Rio do Acampamento ♠Local Público Oficial♠

Nice to meet you

Shane parecia de fato se preocupar com as pessoas que poderiam seguir o rumo de sua mãe. Afinal essas coisas são chatas de se passar, ele tinha isso por experiência própria, seu pai havia morrido da mesma maneira por não poder ter ficado com Íris.

— Não se desculpe por isso. Entendo como se sente por isso. Não irei fumar com você por perto. — Riu ao ver as referencias do rapaz — Bom, eu gostava de tudo isso antes de vir para esse mundo e ver que não era esse mar de rosas. — Sorriu de canto. — Sou filho de Íris. Por causa dela eu perdi meu pai, e por causa dessa vida, perdi os amigos que eu amava.

As lágrimas começaram a tomar conta dos olhos de Will. Ele suspirou fundo para a tristeza não o afetar tanto, afinal, sentimentos afetam o julgamento.

— E você? Quem é seu progenitor divino? — Indagou.

Clica sz:

Nice to meet you

Sorriu com o toque do rapaz em seu ombro, de certa forma era reconfortante falar daquilo com alguém e esse alguém provavelmente sentir a dor de perder quem ama.

— Exato. E mensageira de Hera. — Riu ao ouvir Shane falar sobre Kratos — Você é bonito de mais para ser cria dele. Só se sua mãe fosse extremamente bonita, ai explicaria isso. — Sorriu para ele. — Deixa eu te mostrar algo que eu aprendi a fazer!— Disse totalmente entusiasmado.

Will levou uma de suas mãos até o cabelo do rapaz e pegou uma pequena mecha dele. Pressionou seu dedão sobe a mecha o puxou para baixo até chegar na ponta, fazendo com que o cabelo se tornasse da cor verde

— Viu?! Eu posso tingir o cabelo sem tinta! Meu mais novo poder. Agora vem as grandes responsabilidades. — Comentou.

Clica sz:

Nice to meet you

Assim que soltou o cabelo do rapaz, estalou os dedos fazendo a cor voltar a natural. Era um poder legal, porém não era tão útil assim.

— Só posso mudar cor de cabelo, logo não funcionaria no seu boletim. — Disse meio triste, afinal era uma boa ideia. — Ouro no fim do arco-íris? Bom eu nunca fui até lá. Na real, eu só vi um ou dois a minha vida toda. — Sorriu para ele.

Will pegou uma de seus cigarros, por força do hábito e já o levava em direção a boca, mas lembrou que havia falado para Shane que não fumaria perto dele e logo o guardou de novo.

— Perdão. Quase me esqueci. — Riu. — Enfim, como veio parar aqui no acampamento, Shane? Apesar de não saber sobre quem é seu progenitor, você está aqui, logo você sabe sobre a gente.

Clica sz:

Nice to meet you

A história de Shane poderia ser considerada triste no mundo em que viviam, porém muito das pessoas não ligariam para aquilo, pois estavam ocupadas de mais tentando sobreviver, mas aquilo de certa forma tocou Will.

— Interessante. Tem uma deusa que poderia te ajudar com isso, sabia? — Pensou por alguns instantes, pois tentava lembrar o nome dela. — Psiquê! Tem uns seguidores dela aqui no acampamento, se quiser lhe apresento eles, eles podem falar com ela pra te ajudar. Deve ser tenso não lemmbrar das coisas. — Sorriu de canto.

O rapaz se deitou nas pedras olhando pro céu enquanto observava as nuvens e mexia em seu cordão de cristal.

— Bom, eu fico feliz que tenha vindo pra cá. Apesar dessa vida ser louca, aqui é um bom lugar, com boas pessoas.

Clica sz:

Nice to meet you

Riu ao ver o rapaz com um bloquinho de notas. Não era uma má ideia, Will mesmo era uma pessoa avoada, e uma bloco para ele viria bem a calhar... Quem sabe não seguiria a ideia?

—Bom eles moram aqui no acampamento... — Continuou olhando pro céu. — Tem uma no chalé de Selene, nome dela é Ayla, tem um no chalé de Nyx também, o Justin. Tinha o Lyssandre mas ele acabou morrendo.

Will se sentou enquanto fitava Shane. Sorriu de canto para ele.

— Posso te levar até eles mais tarde, caso queira. Como eles são filhos de deusas noturnas, provavelmente estarão treinando. Se quiser, te mostro como chegar lá.

