— Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

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Mensagem por Orfeu Ter 30 Jun 2020, 12:35




Ruína e Ascensão

Saudações, semideuses!
É chegado o momento, os eventos de Ruína e Ascensão dos deuses e suas crias já encontram-se em andamento e não estar nos grupos principais não significa que é impossível intervir, deixar sua marca e também ganhar pontos de experiência e recompensas diversas.

Este tópico é destinado à postagem das missões paralelas, que encontram-se disponíveis nesse link (clique). O turno zero é a única exigência para a participação e pode ser lido nesse outro link (clique), portanto aqueles que postarem qualquer enredo neste tópico sem antes marcar entrada no evento através do turno zero, terão o texto invalidado. Sintam-se livres para desenvolver as propostas quantas vezes e com quantas contas quiserem.

Tudo pronto? Hora de agir! Antes de mais nada, fiquem atentos apenas às seguintes diretrizes:

Orientações


  • As missões paralelas estarão disponíveis para realização até as 23:59 do dia 25/07 e novos enredos poderão ser acrescentados no decorrer do evento;

  • É importante explicitar qual o grupo (heróis ou antagonistas) e enredo escolhido, seja no título do texto/template, em spoiler ou qualquer outro meio, para que seja dada uma avaliação coerente e facilite a distribuição de recompensas;

  • As avaliações serão feitas apenas pelos deuses que compõem a equipe, sendo eles narradores, avaliadores ou atualizadores. Todos estão envolvidos para que as coisas tenham o melhor andamento possível!

  • Todas as missões paralelas compreendem atividades temporais, portanto só será permitida a realização de uma nova quando a anterior estiver ao menos avaliada. Postagens que desrespeitarem essa regra serão invalidadas;

  • Caso o jogador decida dar por encerrada sua participação no evento, basta solicitar nos pedidos de avaliação/atualização de tópico [sujeito a modificação] qualquer avaliação pendente e/ou a atualização de todas as suas recompensas;

  • Deem o seu melhor, pois até mesmo os enredos secundários poderão afetar o rumo dos acontecimentos entre o mundo mortal e semidivino. Divirtam-se!

  • Dúvidas podem ser sanadas por MP diretamente aos idealizadores (Orfeu e/ou Baco)

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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Kristy Grandine Sex 03 Jul 2020, 16:02



Redução de Danos

Começou logo após Kristy descer do pégaso que lhe deu uma carona até uma das ruas próximas do Empire State — não querendo admitir para si mesma, mas sendo a verdade: a menina tinha medo de pousar na frente do prédio que levava ao Olimpo e se dar mal logo de cara —, chegando do Acampamento Meio-Sangue. Ainda era cedo, e as ruas estavam silenciosas e vazias. Ou pelo menos foi o que ela pensou.

Assim que deu três passos notou um bebê abandonado em um carro. Ela percebeu então que no prédio logo à frente o portão de entrada estava entreaberto, um pé o impedindo de se fechar: o dono dele era um homem caído já dentro do prédio, adormecido como todos os demais mortais na cidade. Ao redor dele sacos de compras de supermercado e uma bolsa de bebê estavam espalhados.

A semideusa não conseguia entender como ele poderia priorizar as compras e entrar com elas primeiro ao invés do próprio filho, mas não perdeu muito tempo o julgando. Arrastou-o mais para dentro e tirou a criança que tranquilamente dormia em sua cadeirinha, deixando-a ao lado do pai. Ela até mesmo lembrou-se de trancar o carro e colocar a chave no bolso do homem antes de fechar o portão, deixando-os em segurança.

Após isso ela passou a encontrar um mortal adormecido e largado na rua em cada esquina em que virava.

Sendo pequena e magrela, o trabalho de ter que arrastar adultos inconscientes mostrou-se penoso. A senhora que teve o casaco de cashmere arruinado ao cair em uma poça no meio fio foi escondida em um beco lateral, e mesmo com Kris tentando puxá-la pelas axilas com calma e aos poucos o restante do look supercaro dela foi arruinado no processo de deslizar nada suave pelo concreto. Pelo menos ela estaria mais segura ao lado da lixeira e escondida por caixas de papelão do que no meio da rua.

Alguns mortais furadores do lockdown a fizeram questionar se valia mesmo a pena movê-los, mas ao se lembrar que tudo aquilo poderia ser um campo de batalha a curandeira não conseguiu apenas os deixar ali, sendo alvos fáceis e desprotegidos no meio do caminho. O primeiro deles foi o rapaz obeso que havia sucumbido ao encanto de Morfeu no meio da rua e ainda estava caído sob uma motocicleta.

Tirar a moto de cima dele foi a parte fácil. Com algum esforço Kristy apenas a jogou para o outro lado na rua mesmo — decidindo naquele momento que sua prioridade era os mortais e não as coisas materiais deles, mas o difícil veio em seguida. Após conseguir o mover pelo que pareceu ser apenas alguns milímetros, mesmo fazendo uma força descomunal para tentar puxá-lo pelo casaco, a menina desistiu e decidiu fazer o que todo semideus em aparos costuma fazer: apelar para os deuses.

Asclépio do céu, socorro! — Percebeu então que suplicava para o deus errado, e tentou novamente olhando para o céu: — Héracles todo poderoso! ‘To precisando de uma forcinha... literalmente. Me dê forças ‘pra arrastar esse gordo e eu queimo minha próxima refeição na fogueira ‘pra você... se eu sobreviver até ela.

Ela esperou por algum sinal ou sensação de poder percorrer seu corpo, ao não ganhar nenhum dos dois tentou puxá-lo novamente mesmo assim. E ao perceber que Héracles a havia ignorado após fracassar mais uma vez ela apoiou-se nos joelhos para recuperar o fôlego, o rosto vermelho pelo esforço e o corpo esquentando-se com suor. Foi então que ela teve uma ideia maluca.

Levantou a moto, que apesar dos faróis e retrovisores quebrados e os arranhões na lataria estava em boas condições, e a empurrou até o outro lado — contornando o corpo do homem. Surpreendeu-se em como o veículo não era tão pesado (e como podia aguentar o peso de seu dono só os deuses podiam dizer). De sua bolsa mágica de componentes médicos retirou uma boa quantidade de rolos de ataduras, esparadrapo e talas de imobilização de EVA.

Sentando-se no chão suas mãos trabalharam agilmente, amarrando os rolos firmemente uns nos outros até ter uma corda improvisada de quase uns três metros. Prendeu então uma das extremidades dela ao redor do tórax do rapaz (o que consumiu a maior parte dela) e a outra na traseira da moto. Não confiando no capacete ela montou um suporte com as talas de EVA e muito esparadrapo para apoiar o pescoço do rapaz, garantindo assim que sua cabeça não fosse ficar quicando no asfalto.

Conferindo que a chave ainda estava na ignição a semideusa subiu na moto, tomando cuidado para equilibrar-se com suas pernas curtas, e apesar da criança nunca antes ter pilotado uma o seu corpo simplesmente soube o que fazer, sentindo como conduzir o veículo corretamente.

Era algo que ela já havia percebido ser capaz de fazer, uma habilidade que herdará por ser filha do deus dos viajantes: conduzir qualquer que seja o veículo que queira.

Ela avançou lenta e controladamente, em uma trajetória curva até a calçada e avançando sobre ela. Continuou na calçada até que todo o corpo do rapaz subisse nela, parando aí. Desligou o veículo e o deixou por ali mesmo, e ao desamarrar toda a sua gambiarra a única coisa que faltava era a parte fácil para Kristy.

O pequeno acidente que sofreu ao dormir instantaneamente em cima de sua moto não deixou o mortal ileso, e a curandeira, utilizando novamente o material de sua bolsa mágica, limpou os cortes no braço e perna que haviam arrastado no asfalto, retirando os cacos de vidro que ficaram nos ferimentos mais feios e fazendo curativos quando necessário. Até mesmo imobilizou o pulso direito quebrado.

Ele acordaria muito confuso, mas a menina havia feito tudo o que poderia por ele.

Continuando em sua patrulha a semideusa resgataria logo na próxima esquina um casal de adolescente (tão magrinhos quanto ela, graças aos deuses) que havia caído um sobre o outro de forma nada romântica e confortável ao apagarem, deixando-os escondidos entre latões de lixo atrás de um restaurante. E então mais um senhor na mesma rua, que sem muitas opções próximas de esconderijos teve que ser deixado no alto de uma escadaria que levava a um prédio. Qualquer coisa era melhor que o meio da rua.

Parando então para um descanso Kris se sentou no meio fio, com os músculos doloridos pelo esforço e o rosto quente. Ela fechou os olhos e sentiu grata o vento frio na pele. Mesmo ainda sendo cedo o absoluto silêncio que vinha tendo em seu percurso por aquelas ruas não a reconfortava, era apenas sinistramente suspeito — como a calmaria antes de um ataque que já deveria ter chegado até aquele lado da cidade.

E com um excelente timing naquele mesmo momento os primeiros sinais dele chegaram até a semideusa.

Primeiro seus ouvidos apurados captaram, vindos do final da rua em que estava, diversos pares de pernas correndo desesperadas (passos de pessoas querendo ser cautelosas jamais fariam tamanho barulho). Elas praguejavam entre arfadas cansadas, mas ainda estavam distantes demais para se compreender o que diziam.

Grandine não precisou de mais para se pôr de pé em um pulo e correr na direção da comoção, não preocupando-se em ser cuidadosa ou com a possibilidade de estar indo em encontro a um bando de inimigos (ela só queria servir para algo além de babá para mortais).

Antes de chegar ao meio da rua ela já estacava, reconhecendo as pessoas raivosas que vinham com as armas empunhadas e erguidas. Em poucos segundos seus olhos astutos entenderam o que aquela inusual cena era: uma perseguição. Um grupo de quatro filhos de Atena (que a curandeira conhecia do Acampamento Meio-Sangue) estava no encalço de uma dupla suspeita, cada um dos dois carregando um saco de lona no colo como se fosse um bebê. Pela postura dos dois Kristy soube que eles até tentavam manter o ritmo controlado para não perturbar o que quer que fosse suas bagagens — como se eles as temessem.

E ela logo entendeu o porquê.  

Um dos dois ao perceber Kris ousou olhar para trás, e viu como sua captura e a de seu colega seriam inevitáveis. Ele abandonou a cautela e mexeu na bolsa, atrapalhando-se ao tentar retirar algo dela. Ainda sem saber o que deveria fazer, a menina permaneceu parada como uma mera espectadora, curiosa com o que o perseguido pretendia.

O pequeno frasco redondo de vidro que ele ergueu na mão direita emitia um ameaçador brilho esverdeado, e Grandine entendeu naquele mesmo momento o motivo da cautela deles ao correr com todo aquele fogo grego nos braços. O maluco desesperado preparou-se para lançá-lo.

O colega dele gritou, os filhos de Atena gritaram e Kristy voltou a correr.

Ela estava há cerca de oito metros deles, talvez conseguisse o alcançar e imobilizá-lo. Sete metros. O braço do rapaz terminou seu impulso, o frasco de vidro saindo de sua mão e voando em direção a um prédio ao lado deles.

Era uma loja de bebidas.

Os pés da criança pararam de se mover no mesmo instante, seus olhos acompanhando o frasco com pavor. Ao imaginar o efeito da combinação álcool + fogo grego o corpo da semideusa quis dar meia volta e correr para bem longe dali, mas ao invés disso ela ergueu as mãos e se concentrou naquela verdadeira granada de vidro verde.

Em pleno ar o recipiente pareceu parar por um milésimo de segundo, mudando sua trajetória logo em seguida. Ele voou direto para as mãos da garota, que continuou o encarando mesmo após agarrá-lo com toda a delicadeza do mundo.

Lembrando-se que ainda havia mais dois sacos cheios daqueles vidros ela ergueu a cabeça em busca de inimigos para imobilizar e fogo-grego para confiscar, mas os outros campistas já haviam alcançado os criminosos e cuidavam disso.

Essa foi por pouco, hein? — Comentou com um rapaz de Atena que se aproximava para a cumprimentar.

Enquanto a curandeira lhe entregava o frasco, com todo o cuidado do mundo, um grande estrondo levantou uma nuvem de poeira até aos céus há algumas quadras dali. A noite mal havia começado.

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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Poseidon Dom 05 Jul 2020, 01:13


Avaliação

Olá, cara Kristy! Tudo bem? Fiquei responsável pela sua avaliação nessa primeira paralela (e peço perdão pela demora), vamos lá?

Primeiro, quero começar pelos elogios. Você tem uma narração simples, direta e até divertida, o que é muito bom, pois torna a leitura leve e faz com que a gente queira realmente ver o que a personagem vai fazer e como vai reagir. Isso é um ponto alto para você, parabéns!

Mas, infelizmente, não é uma escrita livre de erros. Os que eu mais notei foram a ausência de vírgulas para separar adjuntos adverbiais longos (o que acabou gerando problemas maiores, como quebra de fluidez e separação de sujeito e predicado em certo caso) e alguns probleminhas com colocação pronominal.

Um caso especial sobre o qual quero dar um toque é o uso do "ao invés de". Essa expressão significa "ao contrário de", ou seja, traz uma ideia de oposição. Não deve ser confundida com "em vez de", que significa "no lugar de". Observe:

Kristy Grandine escreveu:A semideusa não conseguia entender como ele poderia priorizar as compras e entrar com elas primeiro ao invés do próprio filho (...)

Perceba que o filho do cara desacordado não é oposto às compras, como branco é oposto a branco, sim é oposto a não, etc. O homem deu prioridade a uma coisa em detrimento de outra apenas. Em casos assim, o ideal é que se escreva:

Poseidon escreveu:A semideusa não conseguia entender como ele poderia priorizar as compras e entrar com elas primeiro em vez do próprio filho (...)


PONTUAÇÃO


— Coerência: 50 de 50 possíveis;
— Coesão, estrutura e fluidez: 23 de 25 possíveis;
— Objetividade e adequação à proposta: 15 de 15 possíveis;
— Organização e ortografia: 7 de 10 possíveis.

Total: 95 xp + 47 dracmas + 2 tokens

Descontos: -12 MP

ATUALIZADO


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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Kathryn Sawyer Ter 07 Jul 2020, 17:38


Unfortunate Royalty
ruína & ascenção: gárgulas

Não acreditava nas proporções da guerra.
O táxi cinzento mal deixou que desembarcasse. Acelerou pela avenida, empurrando uma leva de criaturas aladas. A barricada estava formada; diversos semideuses lutavam para impedir o ataque das gárgulas. Sangue escorria como água. Mortais corriam perigo, desacordados no campo de guerra. O caos estava instaurado. Kathryn correu com Maddie até uma jovem abaixada nas trincheiras improvisadas, buscando compreender a gravidade de tudo que acontecia.

— Ótimo. Precisamos de ajuda. Vá agora! — a baixinha ordenou. Estava determinada e nem sequer perguntou o nome da nova aliada.

— O que houve?

— Gárgulas. Para todos os lados. Precisamos salvar os mortais. Vá!

— Tudo bem — não descordou. Podia argumentar na guerra? Tocou a cabeça de Maddie, ativando sua lança e escudo em seguida. Armada, Kathryn viu no caos uma oportunidade de se permitir esquecer seus problemas com Zeus, descontando sua frustração em quem realmente merecia. Sua rainha havia ordenado e devia cumprir suas expectativas.

Correu pela avenida destruída. Carros estavam revirados, ‘vitrines’ destruídas e incêndios consumiam cada esquina. Não hesitou em ajudar quem encontrava pelo caminho: saltou por cima de um carro, fincando a lança sobre uma das criaturas do inferno que lutava contra um semideus. Ela recuou, batendo as asas. Girou o cabo da lança no ar, apontando o equipamento. A mascote saltou, abocanhando as costas da criatura.

— Boa garota. Atacar — avançou com uma estocada no abdome, faiscando eletricidade sobre a pele enrugada. Irritada, a gárgula apanhou Maddie com suas garras e a arremessou contra o garoto que se levantava.

— Maddie! — Sawyer levantou o escudo, sendo empurrada pela investida da criatura negra. Suas garras rasparam a superfície, forçando-a flexionar os joelhos.

A devota abriu a boca, conjurando o hálito inebriante de sua protetora. O aroma adocicado invadiu as narinas do demônio que hesitou por um momento. Com a guarda baixa, aproveitou para estocar mais duas vezes sua lança contra o peito do monstro que caiu. Pressionou o peso do próprio corpo, finalizando-o.

— Você esta bem? — o semideus perguntou enquanto se levantava com a mascote — Obrigado pela ajuda.

— Sim. Não temos tempo. De onde vieram essas coisas?

— Estão por todos os lados. Levaram algumas pessoas para um galpão no fim da rua.

— Fique aqui e tome ajude os outros. Irei atrás delas.

