Hard came the rain ◊ RP fechada

the rain

Christopher não era o tipo de campista acostumado com uma rotina monótona, de forma que ficar uma semana sem realizar os treinos diários tinha se tornado atormentador. Imagine um copo com água transbordando, era como ele sentia a adrenalina se acumulando em seu corpo dos pés a cabeça, sem poder aliviá-la. Com o passar dos dias, o moreno aprendeu a evitar locais como a arena e quadra de jogos, os principais que frequentava. Com isso, adquiriu também o costume de visitar lugares que ele não imaginava que o faria, sendo um deles o Riacho Zéfiro.

O meio-sangue encontrava-se no banheiro do chalé cinco a fim de trocar os curativos que cobriam sua perna após um banho rápido, já que não queria aquele ferimento cheirando podre. Ele tirou a gaze antiga com tranquilidade, revelando uma necrose parcialmente contida na perna esquerda, resultado de seu embate com o basilisco. Os curandeiros disseram que teve sorte, pois se tivesse atrasado um minuto a mais para tratá-la, teria de amputá-la. Ele mergulhou um tipo de cotonete num medicamento e passou a substância pelo machucado, sentindo a carne arder, mas se regenerar lentamente. Logo depois, engoliu dois remédios para dores musculares antes de finalmente se vestir e sair dali.

A caminhada foi rápida, durando cerca de cinco a dez minutos até finalmente alcançar o riacho, mesmo mancando. Como tinha feito nas tardes anteriores, o filho de Ares se sentou sobre um tronco de árvore tombado próximo da margem e manteve-se inerte nos próprios pensamentos enquanto admirava a vista. Há dias ele refletia sobre quem tinha se tornado, sentindo até arrependimento de certas atitudes, perguntando a si mesmo se eram corretas. O motivo era que depois de sua luta contra a serpente monstruosa, o semideus pensou que receberia os louros de seu pai, mas até então nenhum sinal de Ares. Pensou que talvez, no final das contas, o deus da guerra não enxergasse glória em uma batalha perdida.

— Ainda estou vivo. — Disse consigo mesmo, embora torcendo para que o deus o escutasse.

Nada além de silêncio. Christopher acendeu um cigarro e soltou a fumaça em um suspiro profundo, procurando evitar pensar naquilo e apreciar o ambiente antes do anoitecer.

You pray for the storm of your life

Em suas mãos ainda apareciam as marcas avermelhadas da recente batalha que travara do outro lado do país. As coisas aparentemente não estavam boas em todo o território norte americano, o que refletia diretamente no Acampamento. A barreira estava fraca. Seu lar estava ameaçado.

Contemplava o final do dia em seu pequeno refúgio particular, a clareira entre a bifurcação do riacho Zéfiro. Naquela tarde, seus músculos estavam cansados e em sua face era visível o esforço que fizera para ajudar os meio-irmãos a treinar na arena, preparando-os para o que quer que viria em seguida. A semideusa se perguntava se estaria ali para lutar ao lado deles caso fosse necessário, ou se estaria em qualquer outro lugar do mundo ajudando Psiquê em tarefas das quais não compreendia completamente o propósito. Isso faria dela uma seguidora medíocre, apesar de sua lealdade?

Algumas ninfas passavam pelas árvores próximas, escondendo-se de campistas que as perseguiam; criaturas da água entravam e saíam da encosta do rio, como normalmente faziam. Nada estava diferente, a não ser o insuportável aroma de tabaco que preenchia o espaço conforme a brisa soprava.

Não foi difícil detectar os pensamentos de quem estava próximo, e logo conseguiu descobrir quem estava criando um ruído em seu isolamento diário. Na perna do rapaz, um ferimento grotesco exibia-se como uma herança de guerra, repousando pacificamente assim como o semideus em um tronco caído. Lembrava-se do filho de Ares e de sua participação na atividade que não havia finalizado como a garota imaginava.

— É tão difícil assim para você conseguir relaxar? — perguntou, aproximando-se o bastante para que ele conseguisse visualizá-la sem se mover. Já que ele havia interrompido seu pacífico momento, nada mais justo do que fazer o mesmo.

Podia sentir a tensão em sua mente, apesar de não estar mais ouvindo seus pensamentos — preferia não saber qual seria a honesta impressão do garoto ao vê-la chegando, visto que de seus recentes comentários provavelmente algo tão respeitoso não seria. Não aguardou a resposta nem um convite para sentar-se ao seu lado, ao sentido oposto do vento para que a fumaça não preenchesse seus sentidos novamente. Não sabia ao certo o que estava fazendo ali ou o que obteria daquela situação, pois pela primeira vez em dias seguiu somente sua intuição.

