em contato com os dele tentando não demonstrar medo.

– Calma, amiguinho. Eu estou do seu lado! — eu disse com a voz calma, mas acho que ele não entendeu muito e saltou da árvore, fazendo o chão tremer levemente.

Se ele me atacasse eu estaria perdida, afinal eu nem estava armada. Ele fez menção de correr para cima de mim e imediatamente eu usei uma magia da natureza antes dele começar seu ataque. Os galhos do pinheiro ganharam vida e se enroscaram nas patas do dragão que agora parecia surpreso. Mas assim que a surpresa passou, ele quebrou com facilidade todos aqueles galhos e saltou para cima de mim, me prendendo no chão.

A essa altura eu já estava desesperada, e diante dos meus olhos eu vi o dragão abrir sua grande boca, o cheiro podre de enxofre invadiu os meus pulmões e eu fechei os meus olhos de medo, eu sempre fechava os olhos quando estava com medo, quando de repente eu ouvi um assovio. O dragão saiu de cima de mim e correu em direção à fonte daquele som. Levantei-me abrindo os olhos e avistei o dragão lambendo o rosto de um garoto com entusiasmo.

— O que foi isso garotão? Não pode morder ela não, ela é amiga, como eu. — A voz do meu salvador era rouca e grave e ele falava com o dragão como quem falava com uma criança.

Depois de alguns minutos ele saiu de trás do dragão e eu pude ver um garoto alto e branco, com cabelos e olhos negros penetrantes.

— Você é que vai ser a nova instrutora? — ele me perguntou com ar de dúvida.

— Eu mesma. — respondi um tanto acanhada — Ele sempre ataca quem se aproxima? — perguntei a ele me referindo ao dragão que agora se enroscava de volta no pinheiro.

— Raramente. Ele deve ter confundido seu cheiro com o de um monstro.

Fitei a face do semideus séria.

— Não que você seja fedida ou pareça um monstro. — ele completou rapidamente — É que a névoa...

— OK! Isso foi sem dúvida a coisa mais grosseira que alguém já me disse. — Proferi irritada por cima da voz dele.

— Não foi a minha intenção, me desculpe? - ele me disse com um sorriso idiota no rosto e eu o ignorei — ... Não vai falar mais nada? Ok, melhor assim, eu não estava mesmo a fim de te ouvir!

Se não fosse meu juramento de não fazer mal aos filhos dos deuses eu teria dado uma surrinha básica quebrando um ossinho ou dois do idiota.

— Você não deveria me guiar pelo acampamento Meio-Sangue? — Perguntei a ele tentando controlar minha raiva.

Ele fez um gesto apontando para trás do pinheiro como quem dizia, por aqui.

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Re: A Nova instrutora

Mensagem por Ariane Thompson Seg 11 Fev 2013, 23:21



Aqueles horríveis olhos cinzas



O idiota do meu salvador começou a me guiar pelo acampamento. O mesmo estava lotado de adolescentes. Garotas e garotos na maioria entre doze e dezesseis anos. Era algo totalmente novo para mim, estar rodeada de pessoas, e o melhor de tudo era saber que provavelmente eu não me apaixonaria por nenhuma delas. Agora que eu estava livre do castigo das parcas, eu sentia como se um peso tivesse saído das minhas costas, não tinha mais nada separando o meu Destemido de mim.


Durante o meu passeio eu pude ver uma enorme parede de escalada com que jorrava lava com se estivesse sangrando. Ali alguns adolescentes escalavam sem medo.


Ninguém parecia notar a minha presença, mas eram tantos campistas que eu começava a duvidar que alguém ali conhecia todos eles.


Avistei uma área maior e mais ampla, onde tinham vários chalés, ao todo eram cerca de uns vinte cinco ou mais. Nenhum deles parecia ter tido um projeto igual, apesar de que alguns deles se assemelhavam em decoração. Dois deles, os que mais me chamaram a atenção, formavam par e eram adornados com conchas marinhas.


"Poseidon e Anfitrite!" Pensei comigo mesma sorrindo e olhando atentamente os dois chalés a procura de algum sinal do meu Destemido.


— Está procurando o que? - meu salvador perguntou, olhando para a mesma área dos chalés que eu.


— Um... - fiquei muda em seguida.


Eu não sabia dizer em palavras o que o Percy era de mim. Um conhecido? Um amigo? Um amor de duas semanas de convivência?


— Vai me ignorar de novo? - o garoto me perguntou, interrompendo meus pensamentos — Depois dizem que os meninos demoram mais pra amadurecer.


— Deixa-me adivinhar... Você é filho de Ares?! - perguntei retoricamente.


— Sou! - ele me respondeu com um sorriso orgulhoso no rosto — O que me denunciou? Aposto que foram os meus músculos...


Revirei os olhos e me distanciei em passos rápidos tentando fingir que não conhecia o garoto, que agora admirava o próprio corpo em meio à caminhada. Não tinha como negar que ele era fútil demais, até mesmo para um filho de Ares.


