Tabula Rasa — RP fechada de Sophia Einstein e Darren Higgins

Tabula Rasa

As questões do amadurecimento precoce

Semideuses são indivíduos que transitam entre o mundo ordinário e a realidade fantástica das coisas. São heróis e vilões que desenvolvem suas personalidades enquanto são obrigados a conviver com capacidades metafísicas e monstruosidades sobrenaturais. Uma criança mestiça (meio divina e meio mortal), tem o mesmo comportamento que uma criança comum?



A rp se passa na Praia dos Fogos, na costa do Acampamento Meio Sangue. Estão há algumas semanas da Insurreição. Fazem 20 °C dentro das barreiras mágicas, são 16h e a movimentação por ali é baixa porque muitos estão treinando.

Condições atuais:
Darren Higgins 110/110 HP e 110/110 MP
Sophia Einstein 170/180 HP e 160/180 MP

Sophia estava completando exatamente um ano de acampamento. Um ano desde que havia descoberto que sua outra mãe não estar fisicamente presente, não significava que não estava de olho em cada passo que a menina dava e, dentro de suas limitações, fazia o máximo para protegê-la. Incluindo, manter-se fisicamente longe da menina para evitar que a criança fosse atacada por mais monstros. Nove anos de idade, um grande passo. Quase dois dígitos de idade e uma bagagem de história maior do que muitos adultos mortais. Porém, nada disso impedia a menina de se manter otimista sobre seu futuro ou o de sua equipe quando estava em missão. Era como se a criança tivesse plena ciência de que todos sentimentos são importantes, mas nem todos são úteis em todos momentos. Quer dizer, em uma situação de ataque, se você ficar paralisado pelo medo, de nada vai adiantar. Contudo, o medo pode lhe ajudar a se precavir de um possível ataque, diminuindo as chances de derrota e, muito provavelmente, morte.

Em suma, algo havia atraído a atenção da criança nos últimos dias. Um semideus de Poseidon cuja idade se aproximava da sua havia chegado ao acampamento. E era conclusivo que ele poderia estar tão confuso quanto ela quando chegou. Porém, talvez por timidez ou por preferir dar um pouco de espaço para que o garoto conseguisse assimilar o bombardeio de informações que todo semideus recebia ao encontrar sua nova casa, não havia se aproximado ainda. Mas isso mudaria naquele dia.

Caminhando para voltar ao chalé depois de seu treino de facas, a loirinha estava vestida com um bodyshorts preto e a camiseta do acampamento amarrada para que seu corpo não ficasse boiando no tecido durante a luta. Os cabelos loiros e rebeldes amarrados em um coque alto com fios que caíam contornando o rosto e um par de tênis AllStar. E, foi nesse trajeto que observou o menino caminhando em direção à praia. Era uma política comum para Quíron pegar mais leve na rotina de treinos dos recém chegados, já que, normalmente, a mente deles está tentando processar as novidades e dificilmente são enviados em missào imediatamente.

Seguindo para a praia, um biquinho se formou nos lábios da menina, retorcido, enquanto ela estreitava os olhos cinzentos o observando de longe. Uma tentativa de comunicação com seu pai divino, talvez? Dando um certo espaço entre os dois, a semidivina de Atena parou a alguns metros de distância e tentou manter uma expressão natural no rosto, mesmo que desvendar os sentimentos por detrás dos olhos cinzentos dos membros do chalé VI sempre fosse um enigma trabalhoso para a maioria.

