A não tão breve viagem do filho de Hermes
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A não tão breve viagem do filho de Hermes
Capítulo I
Há muito, Will estava afastado do acampamento. Sua vida havia se tornado uma sequência infinda de afazeres perigosos como decepar monstros mitológicos, coletar morangos excepcionais na companhia de sátiros e estudar histórias e estratégias no canto que lhe fora reservado num chalé de meio irmãos semi-deuses. Essa rotina contrastava drasticamente da vida que levava antes de descobrir seus dons e ser obrigado e se tornar um nômade, por isso, o garoto deixou o acampamento, por própria conta e risco, levando apenas sua faca inicial de bronze, seu all-star alado e, pendurado nas costas por duas tiras de couro como se fosse uma mochila, seu escudo eternal, em busca de reviver seu passado perdido.
Enquanto caminhava pelos campos pelos quais um dia corria de mercadores enfurecidos por terem sido roubados, Will respirava o vento suave que soprava, lembrando-se de como era boa a sensação de liberdade, apesar da incerteza de sobrevivência. Caminhando por mais alguns dias e aproveitando-se da vontade que tinha de fazê-lo, o filho de Hermes chegou ao vilarejo no qual cresceu e lá lembrou-se de sua infância, das poucas crianças que com ele brincavam, de seus falecidos pais. Todas as lembranças eram coisas boníssimas para o rapaz, que não cansou-se de estar lá durante um bom tempo, mesmo estando praticamente sozinho num vilarejo extinto cujos moradores foram para a cidade após perceber que aquele estilo de vida não lhes cabia.
Mesmo assim, o semi-deus abrigou-se em seu passado por alguns meses, dormindo em cabanas abandonadas daquele lugar onde se formara, comendo os peixes que pescava com uma vara improvisada e sendo feliz como era. Até que um dia, enquanto dormia dentro de uma das cabanas do local, ouviu um ruído no lado de fora, o que o fez rolar em direção ao seu escudo laminado num ímpeto e aguardar um provável ataque eminente, que não foi desferido por qualquer que fosse a causa do barulho. O garoto, então, andou agachado com o escudo em sua frente, cobrindo todo seu corpo e saiu com cautela para ver o que acontecia ali, olhando de um lado para o outro por entre os poços e fogueiras apagadas que davam um ar fantasma ao vilarejo outrora tão próspero. Will arregalou os olhos numa tentativa de enxergar melhor, mas, neste momento, uma luz branca o ofuscou a ponto de quase cegá-lo, fazendo com que ele caísse ao chão numa posição que poderia remeter a uma defesa, mas seus reflexos naturais de batalha o fizeram erguer-se. Quando a luz inibiu-se e a visão fez-se possível, o filho de Hermes caiu de joelhos, deu de ombros, abriu os olhos e seu queixo caiu.
- Uma justificativa:
- Bom pessoal, sou um membro do fórum desde o começo do ano passado, mas aos arredores de novembro tive que me ausentar por um tempo. Se alguém se lembra de mim, olá, se acabaram de ler a fan fic e conhecer-me, muito prazer! Sou um filho de Hermes com muito orgulho e posso também ser reconhecido como Ben Chevalier, filho de Hefesto e dono da forja Sunset Sparkle, mas dispensarei informações não muito necessárias no momento. A ideia de escrever esta história me foi remetida pelo sentimento de dever uma explicação aos meus antigos colegas de acampamento, mesmo que este dever não me tenha sido cobrado, então, comecei a escreve-la, mas optei por fragmentá-la, devido ao fato de eu não ter voltado 100% e estar pegando o ritmo do fórum novamente. Isso implica em capítulos publicados não periodicamente, mas no meu tempo e disponibilidade. Espero que este intervalo seja breve, mas preciso acostumar-me novamente a escrever todos os dias. Por enquanto, deixo convosco o primeiro capítulo d'A não tão breve viagem do filho de Hermes.Obrigado pela atenção,
Will Stone
Will Stone
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Re: A não tão breve viagem do filho de Hermes
Capítulo II
Um homem de traços rústicos, muito maltratados pela vida e pelo tempo, no rosto do qual rugas e olheiras acentuadas destacavam-se, materializou-se na frente do garoto. Vestia trajes surrados e um chapéu de palha que não ocultava o olhar triste a fitar Will como um ente querido, e de fato.
- Pa... Pai!? - Exclamou o semi-deus, ainda boquiaberto -
- Olá William. - Respondeu o espectro formado pela luz branca num tom doce -
- Mas... O que é isso? O que... Aconteceu?
O espírito deu uma risada abafada.
- Eu morri rapaz. Fala como se não estivesse lá quando aconteceu. - Dizia, num sarcástico tom de simplicidade -
- Mas... Porque apareceu aqui, digo, como apareceu?
- Você veio até aqui, não? Precisava de orientação, estava perdido, assustado no acampamento. Posso ser só seu pai adotivo, mas eu te amo, e não o deixaria perdido, nesse mundo ou no próximo... - O garoto arregalava os olhos ainda mais - ... Sem contar que ficar além daquele portal é muito perigoso, está exposto, não pronto.
O garoto era incapaz de expressar qualquer reação.
-Mas o que é isso? - Perguntava agora num tom de inconformação, abrindo os braços - Agora você vive num mundo de quimeras e dragões, deuses e górgonas e não pode acreditar em fantasmas?... Tem até internet!
- Pai! Não é hora para piadas... O que você veio me dizer?
- Hora para piadas... - Repetiu o velho, rindo - Tem razão. Quero te dizer que você precisa voltar, filho, tenho contido os monstros que cercaram o vilarejo durante todo esse tempo, mas não tenho mais forças. Meu espírito está se enfraquecendo. Juntei minhas últimas energias para avisá-lo do perigo que está correndo ao estar aqui.
- O que!? Monstros? Mas o que devo fazer?
- Empunhe seu escudo, embainhe sua espada, prepare-se para voar todo o caminho de volta até o acampamento...
- Sim.
- ... E ateie fogo no vilarejo.
- O que!? Está louco?
- Deve decidir entre salvar sua vida ou suas memórias. Há três cães infernais vindo para cá neste exato momento e acho que ainda consigo conter dois para que não tenha desvantagens, mas de qualquer jeito, não terá chances contra nenhum neste breu. Terá que atear fogo no vilarejo para que seus inimigos não se aproveitem das sombras. - O garoto estava paralisado - Eu te amo! - Terminou o espírito, que desapareceu com um movimento sinuoso e um clarão após pousar um olhar terno sobre Will -
De joelhos, estático e sentindo cada nervo de seu ser tremer, o garoto continuou sem se mexer por um período, até que seu subconsciente o alarmou que deveria sobrviver. Ele, então, cambaleou até dentro da cabana onde dormia, retirou seus poucos pertences e jogou-os no chão, ainda com um olhar distante e movimentos robóticos. Foi até uma das fogueiras apagadas onde não havia muito mais do que algumas toras de madeira e gravetos, com os quais o garoto fez fogo e começou a queimar toda sua infância. Após alguns instantes, todas as lonas que formavam barracas, todas as fogueiras e pedaços de madeira estavam ardendo em chamas e o garoto ficava parado na frente do lampião que marcava o ponto exato onde o vilarejo havia começado a ser construído, olhando para o horizonte e vendo um único cão infernal que investia veloz, ainda que ao longe, contra sua vida. Ele apertou a empunhadura do escudo eternal.
- consideração:
- Boa tarde, novamente. Aqui está o segundo capítulo d'A não tão breve viagem do filho de Hermes. O terceiro capítulo está por vir, mas por enquanto, espero que estejam apreciando a leitura.Obrigado,
Will Stone
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