— Mas é perigoso e… Abaixa! — disse saltando. Os dois caíram. Um borrão negro rasgou o ar, carregando mais um mortal pelos ares.

— Vamos, Maddie — Kathryn assoviou, tocando o pingente no pescoço antes de dobrar o ar em sua volta. Seu corpo planou, sobrevoando rapidamente a rua infestada.

— Kairós iria adorar isso — comentou durante a perseguição. O tempo era mais que oportuno.

Desviou de duas placas, puxando o capuz da jaqueta para camuflar-se. Teve de ignorar alguns aglomerados, afinal, a prioridade era resgatar um grupo maior. A julgar pelo posicionamento dos semideuses, teria suporte dos campistas ao redor do Empire State. A gárgula arremessou o mortal pela fenda no teto de um galpão abandonado. Acelerou, alertando Maddie com um sinal ao perceber algumas criaturas rodeando o imóvel.

— Bom jantar, garota. Tome cuidado — Confiava na mascote. O autônomo saltou pelo calçamento, rugindo enquanto suas engrenagens faiscavam. Saltou, abocanhando a primeira guarda que rolou pelo chão. Com o caminho livre, Sawyer entrou na carnificina pela mesma fenda.

Mortais se encolhiam atrás de máquinas agrícolas velhas enquanto criaturas sombrias brigavam entre si por pedaços humanos. O cheiro forte a enojou, servindo como um ótimo estímulo à batalha. Se Hera desejava proteger o mundo em vez de derrubar o marido bastardo assim o faria. Seria a embaixadora da rainha — que permitiu qualquer atitude naquela noite.

A violência não era a solução, claro. Sempre acreditou no poder da diplomacia. Em outro momento, tentaria argumentar para salvar os humanos. Dessa vez, Kathryn não iria se segurar. Arremessou a lança na primeira criatura abaixo de seus pés, ganhando a atenção de três inimigas. Com um salto, golpeou o rosto do ser violentamente, empurrando-o para longe. Furiosa, a prole de Zeus apanhou sua arma novamente para conjurar um clarão divino. A luz emanou de seu corpo, cegando as gárgulas que, confusas, abriam o caminho para uma luta injusta. Rodou o cabo, rasgando o braço esquerdo da primeira e saltando para empalar a segunda. A adrenalina tomava conta, fervendo cada músculo de seu corpo como nunca.

— Saiam — ordenou aos mortais. O grupo correu assustado, cambaleando até a saída. Um momento de descuido e uma gárgula golpeou a semideusa com os braços, derrubando-a.

Saltou sobre, pressionando seu escudo contra o peito. Grunhiu, forçando a aura mágica de modo a contrariar as criaturas. A energia fluiu, forçando aos monstros a brigarem entre si. Sua inimiga largou o escudo, saltando sobre as outras feridas. Um golpe clássico. Levantou o cabo da lança, perfurando as asas da primeira com um golpe. Continuou, rodopiando pelo chão sujo como uma dançarina habilidosa.

A eletricidade de sua lança fervia a carne, perfurando e estocando cada uma das inimigas. Parou ofegante quando a última caiu, transformando-se em poeira. Quando pensou ter se livrado, mais duas gárgulas surgiram dos fundos. Arranharam às costas, arrastando Kathryn até o exterior do barracão. Cambaleou, tossindo um pouco antes de se levantar para luta. Maddie saltou, cuspindo um pedaço das criaturas. Um orgulho.

— Boa garota. Deixe comigo agora.

Com as mãos, invocou o poder do ouro ilusório para ganhar uma abertura. As gárgulas grunhiram, hesitando em atacar por poucos instantes — o suficiente para que pudesse se aproximar com uma estocada. Cravou a ponta da arma no peito da primeira criatura, eletrificando seus órgãos. Sem sucesso com a segunda, Sawyer gritou ao sentir o ombro direito ser rasgado. Baforou o hálito inebriante novamente, acertando a superfície do escudo contra a criatura.

Seria difícil lutar sem um membro, então, recorreu à adaga. Largou o escudo, cravando a lâmina contra os olhos da gárgula. Seu crânio congelou, solidificando sua expressão sanguinária. Com o punho, Kathryn esmagou a cabeça do monstro brutalmente em uma explosão prazerosa. Não houve tempo para comemorar — a segunda atacou com um golpe, puxando suas pernas. Maddie desobedeceu à semideusa, saltando nas costas. Apanhou a lança com dificuldade, eletrocutando a jugular com uma estocada.

A criatura caiu, grunhindo antes de desaparecer. Na esquina, um grupo de adolescentes corriam com lâminas e armaduras de batalha. Posicionaram-se ao redor do quarteirão, afastando outras gárgulas com as mais diversas artimanhas olimpianas: granadas de fogo grego, flechas, projéteis mágicos. Tudo era válido. Kathryn destampou o leite sagrado, engolindo o líquido pastoso.

— Teimosa. Eu disse para esperar.

— Você esta bem? — a jovem de antes se aproximou.

— Sim. Precisamos continuar. Não encontrei todas lá dentro, fugiram antes.

— Basta. Você já fez o que precisava. Retorne às trincheiras para recuperação.

— Não. Irei lutar.

— Gael, Clark — assoviou, chamando dois brutamontes que direcionavam os mortais em segurança — escoltem-na. Cuidamos do resto.

— Acha mesmo que irei hesitar? Hera ordenou derramamento de sangue pelo Olimpo.

— Com esse ombro ferido não conseguirá cumprir nenhuma ordem. Acredite na pessoa que perdeu boa parte dos irmãos mais cedo por uma besteira dessa. Volte.

— Como quiser — Kathryn mentiu. O olhar naquela criança a recordava de si. Determinada, calculista. A combinação perfeita para um fim trágico. Não ousou contraria-la, afinal, gostaria de mais uma semideusa forte pelo ressentimento. Acompanhou os dois guardas junto de sua mascote para tratar o ferimento e honrar o nome de Hera mais uma vez naquela noite eterna.


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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Annie Murray Qua 08 Jul 2020, 04:58

Ruína e Ascensão

Capítulo 01 - Urgência!


Quíron deu as ordens quando todos se reuniram. Não era possível ainda se aproximar do Empire State Building, de modo que o grupo da incursão precisaria ganhar território pouco a pouco até alcançar o local e expulsar as forças inimigas. Porém, equipes de apoio ficariam ao redor do cerco, coordenando as situações secundárias a fim de facilitar a vida dos soldados principais. Foi aí que Annie se encaixou.

A indefinida chegou a Nova Iorque graças ao auxílio de Hades, deus que parecia gostar de colocá-la em situações de risco (embora até parecesse gostar muito dela), e o reencontro com o líder do Acampamento Meio-Sangue não foi exatamente confortável. O centauro estava havia meses sem notícias sobre a menina que criara desde bebê e agora a via retornar em um momento de completo perigo.

Quando os grupos foram separados, a pequena foi logo se direcionando para as áreas em que poderia atuar, tentando ao máximo evitar um contato direto com o “padrinho”, pois não havia tempo para explicações em um momento como aquele, mas o híbrido não a deixaria fugir de suas vistas tão facilmente outra vez.

— Não vai nem me cumprimentar? — A voz grave a alcançou enquanto ela dava os primeiros passos em direção às quadras nas cercanias do limite alocado.

Ela parou, fechou os olhos e respirou fundo. Era claro que sentia falta dele, mas sua fuga se dera por mágoa, por ver que aquele que cuidara dela desde o nascimento fazia questão de esconder informações importantes sobre sua família e parecia não acreditar em suas capacidades como meio-sangue.

— Olá, Quíron — ela disse, enfim, voltando-se para ele. Em seus olhos, ela pôde preocupação e reprovação. Nada além do esperado, pensou. Sabia que o lendário provavelmente tinha uma bronca pronta para discursar à primeira oportunidade. “Você é uma criança, Annastasia!”, ele diria.

— Não irá a lugar algum antes de me dizer exatamente o que estava pensando ao fugir do acampamento!

A menina escorou o corpo leve em um dos blocos de concreto que fechava o perímetro em volta da entrada do Olimpo e pôs as mãos nos bolsos, despreocupada, enquanto encarava o ex-guardião com as sobrancelhas arqueadas em expressão de desafio. Ele já tinha visto aquilo antes... Muitos anos antes.

— O que acha que eu estava pensando? Por favor, entretenha-me.

— Você é uma criança, Annastasia!

— Lá vamos nós...

— Deixar o refúgio foi a coisa mais estúpida que você poderia fazer! Os horrores do mundo externo... Você nunca tinha enfrentado essas dificuldades!

— Eu sou uma campeã da Névoa. Mostre algum respeito. — A expressão da menina era quase totalmente serena enquanto falava calmamente, mas a frieza em seus olhos dava um tom completamente diferente às suas palavras. Quíron quase não a reconhecia mais, parecia estar vendo outra pessoa... Isso o enfureceu.

— E EU NÃO GOSTO DESSA ATITUDE! — Ele esbravejou.

— Devo me importar? — Redarguiu, com a mesma expressão de impessoalidade.

— O que aconteceu com você? — Agora, ele parecia genuinamente preocupado.

— Eu tomei o controle. Foi isso que aconteceu. Você escondeu informações sobre a minha família, Quíron! Eu não pedi que me falasse quem era meu pai, eu sabia que não poderia ter essa informação, eu só queria conhecer a minha mãe! Tudo o que você dizia era que ela tinha sido brilhante e mais nada! Eu tenho um tio!

O diretor pareceu alarmado, como se a menina tivesse acabado de dizer que estava se juntando a uma facção terrorista. As suspeitas sobre o novo comportamento se agravaram.

— Haja o que houver, não se aproxime daquele homem, Annastasia. Ele é...

— LAVE A SUA BOCA ANTES DE FALAR DO KLAUS! — Foi a vez dela de esbravejar.

A pose relaxada e aparentemente despreocupada de outrora deu lugar a uma postura agressiva, com direito a dedo apontado na cara do mais velho (o que gerou o braço completamente levantado, dada a diferença de estatura) e uma seriedade facial ainda mais dura do que a da última vez em que tinham se falado.

— Você já o encontrou...

— E você nada sabe sobre ele.

— Ele foi um aliado de Éris!

— Eu sei! Eu sei de tudo, Quíron! Sei inclusive o que houve quando ele deixou o grupo para proteger minha mãe! A única informação que eu desconheço é a dos deuses envolvidos no meu nascimento, mas, de resto, eu sei tudo! Ao contrário de você, ele não me escondeu nada e acredita em mim!

— Niklaus não é confiável, Annastasia!

Você não é confiável! Você escondeu de mim a minha própria história. A minha família. O meu papel!

— Sua mãe não queria ter parte na loucura que é a sua família e, depois que seu tio fez o que fez, com certeza ela não iria querer mesmo!

— Será que você conhecia minha mãe tão bem assim para ter tanta certeza? Eu sou uma Murray, Quíron. Você nunca deveria ter escondido de mim o significado disso. Agora, por favor, deixe-me fazer o que eu preciso, tenho uma guerra na qual lutar. E nunca mais fale do meu tio outra vez. — Ela virou as costas e afastou-se, pisando forte e decididamente.

Passava longe de ser a mesma menina assustada que fora enviada a Nordvik sem ter noção das próprias habilidades. Não era mais nem sombra da garota que, às lágrimas, encarou o padrinho por ver uma náiade ser morta por quase contar o segredo. Era uma semideusa mais calejada do que deveria para a idade que tinha, com um destino cheio de problemas à espera e uma maldição pronta para ser ativada.

* * *

Uma lufada de pó amarelo surgiu no céu de Manhattan e cobriu uma grande área com uma redoma que não parecia nada auspiciosa. Annie deu a sorte de estar a poucos metros do fenômeno quando ele tocou o chão, fazendo-a notar que todos lá dentro caíram imediatamente, como se tivessem sido desmaiados. Ela sentiu o coração bater forte e tratou de se afastar rapidamente. Na última vez que fora pega em um sono profundo, tivera uma péssima experiência no mundo onírico.

Observando por um tempo, a menina percebeu que o cerco mágico não avançaria mais do que o raio atingido e que começava a desaparecer pouco a pouco. Ainda assim, as vítimas permaneciam desacordadas. Ela deu calmos passos em direção à área, a fim de verificar como poderia ajudar, visto que mortais manifestantes também tinham sido atingidos. Mas o som de lâminas batendo ecoou até os ouvidos da menina, seguido por um claro gemido de dor.

Correu na direção do som. Não havia qualquer inimigo na rua, mas um garoto que deveria ser tão jovem quanto ela estava de bruços sobre uma poça de sangue. O talho no canto inferior direito de suas costas indicava o local do golpe que o derrubara e sua adaga estava fora do alcance das mãos. A menina se aproximou e reconheceu Phillip Donovan, do chalé dos ventos, virando-lhe o corpo com cuidado para avaliar melhor a situação.

De volta aos dias como campista, ela tinha aprendido a verificar batimentos, pontos vitais e aplicar massagem cardíaca em casos necessários. Lembrando-se das lições aprendidas, posicionou as pontas do dedo médio e do indicador ao lado da traqueia do colega, buscando sua carótida. O pulso do filho de Éolo estava fraco, mas ainda existia, o que significava que havia possibilidade de salvamento.

As barracas dos curandeiros estavam por perto, mas seria uma pequena jornada carregá-lo até lá. Com uma breve prece, pediu a Asclépio que conservasse a vida do menino até que ela conseguisse alcançar os servos do deus. Ela tirou o cardigã e, dobrando-o algumas vezes, pressionou sobre o ferimento, fazendo Phillip gemer. Foi bom, ele abriu os olhos. Estar consciente era importante.

— Oi! Escuta, eu preciso que fique acordado. Vou te levar para os curandeiros, mas você não pode dormir, ok?

— Eu...

— Shhh, não fale nada. Só fique acordado e segure o pano aqui — ela levou a mão dele ao tecido, que já estava bem sujo de sangue.

Ajudando-o, primeiro, a se sentar, Annie passou os braços do colega por cima de seus ombros e com esforço, pôs-se de pé com ele pesando à sua esquerda, seu lado mais forte. Lentamente, embora fosse o mais rápido que pudesse ir sem machucá-lo ainda mais, começou a se arrastar em direção ao local onde enfermarias tinham sido estrategicamente alocadas. Depois do pó amarelo, a cidade tinha ficado estranhamente silenciosa, então qualquer barulho era motivo de alerta.

Eles conseguiram percorrer uma quadra inteira de distância até que o problema chegasse. Um semideus mais velho que os dois e nitidamente mais corpulento surgiu, portando uma espada dourada e com uma tatuagem no antebraço — uma lança e um gládio cruzados. As letras SPQR eram vistas acima do símbolo e, abaixo, duas linhas tinham sido tatuadas. Romano. Inimigo natural e, pelo visto, adversário também naquele campo de batalha.

— Os olimpianos devem estar muito desesperados para precisarem da ajuda de duas crianças... — o rapaz zombou, aproximando-se lentamente.

Annie se apressou para apoiar Phillip contra a parede de tijolos expostos de um prédio e, então, voltou-se para o oponente, sacando seu gládio, mas não tomou qualquer iniciativa para atacar. Precisava ter alguma ideia de qual seria o perfil de luta adotado por ele. Pelo que aprendera depois da missão da Névoa, romanos pareciam quase seguir um livro de regras para suas movimentações e ações. A imprevisibilidade grega poderia ser uma boa tática para a menina.

Mas foi nas palavras do tio que ela encontrou os melhores conselhos. Se for ladrar, tenha certeza de que irá morder, ele dizia. Ameaças vazias caíam em descrédito. Ela se lembrou dos dias que passou com ele na cidadezinha antes de vir para Manhattan e em como ele a ensinou a conhecer seus inimigos. O filho de Belona diante dela aparentava ser do tipo que se considerava melhor que qualquer oponente.

— Assustada? Sabe, eu realmente não gostei de saber que deixei seu amiguinho vivo. E não gostei de ver você o salvando. Acho que preciso dar um jeito nisso...

Então, em um súbito movimento, o romano mudou a direção de seus passos rumo a Phillip, que lutava bravamente para se manter acordado. O cardigã ensanguentado de Annie ainda jazia sobre o ferimento, mas a mão do menino já estava caída sem forças ao lado de seu corpo enfraquecido. Ela tentou ser rápida o suficiente para conseguir interceptar a ação do oponente, mas o elemento surpresa alheio foi seu maior inimigo.

O herdeiro de Éolo tomou um chute forte no rosto, o bico do coturno do vilão acertando sua maçã esquerda com força suficiente para desacordá-lo outra vez. A indefinida ainda corria quando percebeu que não poderia impedir o colega de ser vitimado, decidindo nos últimos momentos por transformar sua intervenção em um ataque contra o oponente. Desferiu um golpe com a canhota, da direita para a esquerda, a fim de acertar o rapaz com o máximo de eficiência.