— Eles escutam. — Pronunciou-se de forma breve e suscinta, referindo-se aos deuses, conforme desenhava um indício de sorriso em seu rosto. — E, às vezes, até mesmo respondem. — Findou

Um sorriso mínimo se formou nos lábios da menina que continuava encarando-o com o olhar atento e tempestuoso, enquanto o analisava de uma forma quase constrangedora para a maioria das pessoas. Era um instinto natural dos filhos de Athena, ainda mais depois que começavam seu treinamento de semideuses: procurar possíveis falhas ou posturas de agressividade. Algo fora do controle de qualquer um de seus irmãos e Sophia não estava livre disso. — Eles também. — Respondeu de maneira breve. — Aos poucos, vai perceber que as criaturas marinhas vão se tornar algo diferente de comida para você. — Findou, apertando a mão do garoto, mesmo que ainda hesitante em fazê-lo. A menina era desconfiada por natureza quando se tratava dos filhos dos inimigos naturais de sua mãe. Fossem eles aranhas ou filhos de Poseidon. — Sophia, chalé de Atena. Muito prazer. — Cumprimentou, ainda seguindo os padrões de educação básico que havia aprendido ao longo da vida, mesmo que o olhar penetrante da semidivina parecesse penetrar até a alma daqueles que encaravam diretamente seus olhos de um tom de cinza denso e intenso que contrastava com a pele naturalmente bronzeada da menina.

Fitando os tênis com o comentário que se seguiu da prole dos mares, Einstein deu uma breve risada entre dentes, quase inaudível, ao afastar com a mão as mechas de cabelos rebeldes que insistiam em cair em seu rosto. — Digamos que foi uma parada fora do previsto. — Comentou com um fundo de humor na voz. — Você é o filho de Poseidon que chegou faz algumas semanas, certo? — Aquela, sem dúvidas, podia soar como uma pergunta, mas era uma informação. A prole da Sabedoria jamais se pronunciava sobre algo sem saber já, ao menos, da maioria das respostas. — O Acampamento pode ser bem confuso no começo. Ainda mais para os mais novos, já que a maioria dos mais velhos estão focados demais no próprio treinamento para reparar a expressão de "onde amarrei meu jegue" dos recém chegados. Se precisar de explicações, estou aqui já faz um ano. — Findou.

Ao perceber a reação do garoto quando ouviu sobre o período que Sophia já estava no acampamento, o primeiro instinto da semideusa foi de lhe informar que agora sua casa era ali. Contudo, optou por manter os lábios selados, esperando para ver o que mais saía dele. Afinal de contas, normalmente, reações exageradas escondem emoções e pensamentos por detrás e, sem sabe-los, uma postura adequada não poderia ser tomada. Ouvir mais e falar menos, esse era o lema de Sophia quando se deparava com algum campista novo. A maioria que chegava ali tinha tantas dúvidas, pensamentos e sentimentos engasgados que a menina sabia que precisavam apenas que alguém se aproximasse de forma sutil o suficiente para que tudo fosse colocado para fora. E, apesar de ser monitora do chalé aos nove anos de idade, Einstein não deveria ter sua capacidade de diplomacia subestimada. Não quando sua progenitora era Athena. Por isso, ela não impediu o menino de demonstrar tudo o que havia em uma luta constante dentro de si. E, quando tudo acabasse, poderia conhecer a pessoa oculta por detrás daqueles sentimentos. Era quando os semideuses começavam a se adaptar, por isso que Quíron evitava atolar os novatos de treinamentos caso o recém chegado não estivesse destinado a ser enviado logo em missões externas.

Com uma expressão compreensiva, a garota apenas deu de ombros quando o garoto cessou, sentando-se na areia e abraçando os joelhos. Um ambiente onde o novato se sentisse mais a vontade facilitaria as coisas e ela sabia disso. — Então, Darren... — Começou, pausadamente. — Esse lugar é minha casa e, os campistas daqui, minha família. Incluindo você agora. — Disse, com um indício de sorriso que desapareceu tão rápido quanto surgiu. — Estou em casa. — Concluiu com um fundo de humor, mesmo que seu semblante permanecesse indecifrável, uma herança de sua progenitora divina. — É como se estivesse morando com a família de minha mãe. — Brincou. — Fora que aqui estamos protegidos dos monstros que, no segundo que ultrapassamos as barreiras, tentam nos matar. — Respondeu em um tom calmo e tranquilo antes de voltar as íris prateadas para as verdes do menino, ignorando o comentário sobre os monstros. Cada coisa a seu tempo. — E no que pensa? — Questionou, apertando melhor o rabo de cavalo.