{The Oath - RP fechada de Valerie Murray e Klaus Murray}

THE OATH

always and forever

Os gêmeos não conseguiam se entender. Ela sempre era perfeita, racional, correspondia a cada expectativa do pai e parecia ser aquela que traria glória à família Murray novamente. Ele, por outro lado, era impulsivo e emocional e, por conta disso, nunca erra levado a sério, mesmo que suas ideias ou soluções para os problemas fossem as melhores possíveis.

Durante algum tempo, odiaram-se. Ou acreditavam nisso. Mas, depois de chegarem ao acampamento, algumas coisas começaram a mudar em suas vidas e o amor que realmente sentiam um pelo outro começou a ter mais força que as diferenças, embora estas ainda existissem em enorme quantidade.


A rp se passa na praia do Acampamento Meio-Sangue, em Montauk, uma semana depois dos acontecidos na missão Bloody Sand. O ano é 2000. O clima é ameno no fim de tarde e a praia tem poucos semideuses descansando de suas atividades antes do jantar.

Condições atuais:
Valerie Murray, filha de Hécate, 210/230 HP e MP
Klaus Murray, filho de Hécate, 200/220 HP e MP

always and forever

Ela tinha tentado passar o dia sem pensar no sonho. Achava que cultivar ideias sobre ele era o mesmo que torná-lo real ou, pelo menos, possível. Ainda assim, não tinha conseguido. Depois de três noites, era difícil não se preocupar. Ela chegou perto de bater à porta da Casa Grande, mas falar com Quíron provavelmente só a faria sentir mais medo, o que ela não queria. Só havia uma pessoa com quem podia contar e esperava que ele atendesse ao seu convite.

As telas estavam nos cavaletes, mas Klaus não estava diante delas. Talvez estivesse treinando ou coisa do tipo, ela não sabia. Ele parecia estar tentando ser mais responsável... A filha de Hécate pegou uma folha de seu diário sobre a cama e rabiscou um convite simples — "Pode me encontrar na praia às 17h? Preciso falar com você." Deixou o chalé. Ainda faltava algum tempo para o horário combinado, mas o mar a acalmava. Os Murray eram uma família de navegadores, ela se sentia em casa quando estava na praia.

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always and forever

Passara o dia fora do chalé. Desde que tinham resgatado uma garota na floresta, Klaus vinha tentando reclamar menos e produzir mais. Resolvera treinar e estava esperando uma espada nova ficar pronta. Gostara de colaborar com Valerie em vez de só interferir em suas incursões para atrapalhar. Se todos se recusavam a vê-lo como alguém responsável, não era com imaturidade e birra que mudaria suas opiniões.

Mas ele permanecia impulsivo. Só naquela última semana, já tinha arrumado briga com semideuses de três chalés diferentes. Pelo menos era inteligente o suficiente para resolver as encrencas sem se prejudicar. Na verdade, conseguia ser maquiavélico o suficiente para fazer a culpa cair nos oponentes. É, não importava se ele estava tentando ser mais maduro. Klaus passava longe de ser bonzinho como sua irmã. A gentileza e elegância ficavam para ela.

Falando nela, não foi difícil reconhecer sua caligrafia em uma folha arrancada, provavelmente, do diário. Era um convite, embora se parecesse mais com uma convocação. Encontrá-la na praia para uma conversa. Pronto... O que eu fiz agora? Ele olhou o horário no convite e verificou seu relógio, faltavam cinco minutos e ele estava imundo. Resolveu tomar um banho antes. Dez minutos depois, deixava o chalé e se encaminhava para a praia, chegando ainda dentro da tolerância de atraso que ela sempre lhe dava.

— Chamou, minha querida irmã? — Ele disse ao vê-la encarando as ondas, seu sotaque mais acentuado que o dela ecoando alto com seu leve tom de ironia.

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Atrasado, como sempre, mas ela não se importou dessa vez. Ver o irmão a fez soltar o fôlego quem percebera estar prendendo e permitir que os olhos marejassem. Não queria chorar, sempre fora forte demais para isso, mas, se não deixasse um pouquinho da tensão escapar, acabaria explodindo em algum momento. E não queria isso. Se explodisse, perderia o controle.