Ele, porém, parecia ser também experiente e conseguiu posicionar sua arma de modo a se defender, mas a pequena percebeu ter sido por muito pouco. O cenho franzido indicava que ele realmente não esperava que sua adversária atacasse com a mão oposta à que ele já estava acostumado e sua respiração momentaneamente entrecortada denunciou que, a partir daquele momento, haveria um cuidado maior para dar conta daquela luta.

Ainda assim, ele fez questão de contra-atacar antes de dar qualquer espaço para a garota ter outra atitude. Sua postura era a de um perfeito soldado do Acampamento Júpiter, treinado para ser uma muralha intransponível. Ele partiu para cima da menor com furor, brandindo sua lâmina com firmeza. Annie fincou sua base no chão da maneira mais sólida que pôde para receber o golpe e se defender.

Conseguiu. Mais do que isso, o pedantismo do romano o fez colocar no golpe mais força do que ele podia controlar, de modo que sua investida acabou saindo como um tiro pela culatra. Annie foi capaz não apenas de bloquear, como também de desviar-lhe a arma com um esperto movimento aprendido nas lições de esgrima do acampamento e forçadamente abrir a guarda de seu oponente. O Júpiter provavelmente consideraria aquilo algo traiçoeiro, não que a pequena se importasse.

Aproveitando a oportunidade, a grega rapidamente mirou um chute no peito do oponente, agora inteiramente vulnerável, e concentrou sua força para acertá-lo, mas o rapaz conseguiu ser rápido o suficiente para fechar sua mão livre em torno do tornozelo da garota bem a tempo de impedir o impacto. Sem perder tempo e em mais um movimento firme, ele puxou a perna de Annie para desestabilizá-la. Se conseguisse seu intento, a garota estaria em péssimos lençóis.

Mas a caçula do clã Murray nunca desistia facilmente e, talvez, a sorte tivesse decidido lhe sorrir naquele dia. Ao puxão do adversário, ela impulsionou o outro pé contra o chão e fechou a destra firmemente, direcionando um soco na direção do rosto do rapaz, que não esperava um ataque direto naquele momento. Ainda assim, nossa pequena aliada do Olimpo precisou lidar com a inércia em seu corpo e caiu desequilibrada no chão quando o contato com a mão do romano foi perdida.

Foi a oportunidade perfeita para o rapaz tentar acabar de vez com aquele embate. A pequena ainda estava caída no chão quando ele veio rapidamente para cima com a espada dourada apontada diretamente para o coração dela. Annie fechou os dedos em torno da guarda do gládio e ergueu o corpo também com a arma em riste para acertá-lo, pronta para matar ou morrer. E teria conseguido vencer se uma dupla intervenção não acabasse por finalizar a vida de Jack Darcet antes que ela mesma o fizesse.

A garota viu a ponta de uma rapier brotar de onde deveria estar o coração do romano ao mesmo tempo em que uma lâmina de aço negro perfurava o lado direito do peito do rapaz. A ponta do seu gládio chegou a tocar a carne do abdome alheio, manchando-lhe a camisa azul clara de um fino fio do líquido rubro que lhe corria pelas veias, mas não sendo o golpe responsável por tirar sua vida.

Em uma fração de segundo, Annie facilmente notou a expressão altiva de seu tio por trás do garoto, sentindo um instantâneo alívio por ver que ele finalmente tinha chegado ao campo de batalha. Mas era ao seu lado que estava a surpresa daquele momento, pois o dono da espada escura era um garoto alguns anos mais velho, de cabelos pretos e olhos castanhos a quem ela conhecia muito bem. A expressão dele era séria e gélida como a de um robô, sem sentimentos.

Ele puxou sua espada e, finalmente, olhou para a menina, que agora se levantava. Ela notou as feições do amigo desanuviarem e largou o gládio quase que de imediato, correndo até ele para abraçá-lo. Connor, surpreso pela demonstração de carinho à qual não estava nem um pouco acostumado, viu-se também soltando sua arma para envolver a pequena em seus braços. O contato a fez se sentir como em uma cama confortável, tranquila e segura. Mas, ao olhar para cima e fitá-lo novamente, percebeu angústia.

— Precisamos conversar — ele disse, denotando real preocupação em sua voz.

* * *

Unida ao amigo e aos tios recém-chegados, Annie levou o pobre Phillip Donovan para o barracão de curandeiros mais próximo. Os servos de Asclépio imediatamente se puseram a trabalhar na cura do garoto e disseram que, se o resgate tivesse demorado um pouco mais, o pequeno teria morrido. Deixando a área de cura, Annie, Connor, Klaus e Elijah se sentaram em uma calçada próxima e trocaram algumas informações que tinham recebido.

A menina percebeu que o gêmeo de sua mãe demonstrava certa curiosidade em relação ao filho de Zeus, mas reconheceu que não se tratava do “olhar de desconfiança” que ela já tinha visto antes. Isso era bom, pois ela realmente confiava de olhos fechados em ambos e não queria nem sombra de problemas entre eles. Seu amigo a tinha ajudado no momento que ela mais precisara, sendo essencial para que ela encontrasse sua família.

— Será que eu poderia falar com você em particular, Annie? — O herdeiro dos raios solicitou, terminada a conversa sobre o que já tinham visto naqueles primeiros momentos da guerra.

— Annie não guarda segredos de nós, amigo — Klaus, rápido e rasteiro, tratou de dizer. Havia algo novo em seu tom de voz e sua expressão debochada, quase uma superproteção exagerada, a qual Annie não entendeu muito bem.

— Eu acredito, sr. Murray, mas realmente vou me sentir mais confortável falando só com ela. Não terei problemas se ela quiser contar tudo a vocês depois. Eu só preciso desse momento.

— Tudo bem, gente — ela garantiu. — Encontraremos vocês daqui a pouco.

Elijah semicerrou os olhos brevemente, analisando o amigo de sua sobrinha como se calculasse todas as variáveis das possíveis decisões. Naquele momento, Annie percebeu o quanto os dois eram parecidos em suas formas de agir. Provavelmente se dariam muito bem quando tudo aquilo acabasse.

— Tudo bem — ele decidiu e se levantou, pousando a mão sobre o ombro de Klaus de modo bem sugestivo. Este também se pôs de pé, embora ainda a certo contragosto, e olhou no fundo dos olhos do garoto para ordenar que ele não fizesse nenhuma gracinha. O mais velho deu uma risadinha. — Não seja ridículo, Niklaus, vamos logo!

Connor, tão confuso quando a garota, apenas suspirou fundo e olhou para ela, tomando coragem para falar tudo o que tinha a revelar. A pequena, atenta, deixou-o à vontade para começar quando quisesse, sem saber que havia muita coisa a ser dita e que os relatos do rapaz poderiam alterar completamente a ligação que tinham. Para o bem ou para o mal.

~*~

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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Kristy Grandine Qua 08 Jul 2020, 16:40



As Gárgulas

Aos poucos, a semideusa ia se aproximando do Empire State. Mas bem aos pouquinhos mesmo. Não havia percebido como tinha pousado com o pégaso tão longe e, conforme avançava, as ruas pelas quais ia passando tornavam-se cada vez mais caóticas.

Adotando uma postura cautelosa diante daquele cenário, a criança ao continuar explorando logo abandonou a ideia de que estava sozinha. No meio da bagunça de estabelecimentos invadidos e vandalizados, veículos virados e todo o tipo de tralha espalhada no meio disso, olhos menos cuidadosos poderiam não terem notado o início da rota sanguinolenta.

Mas para Kristy aqueles detalhes não passaram batidos: o que a princípio era apenas gotas de sangue espirradas em paredes e pedaços de roupas ensanguentadas perdidas pelo caminho foi se tornando uma cena de filme de terror. Se ela não tivesse o estômago e o psicológico preparados de uma curandeira para não se abalarem diante de uma carnificina, teria vomitado seu jantar e gritado como a criancinha que era.

Ao invés disso ela se agachou atrás de um carro capotado, sacou a adaga presa em seu cinto e tentou analisar o ambiente ao seu redor.

À sua frente as poças de sangue, tripas e pedaços de membros esquecidos para trás seguiam como um mar de horrores. Mas ao buscar nos prédios ao redor e no caos do meio da rua, ela não encontrou sinais da presença da coisa responsável — tentando pensar positivo, ela supunha que fosse apenas uma criatura muito faminta.

Agora entendia por que não vinha mais topando com um mortal furador do lockdown adormecido a cada esquina: algo os estava matando.

Sem saber se prosseguia cheia de coragem ou insanamente desprovida de autopreservação, abandonou seu esconderijo e avançou pela rua, andando furtivamente pelos cantos das calçadas e evitando os despojos sanguinolentos.

Mantendo-se atenta, estancou após virar na próxima esquina: foi quando viu a primeira delas.

Descendo dos céus, a hedionda criatura dirigia-se apressadamente para um ônibus tombado, que sacudia como se lá houvesse uma festa clandestina. Ela entrou sem cerimônias, quebrando uma das poucas janelas remanescentes, e se juntou à folia.

Esgueirando-se atrás de escombros e outros veículos virados, a semideusa foi se aproximando para poder entender o que estava acontecendo lá. Seria o ninho daqueles monstros? Mas se arrependeu assim que colocou os olhos na cena.

Uma dúzia de gárgulas banqueteavam-se com os mortais adormecidos, sem escrúpulos. Deleitavam-se com suas refeições, empanturrando-se com diversos corpos, pulando de um para outro sem se preocupar em terminar nenhum de fato. E ao fazê-lo os monstros embarravam uns nos outros, o espaço no veículo mostrando-se insuficiente para todos eles e a horrenda dança da morte que performavam.

Era o mais cruel dos espetáculos. E era demais.

Após o que pareceu uma eternidade assistindo, Grandine conseguiu despregar seus olhos daquilo. E com as pernas bambas a meio-sangue se encolheu, ofegando. O calor do carro em chamas à sua esquerda tornou-se insuportável, a fumaça intragável. Os hediondos sons do show de horrores eram cruciantes, eram demais.

Ela apertou os olhos, inspirou e expirou, redobrou a força com que segurava sua adaga. Agarrando-se à sua arma, ela a usou como uma âncora para se prender de forma racional a situação: ela estava sozinha, o socorro não viria, as gárgulas continuariam devastando a cidade, os mortais no ônibus já eram. O que poderia fazer? Tinha que aproveitar a oportunidade de ter tantas delas presas no mesmo lugar.

Contudo atacar diretamente era loucura, monstros demais. Conseguiria criar uma distração? O que seria mais sedutor que a farta refeição que tinham no ônibus para atraí-los? E por quanto tempo permaneceriam entretidos? Sem falar que no final teria que lutar com todos do mesmo jeito.

No meio de suas confusas e apressadas ponderações a lâmpada das ideias malucas se acendeu, a lembrando de algo que ela viu no meio-fio pelo caminho. Correndo ainda meio agachada voltou até ele, guardou a adaga em sua bainha e, arranhando os dedos nos cacos de garrafas quebradas para mexer no pacote pardo, encontrou uma ainda inteira, só um pouco rachada.

Tirou de sua mágica bolsa de componentes um rolo de ataduras, desenrolou a bandagem e a molhou despejando nela metade da birita. De uma moto próxima, aproveitou o combustível que vazava para reencher a garrafa de bebida alcoólica com ele.

A menina retornou para seu esconderijo, enfiando a bandagem na garrafa e a fechado com a rosca novamente. Se aquilo não funcionasse, ela estaria encrencada.

Hesitando diante do carro em chamas, a curandeira ousou espiar a macabra cena uma última vez, para criar coragem.

Com o coração apertado de angústia ela ateou fogo ao pavio, mirou e lançou. E então correu.

As gárgulas ainda estavam entretidas com seu jantar, e não perceberam quando o improvisado coquetel molotov entrou voando.

Kristy continuava correndo na direção oposta, e a espera pelo impacto, pela explosão, por qualquer coisa foi excruciante. A cada passo que dava ela se perguntava o que tinha dado errado.

Quando por fim houve o estouro e a nuvem escura de fumaça subiu aos céus, ela se virou para apreciar a cena. Quase sorriu de alívio, mas o grasnir agoniado da gárgula no alto do poste lhe advertiu sobre as sobreviventes. Em sua busca por outras a semideusa achou mais uma, arrastando-se pelo chão sem as pernas e com o corpo destroçado.

Grandine sacou uma faca de arremesso de cada coxa, o demônio empoleirado abriu as asas. A criança girou as armas em suas mãos e se preparou para lançá-las, mas um segundo antes de seus braços completarem o movimento sua nuca gelou, alertando-a da aproximação de algo no chão à sua frente.

Encoberta pela densa fumaça uma terceira criatura moribunda usava suas últimas forças para saltar sobre a menina, que alertada por seu “sexto sentido” mudou a trajetória de suas armas no último instante e arremessou as facas na gárgula recém-descoberta.

As lâminas cravaram-se certeiramente no rosto do monstro, que caiu para fora da nuvem de fumaça e foi deslizando pelo chão, o restante de seu corpo destroçado pela explosão desmanchando-se em poeira dourada.

Distraída por um momento, Kris foi se lembrar da gárgula do poste só quando ela já estava em cima de si. Pulando para fora do caminho, a semideusa desviou-se por pouco do golpe do monstro, e aproveitou para agarrar-se em sua asa direita.

O monstrengo ainda processava seu ataque mal sucedido e a criança agarrando-se em seu corpo, e antes que ele pudesse entender o que estava acontecendo os afiados dentes de Grandine afundavam-se em sua asa, rasgando-a e a deixando em chamas com o veneno que era aplicado com a mordida.

Berrando, a gárgula caiu no asfalto, rolando juntamente com a semideusa que se mantinha agarrada na criatura. Tentando se livrar do inseto que era a menina, as garras e as presas da monstrenga arranhavam e mordiam o ar, seus membros contorcendo-se loucamente.

Tentando não ficar enjoada com todos os giros pelo chão, a criança esquivava-se das investidas desesperadas de sua inimiga. Quando as duas pararam de rolar, a meio-sangue estava sobre a gárgula, e com a criatura de barriga para baixo a criança aproveitou a oportunidade. O anel de bronze em seu dedo sumiu, a adaga Adroit ganhou forma em sua mão e foi usada para rasgar o pescoço da gárgula, que com um último grasnir estridente explodiu em uma nuvem de pó.

Pondo-se de pé a curandeira localizou com facilidade o monstro restante. Ele não tinha as pernas e estava com as asas extremamente danificadas pela explosão. A jovem não conseguia entender como ainda havia forças naquele ser para existir e continuar avançando penosamente em sua direção.

Aquela horrenda criatura não desistia, o ódio e a sede de sangue que a moviam mantinham-se acessos em seu espírito mesmo tendo o corpo destroçado.

Sentindo-se enojada só de olhar para a gárgula, com as cenas do banquete que ela e as suas companheiras desfrutaram voltando a sua mente, Kristy girou a adaga em sua mão com um rápido movimento e a lançou exatamente na testa da criatura.

Por fim, Grandine recolheu suas armas e se afastou da gigante fogueira que o ônibus era, desejando poder esquecer o medonho espetáculo das gárgulas. Mas algo a dizia que aquela cena ainda lhe assombraria por muitas noites de sono.

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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Poseidon Qui 09 Jul 2020, 14:47


Avaliações



KATHRYN SAWYER:
Olá! É com prazer que venho dizer, já do início da avaliação, que estou adorando sua evolução nos textos e nas tramas. Tem sido realmente muito legal acompanhar isso e espero que você sempre aproveite os feedbacks para continuar evoluindo.

Seu texto foi muito legal e a interação com a Maddie pareceu bem natural, como extensões uma da outra, de forma bem harmônica mesmo. Como falhas, notei apenas alguns casos simples, que podem ser evitados com uma revisão atenta antes do post. Foram estes:
— “descordou” no lugar de “discordou”;
— “forçando aos monstros a brigarem entre si” no lugar de “forçando os monstros”, a preposição não entra antes desse complemento (quem força, força alguém);
— “O aroma adocicado invadiu as narinas do demônio que hesitou por um momento”, faltou uma vírgula antes do “que”. Sem esse isolamento, faz parecer que você estava se referindo a mais de um demônio e só um deles hesitou por um momento;
— “Você esta bem? — o semideus perguntou”, aqui faltou um acento agudo em “está” e a inicial da oração narrativa deveria ser maiúscula, pois houve pontuação da fala (oração intercalada).

* * *

ANNIE MURRAY:
Devo dizer que suas narrações são muito boas e que sua coragem em utilizar uma indefinida é louvável. A trama está fluindo bem, deixando claro o direcionamento do universo interativo entre suas personagens.