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Era ironia, mas o campista gostava daquele lugar pela calma que transmitia, era como se o transformasse em uma pessoa completamente diferente de quem era. Pela primeira vez em anos, Christopher refletia sobre questões que até então tinham sido irrelevantes em sua vida. O cigarro entre os dedos carburou mais uma vez, derrubando as cinzas sobre a calça jeans e levando a atenção do rapaz até a peça de roupa onde havia uma mancha de sangue seco.

Aquele era o problema com o carmesim, a cor remetia as mechas de sua mãe. Eram lembranças que, apesar dos anos, o filho de Ares não se permitia esquecer. Gostava de manter viva a memória do garoto inocente que tinha sido ao lado da mulher, pois sabia que tinha o perdido de vez em toda aquela tempestade de merda que sua vida tinha se tornado.

— Caralho — Murmurou ao se deparar com uma aproximação repentina e silenciosa, sua reação imediata foi repousar a mão na adaga embainhada na cintura, mas logo relaxou a postura ao ver de quem se tratava. Era uma das garotas do caça-bandeiras, era difícil não se lembrar dela devido a abordagem invasiva que ele tinha feito no dia. — Você consegue relaxar depois daquilo tudo?

Ele apontou a mão por todo o riacho, referindo-se as inúmeras batalhas que tinham enfrentado no 4 de julho para esconder o que verdadeiramente se passava em sua cabeça. Mason mudou completamente a expressão estampada no rosto, ficando sério e mantendo o olhar fixo na água enquanto soltava a fumaça pelo nariz. Entretanto, ao perceber que o cheiro incomodava a morena, ele apagou o cigarro no tronco em que estavam sentados antes de oferecer a mão em um raro ato de cumprimento.

— Se vai me seguir, preciso começar a me vestir melhor. — Dessa vez, permitiu abrir um sorriso. — É Lavinia, não é?

You pray for the storm of your life

O olhar da garota seguiu por onde o semideus apontava. Lembrou-se novamente da batalha inesperada que tiveram e dos companheiros que viu se ferirem através de bestas infernais... Não era nada agradável de se pensar. Surtaria se juntasse as peças e concluísse que em nenhum lugar do mundo estariam a salvo, nem mesmo ali. Mas precisava encontrar paz mesmo em meio ao caos, era pra isso que havia se unido aos mentalistas. — Precisamos estar preparados para qualquer tipo de coisa hoje em dia. Se fôssemos poderosos o suficiente aquilo não teria sido nada para nós, ficar ruminando isso em nossas cabeças não vai mudar o que já aconteceu.

Involuntariamente perdeu o olhar em meio aos reflexos do sol no riacho, questionando-se por um instante se algum dia seria capaz de realmente fazer a diferença em meio aos demais campistas. Já tinha sua posição de liderança, já era mais forte que qualquer um do chalé 23, mas só isso não seria o bastante para o que estava por vir. Saiu de seus devaneios e abriu um sorriso cortês ao rapaz, virando-se para encará-lo. Não era uma boa hora para crises existenciais, afinal.

— Lavinia Stone Larousse — apresentou-se formalmente enquanto apertava a mão do rapaz, sentindo o contraste de sua pele gélida com a dele.

Já havia o visto antes e com certeza ouvira o que falavam sobre o semideus, principalmente na arena. Aquele lugar era basicamente parecido com um ensino médio comum: se você é um fracassado, obviamente ninguém lhe conhece; seja um valentão metido à badboy e terá toda a atenção do mundo. O problema é que alguns badboys são insuportáveis, outros chegam a ser inegavelmente atrativos. Restava descobrir qual dos dois se fazia presente neste caso.

— E você deve ser Christopher. Ouvi muitas coisas boas sobre você... — disse em tom irônico, elevando as sobrancelhas enquanto desviava o o olhar. — Realmente, venho até aqui todos os dias, no mesmo horário, e você só aparece hoje. Assim fica muito difícil te acompanhar. Por que decidiu se isolar aqui, afinal?