Chegamos então em frente a uma casa grande de quatros andares, pintada num tom azul que quase se misturava com o céu. O filho de Ares subiu os degraus da varanda passando ao lado de uma espreguiçadeira, e eu o segui.


— Quíron?! - o semideus chamou.


Logo em seguida, um homem cadeirante, entrou na sala em que estávamos. Seu cheiro era forte, mas diferente dos monstros. Não cheirava a carne pobre, ele tinha cheiro de mata silvestre. Definitivamente ele era cheiroso. Seu rosto passava uma impressão de que ele era experiente e poderoso, o contraste disso com sua expressão calma era capaz de seduzir qualquer garota. Não era preciso eu me concentrar no cheiro dele para descobrir que, aquele ser era um centauro.


— Aqui está ela! - o semideus disse para Quíron apontando para mim enquanto se jogava num sofá de dois lugares vazio.


— Obrigado por trazê-la até mim, Tyler. - a voz do centauro era forte, mas calma. Ele então se voltou para onde eu estava — Seja bem vinda ao Acampamento Meio-Sangue.


— Obrigada, por me dar uma chance de me redimir aqui no acampamento! — eu disse ao centauro, disfarçado de mortal.


— Agradeça a ignorância dos deuses - Quíron disse e em seguida se ouviu uma trovoada vinda do lado de fora da casa — Eu tentei dizer aos deuses que eu não preciso de ajuda para cuidar do acampamento, mas se foi isso que eles decidiram então eu tenho o prazer de te receber. Você está incumbida de treinar o chalé de Hécate e o de Afrodite.


Tyler olhou para Quíron surpreso e em seguida um sorriso irônico se formou em seus lábios. O tempo que eu havia passado sozinha naquela ilha havia me tornado uma pessoa extremamente observadora e eu me perguntei o que aqueles dois chalés tinham de errado.


— Eu preparei um quarto para você no terceiro andar - Quíron acrescentou com um olhar cansado — Tyler, poderia levar ela até o ultimo quarto do terceiro andar?!


— Hã... Na verdade, eu queria primeiro dar uma volta pelo acampamento. - falei sorrindo, gesticulando em direção a porta.


— Ok! Tyler, poderia então levar ela para um passeio no acampamento?! - disse Quíron.


— Ele não precisa vir junto. - acrescentei rapidamente.


Quíron suspirou vagarosamente e com ar de desgosto começou a falar:


— Os deuses me disseram para incumbir um campista de ir com você para onde quer que você vá!


Dei uma risadinha abafada, mesmo após milênios sendo o babá dos olimpianos, Quíron ainda tinha senso humor. Olhei para ele e encontrei seu olhar sério e fixo. Nesse momento fiquei horrorizada ao perceber que não se tratava de uma piada, mas não podia discutir, afinal eu havia aceitado isso quando aceitei a proposta. Agora eu teria que aturar o egocêntrico filho de Ares durante minha estada no acampamento.


Eu não queria pensar nisso, então decidi sair logo à procura do meu destemido. Seguida, pelo que parecia ser um guarda costas eu comecei meu passeio pelo acampamento.


Perguntei-me como Quíron dizia que conseguia cuidar do acampamento sozinho. Ele estava abarrotado de campistas morenos, loiros, ruivos, brancos, negros, mestiços, baixos, altos, com lanças, espadas, arcos e flechas, chicotes e outras coisas. Seria difícil encontrar meu destemido no meio de todos aqueles semideuses. Eu até tentei farejar ele, mas Tyler encobria o cheiro de todos ao nosso redor. Seu cheiro era realmente forte, eu poderia dizer que era quase tão forte que o cheiro do meu Destemido. Eu só o conhecia há meio dia e já não suportava sua presença.


— Está procurando quem? - depois de um tempo andando sem parar, Tyler me perguntou.


— Ninguém em especial - menti para ele, ainda concentrada em achar Percy.


—Eu estou no acampamento há cinco anos. Talvez eu conheça esse "ninguém em especial" - Tyler me disse num tom indiferente finalmente me chamando a atenção.


—Percy Jackson, filho de Poseidon. — ele arqueou uma sobrancelha quando eu disse o nome do meu Destemido, eu diria que aborrecido.


— Percy? Só faltava essa... - ele disse bufando em seguida — Você conhece ele dá onde? Deixa eu adivinhar, ele te conquistou durante a grande guerra... Assim como metade das garotas daqui.


— N-NÃO! Quer dizer, mais ou menos. Isso não é da sua conta! - respondi irritada.


— Humpf, já vi que é isso mesmo. - ele falou andando na frente com um olhar aborrecido. Não sei o que vocês vêem de tão especial naquele cara, ele não é alto, não é forte, não tem nada de diferente. Só porque ele é filho de Poseidon que...


— Se ele fosse filho do Deus dos macacos eu ainda gostaria dele, assim como eu não gostaria de você, mesmo que você fosse filho de um dos três grandes.


— Aí, magoou - Tyler falou sorrindo ironicamente e parando de andar, cruzou os braços na altura do tórax para me encarar — Depois dessa, eu acho que não vou mais te ajudar a achar aquele projeto de homem.