Clica sz:

Nice to meet you

Sorriu ao ver que o garoto havia anotado de fato tudo que ele tinha dito. Will se levantou limpando um pouco da sujeira da sua calça e fitou o garoto.

— Preciso ir agora. É horário do meu treino de espadas.

Will se aproximou de Shane e pegou a mesma mecha de antes e a deixou num tom amarelado, quase como se fosse uma luzes de cabelo. Soltou o cabelo e se virou caminhando em direção a arena.

— Essa mecha vai fazer você ir falar comigo no meu chalé para eu desfazer ela. Ou você pode cortar seu cabelo e não falar comigo. Sabe onde me encontrar. — Gritou enquanto andava.

Clica sz:

Holly Smoke

Johan estava cansado. De nada em particular. Simplesmente estava. Pensava que teria mais momentos de paz no Acampamento Meio-Sangue, mas enganara-se. As atividades cansavam seu corpo. Às vezes o ajudavam a dormir. Mas não eram suficientes para afastá-lo.  Ah, mas não eram mesmo.

Estava forte. Mais do que nunca. Desde que agredira o grandalhão do chalé de Héracles, o Cão passara a debochar em seus ouvidos com mais frequência. Lembrava-o de que quebrara a promessa novamente. Lembrava-o de que se sentira bem com isso. Lembrava-o de que criara uma rixa desnecessária com um chalé inteiro. Lembrava-o que era órfão. Lembrava-o de que não tinha ninguém. Lembrava-o de que não gostava de seus irmãos, mesmo com o bom tratamento que eles o reservavam depois do incidente.  

Pesado. Era como se sentia. De corpo e mente. Não estava feliz. Não que estivesse antes. Nunca vira a felicidade como meta nem como requisito para que continuasse com sua vida. Mas pensava em coisas ruins. Pensava quando no chalé. Pensava nos treinos. Pensava ao evitar a interação com outros campistas.  

Sim, evitava. Acostumara-se com sua solidão. Não é que a desejasse. Tornara-se mais fácil conviver com ela do que com outros indivíduos. É inerente ao ser humano trazer problemas ao próximo. E problemas são coisas que Johan tem vontade de evitar. Não precisa de mais deles.

Somado a tudo isso, passara suas primeiras semanas seu o seu escape. A abstinência o aterrorizou de uma maneira como nunca antes. Suas mãos tremiam, descontroladas. Estava extremamente irritadiço. Às vezes tinha vontade de chorar, mas conseguiu se segurar muito bem. Tinha muita fome, mas evitava comer. Até mesmo quando precisava.

Quando achou que ia explodir, fraquejou e quebrou as regras do acampamento. Celebrou um acordo com um dos filhos de Hermes. Por alguns dracmas – que Johan julgou serem acima do necessário, mas seu desespero falou mais alto – o campista conseguiu contrabandear um maço e um isqueiro para ele.

Matou os treinos naquela tarde. Pretendia segurar até a noite para escapulir, horário em que chamaria menos atenção, mas não conseguiu resistir. Deu uma desculpa qualquer ao pessoal de seu chalé e praticamente correu até a floresta, local que julgou estar vazio naquele horário.

Suas mãos tremeram de excitação ao rasgar o plástico. Quando abriu o papel que protegia os cigarros, quase se descontrolou. Levou um até a boca com a ânsia de um moribundo perdido no deserto diante de uma fonte de água. Lutou por alguns instantes para manter a chama do isqueiro acesa por tempo suficiente para ascendê-lo. Conseguiu.

Puxou o filtro vermelho e jogou a primeira baforada de fumaça fora. Esta só tinha gosto de papel queimado. Na segunda vez, botou-a para dentro dos pulmões com uma longa e lenta inspirada. Prendeu-a ali por alguns instantes e fechou os olhos. Apreciou o momento. Libertou o fumo cinzento pelo nariz e o observou espiralar-se para cima e se dispersar no ar. Precisou de mais três tragadas para se sentir bem. Encontrou uma pedra na beira do rio, grande o suficiente para servir de banco, e sentou-se.

Então relaxou. Relaxou de uma maneira que não experimentava há dias. A visão da fumaça a sua volta era reconfortante. O Cão Negro quase ronronou em sua mente, coisa muito rara. Quem sabe ele fosse o viciado, e não Johan. Enfim, talvez fosse a única coisa que apreciavam fazer juntos.