Sobre o enredo da missão: achei fantástico a forma como adicionou um inimigo plausível no resgate, tornando muito mais cativante e real a luta. Lembrando que estamos em guerra, portanto, é de se esperar combates complicados e diversos inimigos. O sistema de dados me me causou certa confusão no início, mas é uma ótima forma de calcular danos e ações em batalha — boa até de mais eu acho. haha

Encontrei um único erro em seu texto, que, por ser um evento de trama, vai custar pontos. Foi este:
— "direto com o “padrinho”, pois não havia tempo para explicações", faltou uma vírgula antes de "pois".

Enfim, parabéns! Espero ansiosamente por suas próximas missões paralelas.

* * *

KRISTY GRANDINE:
Olá, Kristy! Vamos à sua avaliação! Fico feliz em ver que aqueles casos de uso de vírgula citados na avaliação anterior já foram bem mais evitados aqui. Parabéns! Novamente, em âmbito narrativo, você fez um texto gostoso de ler, bem conduzido e expõe muito bem quem é sua personagem. Isso, sem dúvida, é um grande ponto a seu favor.

Notei, contudo, alguns equívocos a serem apontados, que podem ser facilmente corrigidos em narrações futuras. Foram estes:
— “grasnir” no lugar de “grasnar”;
— “As gárgulas ainda estavam entretidas com seu jantar, e não perceberam quando o improvisado coquetel molotov entrou voando.” O sujeito de “ainda estavam entretidas (...)” e de “não perceberam (...)” é o mesmo (“As gárgulas”), de modo que a vírgula não era necessária, pois separou o segundo predicado;
— “lhe advertiu” no lugar de “a advertiu”. Quem adverte, adverte alguém (objeto direto) sobre alguma coisa (objeto indireto). O pronome “lhe” deve ser utilizado em casos de objeto indireto (com preposição), o que não ocorre nesse momento da narrativa;
— “Kris foi se lembrar da gárgula do poste só quando ela já estava em cima de si”, o pronome “si” é reflexivo, ou seja, a ação é feita e recebida pelo mesmo ser. Aqui, fez parecer que a gárgula estava em cima de seu próprio corpo, o que é impossível. A construção correta seria com o pronome “dela” para realmente se referir à filha de Hermes e a retirada do pronome “ela” para evitar ambiguidade;
— em “mantinham-se acessos em seu espírito” deveria ser “acesos”, claramente foi só um errinho de digitação.




PONTUAÇÕES


Kathryn:
— Coerência: 50 de 50 possíveis;
— Coesão, estrutura e fluidez: 24 de 25 possíveis;
— Objetividade e adequação à proposta: 15 de 15 possíveis;
— Organização e ortografia: 7 de 10 possíveis.
Total: (96*2) 192 xp + 144 dracmas + 4 tokens
Descontos: -101 MP 0 MP, itens utilizados

Annie:
— Coerência: 50 de 50 possíveis;
— Coesão, estrutura e fluidez: 25 de 25 possíveis;
— Objetividade e adequação à proposta: 15 de 15 possíveis;
— Organização e ortografia: 9 de 10 possíveis.
Total: 99 xp + 49 dracmas + 2 tokens
Descontos: -30 MP

Kristy:
— Coerência: 50 de 50 possíveis;
— Coesão, estrutura e fluidez: 22 de 25 possíveis;
— Objetividade e adequação à proposta: 15 de 15 possíveis;
— Organização e ortografia: 7 de 10 possíveis.
Total: (94*2) 188 xp + 141 dracmas + 4 tokens
Descontos: -24 MP

ATUALIZADO



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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Kathryn Sawyer Qui 09 Jul 2020, 19:49


Unfortunate Royalty
ruína & ascenção: Escolta

Kathryn não hesitaria em lutar por sua patrona.
Hera havia sido clara. “Abandone sua vingança contra Zeus e faça algo de útil. Torne-se uma campeã dos deuses e honre meu nome”. Não podia ignorar um pedido como aquele, por isso havia se juntado à resistência em Nova Iorque. Sua primeira ação fora inconsequente, impulsiva: lutou contra gárgulas sem se preocupar com os meios.

Havia ajudado, claro, mas não era o suficiente. Os campistas pediram para que recuasse, se recuperasse antes de forçar uma luta desleal novamente. Fracos. Hera não tinha escolhido Sawyer por acaso. Era determinada, forte e jamais recuaria na guerra. Ignorou os dois brutamontes de Ares antes mesmo de chegar onde era necessária. Comandou Maddie, o autônomo que acompanhasse sua corrida, planando pelo ar após tocar a lágrima da deusa.

— Boa garota. Vamos buscar os curandeiros. Olhos abertos — lembrou-se da última conversa com a tenente de operações. Uma equipe médica estava á caminho na Cidade da União, do outro lado do rio Hudson.

Sawyer planou pelos quarteirões, atravessando o pontilhão destruído em minutos. Do outro lado, notou a presença da equipe de resgate em apuros. Três curandeiros brandiam seus bordões metálicos, afastando as gárgulas que rosnavam ao redor. Tocou o cilindro no bolso, ativando o bracelete para usufruir da lança elétrica e o escudo. Maddie saltou, derrubando a primeira criatura com uma mordia na cabeça. Pousou, fincando a lança de batalha no peito do inimigo que grunhiu ao cair. Girou o corpo, interceptando as garras da outra com o cabo.

Um dos semideuses tocou o abdome da criatura, conjurando um feitiço de imobilização no local. Com as defesas reduzidas, Kathryn levantou a ponta da lança para rasgar em “x” a carne pútrida da criatura que se dissolveu. Maddie cambaleou em seus pés, levantando-se com dificuldade. Ninguém machucaria sua fiel companheira. A devota saltou, cortando de cima para baixo o peito nu da gárgula que se afastou. Com uma estocada, ferveu o interior do monstro com o mecanismo de sua arma. Em uma explosão, a garota encarou a equipe de resgate.

— Vocês estão bem?

— Sim, obrigado. Nossa escolta se foi… — disse o rapaz com uma expressão de medo.

— Onde precisam chegar?

— Nas barricadas, do outro lado do rio — a segunda garota de cabelos escuros explicou.

— Ok, não podemos desistir agora. Sei me virar, mas, nem todos podem. Fiquem de olhos aberto e andem juntos. Darei cobertura aérea. Maddie, proteja-os.

O filhote acompanhou a equipe pela ponte. Planou pela pista caótica apressadamente, esperando o pior sobre o rio. Mortais eram arrastados por gárgulas, monstros atacavam a estrutura, carros eram revirados e o medo tomava conta. Se não fosse por seu compromisso com a rainha jamais se submeteria aquilo. Duas harpias surgiram, disparando penas afiadas contra a semideusa que se esquivou para trás de uma viga de ferro.

Os curandeiros se protegiam como podiam, afastando alguns cães infernais que os cercavam. Girou o cabo da lança, voando rumo a primeira mulher-alada para cortar sua asa esquerda. A eletricidade afetou o monstro que se afastou, abrindo espaço para um golpe da segunda aberração. Afastou suas garras ao levantar seu escudo, conduzindo o relógio no pulso em sua face. Um clarão iluminou o céu, forçando as duas harpias a recuarem.

Kathryn desferiu a primeira com a ponta da lança, fervilhando seu interior com a eletricidade. Arremessou o corpo sem vida da criatura contra os cães na rua, afastando-os dos curandeiros — ou ganhando um pouco mais de tempo para agir novamente. Seguiu para a segunda, arrancando algumas penas com dois cortes rápidos nas costas. Pousou seguida do segundo corpo, rodopiando a lança em mãos.

— Para trás, malditos —
exalou um clarão de seu corpo, cegando os cães — Maddie, agora!

Tocou a nuca do autônomo, absorvendo sua energia estática. Com a palma da mão extendida, incendiou o primeiro canino ao redirecionar uma rajada de energia pura em sua direção. Às costas, o segundo cão avançou, sendo afastado pelo escudo de Kathryn. Cravou a lança em sua cabeça, partindo a pelagem negra que se desfez em pó. O terceiro saltou, derrubando a semideusa de costas com suas garras que cortaram sua jaqueta. Furiosa, a mascote abocanhou o traseiro do cão infernal, permitindo que Sawyer conjurasse sua espada devota para degolá-lo.

— Vocês estão bem? Merda.

— Está ferida! Podemos ajudar.

— Não. Vou ficar bem. Precisamos continuar. Boa garota — respondeu enquanto acariciava a nuca do autômato.

A equipe prosseguiu pelo pontilhão, sendo interceptados por mais criaturas do tártaro. Exausta pelo último combate, Sawyer conjurou a última habilidade herdade de sua rainha. Bateu a lança contra o próprio escudo, rugindo como um leão feroz de modo a afastar todos os seres inferiores. Era imponente, forte e muito perspicaz — mesmo ferida. Faltando poucos metros para alcançar Nova Iorque, pediu para que Maddie acompanhasse á equipe por alguns quarteirões.

— Você não vem? — uma curandeira perguntou.

— Não. Sou necessária em outro lugar agora. Fiquem bem.

— Cuidado.

— Vocês ficarão bem, são só duas quadras — disse encarando duas gárgulas cortarem o céu com um mortal nas garras — vou derrubá-las.

Kathryn tinha noção de que se seguisse as criaturas aladas, encontraria mais um ninho. Precisava enfraquecer as forças de Éris. Sem hesitar, correu em direção oposta á ao Empire State para destruir mais um ninho de gárgulas.


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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Angelique Romanov Sex 10 Jul 2020, 18:04

Código:
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<center><div style="width: 380px; background-color: transparent; padding: 10px;">
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<div style="width: 350px; background-color: transparent; padding: 10px; border-right: 2px dotted #B31B62; border-left: 2px dotted #B31B62; -moz-border-radius:20px; -webkit-border-radius:20px; font-family: trebuchet ms; font-size: 11px; color: #444; text-align: justify; letter-spacing: 2px; opacity: 0.6;">Fui a escolhida para levar um grupo de curandeiros, para ajudar os feridos na guerra, nunca pensei que Quíron fosse mandar logo uma iniciante para fazer esse trabalho, ele enlouqueceu?

Eu não poderia dizer, mas olhando para cima, pude ver que as nuvens do céu estavam escuras, eu precisava protegê-los apenas não sabia como, Olho para minha mão e acabo de ter uma ideia, tem vários monstros por aqui, eu estava extremamente nervosa e disse para os que estavam comigo, afinal de contas teria que protegê-los não importava como, eu tinha apenas a minha adaga para lutar contra monstros, mais pelo menos ela serviria para algo, não teríamos absolutamente nada a perder se eu conseguisse completar esta missão, olhava para o rosto dos curandeiros que pareciam angustiados:
[color=#cc99ff]—Fiquem atrás de mim irei protegê-los.[/color]

Todas as pessoas ficaram extremamente confusas,os curandeiros se perguntando o porque uma iniciante foi mandada para fazer o serviço, mas eles teriam que se calar, eu os estava protegendo, precisávamos urgentemente conseguir chegar até onde estava os feridos de guerra, nunca pensei que veria de novo harpias,sabe?Aquelas mulheres que são parte humana e parte aves,acho que desde que havia lutado com uma na vinda para o acampamento que eu não pensava que encontraria desta vez um bando de harpias. Minhas emoções estavam a flor da pele, precisava cumprir esta missão não importando como, peguei a minha adaga e esperei a distância diminuir para conseguir acabar com a harpia,eu teria que conseguir, segundo o que sabia sobre harpias ela voou na minha direção e quando a distância entre nós já era mínima eu acabei com ela,ela se transformou em pó, mas tinha um grupo de curandeiros comigo e pelo menos umas nove harpias ainda para destruir.

Meus olhos estavam fixos na harpia que voou em minha direção,esperei pelo momento certo para cravar minha adaga em seu peito, e vê-la agonizar de dor. Um pequeno arranhão no rosto, mas nada que fosse muito grave sou extremamente ruim de cálculo, mas ainda faltavam seis harpias, e parece que uma de cada vez está vindo para cima de mim, desviei do ataque de uma que voou em minha direção e a atingi no peito cravando minha adaga.

Logo em seguida parece que vinha mais duas em minha direção, fiz com que as duas se chocassem entre elas achando que iriam me atingir e as matei,agora faltavam apenas cinco e por mim poderiam vir de duas em duas que eu usaria a mesma estratégia, os olhos das harpias eram assustadores elas iriam me agredir a qualquer momento,vieram duas em minha direção e como não tinha muitos equipamentos comigo apenas a minha adaga, esperei o momento certo para atingí-las e vê-las se desintegrar no chão a minha frente,quando faltava apenas uma harpia,eu esperei o momento oportuno, para que a distância diminuisse o suficiente para que eu pudesse atingí-la e chegarmos a Nova York, quando enfim chegamos após algumas horas de caminhada, duas para sair do acampamento e mais uma para chegarmos onde estava sendo a guerra, eu disse aos curandeiros:

[color=#cc99ff]—Acho que agora é com vocês.[/color] Logo em seguida, parei para descansar um pouco as pernas dormentes, me fizeram sentar depois que tudo estivesse terminado,para que pudesse descansar
</div>
<div style="width: width:300px; font-family:calibri, verdana; font-size:9px; padding: 0; color: #444; text-align:center; letter-spacing:0px; background-color: transparent; border-left: 2px dotted #B31B62; border-right: 2px dotted #B31B62; opacity: 0.6; -moz-border-radius:20px; -webkit-border-radius:20px;">ISupras[color=#B31B62]@ [url=www.suprasavatares.forumeiros.com]SA[/url][/color]</div>[b][i][i][/i][/i][/b]
Angelique Romanov
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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Joel Hunter Sex 10 Jul 2020, 18:18



I've been hiding in this bed for weeks from this, throats raw from screaming and I haven't said a word. The sky is calling, and the stars they point to this
AS GÁRGULAS

O equino cortava os céus nova-iorquinos com urgência. Não se intimidava com os outros ventos, frios e ferozes, avançando de forma intimidadora pelos ares. Joel segurava-se firme ao animal, e ainda que fosse difícil manter-se montado na velocidade em que estavam, perguntava-se se poderiam ir ainda mais rápido. A ansiedade tomava conta do peito do vingador e sua mente era invadida por inúmeras possibilidades e cálculos baseados nas poucas informações que possuía sobre os ataques.

Ponderava tanto que quase não percebeu o silêncio inabitual que repousava sobre a cidade.

Era óbvio que, à medida que se aproximavam dos focos de batalha, os sons de combate se tornavam audíveis. Porém, por se tratar de uma metrópole, eram esperados sons desesperados de civis sendo atacados por semideuses rebeldes e criaturas mitológicas que por mais que fossem maquiadas pela já enfraquecida Névoa ainda representavam um perigo real. No entanto, os arredores do Empire State permaneciam em uma taciturnidade mórbida.

Hunter deu o comando para Manhoso pousar quando já estavam perto o suficiente de seu objetivo. Optou por não avançar diretamente até o local por não saber o que lhe aguardava, preferindo fazer um reconhecimento pelas redondezas antes. As patas do espírito elemental tocaram a calçada em frente ao Consulado Mexicano. As luzes e decorações festivas para o dia da independência assumiam um caráter zombeteiro em vista da situação em que a cidade se encontrava.

— Aqui já está bom, garoto. — O rapaz avisou ao animal, antes de descer de seu dorso. Passou a mão no focinho do animal, que soltou o ar pelas narinas. — Obrigado pela carona. Volte para o Acampamento e ajude no que conseguir, OK? E tenha cuidado. Não sei o que Gabe faria comigo caso acontecesse algo com você. — Manhoso relinchou, fazendo Joel abrir um pequeno sorriso. — Você é o melhor. Agora vai. — Em questão de segundos, a criatura desapareceu em um ciclone, alçando voo em sua forma intangível.

Era possível ver as barreiras montadas pelos semideuses a alguns metros de distância, cercando o perímetro do ao redor do Olimpo. Não era difícil encontrar alguns mortais caídos pelas calçadas, ruas ou até mesmo dentro de carros, no entanto eles não pareciam estar desmaiados ou mortos. Encontravam-se em um sono agitado, a julgar pelas expressões estampadas em seus rostos adormecidos. O filho de Nêmesis percorreu as ruas em direção as barricadas sem encontrar nenhuma resistência, humana ou mitológica.

— Hey, você. — Hunter disse ao se aproximar de um dos meio-sangues que parecia estar de guarda no local. O rapaz era alto e esguio, e vestia uma armadura prateada que era um pouco maior do que deveria. Ao perceber a presença do semideus que se aproximava, o rapaz retirou seu elmo. — Qual a situação aqui?