— Pra mim tanto faz, eu sou paciente, mas e você? - fiz uma pausa sorrindo marotamente e ele me olhou confuso — Porque, pelo que o Quíron disse você tem que me seguir para onde eu for. Você é paciente o bastante para ficar me seguindo por todo o acampamento durante, hum ... Talvez horas?


Ele me encarou durante alguns minutos e então suspirou devagar e olhou em seu relógio de pulso.


— Alguma coisa me diz que você não vai gostar de encontrá-lo, mas se insiste tanto... Bom, ainda são dez horas da manhã. Mas como o projeto de homem gosta de acordar cedo ele não deve estar no seu chalé, provavelmente ele está no chalé de Atena ou em algum lugar com a Annabeth. - ele disse e vi uma careta se formar em seus lábios ao dizer o nome da garota, mas achei melhor ignorar.


Foi quando um garoto de aproximadamente dez anos passou por nós correndo e Tyler o segurou pela camisa. O mesmo parou de correr e fitou o semideus com um olhar assustado.


— Ei, pirralho, o Percy está com Annabeth? - Tyler perguntou para o garoto que parecia estático — Para onde eles foram? - o garoto desviou os olhos como quem pensava se dizia ou não, mas Tyler o puxou para mais perto de si encarando o garoto de perto com um olhar assustadoramente digno de um filho de Ares.


— Solta ele agora, Tyler! - falei irritada. Só então me lembrando que como instrutora do acampamento eu não podia simplesmente assistir ele aterrorizando um garoto.


Para a minha surpresa ele me obedeceu deixando o pequeno loiro cair no chão. Fuzilei-o com o olhar e fui até o garoto ajudar ele a se levantar.


— Oi! Meu nome é Calipso, eu sou a nova instrutora do acampamento e preciso encontrar o Percy Jackson. Você pode me ajudar?


O garoto de olhos cinza me encarou, como se estivesse me analisando antes de sorrir.


– Eles devem ter ido passear perto do rio do acampamento, ao norte do punho de Zeus, eles passeiam por lá quase todo dia porque o lugar está sempre vazio. Você não deveria estar em Ogígia?


— Como? - perguntei surpresa antes de ver o garotinho voltar a correr dali, como quem tinha um compromisso.


Tyler murmurou algo como “filhos de Atena” e eu adentrei a floresta ainda surpresa, afinal mesmo para um filho de Atena eu não era a única Calipso da mitologia, mas logo a minha surpresa desapareceu e meu coração se apertou novamente em imaginar que logo eu reencontraria meu Destemido. Eu e Tyler caminhávamos pela floresta, o cheiro da mata invadia meus pulmões e depois de um tempo caminhando eu senti um leve vestígio de cheiro do mar. Aquele cheiro para mim era inesquecível eu sabia muito bem quem era o dono. Comecei a caminhar passos largos em direção ao cheiro do meu Destemido.


Tyler percebeu que eu farejava algo e me deixou ir à frente. Eu então ouvi o barulho de água correndo. Agora estávamos ao lado de em rio. Foi quando meu faro sentiu o cheiro fraco de coruja, mofo e livros velhos, parecia o horrível cheiro da deusa Atena. Então algumas dúvidas surgiram em minha mente.


— Como você sabia que aquele garoto tinha conhecimento de onde estava o Percy? - perguntei para Tyler sem parar de caminhar em direção ao cheiro de meu Destemido.


— Porque o garoto é filho de Atena, irmão de Annabeth! - Tyler me respondeu como se fosse óbvio.


Annabeth, Annabeth. Meu Destemido havia mencionado esse nome enquanto dormia, mas quem era ela? Pela primeira vez me perguntei o que aquela semideusa era do meu Destemido. Meus pensamentos foram interrompidos por sussurros.


Parei de andar em seguida, assim que meus olhos se depararam com uma cena no mínimo horrível. Do outro lado do rio estava sentado meu Destemido, abraçado com uma garota loira. Os dois sorriam muito e sussurravam mesmo não sabendo que tinha pessoas por perto. Eu tremia levemente assistindo à cena. Percy que já estava bem próximo do rosto da garota se aproximou um pouco mais e tocou com seus lábios os lábios dela num beijo apaixonado.


— Eu falei que você não iria gostar de encontrá-lo. - Tyler comentou baixinho num tom quase de raiva, me assustando.


Eu não sei se foi o susto que Tyler me dera ou a cena chocante a minha frente que me fez soltar uma pequena exclamação. Meu Destemido ouvindo, parou o beijo e olhou certeiro na minha direção com seus olhos verdes intensos e claros. Sua expressão foi de surpresa e em seguida ele pareceu confuso, mas em nenhum momento feliz. A garota seguiu o olhar de Percy até mim, me encarando com aqueles horríveis olhos cinza e meu Destemido se pôs em pé, eu não queria mais estar naquele lugar. Sai correndo dali sem rumo floresta adentro. Eu não sabia para onde estava indo ou como voltar para onde eu estava, eu só sabia que queria ficar sozinha, assim como eu estava acostumada a ficar na minha ilha.
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