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A ponderação da morena teve um peso maior do que o esperado para Christopher e mesmo ele que, até então, parecia não ter se importado o suficiente com a invasão, passou a questionar se todos eles estavam seguros. A única certeza que tinha era que um segundo ataque demoraria semanas para acontecer, talvez meses se tivessem sorte, devido ao grande número de monstros enviados ao Tártaro, precisariam de tempo para se recuperarem.

O toque de Lavinia era frio mesmo para o clima quente que pairava no ar, remetendo ao moreno o que ele já tinha escutado sobre membros do chalé vinte e três. Disseram-lhe que a simples presença de um deles congelaria até seu âmago mas, até ali, ela vinha se demonstrando alguém estranhamente cativante. Mason, que manteve o mesmo sorriso no rosto desde que resolveu dar atenção a meio-sangue, riu de canto ao escutar as palavras de Larousse sobre ele mesmo. Não era de hoje que sua fama percorria as boas e más línguas do Acampamento Meio-Sangue.

— Boas, claro, sou o homem do ano — Respondeu em tom de ironia, sabia que a única boa ação que exercia era ser um tanque de guerra para protegê-los, ainda que fosse um completo babaca. Com a pergunta da monitora, ele bateu levemente a mão repetidas vezes na área enfaixada da perna. — Antes disso, tudo o que eu fazia era lutar, uma rotina de treinos, então precisei olhar para outro lado. Aqui eu deixo de ser um filho de Ares e posso ser... mais humano, eu acho. Já teria vindo antes se soubesse que você frequenta o lugar.

You pray for the storm of your life

Lavinia sabia como era ser uma pessoa malvista por alguns semideuses do Acampamento, mesmo esforçando-se todos os dias para ser digna. Os olhares desconfiados voltavam-se para os filhos de Despina sempre que algo de ruim acontecia aos arredores, questionando se seria outro golpe da deusa invernal, mesmo anos após o ocorrido. Tinha certeza que muitos pensaram nisso quando foram atacados no meio do caça bandeiras.

No caso de Christopher, não sabia se sua fama era apenas por conta de sua personalidade ou se havia algo a mais em sua história.

O sol havia se posto completamente, deixando para trás algumas nuvens tocadas pelo tom alaranjado. Aquela era sua hora favorita, entre a noite e o dia, como se fosse um perfeito equilíbrio que durava poucos minutos. A movimentação das criaturas ao redor havia diminuído, pois muitos se recolhiam aos chalés para descansar antes do jantar.

— É bom lembrar que somos meio-humanos de vez em quando, com sentimentos e aquilo tudo. — respondeu enquanto cruzava as pernas por cima do tronco caído onde sentava, passando a ponta dos dedos em seus hematomas que já começavam a trocar de cor. Voltou a olhar para a direção do semideus, desta vez tendo sua atenção captada pelas tatuagens que desciam pelos braços do rapaz. Seu olhar percorreu toda a extensão dos desenhos antes de encará-lo novamente. — Bem, agora estamos aqui... o que você pretende fazer?

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Christopher olhou de relance e reparou que a semideusa parecia interessada nas inúmeras tatuagens ostentadas em seu braço. Instintivamente, ele fez o mesmo ao olhar para o movimento das pernas de Lavinia, percebendo os hematomas marcando sua pele alva. Não eram horríveis como a necrose contida em sua própria perna mas deixava claro que a campista, assim como ele, vivia situações intensas. Assim que seus olhares se encontraram, o sorriso no rosto do moreno foi extremamente sugestivo, mostrando que ainda que estivesse tentando ser simpático, certas atitudes não mudariam.

— É algo a se pensar — Respondeu em um tom de voz pouco inocente, desviando os olhos para os lados tranquilamente, como se não tivesse pressa alguma. Aos poucos, as criaturas que rodeavam o riacho, inclusive outros campistas, decidiam seguir para lugares menos isolados. — Podemos continuar falando dessa merda de sentimentos ou aproveitar que estamos sozinhos.

Ao respondê-la, Christopher jogou o corpo para o lado, aproximando-se e diminuindo o resto de espaço que tinha entre os dois antes de passar o braço esquerdo pelos ombros de Larousse. No mesmo segundo, estendeu o direito no ar e apontou o dedo para uma trilha a alguns metros de distância logo a frente, por onde tinha entrado. Aquela altura, conseguiu sentir a aura fria que rodeava a filha de Despina e um arrepio percorrendo suas costas, nuca e braços. Aquela sensação podia fazer muitos se afastarem, já ele queria mais.