— Nada boa. — O garoto respondeu, passando a mão nos cabelos naturalmente loiros, mas que agora eram cobertos por fuligem assim como seu rosto. — Alguma coisa colocou todos que estão na cidade para dormir, e o epicentro disso é o Empire State. Fica mais forte à medida que nos aproximamos do local. Aqui, onde estamos, parece afetar apenas os mortais. — Ele concluiu, apontando com o queixo para os adormecidos.

— Alguma ideia do que esteja causando isso? Ou alguma forma de acordá-los?

— Sei lá. Interferência divina, talvez. — O rapaz deu de ombros. — A maioria dos semideuses consegue acordar, mas os humanos... — O loiro meneou a cabeça negativamente. — Estamos tentando protegê-los dos danos colaterais o máximo que podemos, mas só conseguimos atuar efetivamente dentro da área isolada. Fora dela, a coisa está feia, mas se deixarmos os nossos postos para socorrer os humanos...

— Mais monstros podem atravessar o bloqueio. — Joel concluiu o raciocínio do rapaz, que assentiu com a cabeça. De fato, era uma decisão difícil e permanecer guardando o perímetro era a opção taticamente lógica, ainda que o jovem guarda não parecesse satisfeito com sua decisão.

— Ouvimos alguns barulhos vindos daquela direção. — O rapaz apontou com o dedo para a esquina mais próxima. — Acreditamos que algo esteja acontecendo lá, mas pode ser apenas uma estratégia para nos distrair e as criaturas transporem nossas barreiras. É uma droga, mas não podemos arriscar.

— Entendo. — Era possível sentir o peso de sua escolha no tom de voz do mais alto. Aquilo fazia parte da guerra, e apesar de Hunter nunca ter de fato estado em uma antes, entendia bem sobre aquela situação específica: escolhas e suas consequências. — Bom trabalho, cara. Não é uma decisão fácil— A prole da retribuição suspirou, analisando a situação que se apresentava perante si. Por fim, tomou sua decisão. — Certo, permaneçam em seus postos, eu vou dar uma olhada lá.

O outro rapaz arqueou a sobrancelha, questionando-se silenciosamente quem Joel era para dar ordens, mas não se opôs às instruções da cria de Nêmesis. Rapidamente, colocou seu elmo de volta na cabeça e bradou para seus companheiros de patrulha permanecerem atentos a qualquer sinal de movimentação inimiga enquanto via Hunter se afastar. Os outros seis colegas responderam, erguendo suas armas e escudos enquanto observavam os arredores da rua que guardavam.

À medida que o semideus da retribuição se aproximava do local indicado, um forte cheiro invadia suas narinas. Nova Iorque não era conhecida pelas suas ruas que cheiravam a rosas, mas aquele odor era diferente. Mais pesado, ferruginoso. O semideus olhava ao redor enquanto corria, tentando identificar qual era a origem daquele incômodo olfativo, sem conseguir encontrar uma resposta.

Ao menos, não até virar a esquina.

A extensa avenida era cercada por enormes prédios, a maioria deles extremamente modernos e luxuosos. No cruzamento, inúmeros automóveis se espalhavam, chocados uns com os outros ou contra alguma árvore ou parede, provavelmente consequência da súbita ação divina sobre os habitantes da cidade. Alguns dos carros pegavam fogo e seus passageiros já se encontravam carbonizados. Outros, ainda, tinham seus condutores feridos com os impactos, mas que permaneciam a dormir profundamente. E na interseção entre as ruas, a criatura responsável por espalhar o cheiro profano de antes.

O demônio empilhava os corpos ao lado de si mesmo, tingindo o asfalto com o líquido rubro de suas vítimas. A julgar pela quantidade de sangue espalhado pelo chão e a altura que o monte de cadáveres amontoados possuía, os mortos já haviam facilmente passado de duas dezenas. Joel permanecia paralisado enquanto assistia a besta arrancar as portas dos veículos para pegar seus passageiros ou catá-los de calçadas próximas apenas para arrancar-lhes a cabeça com os dentes afiados ou rasgar as vítimas ao meio com suas mãos enormes e de textura pedregosa. Não parecia sequer se alimentar da carne dos mortais: cuspia os pedaços mordidos e jogavam o resto do corpo sem vida na pilha, como embalagens descartáveis.

As pernas do garoto não se moviam, mesmo quando ele dava o comando para tal. A poucos metros de distância, era questão de tempo até que a gárgula percebesse sua presença desperta. Sentiu o peito pesar, gelar, se partir. Hunter não era um garotinho ingênuo, sabia dos horrores que uma guerra gerava e o fardo que recaia sobre vidas inocentes. Ainda assim, estar de frente com a carnificina provocada por criaturas das trevas fazia com que o semideus se sentisse tão impotente, fraco e inútil quanto tentava negar que era, em seu íntimo.

Não se passaram mais do que alguns segundos até que Joel fosse arrancado de seu estado catatônico, embora parecesse que anos se passavam dentro de si. Sentiu o pingente do cordão, que um dia fora de um dos seguidores de Éris, gelar em seu peito. Podia sentir as risadas da deusa da Discórdia ecoando, vinda de todos os lugares, e ainda assim de lugar nenhum. Vinda dos prédios, dos bueiros, de dentro de si. Sentiu o sangue ferver. Sentiu a balança pender de modo desigual, o fluído vermelho dos corpos sem vida clamarem pela retribuição e as almas desprendidas de matéria exigirem a punição. E por fim, sentiu o peso de Neverender em uma de suas mãos, juntamente com o escudo na outra.

O vingador esvaziou os pulmões antes de correr em direção ao monstro, ganhando velocidade a cada passo. Os tênis sequer faziam barulho quando em contato com o asfalto, de modo que a criatura, alheia à existência do rapaz, não percebeu sua aproximação até o último momento, quando o semideus saltava em sua direção, tentando golpear a cabeça demoníaca com o fio da espada. Contudo, para o azar do semideus, o braço petrificado da gárgula interceptou a lâmina antes que essa pudesse atingir o local pretendido. O impacto entre a arma e o membro foi celebrado tilintar do metal e pelas faíscas tímidas geradas pelo atrito.

A cria de Nêmesis recuou alguns metros, tentando evitar um possível contra-ataque do oponente. Mais perto, podia ver os detalhes do ser assustador que se erguia à sua frente. A pele acinzentada e áspera fazia com que o corpo parecesse ter sido esculpido em pedra-sabão. Possuía asas e a cabeça semelhantes a um morcego, com chifres brotando de sua testa. A postura corcunda fazia com que as mãos quase arrastassem no chão, mas após o ataque assumia uma posição mais ofensiva e intimidadora, com os braços abertos e corpo ereto, mostrava-se maior que Joel em valiosos centímetros.

— Ora, o que temos aqui? — A criatura proferiu, ainda que sua mandíbula permanecesse imóvel. Os olhos amarelos brilhavam e engoliam a imagem do rapaz. — Finalmente um semideus. Já estava começando a pensar que não encontraria nenhum hoje.

— Achou errado, otário. —Hunter respondeu entre os dentes, avançando mais uma vez.

Desferiu uma sequência de golpes com a espada e o escudo, mas nenhum deles parecia surtir muito efeito contra a carapaça rochosa do adversário. Tentava, de algum modo, achar um ponto fraco na armadura natural da criatura, mas logo a tática ofensiva migrou para uma mera tentativa de não ser atingido pelos braços do demônio.

O meio-sangue se afastou novamente para revisar sua estratégia, mas o monstro não abriu brecha para tal. Tão logo Joel tomou distância do adversário, este avançou em uma velocidade considerável, usando o tamanho e peso do seu corpo na investida. Hunter deu uma cambalhota para o lado, desviando da fúria inimiga e conseguindo desferir um corte em suas costas. A criatura urrou de dor, fazendo a voz gutural ecoar pela avenida silenciosa, antes de virar o corpo e acertar o escudo do rapaz, fazendo com que ele voasse alguns metros pela rua antes de suas costas encontrarem o chão.

— Parece que a carapaça não se mantém por muito tempo, não é? — O zelote debochou, enquanto se levantava. — Vamos terminar logo com isso, Coisa Esquisita.

Apesar do golpe não parecer ter feito algum dano físico significativo, foi o suficiente para fazer com que os avanços da gárgula fossem mais furiosos e imprudentes. Conforme tinha aprendido com Mason nos últimos dias, ataques impensados e enublados por fúria raramente surtiam algum efeito contra um oponente preparado, e pelo visto aquilo se aplicava também a criaturas não-humanas. O vingador abaixou quando o demônio tentou agarrá-lo em um abraço de urso, rolando para o lado esquerdo. Ainda abaixado, reuniu toda sua força para cravar a espada em um dos pés da criatura. Sentiu a resistência da carne petrificada, mas forçou ainda mais para que a parte perfurante de Neverender fizesse seu trabalho.

Ouviu o monstro rugir e foi rápido o suficiente para levantar o escudo acima da cabeça ao perceber as enormes mãos unidas descendo para golpeá-lo. Largou o cabo da espada para usar os dois braços na defesa e aguentar o impacto absurdo do murro. Ainda assim, sentiu os ombros recuarem dolorosamente com o choque. A cria da Vingança não se permitiu soltar o gemido de dor que percorreu pela sua garganta de forma involuntária, apenas empurrou Darkhavenn para o lado, juntamente com as mãos do adversário, fazendo com que a besta perdesse o equilíbrio momentaneamente. Aproveitando a brecha, levou a mão direita até o cabo de uma das adagas presas na parte traseira de sua cintura.

Tomando impulso, saltou na direção das costas do oponente, segurando-se no pescoço do mesmo. Antes que o atacado pudesse reagir, o semideus desembainhou a lâmina e sentiu-a adquirir o tom febril que conhecia tão bem. No fio da arma, sentiu o clamor da vingança que ainda emanava do sangue fresco no chão. Enfim, levou Midnight até a jugular do monstro, rompendo o tecido de forma mais fácil do que das outras vezes. Os olhos ferais e amarelos brilhavam ainda mais fortes conforme Hunter afundava a lâmina no corpo do demônio, que tentava desesperadamente tirar o meio-sangue da posição em que se encontrava, até que por fim, caiu de joelhos.

— Você é patético, moleque. — Uma vez mais, a voz da besta ecoou pelo local, embora mais fraca. Lentamente, o corpo pétreo se transformava em cinzas, espalhadas pelos ventos frios da noite. — Olhe ao seu redor. Você realmente salvou alguém? — Automaticamente, os olhos negros de Joel se encontraram com a pilha de mortos erguida pelo monstro. Homens, mulheres, crianças. Todos com os corpos amputados brutalmente, por puro escárnio. — Eu não sou o único aqui, essa noite. Você me matar ou matar dez da minha espécie não vai fazer diferença alguma.

Os sopros noturnos levaram o restante do diabo antes que o semideus pudesse responder. Finalmente, Joel ouvia os sons de batalha ao longe. Perguntava-se quantos de seus companheiros estariam ali, lutando. Alguns, provavelmente, pereceriam naquela noite, defendendo o Olimpo que muitas vezes era tão omisso e apático em suas vidas. Realmente, matar mais dez ou cem gárgulas talvez não fizesse diferença.

Mas ainda assim, ali ele estava. E alguma coisa ele deveria fazer.

— Pode até ser. — Retrucou para a noite, esperando que o demônio ainda pudesse ouvir, enquanto guardava a adaga e empunhava novamente Neverender. — Mas onde eu não puder ser a salvação, eu levarei a punição, seu maldito. Então pode esperar por companhia. — Prometeu, enquanto continuava seu percurso pelas ruas, querendo saber o que mais aquela batalha traria para si.


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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Kaim Wernersbäch Sáb 11 Jul 2020, 12:26

old friendships die hard
O táxi gris abandonou Kaim nas periferias de Manhattan.

Havia deixado o Brooklyn sob os avisos constantes da tríade de bruxas exóticas, as quais alegavam que não era seguro — principalmente para ele —, deixar o conforto de sua casa para tomar partido do conflito que se desenrolava. Não lhes deu ouvidos, entretanto, embora uma parte sua gritasse para concordar com as imortais e retornar ao quarto alugado no subúrbio.

De qualquer modo estava ali, e a possibilidade de retorno parecia utópica no instante em que firmou suas plantas na calçada. Em uma mão, segurava a bainha da katana com tanta força que os nós das falanges chegavam em tons de um pálido doentio, ainda mais brancos que o costumeiro de sua epiderme. Estava ansioso. Aquele seu estado de espírito deixava seu cão — que saltou segundos após do banco traseiro do táxi —, com as orelhas levantadas como se pressentisse algo errado no interior de seu dono.

Conforme caminhava (ou quase isso, uma vez que seus passos eram apressados), Wernersbäch podia perceber os primeiros focos de destruição e caos permeando e quiçá ocultando o prelúdio da vanguarda de Éris contra o Empire State. Em outro tempo, estaria ao lado da deusa da discórdia na tarefa amarga de destruir a regência atual dos Olimpianos. Todavia, aquela mentalidade havia morrido juntamente com o seu eu do passado — o Kaim do século XXI era muito mais indiferente, mas não menos crítico.

E era justamente o seu criticismo (e seu período na morte) o responsável por fazer o jovem Wernersbäch se deslocar à ilha.

Vamos. — disse para Etrigan, embora o pet já estivesse em seu encalço como de costume. Avançaram alguns metros, ignorando as cicatrizes à deriva no labirinto das ruas de Manhattan; carros amassados e destruídos, vitrines despedaçadas e lojas represadas corroboravam com uma perspectiva nem um pouco animadora do que estava se passando naquele momento. Em face à onda de protestos, muitos dos mundanos estavam nas ruas, contrariando as indicações dos órgãos públicos. Despreparados para o que estava realmente acontecendo sob a proteção da Névoa, foram alvos fáceis às artimanhas daqueles que tentavam corromper os domínios dos Doze.

Kaim percebeu uma mulher caída a poucos metros de onde ele mesmo estava, largada à própria sorte no meio-fio.

Correu contra ela, abaixando-se para posicionar os dedos sobre a jugular da estranha. Felizmente ele conseguiu, através daquele toque, descobrir que a anônima estava viva. Mas o rapaz não podia deixá-la naquele lugar, onde estaria vulnerável às demais mazelas possíveis que poderiam acometê-la.

Praguejou baixo, atando a bainha às costas para ter as mãos totalmente livres no processo que se seguiria.

Fique alerta; não sabemos se os semideuses que estão pelos arredores são aliados ou inimigos. — Ele instruiu. O cão latiu, posicionando-se como uma sentinela.

Sendo assim, o filho do Sombrio se agachou, passando os braços pelo corpo inerte da moça para tomá-la, posicionando-a de maneira a conseguir carregá-la. Lançou-a sobre um dos ombros — como um saco de batatas —, podendo caminhar pela calçada enquanto esquadrinhava a rua praticamente vazia na procura por qualquer lugar para servir de refúgio à mundana.

Avistou a entrada de um restaurante chinês, para o qual deslocou-se o mais rápido que a situação permitia. Constatou que o local estava vazio em detrimento das luzes apagadas, e também por toda a exigência do lockdown. Colocou a moça deitada cuidadosamente no chão, lançando o pé em um chute preciso próximo à maçaneta da porta. Foram necessários outros dois movimentos similares para que a tranca cedesse e a entrada fosse liberada, expondo o interior vazio da loja.

Novamente, Kaim pegou-a nos braços e adentrou o local umbroso. Levou-a para trás do balcão onde eram realizados os atendimentos, alocando-a com ternura no chão. A partir dali, auxiliá-la fugia do controle do filho de Hades — aquele era o limite de suas possibilidades.

Por isso, recuou após constatar que ela estava simplesmente dormindo sob a proteção daquele estabelecimento e saiu, fechando a porta (apenas para fingir que ela não havia sido arrombada).

Havia completado uma tarefa, mas algo lhe dizia que seus serviços não terminariam tão cedo naquele estado de desordem.

Vamos, Etrigan. A noite é uma criança.


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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Kai Vertøghen Dom 12 Jul 2020, 02:07

Não estava acostumado ao frio. Na forja atrás do estúdio de tatuagem, o calor era insuportável. De forma que as altas temperaturas já lhe eram velhas amizades. Em Washington, às margens do parque Olympic, a temperatura caía alguns graus Celsius. A jaqueta de couro marrom e a camisa de algodão branca debaixo dela quase não eram capazes de barrar o vento gelado que corria por entre as árvores da floresta.

Num silêncio abafado, o filho de Hefesto atravessou caminho até a margem da floresta, onde a rodovia dava lugar às primeiras coníferas. Árvores altas, de grande porte, cobertas por folhas finas e alongadas que se reuniam no ápice, forrando o teto do parque e mergulhando o lugar numa penumbra assustadora.