Ela o chamou para que se sentasse ao seu lado. Quando ele o fez, ficou calada por uns dois minutos até começar a falar. Precisava falar com alguém e a melhor pessoa era seu irmão. Apesar de todas as brigas e discordâncias, não havia quem ela amasse mais no mundo.

— Eu tenho tido sonhos.

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O olhar de Valerie o preocupou e ele esqueceu completamente a ironia ou o incômodo de achar que ela estava querendo brigar com ele por algum motivo. Tinha algo acontecendo e era sério o suficiente para ela se deixar fraquejar diante dele. Klaus conhecia Valerie o suficiente para saber que ela só demonstrava o mínimo de soofrimento quando a coisa já estava em alto nível.

— O que aconteceu? — Perguntou, aproximando-se dela alarmado. Suas mãos estavam geladas. Ele se sentou ao seu lado e passou o braço em volta de seus ombros. — Vamos, conte pra mim.

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Quando ele a abraçou, Valerie não conseguiu segurar as lágrimas. O pior de tudo era que um sonho, tecnicamente, não deveria causar aquele efeito, mas ela não conseguia segurar a preocupação. Tinha certeza de que havia algo muito grave prometido para ela.

— Faz três noites que tenho o mesmo sonho. Estou diante de três portas e não importa a sequência que eu abra, as cenas são sempre as mesmas e na mesma ordem.

Ela respirou fundo e tomou coragem para falar.

— Na primeira, estou mais velha e correndo na chuva e raios caem com força ao meu redor, mas, por algum motivo, não me acertam. Estou com dores, como se meu corpo estivesse sendo aberto de baixo pra cima, e o esforço que eu faço pra subir só piora. Eu grito por socorro e uma mão se estende pra mim, mas eu não sei quem é essa pessoa. Então eu percebo que estou no topo da Colina Meio-Sangue e a sensação de estar segura me faz desmaiar. Quando meus olhos se abrem de novo, eu estou na enfermaria e as dores aumentaram. Quíron está lá, mas não vejo você, isso me deixa desesperada. De repente, as dores começam a passar e minha visão apaga de vez.

Ela parou um pouco para respirar fundo. Encolhia-se no braço do irmão ao seu redor e segurava a outra mão dele entre as suas como um amuleto, uma âncora que a manteria viva e sã.

— Voltei para as portas e abri uma nova. Na segunda cena, estou numa praia, mas não consigo entrar no mar. Não consigo entender se é alguma força que me repele ou se simplesmente não tenho coragem. Meu coração dói como se eu estivesse passando por um arrependimento muito grande, eu estou com um vestido preto e, de novo, sinto que sou mais velha. Eu procuro você e não te encontro de novo, mesmo sabendo que você deveria estar por perto. Minha visão se apaga outra vez e eu retorno às portas.

Valerie olhou para Klaus e viu apoio em seus olhos. Ele parecia preocupado, mas perfeitamente atento ao que ela tinha para contar. A última cena era a que parecia a menos pior de todas, mas ainda trazia uma intensa carga de tensão.

— Quando passo pela última porta, estou sentada em uma fonte. Um pátio grande tem vários quadros que eu tenho certeza de que foram pintados por você. Tem umas poltronas por ali, eu acho que quem mora nesse lugar gostade passar muito tempo nessa área. Dá pra ver que um corredor lateral leva para uma parte maior e eu não sei o que tem lá. Então, de uma escada no lado oposto ao do corredor, você desce. Está um pouco mais velho e com uma barba por fazer, mas seu estilo não mudou. Você tem um olhar preocupado e me pede para subir porque "as coisas vão ficar feias de novo". Você puxa uma espada e estende a mão pra mim. Eu vou com você e a gente sobe. Eu tenho a sensação que vivemos sendo perseguidos. Então minha visão apaga e, agora, só uma porta aparece diante de mim. Eu entro e acordo.