— Se a gente ficar de olho, ninguém vai aparecer de surpresa. — Sugeriu, levando a mão ao queixo de Lavinia e puxando o rosto até o dele. O braço esquerdo, outrora sobre o ombro, escorregou pelas costas até que pudesse apertar a cintura da meio-sangue. Entre um sorriso e outro, sentia a respiração dela tocando sua pele e não escondia o interesse ao olhar fixamente sua boca. — Ninguém vai saber, Stone.

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A mentalista deixou escapar um riso abafado ao olhar para a trilha.

— Eu estou sinceramente ofendida em saber que você acha que me importo com o que os outros falam, Mason.

Seus olhos azuis agora estavam cravados nas orbes do filho de Ares, que pro sua vez fitava os lábios da semideusa sem esconder seu desejo em prová-los. Lavinia sentiu um arrepio ao ter sua cintura envolta firmemente pelo braço de Christopher, o que tornou difícil qualquer mínima chance de querer sair dali por conta própria.

Era inegável o fato de que havia se interessado pelo semideus antes mesmo daquele momento, por mais que não tivesse admitido na hora nem para si própria. Tudo o que ouvira falar, todas as atitudes babacas, era aquilo que erroneamente atraía sua atenção. As pequenas atitudes proibidas que a faziam desviar-se de um caminho ordeiro por rotina eram demasiadamente provocantes para resistir.

— Não quer falar de sentimentos... — disse enquanto aproximava ainda mais o rosto, desta vez desviando pela lateral, roçando as próprias palavras no maxilar do rapaz até encontrar seu pescoço. Deixou ali um longo beijo que se estendeu até a orelha do meio-sangue, onde sussurrou calmamente — ... mas isso te faz sentir alguma coisa?

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Ele aproximou o rosto para um beijo, crente de que tinha controle sobre a situação, mas foi surpreendido com as atitudes de Lavinia. Ela sabia exatamente o que queria e o que fazer, era uma jogadora e aquilo fez com que o desejo de Christopher se tornasse ainda mais evidente à medida em que sentia os lábios da morena em seu pescoço. A pergunta da semideusa tirou um suspiro discreto do guerreiro que, ao encarar mais uma vez seus olhos azuis, quis tê-la de todas as formas possíveis ali mesmo a margem de um riacho.

Mason retribuiu ao beijá-la com intensidade mas de forma lenta, aproveitando ao máximo enquanto deixava o corpo cair sobre o dela. Sem que notasse, estavam deitados em cima do tronco e o tatuado passou as mãos por todo o corpo de Stone, segurando com força a nuca e acariciando uma das pernas. Os dedos encontraram os hematomas marcados na pele da meio-sangue e os pressionaram, queria provocá-la.

Já não sentia mais a aura fria que os cercara, mas sim calor.

— Você pode ler mentes, não? — Respondeu ao deslizar a boca por seu rosto até a orelha, onde fez questão de respirar de forma ainda mais intensa. Prosseguiu com beijos pelo pescoço e busto, marcando a pele sensível da campista. — Leia a minha.

Ao dizer aquilo, ele ergueu o corpo e se livrou da camiseta que vestia, revelando uma pele não só marcada por inúmeras tatuagens mas por cicatrizes que as deformavam. Distraído, não percebeu que algumas nuvens se formaram no céu escuro e que uma fina garoa caía.

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Lavinia retribuiu o beijo caloroso, deixando suas mãos inconscientemente subirem pelo torso do rapaz por baixo de sua camisa. Ela podia sentir a textura de uma pele cicatrizada pelas batalhas, mas não hesitou em deslizar as unhas por suas costas, buscando provocar ainda mais o semideus.

Sentia sua temperatura corporal aumentar gradativamente, o que acontecia em pouquíssimas situações. O tronco caído que agora lhe servia de apoio não era desconfortável o suficiente para que pudesse mesmo notá-lo, pois tinha sua total concentração focada em sentir o toque firme de Christopher em cada centímetro de sua pele exposta.

Não sabia se tudo tinha acontecido muito rápido ou se já estavam ali por vários minutos, pois já havia perdido completamente a noção do tempo. A cada vez que o filho de Ares passava os lábios pelo seu pescoço, Larousse sentia um arrepio pelo corpo. Era seu ponto fraco. Não ouvia mais nenhum som além da respiração um do outro, dos suspiros e dos beijos.