Aproximou-se devagar de um cedro vermelho. As mãos tocaram o tronco da árvore, quando o rapaz franziu cenho, incomodado. O parque nacional Olympic era lar de árvores milenares. Sequoias-vermelhas colossais, com pelo menos uma centena de metros de altura. Um patrimônio do qual ele não estava disposto a se desfazer.

Quando estalou os dedos, uma faísca cintilou, escapando de seus dedos. No instante seguinte, o fogo tocou a madeira do cedro, mastigando-a.

A chama, alimentada pelo cedro vermelho, crescia em direção ao topo da grande árvore. Antes que o fizesse, Kai movimentou a mão, puxando um objeto imaginário no ar. Foi o bastante para mudar o curso das chamas, carregando-as madeira abaixo. O fogo lambeu o chão e as folhas secas sobre ele, até alcançar o abeto mais próximo.

Conforme iam consumindo a matéria vegetal, as labaredas cresciam, cuspindo um bafo de calor no rosto do filho de Hefesto. Quase se sentia em casa. As mãos espalmadas sobre o fogo, enquanto ele assistia o incêndio se instaurar na margem da floresta. Sabia que, ali, o dano seria pouco. As árvores mais jovens sofreriam primeiro. E quando a batalha estivesse vencida, ele estaria ali para suprimir o incêndio e abafar as chamas.

Seu olhar se perdeu no alaranjado cintilante, quando ele percebeu que não tinha certeza do que estava fazendo ali. Sabia dos planos de Éris e dos planos de Heron. Dois megalomaníacos. Duas forças num cabo-de-guerra que Kai Vertøghen não era capaz de vencer. Por isso, curvava-se, obediente, enquanto aquelas forças tramavam contra os deuses.

Um arrepio correu pela sua espinha. Não temia a guerra. Temia o que viria depois dela. As consequências, independente da vitória ou da derrota, eram o medo que se instalava no subconsciente. Era um peão, no meio das peças maiores. No fim, tinha sempre a impressão de que seria sacrificado pelo sucesso da missão. E se aquilo era verdade, o que os seguidores de Éris tinham de tão diferentes daqueles deuses no topo do Empire State Building?

Antes que chegasse a uma resposta, os pensamentos se desfizeram e subiram junto com a fumaça do pequeno incêndio. Foram seus olhos que identificaram o movimento que partia do interior da floresta.

O brilho alaranjado tratou de iluminar a silhueta da mulher. Cabelos longos e verde-escuros que caíam sobre suas costas. A pele, um pouco mais clara, ainda mantinham a coloração esverdeada. Pelos braços, pequenos galhos se enroscavam, dos quais partiam a folhagem alongada e fina, característica das árvores dali. O pedaço de tecido marrom que envolvia seu corpo não era capaz de esconder as curvas de seu corpo. Era linda, mesmo com a expressão exasperada no rosto.

— Que é isso? — Quis saber a dríade. Talvez um palavrão coubesse naquela pequena frase. Ainda assim, a mulher era contida demais para pronunciá-lo. — Foi você quem fez isso?

— Não precisa se preocupar. Estou controlando as chamas. Não vão muito longe. — Ele levou a mão livre até a nuca, desconfortável. Era enorme, o filho de Hefesto. Ainda assim, sentia-se desconcertado frente à beleza da dríade. Por dentro, ainda era um moleque.

— E essas árvores aqui? — Ela resmungou de volta, apontando para os troncos em chamas. — Você está disposto a sacrificá-las? Por o quê? Um carinho da deusa da discórdia? Um sorriso de canto? — A mulher se abaixou de repente e alcançou no chão um pedaço de cipó quase apodrecido. — Patético. — Quando a dríade agitou os restos da trepadeira, o material se transformou. Na ponta, os espinhos afiados eclodiram e o cipó se alongou, transformando-se num chicote que ela apertou em volta dos dedos.

A dríade estalou o chicote no ar, arremessando-o em direção ao filho de Hefesto. Num reflexo, ele empurrou o martelo de guerra para frente do corpo. Uma tentativa de se defender do golpe. Os espinhos dançaram no ar, próximos ao rosto dele, antes que o cipó desse a volta ao redor do cabo da arma, agarrando o martelo.

A adversária puxou a corda, para arrancar a arma das mãos do semideus. Ainda assim, não se equiparava à força do rapaz. Quando o ferreiro sentiu o empuxo, revidou. As duas mãos se fecharam em volta do martelo, puxando-o para si. Foi o bastante para desequilibrar a mulher e fazer com que o cabo do chicote escapasse por entre seus dedos.

O cipó se desenroscou e caiu sobre o musgo do chão. Três passos foram o bastante para diminuir o espaço entre o rapaz e a mulher. Ele girou a arma no ar, martelando o flanco direito da dríade. O golpe inesperado fez com que a adversária caísse para o lado, exatamente onde o fogo se alimentava das folhas secas. As labaredas subiram. No instante seguinte, chamuscavam os galhos abraçados ao corpo da mulher.

A dríade foi rápida, girando pelo chão úmido da floresta, para longe do fogo. As queimaduras pelo corpo eram superficiais. De forma que as chamas serviram mais para alimentar sua fúria do que consumi-la em brasas. Do outro lado da cortina laranja, a dríade tomou um instante para fitar o filho de Hefesto. Kai foi capaz de reconhecer aquele sentimento nela. Queria continuar lutando. No entanto, sabia que precisava de ajuda.

A ninfa deu o braço a torcer. Seus passos a levaram para longe do incêndio e para dentro da floresta, onde ela encontraria outras ajuda das outras criaturas. Vertøghen não moveu um músculo para alcançá-la. Não tinha rixa com os seres da natureza. O incêndio, que já corroía a madeira das árvores mais próxima, era um chamariz. Uma forma de manter ocupados os adversários de Éris.

Ele recuou. Martelo em suas mãos, enquanto adentrava a floresta temperada, por uma rota diferente da dríade.

Ainda não sabia dizer o que estava fazendo ali. Os pensamentos escuros como a fumaça que subia e se dissipava contra o vento. Não era um assassino. Nem um traidor.

Não era uma pessoa má. Mas podia mesmo dizer que era bom?

Considerações:
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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Perséfone Dom 12 Jul 2020, 12:15


Avaliações



Kathryn Sawyer:
Ih, alá a Kathryn de novo! Como na outra vez, ressalto a qualidade crescente dos seus posts. Tem sido incrível ver você desenvolver sua personagem tão bem. Notei apenas um erro, que me causou certa confusão ao ler:

Kathryn Sawyer escreveu:Comandou Maddie, o autônomo que acompanhasse sua corrida

Creio que você queria dizer "autômato", certo? E não sei se foi falta de vírgula ou engano no tempo verbal que causou a confusão, de modo que vejo duas construções possíveis aí: "Comandou Maddie, o autômato, que acompanhasse sua corrida" (com a vírgula, focando na ordem dada); e "Comandou Maddie, o autômato que acompanhava sua corrida" (sem a vírgula, mas mudando o tempo verbal, focando em Maddie).

OBSERVAÇÃO: não pude considerar seu uso da Lágrima da Deusa, pois o item só pode ser usado uma vez por missão/evento.

* * *

Joel Hunter:
Olá, Joel. Devo dizer que aprecio muito sua narrativa. Ela combina elementos cultos de maneira simples, deixando a leitura bem agradável e de fácil entendimento. Quanto à trama da missão proposta, não encontrei nenhum problema e seu desempenho foi louvável.

Encontrei alguns erros durante uma revisão, sendo estes:

semideuses a alguns metros de distância, cercando o perímetro do ao redor do Olimpo.

Esse "do" não deveria estar ali.

— Bom trabalho, cara. Não é uma decisão fácil— A

Faltou um espaço antes do travessão, coisa boba, que passa até em revisão, se lermos rápido.

Podia sentir as risadas da deusa da Discórdia ecoando...

Não é necessário referenciar com letra maiúscula nesse caso, pois indica apenas a esfera de poder dela. Quando nos referimos a termos que são quase como um segundo nome (como se fosse "(...) as risadas da Discórdia"), é aceitável. Porém, é necessário ter cuidado. Nem todo título é considerado segundo nome, então, antes de grafar com maiúscula, verifique esse status para ter certeza de como colocar.

Enfim, parabéns! Espero por suas próximas missões paralelas, caro zelote.

* * *

Kaim Wernersbäch:
Não sei se é sua primeira experiência no fórum, mas devo dizer que sua narração é quase impecável. Particularmente considero um tipo narrativo "chique demais", cheio de palavras complexas e que contribuem para contextualizar a personagem. Isso não é algo negativo, de forma alguma. Kaim é instigante e espero que contribua novamente nas paralelas. Parabéns!

* * *

Kai Vertøghen:
Na moral, qual é a de vocês com esses nomes de caracteres especiais? Olá, Kobra Kai! Vamos à sua avaliação!
Finalmente, um antagonista! Devo dizer que estou realmente feliz por ver a estreia de uma paralela do lado de Éris e você a conduziu de forma simples, direta, mas magistral. Sua narração é gostosa de ler e faz com que a gente queira ver mais do personagem. Parabéns!



PONTUAÇÕES


Kathryn:
— Coerência: 50 de 50 possíveis;
— Coesão, estrutura e fluidez: 24 de 25 possíveis;
— Objetividade e adequação à proposta: 15 de 15 possíveis;
— Organização e ortografia: 9 de 10 possíveis.
Total: (98*1,5) 147 xp + 97 dracmas + 2 tokens
Descontos: -20 HP, -240 MP.

Joel:
— Coerência: 50 de 50 possíveis;
— Coesão, estrutura e fluidez: 25 de 25 possíveis;
— Objetividade e adequação à proposta: 15 de 15 possíveis;
— Organização e ortografia: 8 de 10 possíveis.
Total: (98*2) 196 xp + 147 dracmas + 4 tokens
Descontos: -20 HP, -74 MP.

Kaim:
— Coerência: 50 de 50 possíveis;
— Coesão, estrutura e fluidez: 25 de 25 possíveis;
— Objetividade e adequação à proposta: 15 de 15 possíveis;
— Organização e ortografia: 10 de 10 possíveis.
Total: 100 xp + 50 55 dracmas (buff de poder passivo) + 3 tokens
Descontos: -30 MP

Kai:
— Coerência: 50 de 50 possíveis;
— Coesão, estrutura e fluidez: 25 de 25 possíveis;
— Objetividade e adequação à proposta: 15 de 15 possíveis;
— Organização e ortografia: 10 de 10 possíveis.
Total: 100 xp + 50 dracmas + 3 tokens
Descontos: -80 MP


TODOS ATUALIZADOS



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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Kaim Wernersbäch Seg 13 Jul 2020, 07:43

old friendships die hard
Kaim sabia que havia muito mais a ser feito naquele estado crítico no qual Manhattan se encontrava.

Veja bem, as defesas dos aliados dos Doze estavam ou dispersas demais ou ocupadas o suficiente com seus problemas pessoais para darem conta de todo o perímetro da ilha. Isso, aliado às ondas crescentes do caos instaurado pela deusa daquela esfera de poder, deixava o jovem Wernersbäch praticamente desnorteado. Caminhando próximo a um carro incendiado, o alemão procurava por entre as colunas pretas de fumaça por quaisquer movimentações amistosas que significassem a presença de aliados.

Infelizmente, tinha em mãos uma situação insustentável e um cenário depredado.

— Ei, você aí! — Alguém chamou, fazendo o filho de Hades automaticamente levar a mão à guarda da katana, preparado para puxá-la caso seu interlocutor promovesse uma ofensiva. Não foi o que ocorreu, porém.

Quem chegou perto era ninguém menos que um menino pálido, cujo rosto estava cheio de fuligem aqui e ali. Apesar da face suja, seus olhos esmeraldinos destacavam-se, encravados ao crânio. Tinha um corte no lábio inferior, assim como um pouco de sangue tornando rubras as bandagem outrora alvas que envolviam o braço esquerdo. Ainda assim, não parecia exatamente abatido pelo palco de destruição.

Talvez fosse a adrenalina.

— Quem é você? — perguntou antes que Kaim pudesse fazê-lo. — Vi o animal e achei que estivesse com problemas. — Ele se apressou em dizer, dada a existência de Etrigan ao lado do garoto.

Kaim. — O moreno se apresentou. — Recebi a convocatória de Héstia, tentei chegar o mais rápido que pude. O que exatamente está acontecendo aqui?

— Se refere aos protestos ou à guerra?

Kaim deu de ombros.

— De qualquer forma, você pode ver que a situação não está nada bem. Estamos tentando conter os danos, proteger os mortais e auxiliar a linha de frente no combate. O Empire State é o alvo do ataque; dependendo do nosso desempenho, podemos triunfar ou perecer essa noite. — O loiro explicou, soltando um suspiro cansado e inconformado. Trazia consigo um martelo e um cinto de ferramentas, além da camisa rasgada do acampamento sob um peitoral de couro fervido. — Então, o que esteve fazendo?

Eu que devia perguntar isso, sim? — Ergueu uma sobrancelha, ato esse comum àquele jovem. — Estou tentando ajudar como posso, embora não esteja me sentindo útil.

— Acredite, qualquer ajuda é necessária. — O outro replicou. Antes que algo pudesse ser dito, porém, um arrepio percorreu a trilha da espinha de Wernersbäch mesmo sob as camadas de roupa que trajava. Engoliu em seco conforme aquela sensação frívola dele se apoderava, reconhecendo-a rapidamente por saber que ela era parte de sua natureza. O interlocutor, percebendo a expressão de assombro na face do maior, franziu o cenho. — O que aconteceu…?

Alguém morreu.

Etrigan também havia sentido, notou. O cão assumira uma postura de combate, expondo os dentes afiados para ninguém em específico. Com um estalo dos dedos e um impulso nos pés, Wernersbäch mandou a criatura acompanhá-lo no momento em que começou a correr, deixando o loiro sem entender nada para trás.

— O que você vai fazer?! — gritou.

Averiguar! Procure por ajuda. — Foi tudo que respondeu, sem virar para constatar se era ou não seguido pelo outro semideus. Assim que dobrou a rua, o monstro ctônico que era seu aliado rosnou para um estabelecimento aparentemente destruído. O que um dia poderia ter sido a fachada de um restaurante estava agora arruinada, as portas de madeira jaziam quebradas na calçada, ao lado dos incontáveis cacos de vidro das janelas altas.

Foi para lá que Kaim avançou, mesmo que seu senso de perigo ordenasse que ele não o fizesse.

As botas esmagaram os cristais vítreos do chão assim que adentrou o lugar, deparando-se com uma penumbra severa que era entrecortada unicamente por lampejos de claridade advindos dos fios em curto-circuito que pendiam do forro destruído no teto. Mesas reviradas, cadeiras quebradas e toda a sorte de utensílios de decoração arruinados faziam daquele cenário algo mais assustador do que parecia por fora, incitando um redemoinho de borboletas imaginárias no estômago do filho do Invisível.

Não demorou a pisar em um rastro acumulado de sangue, manchando a sola do seu sapato.

Assustou-se, recuando rapidamente ao perceber o vestígio escarlate pelo assoalho no piso. Era como se alguém houvesse passado por ali um pincel gigante embebido em carmesim, criando um padrão para os fundos do restaurante — como se alguém houvesse sido arrastado para lá. A postura defensiva de Etrigan denunciava que a suspeita de seu mestre era verdadeira.

Antes que pudesse tentar acalmar a fera, ouviu algo se mexendo no interior do restaurante, meio escondido por uma mesa revirada. Kaim sacou a espada de imediato, provocando um som corrediço de metal ao raspar na bainha quando empunhou Styx, ouvindo os sussurros incompreensíveis das almas que residiam na lâmina amaldiçoada. A coisa se levantou devagar, como se houvesse finalmente sentido a presença do filho de Hades. Percebeu que estava distraída com um par de corpos mutilados, cuja carne e sangue pendiam da bocarra do ser cinzento e de olhos profundos.

Respirou profundamente.

O monstro finalmente se levantou, abandonando o interesse nos mundanos assassinados para fixar-se somente no semideus que apontava uma lâmina para o seu peito.

Farejou o ar, entendendo minuciosamente como era o cheiro semidivino de Kaim. Então sorriu; expôs os dentes sujos do fluido vital de terceiros em uma demonstração horrenda que seria responsável por incontáveis pesadelos ao filho de Hades caso ele sobrevivesse àquilo. Gradativamente avançou pelos destroços do restaurante, obrigando o moreno a dar alguns passos vacilantes para trás.

Atacou.

O primeiro instinto de Wernersbäch foi jogar o corpo para o lado, rolando na queda como o treinamento o ensinara. Daquela forma, acabou por tomar distância do monstro que caiu bem em cima do ponto onde ele estivera, virando o corpo de maneira veloz — descreveu um arco com Styx, tendo acesso privilegiado às costas do êmulo. Contudo, a lâmina fosca não teve o efeito desejado quando encontrou a epiderme cinzenta da criatura. Imitando pedra, sua proteção externa absorveu a maior parte do golpe.