Ao fim do relato, a menina olhou para o irmão quase suplicando por uma explicação. Queria saber o que estava acontecendo, mas achava que Klaus também não saberia dizer o que aquilo significava.

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Klaus ficou pensativo por um momento. Havia uma teoria se formando em sua cabeça e ele acreditava que sua irmã gêmea já tinha pensado nisso, mas provavelmente queria que ele dissesse outra coisa. Ele ponderou um pouco e resolveu dizer o que pensava. Não era coisa boa. Filhos de deuses nunca recebem coisas boas em sonhos.

— Acho que foi uma visão. Ou melhor, três visões. Nós somos filhos da mestra das encruzilhadas, então acho que isso tem a ver com as suas escolhas. Talvez, em algum momento, você precise tomar uma decisão que vai te levar a um desses finais.

Ele suspirou fundo. Aquilo não cheirava bem.

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Valerie sentiu as lágrimas caírem mais fortes por seu rosto. Era exatamente o que temia que o irmão dissesse. Visões. Possíveis futuros. Nenhum deles parecia bom o suficiente, mas, pelo menos, no último deles Klaus estava presente de verdade, não era apenas uma sensação. Então, de repente, uma das coisas que o gêmeo falou ecoou de modo alarmante em sua mente.

— Acha que essas coisas são... finais? Eu vou morrer de uma dessas formas?

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A pergunta de Valerie foi como um soco no estômago. Não tinha percebido a carga do que tinha dito. Bem, duas das visões descritas pela irmã pareciam ser apenas produtos de suas ações, sem dar mais pistas do que viria a seguir. O que o preocupava era a primeira. As dores, a enfermaria e a visão dela se apagando quando o sofrimento finalmente dava um descanso. Não dava para saber se aquilo simbolizava um simples sedativo ou a morte.

— Val, eu não sei... Parecem resultados. E não tão imediatos, como se você fosse sofrer as consequências de alguma coisa só a longo prazo, talvez. Mas, seja como for... Olha, eu não sei por que não apareço em duas das visões, mas quero que saiba que eu estarei com você sempre que precisar de mim. Eu sei que a gente não se entende na maior parte do tempo, mas você não está sozinha.

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Os pares de olhos verdes, sendo os dela bem mais claros que os dele, fitaram-se atentamente. Ainda segurando uma mão dele nas suas, ela perguntou:

— Você jura?

Não estava duvidando do irmão, mas precisava ouvir a confirmação dele para ter confiança em si mesma. Nunca se sentira tão assustada em toda a sua vida. Se os sonhos fossem apenas chamados para alguma missão perigosa, ela já teria aceitado e talvez já estivesse até voltando. O problema era essa promessa para o futuro. A expectativa. A surpresa ao fim daquele caminho não parecia nem um pouco boa.

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Klaus tirou o braço de cima dos ombros da irmã e sacou sua adaga, fazendo um corte em sua palma direita, sua mão dominante, aquela que ele usaria para protegê-la quando o momento chegasse. Ele a estendeu para Valerie e o sangue pingou sobre a areia da praia. Se alguém tivesse dito, duas semanas antes, que os gêmeos estariam forjando um laço tão forte, seria tachado de mentiroso, mas as coisas estavam ficando diferentes nos últimos tempos. Bem diferentes.

— Always and forever.*

*Sempre e para sempre

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always and forever

As lágrimas que vieram agora não eram mais de medo, mas de uma emoção impossível de descrever. Ela pegou a faca do irmão e, com o mesmo pensamento da mão dominante, abriu um corte na palma esquerda. Juntando as mãos, entrelaçou seus dedos aos dele e respondeu:

— Always and forever.

Ela deitou a cabeça sobre o ombro dele e sentiu-o retribuir o gesto carinhoso inclinando-se para ela. Ficaram observando o mar com suas ondas calmas até o momento em que a concha de Quíron soou para anunciar o horário do jantar. Só então se levantaram, dirigiram-se ao chalé para uma bandagem nas mãos e rumaram para o refeitório. Não importava o que iria acontecer, estariam juntos. Sempre e para sempre.

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