- Um café agora seria perfeito – murmurou para ninguém em específico. Fechou os olhos outra vez e apreciou o momento em que sua cabeça ficava gostosamente mais leve enquanto sua pressão diminuía.  

▼ HOLLY SMOKE ▲ 

Lilian não suportava mais ouvir as vozes em seu chalé. A garota já havia tentado de tudo e agora em estado crítico considerava o suicídio dentro da banheira de seu banheiro frio e privado. Quem sabe se morresse as vozes parariam de incomoda-la e a deixariam finalmente em paz para seguir em frente e encontrar sua mãe adotiva no mundo inferior. Seus pensamentos eram como pequenos fragmentos em meio a diversos gritos e torrentes de lamentações das almas que infelizmente rondavam o chalé dos filhos da rainha dos fantasmas como era conhecida pela prole. Ésme não suportava mais e antes mesmo de cogitar pegar uma lâmina na bolsa de remédios do banheiro fora interrompida por um de seus irmãos que parecia preocupado. Ele havia oferecido ajuda, mas ela sabia que ninguém poderia ajuda-la. A maldição em forma humana era um caso perdido. Lilian negou o auxílio de seu irmão, pegando um casaco em sua cama e partindo do chalé enquanto ignorava os avisos do garoto que em segundos estava sozinho no hall de entrada.

O acampamento vazio trouxa uma paz momentânea a garota que caminhava lentamente pela trilha dos chalés, descalça sobre a garoa fina que caía no fim de noite. Ela correu mais rápido ao perceber as vozes novamente a atormentarem, clamando por ajuda da garota que claramente também necessitava.

“Socorro! Você tem que nos ajudar!”
“Socorro! Me ajude, filha dos Mortos!”

“Calem-se. Eu não suporto mais vocês! Me deixem em paz! ”

Ela seguiu por entre a trilha até finalmente adentrar a floresta sombria do local. As vozes pareciam cada vez mais distantes – o que aliviou a garota – enquanto a garota adentrava mais fundo entre os arbustos até finalmente encontrar um espaço apropriado para ficar. A alguns metros a sua frente um pequeno riacho corria em seu ritmo. Um banco de madeira estava posto ali quase que propositalmente para a garota sentar-se e descansar um pouco. Ela tremia de frio, pois trajava uma camisola branca e apenas uma jaqueta jeans sobre a vestimenta.

Lilian colocou as mãos contra a testa, respirando fundo enquanto sentia o próprio corpo relaxar. Era a primeira vez em que as vozes não falavam mais alto que seus próprios pensamentos e a sensação de prazer começava a tomar conta da semideusa que fora interrompida pelo odor de nicotina que invadiu suas narinas. Ela abriu os olhos, procurando a origem da fumaça densa que era quase imperceptível no ar. Seus olhos finalmente encontraram a alguns metros a sua direita uma figura masculina, parada. Ele trajava com muito gosto o cigarro e quando Ésme pensou em chamar sua atenção ele revelou seu desejo por cafeína. A garota decidiu responde-lo, afinal, seria falta de educação como sua segunda mãe havia lhe ensinado.

“Café e nicotina não se combinam muito bem, sabia?” A voz da semideusa era fraca e rouca quando ecoou no ar frio.

Ler:

Equipamentos & Habilidades:

Holly Smoke

Relaxado. O cão cochilava. O som do riacho em seus ouvidos era agradável. O próprio frio era prazeroso a sua pele. Saboreava cada uma dessas coisas. Pequenos deleites, tão raros em seu cotidiano. Não se sentia feliz, mas estava satisfeito. Satisfeito com a droga em suas mãos. Satisfeito com o momento de paz. Satisfeito com sua própria solidão.

- Café e nicotina não se combinam muito bem, sabia? – a voz cortou o silêncio como uma faca. Não era alta ou forte, mas pôde ser entendida. Johan sobressaltou-se, mas conseguiu esconder o susto muito bem. Não esperava encontrar ninguém ali e, por um momento, temeu que algum dos monitores o houvesse encontrado.

Seu olhar recaiu sobre uma garota sentada em um banco a alguns metros de distância. Não era belíssima. Bastante mirrada, não conseguiu traçar sua idade. Entretanto, havia certa graça em seu rosto bem delineado e nos olhos escuros e fundos. “Asiática”, pensou, atendo-se aos seus cabelos muito negros. Estranhou sua escolha de roupas diante do frio que fazia. Apenas uma jaqueta sobre uma camisola branca, que desnudava parte de suas pernas magras. Evitou olhar ali.