Com um movimento de sua cauda, atingiu o jovem Wernersbäch na lateral, fazendo-o tombar. A musculatura do alemão beijou o piso abruptamente, iniciando alguns focos insistentes de dor que subiram pela região atingida. Não pôde permanecer ali; tomou distância da gárgula, colocando-se em pé novamente quando a oponente virou para mirá-lo.

Sua algoz abriu as asas e, embora o restaurante destruído não fosse necessariamente um local apropriado para voar, ela não parecia se importar. Ansiava unicamente em destroçar o estrangeiro, o qual havia apoiado o corpo em uma das paredes do lugar. Ainda tinha a espada em mãos, ouvindo o sussurrar zombeteiro das almas que havia ceifado.

A gárgula tomou impulso, lançando o corpanzil cinzento contra o semideus. Wernersbäch se jogou para o lado, fugindo da trajetória retilínea da criatura que sequer teve tempo de desviar: atingiu com força a parede que anteriormente serviu de apoio ao príncipe dos mortos. O baque fora tremendo que os tijolos cederam, de modo que o monstro acabou atravessando a barreira rumo a um pequeno depósito de alimentos. O choque frontal havia deixado-a desnorteada, o impacto em sua cabeça havia certamente custado algum dano.

Foi a deixa que o homem esperava para cambalear para fora do recinto; o coração acelerado martelava no peito.

Vamos! — disse para Etrigan, sendo escoltado pelo cão ao emergir na claridade caótica da rua vazia. Um halo amarelado de um poste próximo oscilou quando o semideus passou, trazendo à tona o brilho místico das pequenas caveiras gravadas em Styx. Elas eram nada mais que expectadores daquele confronto, ele pensou.

O som de destroços sendo movidos dentro do restaurante atraiu a atenção do moreno, o qual virou para posicionar-se contra a criatura cinzenta que se arrastava para fora. Notou que as feições da gárgula estavam danificadas, sinal claro que o impacto certeiro na parede de outrora havia surtido algum efeito. Entretanto, valia lembrar que Wernersbäch tinha consigo nada além da katana e a adaga que havia ganhado anos atrás. Aquilo seria suficiente para que ele vencesse o duelo?

Verflucht*. — praguejou.

O monstro saiu totalmente do estabelecimento destruído. Os olhos escuros estavam fixos em Kaim, que respirava pesadamente após o esforço do rápido embate anterior. Não sabia exatamente qual era sua expressão naquele momento, mas duvidava que parecesse um herói. Na realidade, estava longe daquele ideal.

Mas se teria algo em comum com um herói, seria o fim trágico.

De qualquer maneira, o filho de Hades segurou o cabo de Styx e manteve a lâmina da katana apontada para o oponente. Quando a gárgula avançou, algo surpreendeu a ambos: luzes. Ou melhor, faróis de um carro que, velozmente e sem avisar, deu sinal de sua presença ao dobrar a esquina cantando os pneus no asfalto.

A gárgula teve tempo somente de olhar para o lado, enquanto que Kaim já havia se jogado para longe da lataria, quando foi atingida pelo veículo branco com sirenes no topo. O alemão ergueu os olhos, ainda no chão, para presenciar o corpo anteriormente sólido do demônio transformar-se em poeira e ser levado pela brisa noturna. Do carro — cuja frente estava amassada pela colisão com a criatura —, um jovem loiro saiu. Mancava, tinha o rosto sujo, mas parecia “bem”.

C-Como? — perguntou, levantando do chão.

— Foi improviso, eu juro. — O outro respondeu. Era o mesmo garoto que havia encontrado antes do confronto com a gárgula, lembrou. — Eu estava procurando você, na verdade. Quíron mandou um corpo de curandeiros para cá, mas aparentemente eles ficaram presos na ponte do Brooklyn. Roubei esse carro da polícia, mas acho que eles não vão se importar. Quando vi a gárgula eu… apenas acelerei.

Correto. — Kaim embainhou Styx novamente. — Vamos.


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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Kathryn Sawyer Seg 13 Jul 2020, 11:54


Unfortunate Royalty
ruína & ascenção: as gárgulas

— Você não vai escapar de novo, criatura maldita — ameaçou brandindo sua lança. Maddie saltou por cima dos destroços de um carro. Sua mandíbula se abriu, acertando a nuca da gárgula que interrompia o voo.

Girou o cabo da arma, golpeando suas costas com uma estocada. A lança perfurou a pele pútrida da criatura, dando um fim em sua vida num piscar de olhos. Do outro lado da rua, mortais eram deixados à mercê da própria sorte. Outras gárgulas planaram rumo ao fim do quarteirão.

— Precisamos alcançá-las. Pronta? — o carcaju agitou as patas, emitindo algumas faíscas. Kathryn tocou o pingente em seu pescoço, ativando a lágrima da deusa antes de partir para a batalha.

Correu pela avenida, cortando os espólios de guerra espalhados pelo caminho. Tânatos deveria estar feliz com o genocídio. No fim, todos saíram perdendo, incluindo os deuses por quem lutava. Sawyer encontrou um grupo de três gárgulas. Planejavam fugir, como esperado. Duas voaram, enquanto a terceira recuou.

— Vamos dar uma volta — ela provocou, saltando para cortar com sua lança o peito da criatura. Permitiu ser atingida no escudo, agarrando as patas do demônio que pairava no ar.

A cria dos céus elevou-se até o fim da avenida. Lutou bravamente para manter o equilíbrio, abraçada a pele enrugada da criatura que grunhia. Ambas caíram ao se aproximar de um posto de gasolina, rolando sobre o terreno. Maddie veio logo atrás, mordendo às costas do monstro que cambaleava. De pé novamente, Sawyer apanhou sua lança de modo a estocar a cabeça da rival.

Sentiu a eletricidade fluir pelo cabo da lança, fervilhando os miolos do ser desfalecido. Puxou a arma para si, voltando a atenção ao turbilhão de demônios sanguinários do topo da cabine à distância. A conveniência uma vez repleta de produtos agora exalava morte, com pedaços humanos e criaturas temíveis por todos os lados. Três gárgulas mergulharam, empurrando Kathryn que ergueu o escudo na altura do peito. A estática desestabilizou a primeira criatura que caiu levantando poeira.

Abriu a boca, exalando o hálito inebriante de Hera e então avançou, comandando sua mascote para que atacasse as outras duas criaturas. Girou a lança, cortando o braço direito da gárgula que abocanhou seu escudo. Chutou seu corpo, afastando a criatura com um manejo defensivo. Duas estocadas no peito e Sawyer pode inclinar o corpo sobre a arma, forçando violentamente a morte do demônio.

Correu em direção a Maddie. Não podia parar. A mascote foi arremessada após eletrocutar a primeira gárgula, cambaleando para o lado. Com o hálito preparado, saltou rumo a ao alvo com sua lança. Acertou o solo, exalando o odor debilitante antes de golpear o focinho com escudo. A segunda criatura derrubou Kathryn, arranhando suas costas no processo. Graças a força herdada de seu pai, conseguiu empurrar o próprio corpo para cima de modo a retomar a lança na aterrissagem.

Com as mãos, tocou a cabeça da gárgula. A eletricidade fluiu por suas veias, atordoando ainda mais seus sentidos. Saltou, usando a lança novamente para empalar o segundo demônio. Estavam perdendo tempo ali. Com um corte, decapitou a gárgula antes de esfaquear a outra com sua adaga. Ambas caíram, transformando-se em poeira dourada em seguida.

Outras voaram para longe, carregando alguns mortais adormecidos. Ainda precisava dar fim aquele “ninho”, então, comandou Maddie para que se afastasse. Saltou rumo as bombas de gasolina, batendo a lança contra o próprio escudo. Algumas criaturas que ficavam para trás encararam a prole de Zeus que largou o mecanismo aberto. Gasolina golejou pelo chão. Demônio voaram em sua direção. Kathryn correu como nunca o fez antes, esperando até o último segundo para disparar três esferas de energia.

A energia expandiu-se no local, criando uma combustão instantânea. A explosão arremessou Sawyer para o outro lado da pista, caindo sobre a vegetação. Ela tossiu, observando o inferno erguer-se em uma coluna de destroços. Seu corpo doía e Maddie também estava debilitada. Se fosse seguir as outras gárgulas, precisaria de ajuda. Abraçou a carcaça metálica da mascote, respirando ofegante.

— É hora de voltar garota.


informações & etc:
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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Perséfone Seg 13 Jul 2020, 17:45


Avaliações



Kai Vertøghen:
Olá Kai! Tudo bem? Você é o primeiro anti-herói a postar uma paralela e devo dizer que me surpreendeu bastante. Sua narração é limpa, direta e simples, tornando a personalidade da personagem notável e agradável. Tenho apenas um apontamento a fazer:

Kai Vertøghen escreveu:Quando estalou os dedos, uma faísca cintilou, escapando de seus dedos. No instante seguinte, o fogo tocou a madeira do cedro, mastigando-a.

Neste trecho, você utiliza dedos duas vezes consecutivas. É recomendado utilizar sinônimos.

Espero mais missões suas e deixo meus parabéns.


* * *

Kaim Wernersbäch:
Olá, Kaim. É sua segunda narração e não tenho muito o que dizer sobre.

Encontrei alguns erros durante uma revisão, sendo estes:

as defesas dos aliados dos Doze estavam ou dispersas demais ou ocupadas

Conjunções alternativas devem ser separadas por vírgulas.

Sua algoz abriu as asas e, embora o restaurante destruído

O correto seria "Seu algoz".

Enfim, parabéns! Aguardo ansiosamente sua próxima missão paralela.



PONTUAÇÕES


Kai Vertøghen:
— Coerência: 50 de 50 possíveis;
— Coesão, estrutura e fluidez: 24 de 25 possíveis;
— Objetividade e adequação à proposta: 15 de 15 possíveis;
— Organização e ortografia: 9 de 10 possíveis.
Total: (98*1) 98 xp + 48 dracmas + 2 tokens
Descontos: -110MP

Kaim Wernersbäch:
— Coerência: 50 de 50 possíveis;
— Coesão, estrutura e fluidez: 24 de 25 possíveis;
— Objetividade e adequação à proposta: 15 de 15 possíveis;
— Organização e ortografia: 9 de 10 possíveis.
Total: (97*2) 194 xp + 144 + 14 = 158 dracmas + 4 tokens
Descontos: -20 HP, -40MP.


ATUALIZADO



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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Kara Willians Seg 13 Jul 2020, 21:28

Ruína: as gárgulas


“Éris sabia como dar uma festa”.
Acelerava pela avenida, desviando de alguns mortais desesperados e da destruição — até então, nada novo para Nova Iorque. Bom, pelo menos não deveria ser. Algo dizia que as criaturas monstruosas e a depredação de comércios estavam acima do normal. A filha de Perséfone estacionou próxima a uma zona de obras, tirando o capacete para ter uma melhor visão. Gárgulas sanguinárias sobrevoavam o quarteirão, atacando os desafortunados que encontravam. Precisavam de ajuda. Não poderia alcançar o Empire State, mas, faria algo para proteger sua família na guerra.

Agitou o bracelete no pulso. O metal se transformou adquirindo uma tonalidade escarlate ao se alongar em um chicote. Lançou o cabo para frente, enrolando a corda no pescoço de uma fera que vigiava a entrada. Ela grunhiu, tentando arrastá-la com um voo. O líquido venenoso corroeu sua pele, forçando-a pousar novamente. Kara soltou o cabo, saltando para libertar a lâmina de sua bainha.

Cortou heroicamente suas costas, arrancando mais grunhidos do monstro. Com duas estocadas e o fincar do espadim em seu abdome, a criatura se desfez em pó dourado. Um de novecentos mil. Falta pouco. Julgou que os campistas estavam tendo um trabalho duro e aquele ambiente era o posto das criaturas que havia visto no caminho. Não voariam com reféns até ali atoa, afinal.

Kara acionou seu presente assim que invadiu o campo arenoso. Duas gárgulas saboreavam partes humanas sobre algumas vigas metálics separadas por maquinários. A cena era horripilante, porém, mediana para quem já havia presenciado coisa pior. De sua bolsa, arremessou duas pedras sobre o terreno. Dois mini-elementais terrestres brotaram, grunhindo em fúria para as gárgulas.

— Vão. Acabem com essas coisas. — ordenou com a espada levantada. As mascotes atacaram, saltando sobre o peito das criaturas — Ok, agora é tua vez de ajudar Will — disse apontando seu espelho de mão para cima.

Seu próprio reflexo ganhou vida: uma réplica idêntica à semideusa. O duplo deu de ombros quando o primeiro mini-elemental se desfez com um golpe da gárgula que avançava ferozmente.

— Você me chamou pra isso? Sério, Kara?

— Sabe o que fazer — Kara avançou pela lateral para ajudar o criado.

— Urgh — ele resmungou, levantando os braços para conjurar o poder do submundo. Rochas ergueram-se frente a gárgula, atravessando seu corpo brutalmente. Quando tentou se mover novamente, o duplo finalizou a criatura com um corte rápido. A adaga rasgou sua carne, jorrando sangue sobre o demônio reflexivo que desapareceu tão rápido quanto a inimiga.

Willians atacou com seu chicote, segurando o pulso da gárgula. Puxou com toda força possível, mas, fora arrastada contra a porta de uma das máquinas. O elemental saltou, golpeando seu peito como uma bola de futebol. Quando a gárgula tentou esmagá-lo, pétalas de rosas despertaram sua atenção. Um jardim escarlate preencheu o solo, ganhando volume a cada segundo. No centro, a prole de Perséfone utilizou o poder da constituição primaveril para amaldiçoar a inimiga.

— Durma. Agora.

O demônio cambaleou para frente. O tornado de pétalas se formou, desmaiando a criatura que em seu último suspiro, tentou atacar a garota. Ela riu, descendo a lâmina em sua nuca. A poça de sangue se formou em seus pés, juntando-se ao mar de pétalas que lhe traziam memórias ruins. Bruce havia partido e jamais voltaria, independente de quanta dor impusesse sobre aquelas gárgulas. Ela ficou ali, parada, pensando em silêncio por um tempo na consequência de suas ações.

Abandonar Circe teria sido a escolha certa? Uma gárgula cortou o ar sobre sua cabeça, voando rumo ao bloco de trás da construção. Sem pensar duas vezes, Kara devolveu sua lâmina na bainha e partiu rumo ao caos. Afinal, era uma festa! E adorava festas — mesmo que ficasse reflexiva às vezes.





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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Kaim Wernersbäch Qua 15 Jul 2020, 10:54

old friendships die hard
O filho de Hades estava ansioso. Aquela sensação frígida e pesada em seu peito era incômoda e, de determinada maneira, o deixava inquieto e com os batimentos acelerados.

Não poderia culpar-se; era de se esperar que estivesse surtando com aquele estado de calamidade se alastrando e queimando Manhattan. Dentro do carro de polícia roubado por Steve — o semideus que havia conhecido há menos de meia hora —, Kaim tamborilava os dedos pela superfície do painel. A agitação das falanges se dava muito mais pela inconsistência do cenário que pelo receio de morte, contudo.

Wernersbäch estivera morto, afinal.

Aquilo já não o assustava tanto.

Héstia havia dito que o Empire State estava sob ataque. Não deveríamos ir até lá? — questionou após alguns segundos depois de dobrarem em uma avenida. Steve não tirou os olhos do caminho, porém havia um semblante preocupado em seu rosto em função da indagação do alemão.

— A resistência no Olimpo está agindo; mas há outras frentes de batalha que precisam da nossa atenção. — Pisou no freio. Quando o veículo do Departamento de Polícia parou próximo a algumas barricadas, desceram. — Ela precisa de ajuda!

Uma garota havia terminado de finalizar uma gárgula, muito similar ao que o próprio estrangeiro havia destruído há pouco. Contudo, diferente do caso dele, ela estava ferida e pressionava a mão no próprio flanco. A camisa laranja do acampamento estava tornando-se vermelha naquela zona, sinal que o fluido vital da desconhecida lhe escapava por uma fenda indômita resultante da batalha anterior.

Cubra o perímetro. — A sonoridade das palavras do filho de Hades fizeram com que aquele apelo soasse como uma ordem. Não importava, porém, quando a urgência da situação clamava por uma regência cruel. Wernersbäch seguiu até a garota. Ela, percebendo que o moreno vinha em seu auxílio, aproximou-se dele com alguns passos torpes antes de os joelhos fraquejarem.

Teria tombado para frente se o rapaz não houvesse segurado-a.

“Pelos deuses, é praticamente uma criança…”

Kaim não era exatamente velho. Digo, havia morrido aos vinte anos. Passou três décadas no mundo dos mortos até ter a vida restituída pelo poder de Nyx — considerava-se, contudo, paralisado em suas vinte primaveras. A menina que tinha em sua companhia era mais jovem: beirava os dezessete, em uma estimativa otimista de sua faixa etária. Talvez fosse, infelizmente, um pouco mais jovem.

Era por isso que mantinha distância dos deuses: lhe parecia cruel mandar adolescentes para um massacre. Contudo, não havia uma gama de opções suficientes: ou lutavam pelos imortais do Olimpo, ou morreriam sob a anarquia proposta por Éris.

— Estou com dor… — Ela conseguiu murmurar.

Shh… — O filho de Hades, contrariando sua própria natureza, acariciou-lhe os cabelos castanhos sujos de fuligem. Deixou que ela buscasse refúgio em seu peito conforme os braços pálidos a envolviam para, daquela forma, pegá-la no colo. — Eu vou tirar você daqui, tudo bem?

Ela não respondeu.

Levou o corpo inerte, mas ainda vivo, ao carro de polícia. Alocou-a no banco traseiro, onde ela pôde permanecer deitada ao lado de Etrigan. Feito isso, retornou ao banco do carona apressando Steve para que ele dirigisse o veículo. Assim foi feito.

Conforme costuravam as ruas praticamente vazias e maculadas pelas chagas do caos, Wernersbäch olhava sobre o ombro sempre para garantir que ela estava bem. Apesar do semblante lânguido e dos lábios que tornavam-se cada vez mais lúridos, respondia às tolas perguntas que o moreno fazia na tentativa de mantê-la lúcida.

Steve estacionou a alguns quarteirões de onde a resgataram, em um acesso de barricadas improvisadas onde uma tenda branca — símile às que tinham no Acampamento —, servia de posto de emergência. Curandeiros andavam de um lado para o outro, tratando semideuses como podiam. A julgar pelos rostos afogados em melancolia e desespero, tanto dos médicos como dos pacientes, a situação estava piorando.

Vamos. — disse Kaim após descer e pegá-la novamente do banco traseiro, carregando-a junto a si para a profusão de jalecos brancos e bandagens. Uma Curandeira os encontrou de imediato, correndo para prestar os primeiros auxílios tão logo a desconhecida foi deitada por Wernersbäch em uma maca. A primeira coisa a fazer foi pressionar uma toalha limpa sobre o ferimento em seu flanco, a fim de ganhar algum tempo para que estancasse o sangramento e sanasse a possível hemorragia interna. — Ela vai ficar bem?

— Espero que sim. — A resposta não foi tão animadora. Era melhor que nada, ainda assim.

As mãos da serva de Asclépio atingiram um tom cálido e alaranjado quando ela as colocou sobre o ferimento da moça. Com uma prece sussurrada ao deus patrono, fechou aquele golpe na carne alheia de maneira rápida e limpa.

— Obrigada por trazê-la a tempo. — disse a Curandeira. — Se tivesse demorado um pouco mais, talvez ela não houvesse resistido...

Entendo. — Ele assentiu. Engoliu em seco, decidindo voltar ao carro estacionado. Steve o aguardava.


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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Morfeu Qua 15 Jul 2020, 17:59


Avaliações



Kathryn Sawyer:
Oi, Kath. Espero que esteja se divertindo com as missões paralelas. Não tenho grandes observações a fazer. A missão foi realizada de forma clara e sem muitas “voltas”. No entanto, alguns pontos da batalha me pareceram meio confusos ou corridos, de modo que tive que ler mais de uma vez para entender o que estava acontecendo. Quanto à ortografia, não achei nenhum erro gritante, apenas algumas pequenas faltas de atenção em trechos como este:

Kathryn Sawyer escreveu:Demônio voaram em sua direção. Kathryn correu como nunca o fez antes, esperando até o último segundo para disparar três esferas de energia.

Onde você acabou não se atentando ao uso do plural.

Mas de modo geral, te parabenizo pelo texto!

* * *

Kara Willians:
Olá, Kara. Primeiramente devo dizer que, apesar do texto curto, você conseguiu cumprir de forma eficiente os pontos obrigatórios da missão, além de nos dar pequenos detalhes acerca da trama pessoal da personagem e suas motivações. A missão foi objetiva e dinâmica, o que pessoalmente considero uma vantagem a se explorar nas missões paralelas. Não encontrei nenhum erro ortográfico passível de desconto no texto, então meus parabéns!


* * *

Kaim Wernersbäch:
Olá, jovem Kaim. Também não me alongarei em sua avaliação: o texto foi bem construído e cumpriu com os pontos pré-estabelecidos. Por se tratar de uma missão simples, não vejo motivo para um post extenso e cansativo. Como no caso da Kara, não encontrei nenhum erro ortográfico que me fizesse descontar algo em sua avaliação.



PONTUAÇÕES


Kathryn Sawyer:
— Coerência: 49 de 50 possíveis;
— Coesão, estrutura e fluidez: 23 de 25 possíveis;
— Objetividade e adequação à proposta: 15 de 15 possíveis;
— Organização e ortografia: 9 de 10 possíveis.
Total: (96*2) 192 xp + 144 dracmas + 4 tokens
Descontos: -60 HP/ -53MP

Kara Willians:
— Coerência: 50 de 50 possíveis;
— Coesão, estrutura e fluidez: 25 de 25 possíveis;
— Objetividade e adequação à proposta: 15 de 15 possíveis;
— Organização e ortografia: 10 de 10 possíveis.
Total: (100*2) 200 xp + 150 dracmas + 5 tokens
Descontos: -25HP/-40MP

Kaim Wernersbäch:
— Coerência: 50 de 50 possíveis;
— Coesão, estrutura e fluidez: 25 de 25 possíveis;
— Objetividade e adequação à proposta: 15 de 15 possíveis;
— Organização e ortografia: 10 de 10 possíveis.
Total: (100*1) 100 xp + 55 dracmas (+10% provenientes do passivo "Aura da riqueza") + 3 tokens.
Descontos: -40MP.

Qualquer dúvida, mandem MP.


ATUALIZADO



Morfeu
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Re: — Ruína e Ascensão: missões paralelas [narrações]

Mensagem por Joel Hunter Sex 17 Jul 2020, 15:58



I've been hiding in this bed for weeks from this, throats raw from screaming and I haven't said a word. The sky is calling, and the stars they point to this
ESCOLTA DE GUERRA!

Não demorou muito até se deparar com outra barrica improvisada pelas forças do Acampamento. Ao se aproximar, Joel ouviu seu nome ser gritado em algum canto de uma das tendas armadas para cuidar dos combatentes feridos. Virou-se, procurando pelo dono da voz rouca e cansada, finalmente cruzando o olhar com Eugene, um curandeiro com quem havia se consultado algumas semanas antes. Trajava um jaleco um dia fora branco, mas que agora era tingido por sujeira e sangue de outros semideuses, e balançava uma das mãos enquanto seus companheiros corriam de um lado para o outro, socorrendo o máximo de pessoas que podiam.

O filho de Nêmesis acenou com a mão, se aproximando do rapaz, que não estava no melhor dos estados: seu cabelo estava bagunçado, sua cara estava coberta de fuligem e uma das lentes de seus óculos estava quebrada. Ainda assim, era perceptível que ainda havia muito a se fazer naquele setor, uma vez que o fluxo de pessoas no local só parecia aumentar.

— Hunter! Como você está? — Indagou o curandeiro, sacando uma pequena lanterna do bolso do jaleco e acendendo-a enquanto abria uma das pálpebras de Joel com uma das mãos, procurando por pequenas concussões ou algo do gênero. — Não parece estar ferido. Pensei que estaria avançando rumo ao Olimpo junto com os outros.

— Acho que cheguei atrasado pra festa. — O vingador respondeu, dando de ombros. Arrancou uma risada cansada do outro rapaz. — Mas pelo visto ainda há muito trabalho para fazer por aqui. — Disse, sinalizando com a destra toda a agitação vigente ao redor de ambos.

O outro garoto confirmou com a cabeça. Na área onde os curandeiros atuavam, não havia sequer uma maca que não estivesse ocupada, de modo que os pacientes menos graves recebiam seus atendimentos sentados no chão ou no meio-fio. Os seguidores de Asclépio iam de um lado para o outro, trazendo consigo porções, frascos vazios ou ataduras para curativos em um ritmo frenético, de modo que por vezes esbarravam uns nos outros. Alguns repreendiam Eugene com olhares por estar conversando enquanto havia tanto a se fazer por ali, o que o fez pigarrear antes de retomar a conversa para ir direto ao ponto.

— Pois é. Como pode ver, estamos bem ocupados por aqui. Não estamos em número suficiente para atender a demanda de feridos, então Quíron mandou um grupo de reforço para esta área. — Dizia o rapaz hispânico, enquanto girava nervosamente a pequena lanterna em sua mão, até que por fim a guardou novamente, suspirando. — Porém eles ainda não chegaram. Temo que algo tenha acontecido enquanto vinham para cá...

O rapaz encarou Hunter, esperando que não tivesse que tornar explícito o pedido nas entrelinhas de sua fala. O zelote deixou o ar escapar pelo nariz, numa menção à risada, e mais uma vez deu de ombros. Estava ali justamente para ajudar.

— Alguma ideia de onde eles podem estar?

— Nosso último contato com o grupo foi por meio de uma mensagem de Íris, quando estavam na 34th Street se direcionando para cá. Mas isso já faz mais de meia-hora. — O curandeiro informou. — Depois disso, não conseguimos mais nos comunicar.

— Não é muito longe daqui, com certeza já deveriam ter chegado. Certo, vou checar.

Eugene agradeceu ao semideus antes deste partir. Fez questão de afirmar que a equipe seria fundamental para que pudesse socorrer aos campistas de forma mais eficaz, reforçando a importância do sucesso daquela busca. A responsabilidade da missão pesou sobre os ombros do filho de Nêmesis, embora ele não deixasse transparecer. Raramente deixava algo transparecer, para falar a verdade, sempre disfarçando os momentos sérios e sombrios com caretas e piadas para disfarçar o medo de falhar.

Percorreu as ruas de uma Manhattan submersa em pesadelos sem muitas dificuldades além de carros incendiados e pedestres que adormeciam ao relento na calçada. Surpreendentemente, não encontrou qualquer criatura monstruosa em seu caminho, mas manteve a atenção redobrada enquanto corria pela cidade até chegar ao local mencionado pelo curandeiro, não demorando muito até fazê-lo. Como em todo o percurso até ali, não havia sinal de nenhuma presença fosse ela amigável ou hostil, ou pelo menos era o que o semideus pensava antes de passar em frente a uma loja de perfumes.

Ao passar pela vitrine parcialmente danificada, Joel não percebeu nada além do forte odor das essências provenientes de frascos quebrados e derrubados dentro do estabelecimento, resolvendo ignorá-lo até perceber os quase inaudíveis sussurros vindos do interior da loja. Apertou o cabo da espada antes de focar seu olhar para perto do balcão próximo à entrada, conseguindo distinguir três figuras humanas agachadas e parcialmente submersas na penumbra: dois garotos e uma moça, todos trajando as mesmas vestimentas dos curandeiros atuando nas barricadas, porém menos sujos. A garota, posicionada mais próxima ao semideus que o resto do grupo, levou o indicador até a boca, sinalizando para que Hunter fizesse silêncio, e em seguida apontou para o lado oposto da rua, indicando o motivo de estarem escondidos.

No telhado de uma pequena mercearia que se encontrava do outro lado da rua, três monstros farejavam o ar em direções distintas, como se procurassem por algo. Sua aparência era horrenda: sua pele acinzentada transmitia um aspecto de doença, o que era agravado pelo sangue seco espalhado pela boca e pelas intermináveis fileiras de dentes pontiagudos. As orelhas, enormes e pontiagudas, poderiam facilmente ser confundidas com chifres. Surpreendentemente, não pareciam notar a presença do filho da deusa da retribuição, que logo concluiu que o cheiro das essências da loja de perfumes era forte o suficiente para disfarçar a presença dos semideuses ali reunidos.  

— Esperem o meu sinal. — Sussurrou Hunter, tomando cuidado para não fazer nenhum som e contanto que a garota pudesse compreender a movimentação de seus lábios. Para sua satisfação, ela assentiu, compreendendo o recado.

Rapidamente, tanto o escudo quanto a espada do semideus voltaram às suas formas passivas, sendo substituídos nas mãos do mesmo pelas duas adagas que carregava na cintura. Lembrou-se dos treinamentos com Mason e Sypha, onde a garota ensaiava algumas investidas com essa configuração de armas, conseguindo até mesmo surpreender o monitor de Ares algumas vezes. Joel reparava como aquele estilo de luta mostrava-se ideal para ataques surpresa, então decidiu tenta-lo naquela situação. Agarrando ambos os cabos com a empunhadura invertida, se esgueirou entre os carros parados antes de estalar os dedos, visando se teleportar até as costas de um dos monstros.

Em um piscar de olhos, o corpo do moreno havia se materializado no local onde havia planejado. Antes que sequer fosse percebido pelas bestas, fincou ambas as lâminas no trapézio da criatura, o que não era difícil já que as mesmas eram mais baixas que o garoto. Penetrou a carne do amaldiçoado sem muita complicação, diferente da gárgula que havia enfrentado a pouco tempo. Tão logo o metal desapareceu sobre a pele cinza-escura, puxou as adagas para baixo, abrindo rasgos paralelos nas costas da besta, que emitia sons de fúria e dor. Quando um dos dois monstros restante pensou em reagir, Joel usou o corpo da fera atacada como escudo, se protegendo das garras do oponente. Com um chute, empurrou o cadáver na direção do segundo atacante, ganhado tempo para reagir ao terceiro Ekimmu.

— Agora! Vão! — O vingador bradou para o grupo ainda escondido na loja. Instantaneamente, as três figuras puseram-se a correr, enquanto o semideus se esquivava dos golpes dados pela fera a sua frente. Percebeu, no último momento, que o outro adversário tentaria atacá-lo pelas costas, mas não conseguiu se desvencilhar da investida. Violentamente, os gadanhos animalescos encontraram o couro da armadura de Hunter, sendo ela a única coisa que manteve a carne do garoto presa a seu corpo. Ainda assim, a onda de dor percorreu o tronco do garoto. — Filho da... — Rosnou, dando uma cambalhota para sair do meio dos monstros.

Com o canto dos olhos, pode constatar que os curandeiros já estavam consideravelmente distantes da batalha, o que fez com que o vingador se concentrasse melhor na luta. Ambos os monstros avançaram em sincronia, e a estratégia de Joel foi simples: quando estavam perto o suficiente do semideus, ele se agachou e riscou o chão com uma das adagas. Tão logo a parede de lâminas surgiu do chão e atingiu os atacantes, o meio-sangue estalou os dedos novamente, se teletransportando o mais próximo que conseguia do resto dos semideuses e alcançando-os na corrida. Não olhou para trás para conferir o dano causado nas bestas, já que seu principal objetivo era garantir que o grupo chegasse em segurança. Acreditava que os danos infligidos aos amaldiçoados, caso não os derrotassem completamente, os impediriam de segui-los até a barricada.

— Obrigada. Pensei que ninguém viria. — Disse a garota de cabelos negros, lisos e curtos, ao virarem a esquina, deixando a dupla monstruosa fora de seu alcance de visão. Somente agora o filho da Vingança podia vislumbrar os atributos físicos dos companheiros: os garotos pareciam ter cerca de 15 anos, enquanto a curandeira aparentava ser dois ou três anos mais velha. Eram caucasianos e até parecidos entre si, e a julgar pelo sotaque da moça, não eram nativos dos Estados Unidos. — Já estava me acostumando com a ideia de ficar presa naquela loja com esses dois idiotas.

— Hey! — Um dos garotos protestou, com sua voz pré-púbere. — Se não tivéssemos entrado lá, provavelmente iríamos virar jantar daquelas coisas. Um pouco de gratidão não cairia mal em você, Mayla. Você sempre... — O menino foi interrompido pelo olhar furioso por cima do ombro daquela que parecia ser a líder. Joel não pode deixar de rir com a cena e se perguntar como a dinâmica daquele trio funcionava em situações críticas como aquela.

— Foi uma ideia inteligente se esconder na loja de perfumes. Ganhou tempo até que eu pudesse chegar. — Hunter ergueu o polegar para o garoto, em sinal de aprovação. Os meninos se entreolharam, satisfeitos com o comentário. — Agora vamos. Algo me diz que vocês ainda têm muito que fazer nesta noite. — Alertou, antes de chegarem ao seu destino sem maiores problemas.



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Equipamentos:
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Joel Hunter
Joel Hunter
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