— Não preciso ler sua mente, aposto você está pensando exatamente o mesmo que eu... — respondeu a mentalista, quase que saindo de um transe no momento em que Mason separou-se dela. Ficou em pé e aproximou-se novamente, beijando-o enquanto pressionava seu corpo contra o dele. Podia sentir o encaixe perfeito dos lábios do semideus nos seus, vez ou outra mordendo levemente para provocá-lo. Ao abrir os olhos novamente, percebeu que o céu mudaria em breve.

Teve um instante de conflito interno antes de falar novamente. A situação era tentadora, mas não ideal. — ... mas agora não é hora. Além do mais, vamos sair daqui antes que você fique muito resfriado.

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Christopher tinha perdido, de fato, a noção do certo e errado e só se deu conta de que estavam se arriscando quando a semideusa decidiu parar por ali. A verdade era que ele não se importava com a maioria das regras do acampamento, principalmente as que limitavam seu prazer, tudo o que ele enxergava era o próprio desejo e como saciá-lo. Entretanto, nunca tinha forçado nenhuma delas a fazer o que não se sentissem a vontade e também não o faria dali pra frente.

Ele tinha aproveitado o suficiente naquela noite, além do mais, sabia que nada ficava por acaso dentro daquelas fronteiras, principalmente quando se vive tão perto um do outro. O moreno acatou o pedido da monitora, limpou o pouco de água acumulada no rosto e saiu de cima dela enquanto vestia a camiseta novamente. Com um sorriso sarcástico estampado no rosto, abriu espaço para que Lavinia seguisse o caminho na sua frente, sempre agia daquela forma quando queria conquistar alguém atraves das ações.

— Eu te disse — Ele murmurou ao se aproximar por trás, agarrando a cintura da campista da mesma forma calorosa que já tinha feito antes. Enquanto caminhavam, agarrou o rosto dela e a beijou uma última vez, mordendo brevemente seu lábio antes de manter o olhar rente ao dela. — Foi uma distração melhor que aquela merda de jogo.

A dupla seguiu por uma das inúmeras trilhas por alguns minutos até alcançarem a margem da floresta, onde o filho de Ares se afastou e bagunçou as mechas castanhas da meio-sangue, implicante como gostava de ser. Despediu-se com um simples sorriso pois, por mais que estivesse interessado na mentalista, ele odiava ser do tipo pegajoso e preferia manter parte de sua fama como autodefesa.

— A gente se esbarra de novo, Stone. — Disse enquanto acendia o último cigarro da noite e seguiu pelo caminho oposto ao dela.  

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Lavinia caminhou para fora da clareira, pelo mesmo caminho que sempre fazia, desta vez escoltada pelo filho de Ares que vinha logo atrás. As nuvens acima do Acampamento Meio-Sangue ficavam cada vez mais carregadas, dando tempo para que todos se acostumassem com a ideia de uma chuva forte nos limites da colina. Ela poderia interferir, mas de jeito nenhum se livraria de seu clima preferido. Já era ruim o suficiente ter sol todos os dias por ali.

"A gente se esbarra de novo, Stone.", disse o rapaz antes de se afastar para o rumo contrário. Lavinia sorriu e continuou por mais alguns passos antes de virar-se para trás, vendo que o semideus tinha acendido um cigarro novamente, não muito longe dela. Ele não parecia se importar com os pingos que molhavam suas vestes. Teria se importado com ela?

Larousse quase nunca abusava de seus poderes como mentalista. Não saía ouvindo os pensamentos alheios, salvo quando necessário; Não entrava na mente das pessoas para causar nenhum tipo de mal. Mas uma ideia tentadora fez a garota morder o próprio lábio enquanto arquitetava o plano de fazer com que Christopher pensasse mais sobre ela, pelo menos por esta noite. Não faria mal nenhum, no final das contas.

Recriou em seus pensamentos o momento em que o meio-sangue a beijava, poucos minutos atrás, e estendeu a visão vívida para a mente de Mason. A sensação, o ambiente, os sons, os cheiros, tudo estava diante dos olhos dos dois da mesma maneira que antes. A ilusão continuou em uma lembrança de tudo que já havia acontecido, mas desta vez a monitora decidiu não interromper o que estariam prestes a fazer. Quando a fina garoa começou a cair, ambos já tinham transpirado o suficiente para nem mesmo perceber a chuva.

Lavinia abriu os olhos, finalizando seu pequeno truque de ilusão. Virou-se para seu caminho novamente, sorrindo de maneira maliciosa, sem aguardar para ver a reação do semideus.