- Só existe uma coisa que combina mais com o cigarro do que café – disse, erguendo um pouco a voz para se fazer ouvido – e é cerveja.

Tentou manter o tom levemente simpático. Era verdade que sua presença ali não o agradava inteiramente, mas não era sua culpa. Particularmente, não apreciava a companhia de ninguém. Ainda assim, ela não poderia saber. Havia um ar de soturnidade a sua volta pelo qual Johan se identificou imediatamente. Talvez ele não precisasse de companhia, mas não poderia dizer o mesmo dela. Um pouco de gentileza não faria mal a ninguém. Puxou o último trago daquele cigarro, que quase alcançara o filtro, e o apagou na pedra em que estava sentado.

- Sou Johan, filho de Ares – apresentou-se, deixando com que a fumaça escapasse de sua boca ao final da frase. Puxou outro cigarro do maço e o ascendeu com o isqueiro. Não sabia muito bem como continuar a conversa. Pensou na coisa mais cortês que poderia fazer naquele momento, visto que não tinha nenhum agasalho para oferecer à garota, que evidentemente sentia frio – você fuma? – perguntou, erguendo o maço em um oferecimento silencioso à garota misteriosa em seu banco de madeira.

▼ HOLLY SMOKE ▲ 

Lilian ouviu a voz do rapaz que dizia gostar da combinação de cerveja e cigarro. Ela se lembrou de seu pai abusivo que sempre que a visitava deixava um odor de nicotina praguejado no quarto que demorava dias para ir embora. Seus dedos encontraram os fios de cabelo sobre seu rosto e os direcionaram rumo a orelha esquerda enquanto seu olhar se era dirigido ao chão.

“Eu não sou muito fã de álcool e nem de cigarros, mas vejo que você gosta.” Observou a semideusa cabisbaixa.

Ele então fez o que Lilian não esperava: se apresentou. Johan era um pouco intimidante e possuía uma beleza misteriosa naquela noite fria. Este deveria ser a primeira vez em que alguém era simpático com a garota que simplesmente afastava tudo e todos ao seu redor e este sentimento a fazia se sentir melhor consigo mesma — ainda mais sem uma dúzia de vozes incomodas.

“Sou Lilian. Lilian Ésme. Prazer.” Ele ofereceu a semideusa um cigarro e ela então negou. “Eu agradeço. Creio que esteja querendo ficar sozinho estando aqui esse horário, certo?”

OBS:

Equipamentos & Habilidades:

HOLLY SMOKE

O olhar da garota endureceu. Olhava para Johan, mas, ao mesmo tempo, não o fazia. Baixou os olhos para o chão e ajeitou uma mecha do cabelo muito escuro.

- Eu não sou muito fã de álcool e nem de cigarros – disse ela, ainda olhando para os próprios pés. O gesto sutil fez o filho de Ares supor que seu sentimento de desgosto por eles era um pouco mais elevado do que ela afirmara – mas vejo que você gosta.

Havia algo de penoso em sua voz. Sofrimento. Fragilidade. Johan sentiu um pouco de piedade. Sabia o que era estar desamparado. O que era lutar contra a sua própria cabeça. Entendia como uma pessoa poderia ajudar à outra. Por isso se apresentou. Sentiu que era necessário. Apesar da recusa do maço oferecido, ela retribuiu o gesto anunciando seu nome. Lilian. Como a flor. Quem sabe um dia ela também iria desabrochar e se livrar dos males de sua própria mente. Torcia por isso. Todo mundo merece seu lugar ao sol.

- Creio que esteja querendo ficar sozinho estando aqui esse horário, certo? – perguntou Lilan Esmé. A sinceridade da pergunta o pegou de jeito. Por um momento, quase respondeu com a verdade. Seria deselegante, no mínimo. É claro que queria estar sozinho. Estava em um local particularmente escondido e infringindo as normas do acampamento. Entretanto, não poderia enxotar a garota dali. Simplesmente não conseguiria. Não depois de sentir a melancolia em sua voz.

- Admito que esta era a minha intenção – disse o filho de Ares, parando por um momento para dar um trago. Expirou a fumaça pelo nariz com calma e sentiu arder um pouco. Estava sem prática – mas não recuso boa companhia. Por que não se junta a mim? – moveu o corpo ligeiramente para o lado na pedra, abrindo espaço para mais uma pessoa. Forçou um sorriso suave. Tal tipo de expressão era estranho ao seu rosto. Também não tinha prática em sorrir.

▼ HOLLY SMOKE ▲ 

Johan parecia ser um rapaz com tantos problemas quanto Lilian. Quem sabe ele também não tivesse perdido o pai ou até mesmo algum familiar abusivo que havia destruído completamente suas chances de ter uma vida normal. "Uma vida normal". Tudo o que ela queria era ser normal e isso era impossível até mesmo entre os semideuses. Afinal, que tipo de semideus ouve vozes e briga com a própria mente?

O rapaz ofereceu companhia, surpreendendo a garota que resolverá aceitar. Ela deixou o banco de madeira e deu alguns passos entre a folhagem seca sobre o chão. Seus passos eram leves até finalmente se posicionar ao seu lado, suspirando em seguida.

"Tudo bem. É a primeira vez que alguém é realmente legal comigo... Você é filho de algum deus bom ou algo assim?" Questionou curiosamente.

OBS:

Equipamentos & Habilidades:

HOLLY SMOKE

A garota pareceu hesitar por um momento antes de se juntar a ele sobre a pedra. Johan impressionou-se com o silêncio de seus passos ao se aproximar. Ela se acomodou, não parecendo muito à vontade, e suspirou.

-Tudo bem. É a primeira vez que alguém é realmente legal comigo – comentou Lilian. O sentimento de piedade se intensificou. Se um pequeno gesto como aquele significava tanto, não conseguia imaginar que tipo de vida a moça vinha enfrentando. Foi então que entendeu o quanto eram diferentes. O problema de Johan era interno. Era sabotado por sua própria mente. Por sua própria fraqueza. Apenas. Lilian era atormentada pelos seus arredores. Pessoas ruins. Coisas ruins. A seu ver, o seu meio contribuíra para que ela viesse a se tornar a pessoa triste que era.  Poderia estar enganado.

“Você é filho de algum deus bom ou algo assim?”, perguntou ela. Surpreendeu-se pela inocência da pergunta. Uma risada rouca, canina, escapou de sua garganta. Levou o cigarro à boca e prendeu a fumaça no peito.

- Eu não sei o que torna um deus bom ou mau – respondeu, soprando o fumo cinzento para cima e observando-o se dispersar – não sei ao menos dizer o que torna uma pessoa boa ou má, quem dirá um deles. Se eu disser que ele nunca me ajudou e me deixou para viver sozinho, posso dizer que ele é mau. Agora, pensando em tudo de ruim que poderia ter me acontecido, e não aconteceu, se houve intervenção dele, poderia chamá-lo de bom.

“Não entendo os deuses. Por isso não posso julgá-los. Nunca saberei até que ponto eles agem ou deixam de agir. Até que ponto eles realmente podem, ou não, agir” disse, encarando o córrego cristalino que refletia a luz da lua semiescondida. Era o tipo de questionamento que nunca encontraria uma resposta. Um esforço hermenêutico que nada resultaria. Não havia sentido ater-se ao pensamento.

- Enfim, meu pai é Ares – disse, por fim. Fez uma ligeira careta de descontentamento e encarou a ponta acesa do cigarro antes de dar outra tragada – fica ao seu critério definir se ele é bom ou não. E quanto a você? Qual deles te colocou no mundo?

▼ HOLLY SMOKE ▲ 

Lilian se sentiu tola ao ouvir a resposta do rapaz que fazia todo sentido. Ela nunca havia parado para ter essa concepção de bem/mau anteriormente e ele havia trazido a tona esse questionamento. A garota voltou a atenção ao rapaz, encarando seu rosto em meio a fumaça acinzentada de seu cigarro.

“Você tem razão. Eu não sei considerar o que é bom ou errado, realmente. Ares... Deus da guerra. Por isso o seu jeitão do mal e tudo mais.” A garota esboçou um sorriso com o canto dos lábios que rapidamente desapareceu ao citar sua progênie.

“Melinoe, a rainha dos fantasmas. Eu não me considero como uma pessoa “que veio ao mundo”... Estou mais para uma desgraça mesmo. Uma praga.”
Lilian abaixou a cabeça por alguns segundos, fitando o nada enquanto pressionava as mãos contra o tronco.

OBS:

Equipamentos & Habilidades: